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História Ciranda do tempo. - Miserável sina, afortunada graça.


Escrita por: Slplima

Notas do Autor


Tudo bem?

Os pensamentos são incontroláveis.
As emoções se contorcem dentro do coração e sim, confundem a mente.
E quem, completamente apaixonado, não vivenciou tamanha amargura?

Mas o amor compensa qualquer desventura.
Qualquer dor.
Qualquer mágoa.

Hoje a one é para nossos Lan Zhan e Wei WuXian.
Uma ciranda inquebrável de dois, através das intermináveis eras.

Espero que gostem!
Bjinhos.

Caso queiram ler minhas outras estórias da categoria, basta acessarem a tag 'Weizhan', ok?

P.S: todos os direitos reservados aos autores das imagens que ilustram ambas as capas, ok?

Capítulo 1 - Miserável sina, afortunada graça.


Fanfic / Fanfiction Ciranda do tempo. - Miserável sina, afