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História Cinza das Horas - A espera


Escrita por: Pri__

Notas do Autor


Oi... cheguei.

Pra quem não segue o perfil da fic no insta, e não viu ainda, dá um pulinho lá no capítulo 43 "Toda nua e bela nos meus braços" e vê a nova capa. Arte feita por uma leitora linda. ❤Gente... fiquei de boca aberta!

Beijos. Até.😘

Capítulo 46 - A espera


Fanfic / Fanfiction Cinza das Horas - A espera

 

Mills

 

— Eu estou surtando, Zelena! — falei alto, andei de um lado para o outro na  sala de minha casa.

 

— Sis, não tem o que fazer! Você já mandou uma mensagem perguntando  o que a pessoa pretende com isso.  —  balançou as mãos no ar — Agora é  esperar  pela resposta.

 

— Desculpa por não conseguir manter a calma porque eu corro o risco de o Maine inteiro ME VER DE FIO DENTAL BEIJANDO A BOCA DE UMA ALUNA! — respondi ríspida,  coloquei a mão na testa.

 

— Pelo menos é uma bela de uma bunda! — virou a boca para baixo, como se estivesse admirada.

 

— Zelena! — fechei a cara.

 

— Irmãzinha,   é  alguém querendo dinheiro. — tentou simplificar.

 

— E senão for, Zelena? — sentei, passei as mãos pelo rosto — Eu estava em um evento naquela noite, sai mais cedo de lá. E se alguém me seguiu?  — falei quase em desespero — E se já estivessem pensando em encontrar algo para usar contra mim? O ano está para acabar, em janeiro eu preciso oficializar a minha candidatura. E se o intuito for justamente impedir isso?

 

— Você não perceberia alguém te seguindo  até a casa de Emma? — falou sério pela a primeira vez na conversa.

 

— Eu estava nervosa naquela noite. Lembro que foi um dia horrível.  — tentei puxar algo na memória que ajudasse.

 

— Se for algum adversário político, as coisas complicam. — apertou os lábios.

 

— Chego a pensar que até  o aparecimento de Ava não tenha sido por acaso. — Zelena arregalou os olhos.

 

— Acha que chegariam a tanto? — afirmei que sim com a cabeça.

 

— Seria muito oportuno uma cachorrinha entrar em perigo, chorar desesperadamente, enquanto alguém  consegue uma sequência de  fotos  nítidas e bem enquadradas.  — respirei fundo. Eu também não queria acreditar.

 

— Ei, não fique assim. — se aproximou, fez um carinho em minhas costas — Vai dar tudo certo! Você vai conseguir resolver essa situação, independente de qualquer coisa.

 

Segurou em minha mão, apertei. Tentei  me acalmar.

 

— Vai contar a Emma? — neguei com a cabeça.

 

— Eu não quero preocupá-la, Emma precisa manter o foco no campeonato que está disputando,  ela começou muito bem.  — passei a mão de maneira nervosa pela perna —  Ela não pode estar envolvida  em um escândalo desses. Fora que tem o pai dela. Pelo que  me contou o último encontro deles, em  Portland, foi ainda pior  que os anteriores.

 

Zelena me lançou um olhar receoso, pareceu analisar a situação.

 

—  Acho que deveria contar. — falou preocupada.

 

Soltei o ar pesadamente.  Fiz menção em responder.

 

— Cheguei! — Henry entrou pela sala animado, pulou sobre o colo de Zelena. Deu um beijo em seu rosto.  Arrumei minha postura no sofá. Tentei me recompor.

 

— Que menino mais cheiroso! — Zelena o agarrou, beijou seus cabelos.

 

Henry veio até mim. O abracei apertado.  Ele beijou meu rosto.

 

Emma entrou logo atrás. Com um sorriso nos lábios, cabelos molhados, camiseta e calça jeans.  Ava correu, desviando dos seus pés, passou por mim, fiz um carinho em sua cabeça, cheirou os pés de Zelena, e subiu no sofá como se estivesse em sua casa. Emma encostou a porta atrás de si.  Dei  um sorriso contido. Só em vê-la, eu já me sentia  melhor. 

 

Cumprimentou Zelena com um beijo no rosto. Depois veio até mim, fez o mesmo. Seus lábios tocaram em meu rosto brevemente, quase suspirei. Zelena me observava em silêncio, fingi não perceber.  Emma sentou-se ao meu lado.

 

— Surpresa! — colocou em meu colo uma revista. Com toda a tensão que estava sobre mim, nem havia percebido algo em suas mãos.

 

Abaixei o olhar, abri a boca totalmente surpresa, ergui na altura de meu rosto para ver melhor. Escutei Emma sorrir.

 

— “A nova musa do vôlei?” — li em voz alta, completamente atônita.  Voltei a olhar em seu rosto, ela permaneceu em silêncio. Virei para analisar melhor a revista. Na foto, Emma estava posicionada para sacar, sua expressão era  séria  e compenetrada. Sem maquiagem, com um rabo de cavalo, um shorts de treino e um top que deixava aquele abdômen irresistível à mostra. Assim, a minha loira, era capa da Sport Illustrated uma das revistas de esportes mais influentes dos Estados Unidos.  Sorri amarelo. Não pude deixar de pensar que agora o escândalo ultrapassaria os limites do Maine — Não me contou que seria capa. — me ajeitei incomodada no sofá. Ótimo! O país inteiro iria ver um abdômen que era meu, em todas as bancas, no domingo. Olhei para Zelena, que já queria rir da minha cara. Ela não se contentou, tomou a revista de minha mão.

 

— Eu também não sabia.  — corou — Ontem o repórter falou que seria apenas uma página, e hoje, me enviou essa edição, com a minha foto na capa.  — balançou as mãos no ar — Lembra que eu falei esta manhã que tinha muitas marcações no Twitter? — afirmei que sim com a cabeça — Parece que um site fez uma votação para saber quem é  a jogadora mais bonita do campeonato, e eu ganhei. — falou sem dar importância.

 

— Você vai ser capa da Sport Illustrated  e fala nessa naturalidade  toda? —  Zelena balançou eufórica a revista no ar.

 

— Eu não sei se fico feliz com isso?  — fez careta.

 

— Como assim, Emma? — franzi  o cenho.

 

— Eu quero sair nas capas das revistas pelo meu talento no vôlei, não porque as pessoas me acham bonita.  — era uma boa justificativa — Enquanto era o reconhecimento por uma boa partida, eu seria só matéria de uma página. Bastou as pessoas lembrarem de mim em uma votação ligada à aparência, ganhei  capa? — usou um tom decepcionado — Isso não é  justo!

 

— Eu entendo. — segurei em sua mão  — Mas não leve isso para o lado negativo. Foi a junção das duas coisas. Com o tempo, as pessoas vão descobrir que você não é  só uma linda jovem. — passei o dedo indicador pelo seu rosto — Todos terão certeza do seu talento! — ela deu um sorriso envergonhado que acabou comigo. Me perdi ali.

 

Zelena limpou a garganta de maneira teatral. Voltei à realidade, soltei a mão de Emma. Henry brincava com Ava, mas observava a cena de soslaio.   

 

— Mamãe, posso jogar videogame aqui na sala? — meu filho virou-se  para mim.

 

— Não Henry , estou com uma dor de cabeça horrível. — Emma me olhou com um ar preocupado — Sem barulho aqui em baixo hoje. Tem lição  de casa?

 

— Tenho pouca coisa.   — fez um carinho em Ava.

 

— Então suba e faça. Depois pode jogar um pouco, mas em seu quarto mesmo. Leve Ava com você.— Ele meneou a cabeça, não muito satisfeito, pegou Ava no colo, subiu.

 

— O que você tem? — Emma me abraçou por trás, repousei  a cabeça em seu ombro. Fechei os olhos. Suspirei.

 

— Tive um dia estressante no escritório. — ela fez um carinho em meu braço.

 

— Posso fazer um chá. — beijou meu  pescoço — Uma massagem. — sussurrou em meu ouvido. Me arrepiei.

 

— Eu vou ver um pornô aqui mesmo? — Zelena interrompeu.  Bufei. Emma riu.

 

— Cala a boca, Zelena! — abri os olhos, sua expressão era debochada.

 

— É  o que está parecendo.  — cruzou os braços — Eu não me importo.  

 

— Pelo amor de Deus, Henry está  lá em cima.  — falei indignada.

 

— Aproveitem aquele seu sofá no escritório. — falou sugestiva. Nem me dei ao trabalho de responder. Era melhor tê-la falando esse monte de atrocidades, do que como no dia anterior, depois da conversa com Victoria — Ei, cunhadinha... — abri mais os olhos ao escutá-la falar assim com Emma — Ela teve um dia péssimo, então trate de compensá-la, você deve saber como. —  senti que corei na hora.  

 

— Zelena! — repreendi. Pelo meu olhar periférico pude perceber Emma fazendo menção em responder, mas não saiu palavra alguma. Zelena gargalhou.

 

— Bom, eu vou indo. — colocou a revista de lado, levantou — Aproveitem a noite, casal! —  beijou minha testa, inclinou para o lado de Emma, beijou seu rosto — Ei musa, eu estou esperando aquelas flores que Henry deu a dica. Disse  com o rosto perto de mim, a empurrei pelo ombro. Emma riu alto.

 

— Sonha!  — teve a audácia de mandar uma picadinha. Ah, era só o que me faltava!  — TCHAU, ZELENA! — falei alto.

 

—  QUE ABDÔMEN! — foi em direção à saída  — TÁ DE PARABÉNS! — bateu palmas. Revirei os olhos. — MANDA UM BEIJO PARA O HENRY. — não esperou reposta, bateu a porta.

 

— Zelena não tem filtro. — virei para olhar o rosto de Emma.

 

— Eu já estou acostumada. — sorriu.

 

— Como foi o seu dia?  — perguntei — Aquele rapaz não apareceu no ginásio atrás de você, não né? — disse preocupada.

 

Ela soltou o ar pesadamente.

 

— Não. — negou com a cabeça  — Não apareceu. Mas Ruby contou a Kurt, e ele pediu seguranças no estacionamento agora.

 

— Isso me parece bom, Emma. — falei apoiando a mão em sua perna, me virei toda para ela.

 

— Sinto que estou preocupando as pessoas. Você, Ruby e agora Kurt. — gesticulou —  Ruby só faltou tomar banho comigo hoje.  — abri mais os olhos.

 

— Ah, eu espero realmente que ela não faça isso. — ficamos em silêncio olhando uma para a outra durante alguns segundos. Rimos.

 

— Você entendeu.  — falou no meio do riso.

 

— Ei, loira  teimosa... — coloquei alguns fios de cabelo para trás de sua orelha. Minha voz saiu em um tom tão carinhoso que eu mesma estranhei — Você precisa entender que as pessoas se preocupam. Todos nós queremos o seu bem.  — fiz um carinho  em sua bochecha.

 

Ela sorriu.

 

— Eu não estou acostumada, sempre foi só minha mãe e tia Ingrid. — disse sem jeito.

 

— Pois acostume-se, Emma Swan. — fiz o contorno de seu rosto com o indicador — Vir a Storybrooke mudou a sua vida. — seu sorriso aumentou.

 

— Disso eu não tenho dúvidas.  —  me beijou.

 

E como eu poderia me arrepender disso? Apesar de toda a aflição que senti o dia inteiro,  não conseguia me sentir culpada por nenhum segundo com ela. O beijo de Emma era o melhor que já havia provado. Pediu passagem em minha boca, passeou com as mãos  pelo meu corpo. Suspirei. Em seus lábios eu sentia algo único.  Só depois de seus toques  descobri o que era gostar de alguém de verdade. Mordeu meu lábio inferior. Respirei fundo. Ela me deixou sem ar. Me afastei.

 

— Eu nem comecei o jantar ainda.  — sentei direito no sofá.

 

— Você está com dor de cabeça.  —  também ajeitou a postura   — Eu faço o jantar!

 

Arregalei os olhos.

 

— Isso não é uma boa ideia.  — levantei a mão com a palma virada para ela.

 

— Eu sei fazer macarrão com cogumelos e brócolis.  É  receita da tia Ingrid. — me olhou na expectativa  da reposta.  Fez aquela carinha que me desarmava.

 

Fiz um olhar apreensivo. Soltei o ar.

 

— Tudo bem. — falei vencida — Mas não coloque fogo na casa.

 

— Vou chamar o Henry para me ajudar. — levantou animada. Apertei os olhos. Deus, isso não  daria certo!

 

Depois de alguns instantes, Henry desceu feito um furacão, Ava não sabia se corria ou pulava, então  fazia os dois ao mesmo tempo. Emma veio por último, na maior tranquilidade. E ria da cena.

 

— MAMÃE, VAI SER O MELHOR MACARRÃO DE TODOS! — senti uma pontada na cabeça. Eles iam acabar com a cozinha.

 

— Não grita, garoto. Sua mãe está com dor. — Henry não escutou, já tinha sumido no corredor  — Sobe, toma um banho, tenta descansar. Eu aviso quando estiver pronto.  — deu aquele sorriso lindo.  Mesmo com toda a dor de cabeça e preocupação, o sorriso dela me passava um conforto. Sorri de volta.

 

— Eu vou. — segurou em minha mão, me ajudou a levantar —  Juízo vocês dois! — apontei o dedo para ela, Emma fingiu que ia mordê-lo, puxei a mão depressa.

 

— Vá lá! — me deu um beijo demorado na bochecha.  Fui a passos lentos.  Parada, com as mãos nos bolsos, Emma me observou subir a escada. Eu tinha muita sorte em tê-la comigo.

 

***

 

Acordei com os beijos de Emma pelo meu pescoço. Sorri ainda de olhos fechados, a abracei apertado. Escutei um riso sair de seus lábios.

 

— Eu dormi? — perguntei com voz de sono.

 

— Por quase duas horas.  — abri os olhos surpresa.

 

— Nossa, não vi nada.   — ela arrumou meus cabelos para o lado.

 

— Vim aqui te chamar para jantar com a gente, mas estava dormindo tão bonitinha — mordeu meu queixo — Que achei melhor deixar você descansar. E a dor?

 

Franzi o cenho. Mexi um pouco a cabeça.

 

— Está um pouco melhor. — ainda sentia um leve incômodo.

 

— Depois que comer vai melhorar  mais. — sentou na cama. Só então vi a bandeja. O prato estava com uma aparência boa.— Henry fez o suco. — sorri feito boba. Emma era a  coisa mais linda!

 

— Obrigada! — fiz um carinho em seu rosto. Dei selinho em seus lábios .

 

— Henry jantou duas vezes. — não disfarcei a minha cara de espanto, meu filho era enjoado para comer, ainda mais cogumelos e brócolis. Me posicionei melhor na cama, Emma colocou a bandeja em minha frente.

 

— E  cadê ele ? — abri o guardanapo.

 

— Já está na cama! — encostou-se ao meu lado  — Ava também, fiz uma cama pra ela no chão ao lado dele. Acho difícil ela chorar agora. Sorrimos.

 

— Parabéns, Swan! —  usei um tom brincalhão — Conseguiu controlar aqueles dois furacões.  — ela riu mais. Esperou que eu experimentasse o macarrão — Está ótimo! — fui sincera.

 

— Viu? Não sou tão ruim assim.  — falou orgulhosa.

 

— Você é maravilhosa, Emma! — passei a mão pelo  seu braço. Ela corou.

 

— Enquanto você come,  vou tomar um banho.  Henry espalhou molho branco  por todo lado.  — arregalei  os olhos.

 

— Deus, a cozinha! — coloquei a mão na testa.

 

— Relaxa! — segurou em meu ombro —  Nós  limpamos tudo. — fiz careta não botando muita fé nessa tal limpeza. Preferi não dizer nada.

 

— Pode pegar algo no  closet.  — apontei. Voltei a comer.

 

Emma pegou um babydoll, foi para o banheiro. Acompanhei com o olhar.

 

A primeira coisa que fiz foi pegar o celular. Nada de  mensagens do tal perfil anônimo.  Bufei! Queria resolver isso logo.  Joguei o celular de volta no criado mudo. Eu tinha logado todas as contas em meu aparelho, exclui a conversa, e salvei as fotos em meu drive pessoal. Victoria teria acesso durante o período que estivesse no escritório, pedi para ela evitar falar sobre as contas com Cora. Por sorte, minha mãe não era tão ligadas às redes sociais, a maioria dos assuntos relacionados a isso ficava a cargo de minha secretária   mesmo.

 

Emma voltou depois de alguns minutos.  Eu já havia terminado de comer. Estava preguiçosa deitada na cama. Me virei de bruços  para vê-la desfilar de babydoll pelo meu quarto.  Emma percebeu.

 

— Safada! — falou com ar de riso. Não me importei em responder, apenas inclinei a cabeça, tentei ver melhor por entre as rendas. Ela revirou os olhos,  pegou a bandeja, saiu para levar até a cozinha.

 

Levantei, escovei os dentes.  Quando voltei para o quarto, Emma estava trancando a porta.

 

— Vamos na hora do almoço resolver a situação com os advogados?  

 

— Sim. Podemos sair da escola no mesmo horário e ir direto para lá.  — fui até a minha bolsa, peguei um comprimido para dor de cabeça. Tomei. Ela observou.

 

— Não  vai me dizer o que está te deixando assim?  — respirei fundo. Ela já conhecia algumas coisas em mim. Eu não estava bem.

 

Me aproximei. Passei os braços pelo seu pescoço, ela abraçou minha cintura.  Suspirei com a boca na curva de seu pescoço.

 

—  São coisas que podem interferir em minha campanha.  — falei baixo — Mas  estou fazendo o que posso para resolver.

 

Ela meneou a cabeça.

 

— E tem algo que eu possa fazer para ajudar?  — fez  aquela carinha linda de preocupação.

 

Sorri. Afirmei com a cabeça.

 

— Tem sim! — segurei em seu queixo — Fique comigo! — dei um selinho demorado em seus lábios — Eu preciso de você, Emma!

 

Ela sorriu com a boca colada na minha.  Depois afastou um pouco o rosto, olhou no fundo dos meus olhos. Senti minhas pernas ficarem fracas. Se era disso  que eu precisaria abrir mão, eu não estava disposta. Senti meu olhos marejarem. Emma não percebeu. Beijou meu pescoço, subiu com os movimentos pelo meu maxilar. Minha respiração ficou descompassada.  Tomou meus lábios, apertei seus cabelos em minhas mãos. Troquei cada carícia daquele beijo com ela me sentindo arrepiar mais, e mais. Por que ela conseguia fazer isso comigo? Eu não me importava mais em saber. Me entreguei as seus lábios sem reservas, como ela sempre me tinha. Afastei ofegante, olhei para a sua boca, ainda podia sentir o seu  gosto. Justificar já não era preciso. Pensar nas causas, nos porquês.  Era ela. Tinha que ser ela!  Por isso essas orbes verdes me prenderam desde o primeiro dia em que as vi.

 

— Vem. — segurou em minha mão  — Eu te faço um carinho até você dormir.  — apertei mais os olhos.

 

— Você está com uma carinha de quem vai dormir antes. — ela achou graça.

 

—  Há uma possibilidade. — admitiu.  Sorrimos.

 

Deitamos. Repousei a cabeça em seu peito. Ela me abraçou tão gostoso, que foi impossível evitar um suspiro longo. Entrelacei as minhas pernas nas suas.

 

— Boa noite! — falou baixinho perto de meu ouvido, enquanto acariciava  meus cabelos.

 

— Boa noite, Emm. — me aconcheguei mais em seu peito. Escutei o seu riso.  Beijou o topo de minha cabeça.

 

Era em momentos como estes, que  não tinha dúvidas de onde eu queria estar.

 

 

***

 

—Senhora Mills,  há quanto tempo! — a secretaria de Robin levantou-se, veio até mim.

 

— Verdade, Johanna! — apertei sua mão — Já se passaram alguns meses.

 

— E essa jovem deve ser Emma Swan? — virou-se para Emma que observava a nossa interação.

 

— Sou eu mesma. — sorriram uma para a outra.

 

— É um prazer conhecê-la. Venham. — nos indicou o caminho até à sala de Robin. O senhor De Locksley espera por vocês.

 

Bateu na porta, nos anunciou.

 

— Podem entrar. —  deu passagem.

 

Robin veio ao nosso encontro.

 

— Regina. — beijou meu rosto.  

 

— Senhorita Swan. — estendeu a mão à Emma, ela apertou educadamente, mas permaneceu séria. Robin também não esboçou sorriso algum. Tudo bem, seria pedir demais uma simpatia mútua logo de cara. E Emma  sabia que eu tinha contado a Robin sobre nós. Então, é  claro, que  o estranhamento existiria.

 

— Sentem. — apontou para as cadeiras. Voltou para trás de sua mesa, sentou-se. Nos acomodamos — Lilith chega em minutos, está com outro cliente.

 

— Então, senhorita Swan, Regina disse que a visita da assistente social responsável por decidir se está apta  para ser  madrinha voluntária  é  esta semana? — Robin pegou uma pasta, provavelmente com algum documento.

 

— Sim. — balançou a cabeça — Amanhã! — mexeu-se de maneira nervosa na cadeira. Falar de algo relacionado a Liam sempre a deixava assim.

 

— Isso é  mais rápido do que eu imaginei. —  abriu mais os olhos — Teremos que acertar alguns detalhes ainda hoje então.

 

— ROBIN, AQUELE IDIOTA MERECE TUDO O QUE A ESPOSA FEZ COM ELE! — Lilith entrou  sem bater, e falando alto pela sala. Nos três nos assustamos.  — Ah, desculpe eu não sabia que já estavam aqui.  — nos olhou surpresa —  Senhora Mills! — abriu um sorriso, veio em minha direção. Também sorri. Me levantei para abraçá-la.  

 

Lilith era uma jovem advogada  que entrou para a De Locksley  a cerca de seis anos.  Lembro que Robin  ficou com receio de contratá-la, ele a achava excepcional como advogada, mas muito sincera e estourada em determinadas situações. Acabou que não se arrependeu, ela vinha fazendo o seu nome nos últimos anos. Mas a maneira espontânea de falar o que bem entendia, pelo jeito, ainda se fazia presente.

 

— Você está ótima, Lilith! — a olhei de cima a baixo. Ela já não era mais uma jovem. Lilith era uma mulher. Morena alguns centímetros mais alta que eu, os cabelos cascalhos abaixo do ombro. Estava muito elegante em um terno feminino cinza.

 

— Obrigada! — sorriu, deu um passo para trás — Você também está maravilhosa. Separar-se de Robin deixou você ainda mais bonita.  — não segurei o riso, ela também não.

 

— Eu  ainda estou aqui, Lilith! — Robin falou sério apoiou os cotovelos na mesa.  Emma coçou a cabeça, disfarçou o incômodo — E sobre o caso, pare de reclamar, ele é  seu cliente! —  Lilith bufou.

 

— Eu sei! — abriu os braços no ar — Mas eu no lugar dela, faria a mesma  coisa.

 

Robin meneou a cabeça.

 

— Esta é senhorita Swan. — apontou para Emma. Lilith desviou o olhar.  Emma levantou, estendeu a mão a ela. Lilith ficou alguns segundos apenas olhando para Emma.  Achei estranho.

 

— Meu Deus, você  é  ainda mais bonita de perto. — apertou a mão de Emma, que deu um sorriso sem graça. Franzi o cenho. Robin fez uma expressão confusa.

 

— Como assim? — Emma procurou entender.

 

— Eu fui a alguns jogos, te vi da arquibancada, sempre achei você bonita, mas de perto é  ainda mais.  — falou com uma naturalidade que me fez apertar os lábios de nervoso.

 

Emma soltou a mão dela. Vi seu rosto ficar levemente vermelho.

 

— Você é uma jogadora muito boa. — continuou com os elogios.

 

— Obrigada! — comecei a ficar incomodada. Limpei a garganta. Robin olhou para mim.

 

— Lilith, aqui está o que temos de papelada da Senhorita Swan —  interrompeu intencionalmente aquele momento, agradeci mentalmente — Ainda é pouco, apenas os documentos de identificação e a ficha de inscrição para madrinha voluntária. — estendeu-lhe a pasta.

 

Lilith pegou, acomodou-se em uma cadeira a seu lado. Também voltamos a nos sentar. Analisei bem a expressão de Emma, ergui uma sobrancelha, ela me olhou sem entender.

 

— Bom pelo que vejo a sua documentação básica já está digitalizada, documento de identidade, comprovante de residência, rendimentos.  — começou a falar em um tom sério agora — Vou precisar anexar a isso a declaração de sanidade mental e física. Quando poderia providenciar? — levantou a cabeça para olhar Emma novamente.

 

— Eu faço esses exames periodicamente. Os médicos de minha equipe podem atestar isso. — Emma também falou com seriedade na voz.

 

— Ótimo! Quanto mais rápido melhor!

 

— Posso enviar amanhã. — Lilith sorriu satisfeita.

 

— Eles confirmaram a visita para amanhã.  — Robin falou, mas Lilith não desviou os olhos de Emma.

 

— Ok! Qual o horário? —   manteve o contato visual.  Ajeitei a postura, passei a mão pela testa. Era sério isso?

 

—  Três da tarde.  

 

— Estarei lá! — perfeito, quem não estaria era eu. Estava começando a achar aquilo uma péssima ideia.

 

— Mas  eles  confirmaram a visita sem  ter o exame psicólogo? — Emma perguntou confusa.

 

— Os exames médicos serão para entrar com a petição de inscrição para adoção. Quem irá à sua casa amanhã será uma assistente social. — explicou calmamente — O processo para madrinha voluntária é bem menos burocrático.

 

Emma meneou a cabeça demonstrando que havia entendido.

 

— Pelo que eu vejo aqui não haverá problemas em você tornar-se madrinha.  — voltou a analisar os papéis —  Eles não teriam alegações para impedir isso. É  maior de idade, tem residência  própria,  renda fixa e pelo que vejo um patrimônio vasto provido de herança.  Amanhã, depois da visita, entro com a ação para trazer a criança  a Storybrooke.

 

—   E acha que isso levará quanto tempo? — perguntou e não escondeu a expectativa.

 

— Cerca de um mês. — Emma sorriu largo, desviou o olhar para mim. Sorri de volta — Assim que ele estiver em Storybrooke, entro com a petição para a inscrição de adoção.  Com essa documentação aprovada, você entra para o cadastro estadual de adoção. Se tivesse mais de vinte e cinco anos, entraria para o cadastro nacional. Felizmente a idade mínima no Maine é  dezoito, e para nós, isso basta! — Lilith  falou cada palavra com  total segurança. Não era à toa ela ser considerada uma das melhores ali.

 

— E depois que eu entrar nesse cadastro... — Emma esperou que  ela continuasse.

 

— Você obrigatoriamente participará de um curso de preparação psicossocial e jurídica.  Ele tem duração de dois meses. — Emma arregalou os olhos.

 

— Um curso? — perguntou, e lá estava a sua insegurança de novo.

 

— Sim, um curso. — afirmou também com a cabeça  — Se for aprovada, aí sim vem a visita domiciliar feita por psicólogos junto com os assistentes sociais.

 

Emma soltou o ar pesadamente.  Encostou as costas na cadeira.

 

— Isso parece difícil.  — analisou as informações.

 

— Não é um processo simples, senhorita Swan. É  demorado. É  burocrático. É  sofrido! Precisa ter certeza se realmente quer isso. — usou um tom sério. Apertou mais os olhos, esperou por uma reposta de Emma.

 

— Eu quero!  — disse com certeza na voz.

 

— Então amanhã, depois da visita, tiramos os seus antecedentes criminais e deixamos toda a documentação organizada. Aproveito e conto detalhes sobre o tal curso. Fique tranquila! Se até  Robin foi aprovado, você também será! — Robin revirou os olhos,  passou a mão no rosto, mas não disse nada  — Nosso único problema será a sua pouca idade, mas tentaremos provar a sua afetividade pelo garoto. Precisamos de testemunhas que relatem essa proximidade. A senhora Mills é  uma dessas pessoas? — olhou para mim.

 

— Ela é sim!  Chegou a dar aulas para Killian,  irmão de Liam,  e eu, antes dele falecer. — Emma também desviou o olhar para mim —  E também me acompanhou recentemente a uma visita a Liam no abrigo de Nova Iorque.

 

— Perfeito! Ter a ex-prefeita como uma das testemunhas, terá bastante peso.  — dei um sorriso amarelo.

 

— Então, por hoje é isso!  — levantou-se — Nos veremos amanhã, um pouco antes das três, em sua casa. Tenho o endereço nos arquivos. — bateu a mão na pasta —  Mandarei uma lista em seu e-mail sobre as gafes que não deve cometer.

 

Emma sorriu agradecida. Apertou a mão de Lilith com mais entusiasmo agora. Observei cada detalhe da cena. Robin me olhou curioso. Ignorei.

 

— Foi bom revê-la, senhora Mills.  — abraçou-me em despedida. Sorri.

 

— Digo o mesmo, Lilith. Obrigada por toda a orientação.  — agradeci.

 

— É  o meu trabalho! — falou sem dar importância, andou em direção à porta — CHEFE! — olhou para Robin. Bateu a porta atrás de si.

 

Respirei fundo. Eu não deveria estar assim. Me repreendia mentalmente. Talvez eu tenha visto algo que não existiu.

 

Nos despedimos de Robin sem demora. Fomos em direção ao estacionamento.

 

— Parece mais calma. — falei analisando seu rosto. Paramos em frente ao meu carro.

 

— Com a Lilith explicando o processo fiquei mais confiante. Não é nada fácil, mas ela parece boa! — franzi o cenho.

 

— Ela é boa sim. Mas Emma, por favor, não crie muitas expectativas. Você me prometeu. — disse preocupada.

 

— Eu estou animada porque é  quase certo que ele venha a Storybrooke. — segurou em meus braços — Eu poderei visitá-lo com frequência. Passar alguns finais de semana com ele! — sorriu, balançou meu corpo. Acabei rindo também.

 

— Eu não quero nem ver você, Henry, Liam e Ava juntos. — neguei com a cabeça — Isso não vai prestar!

 

Rimos ainda mais.

 

— Vai ser divertido! — deu um passo à frente.

 

— Vai sim! — concordei  com a cabeça.

 

Ela segurou em minha mão.

 

— Obrigada por todo o apoio. — ficou séria, aprofundou o seus olhar no meu.

 

— Não precisa agradecer, se fosse ao contrário, sei que faria o mesmo. — fui sincera. Ela agarrou com força em meu pescoço, passei as mãos por sua cintura.

 

— Faria sim! — escutei um riso sair de seus lábios.

 

Nos separamos.

 

— Vai ao meu jogo, não vai?  — perguntou com  esperança na voz.

 

Emma tinha o segundo jogo da Liga Nacional  à noite. Pensei por alguns segundos na resposta. Eu ainda não tinha conseguido nada com o perfil anônimo.  Simplesmente  não obtive resposta. Me distrair, seria bom. Sei também que era importante para ela que eu fosse.

 

— Eu vou, Emm. — ela deu aquele sorriso que eu tanto gostava.  Me desmanchei como sempre.

 

— Eu gosto quando você me chama assim.  — corou.

 

— Acostume-se, Emm. — falei com a voz mais rouca.  Ela apertou os olhos.

 

— Isso. — meneou a cabeça — Aproveita que estamos em público.  

 

— Não sei do que está falando, Swan. — me fiz de desentendida. Ela revirou os olhos —  Vou levar Henry e chamar Zelena. — voltei ao assunto.

 

Ela deu um passo para trás.  Desviou o olhar para a minha boca.  Engoli seco. Ela estava com vontade de me beijar. E comigo não era diferente.

 

— Eu vou encontrar com Henry agora no ginásio...  — começou a falar, respirou fundo —  Mando os ingressos por ele.  — concordei com a cabeça, ajeitei a postura, também me recompus. Dei um beijo em seu rosto, me afastei rapidamente. Era tão difícil estar com ela e não poder tocá-la da maneira como eu queria.

 

Entrei em meu carro. Emma ainda acenou para mim, antes de entrar  no fusca.

 

Fui para o escritório.

 

***

 

—Lilith? — aquela que deixava Robin louco há uns anos atrás? — Zelena encheu a boca de amendoim.

 

— Essa mesma! — me ajeitei na cadeira da arquibancada. Olhei para Henry, ele estava sentado  ao lado de Zelena,  praticamente não piscava observando o aquecimento do time visitante — Na verdade, ela ainda  o deixa louco, mas Lilith   cresceu muito como profissional nos últimos anos. Fora que Robin não admite, mas gosta  daquele jeito dela.

 

— Então o caso de Liam está em boas mãos?  — perguntou de boca cheia.

 

— É... — hesitei — Sim, está! — minha irmã  franziu o cenho.

 

— O que foi dessa vez? — comeu mais de seu amendoim.

 

Soltei o ar pesadamente.

 

— Lilith olhou de um jeito estranho para Emma. — não sabia se aquilo era só coisa de minha cabeça.

 

— Eu também olharia se visse uma garota de dezoito anos querendo adotar uma criança de cinco. — deu de ombros.

 

— Não foi um olhar relacionado a isso, Zelena. — falei irritada.

 

Minha irmã virou-se mais para mim.

 

— Então o quê? — perguntou curiosa.

 

— Ela  olhou com interesse. — minha irmã abriu mais os olhos — Ela chegou a dizer que Emma era mais bonita de perto, porque já  assistiu  jogos aqui.

 

— Ah, sis,  que bobagem! Sabe quantas pessoas nesta arquibancada acham Emma bonita? — apontou ao redor. O ginásio estava lotado  — Ainda mais agora, disputando um campeonato que é transmitido em rede nacional. — apontou o dedo para mim — Isso porque  a Sport Illustrated de domingo nem saiu ainda.  Olhei ao redor,  Zelena estava certa.

 

Escutamos o animador de torcida anunciar o time de Storybrooke. Os torcedores foram  ao delírio. Emma entrou com as demais jogadoras, cumprimentou o público, seus olhos cruzaram momentaneamente  com os meus. Ela usava uma camisa azul sem mangas,  a peça deixava seus braços definidos à mostra. A saia ia até metade de suas coxas, era da mesma cor, e dava um toque delicado ao uniforme. O cabelo, preso em um rabo de cavalo no alto da cabeça, com suas pontas levemente cacheadas, a deixava ainda mais encantadora. Minha loira era linda!  Eu sei que a maioria ali achava o mesmo. Um sorriso bobo surgiu no canto dos meus lábios.

 

— Eu ainda não me acostumei com esse seu olhar apaixonado. — Zelena sussurrou em meu ouvido. Desviei o olhar para ela, mas não disse nada. Ia falar o que diante de um fato? Nem eu estava acostumada com isso.

 

O jogo começou. E não foi um início tranquilo. O time de Emma perdeu  o primeiro set.

 

No segundo, Storybrooke conseguiu  manter-se à frente no placar, mas perdeu a vantagem por causa de erros bobos, e na reta final, estava bastante equilibrado. Emma me olhou nervosa durante a parada técnica.  Me mexi inquieta na arquibancada. 

 

— Calma, sis! — elas vão ganhar este set.

 

— Senhora Mills. — escutei um voz  chamar por meu nome. Virei para ver quem era.

 

— Sim? — vi um repórter que trabalhava na transmissão, o  cameraman  estava logo atrás.

 

— Poderia dar uma declaração sobre a  partida? Nós entraríamos ao vivo assim que acabar o segundo set?  — fiz uma expressão surpresa,  não  esperava por isso.

 

— Ah... — hesitei — Claro! Claro.  — meneei a cabeça.

 

— Eu agradeço. — sorriu, afastou-se um pouco para esperar o término do set.

 

— Diga que está torcendo por sua namorada! — Zelena sussurrou em meu ouvido.

 

— Fica quieta, Zelena! — falei entredentes, desfacei.

 

O time de Emma também perdeu o segundo set. Respirei fundo. Levantei para dar a tal declaração. Minhas mãos doíam por ter apertado os braços da cadeira durante os últimos pontos, tive que me controlar para não  gritar a cada lance.

 

— Pelo menos foi engraçado ver você se contorcendo toda nessa cadeira. Nunca te vi fazer isso por esporte nenhum. — Zelena tirou sarro antes de eu me afastar. Revirei os olhos.

 

Me posicionei ao lado do repórter. Olhei para a câmera, sorri simpática.

 

— Clarck, olha quem encontramos aqui... — o repórter falou provavelmente  com o narrador esportivo — A ex-prefeita, Regina Mills, está prestigiando a equipe de Storybrooke  — mantive o sorriso — Senhora Mills, o que está achando do jogo? — colocou o microfone diante de minha boca.

 

— Tenso! — sorri, o repórter sorriu junto — Eu estou realmente nervosa com a partida, o time visitante é  muito bom. Mas eu acredito que Storybrooke  vai conseguir reverter esta situação  adversa.  — tentei ser o mais confiante possível.

 

— As políticas públicas de incentivo ao voleibol foram  fortes durante os seus dois mandatos. Como a senhora  vê   a continuidade de tudo isso?

 

— Os núcleos de formação ligados ao voleibol já existiam quando eu assumi, mas durante o período em que  estive na prefeitura o projeto foi ampliado. O esporte ganhou mais força. Fico feliz que o atual prefeito, tenha dado continuidade a essa tradição esportiva, que já faz parte da história de Storybrooke.  As crianças de nossa cidade precisam de oportunidades para mostrarem o seu talento. — meu olhar ficou preso no de Emma por um segundo enquanto as equipes trocavam de lado. Apontei para a quadra — E essas garotas que estão em quadra merecem todo o reconhecimento.

 

— Arrisca dizer quem é  a sua jogadora preferida?— sorri sem graça, senti que fiquei levemente corada. Tentei disfarçar.

 

— Assim você me coloca em uma situação difícil. — tentei desconversar, mas ele continuou esperando pela resposta  — Gosto muito da maneira como Emma Swan joga. — fui sincera, mas tentei não  dar ênfase — E Ruby Lucas também é  perfeita em suas defesas. 

 

— Emma Swan e Ruby Lucas as duas jogadoras preferidas da ex-prefeita Regina Mills . — olhou para câmera — E você que está aí em casa? Qual é  a melhor jogadora da partida de hoje? Entre em nosso site, ele  está aí embaixo na sua tela. Vote! — virou-se novamente para mim — Obrigada, senhora Mills! — sorri amarelo, torci para aquilo acabar logo — Clarck, é com você!

 

A transmissão acabou. Respirei aliviada.

 

— Propaganda política em  rede nacional? E de graça? — Zelena disse baixo assim que voltei para meu lugar — Cora vai adorar!

 

Passei a mão pelo rosto.

 

— Seria perfeito se não tivesse uma pessoa com fotos onde apareço beijando justamente uma das jogadoras que  apontei como uma das minhas favoritas. — falei só para minha irmã escutar.

 

— O tal anônimo ainda não respondeu? — usou o mesmo tom.

 

— Não.  — bufei —  E  essa espera é torturante.

 

O apito de início do terceiro set foi dado.  Storybrooke não poderia mais cometer erros.

 

A disputa foi difícil. Equilibrada. O placar final do jogo foi de três sets a dois. Mas a vitória  veio! Emma gritou em comemoração. Meu filho pulou eufórico na arquibancada. Zelena soltou todos os palavrões que podia. Dei um sorriso largo. Soltei o ar que prendia.

 

As jogadoras se posicionaram no centro da quadra. Claro que eu fiquei de olho na italiana tarada que por qualquer motivo, tocava  Emma. O vôlei é um esporte coletivo, as jogadoras estão sempre em contato umas com a outras, mas ela abusava.  Observava cada investida com uma raiva que não cabia em mim.

 

O animador chamou a atenção para anunciar a melhor jogadora eleita pelo público.  Fechei os olhos, esperei, controlando a expectativa.  O nome de Emma foi anunciado. Não contive o  entusiasmo. Acompanhei as palmas da torcida. Eu já havia assistido a um jogo no qual Emma também fora eleita, mas o campeonato era menor, e a partida bem mais fácil.

 

Dois jogos, duas vitórias, dois prêmios de destaque individual. Era uma marca e tanto!

 

— E  o público da casa que escolheu! — Zelena falou, também batendo palmas — Isso é bastante significativo! — concordei com a cabeça.

 

Emma ergueu o troféu simbólico de melhor da partida. Olhou diretamente para mim. Segurei para não me emocionar, eu estava transbordando de orgulho.

 

Ela deu uma breve entrevista para o mesmo repórter que eu, isso dentro de quadra. Ainda o vi entrevistar a italiana tarada. Fomos em direção  à saída.

 

Paramos para esperar por Emma. Alguns torcedores eufóricos estavam ali. 

 

Escutei uma notificação chegar em meu celular, abri rapidamente. Zelena observou apreensiva.

 

— É  Victoria. — falei e minha irmã relaxou  a expressão — Acabou de me mandar a agenda de eventos. — abri para ver os lugares que precisaria ir.

 

Na verdade, essa agenda precisaria estar comigo desde o início da semana, mas não era culpa de Victoria, ela estava fazendo bem mais que as suas obrigações nos últimos  dias.

 

— Droga! —  ampliei a tabela na tela do celular. — bati a mão em minha  perna.

 

— Que foi? — Zelena achou estranho.

 

— Vou precisar tirar aqueles dias que tenho na escola, Zelena.

 

— Por quê? —  franziu o cenho.

 

— Terei que ir ao porto de Monhegan amanhã cedo. Tenho um evento de dois dias no Cruzeiro de Gold.   — disse desanimada.

 

— Naquele navio que era no papai? — meneei a cabeça.

 

— Pelo que eu saiba, Gold não tem outro.  

 

— Boas lembranças de lá. — revirei os olhos. Eu sabia que ela estava falando de sexo e bebedeiras.

 

Abri minha conversa com Robin, expliquei a situação e avisei que ele precisaria ficar com Henry. Falei também a meu filho, que entretido no celular, não havia escutar o nada do que falei com Zelena.

 

Emma saiu logo em seguida, tirou fotos, assinou camisas. Os seguranças precisaram interferir algumas vezes.  Observamos tudo.

 

Decidimos ir para o estacionamento, lá estava mais tranquilo. Encostei em meu carro.

 

— Acho que vai demorar para Emma atender aquilo tudo de gente. — Zelena falou, sentou no capô de meu carro.

 

— Um dia eu vou dar esse tanto de autógrafos. — Henry falou animado.  Sorri, o puxei para um abraço.

 

— Claro que vai, meu amor! — beijei sua cabeça.

 

Esperamos por mais alguns minutos. Ainda podíamos ouvir a agitação. Emma veio em nossa direção, dois seguranças a acompanharam. Henry correu até ela.

 

— Ei, garoto! — abraçaram-se.  Ela estava de banho tomado, andava com dificuldade  por causa da bolsa de gelo no joelho esquerdo.  Olhou para mim sorrindo. Sorri de volta.

 

— Parabéns, Emma! — Zelena deu um beijo rápido em sua bochecha. — Henry, vamos ajudar Emma? — puxou a mochila do ombro de Emma, entregou a meu filho —  Vamos guardar isso no carro. — Emma entendeu que Zelena queria nos deixar sozinhas, deu as chaves do fusca para ela. Saíram.

 

— Parabéns! — falei olhando fixamente em seus olhos — Você se superou hoje. Estou tão orgulhosa!— ela abriu um sorriso  envergonhado.  Deu dois passos à frente.

 

— Obrigada!  — levantou o troféu me estendeu ele — Eu quero que fique com isto. — franzi o cenho.

 

— Como assim, Emma? — não entendi.

 

— Ganhei ele pra você! — chegou mais perto — Você é  minha inspiração. Por você eu quero ser melhor a cada dia. Em tudo que faço. — engoli seco. Meus olhos marejaram. Não pelo troféu, mas pelo que aquele ato simbolizava.

 

— Emma, eu... Eu... — gaguejei — Não posso aceitar.

 

— Pode sim, Regina! — afirmou com a cabeça — Ele é  seu! 

 

Olhei para suas mãos. Peguei o troféu lentamente. Reparei em seus detalhes. Dei um passo à frente, a abracei. Emma retribuiu.  — Obrigada! — falei com a boca na curva de seu pescoço. Respirei fundo, tentando não chorar. Um nó se formou em minha garganta.

 

Nos separamos.  Olhei para os lados, os seguranças  ainda estavam no estacionamento, mas distantes, provavelmente evitando que os torcedores viesse para aquela parte restrita.

 

— Sabe que a  equipe deles... — Emma começou a falar, mas franziu o cenho olhando atrás de minha cabeça. Virei para a direção que ela observava.

 

— O que foi? — Emma deu alguns passos à frente. Não  respondeu — O que foi, Emma ?  — insisti.

 

— Você lembra de Peter? — procurei na memória por algo relacionado a esse nome. Não encontrei. Neguei com a cabeça — O aluno  do terceiro ano que vendia drogas para Kill.

 

Lembrei que Emma tinha  receio de ter contato com esse aluno. Até nos prendeu na cabine do banheiro por isso.

 

— Sim. Ele foi preso na época. — falei sem entender o porque daquilo naquele momento.

 

— Acho que eu acabo de vê-lo do outro lado da rua.  — tentei ver melhor, mas já não havia ninguém — E parecia estar com Neal.

 


Notas Finais


Spoiler do próximo capítulo no Instagram cinza_das_horas.


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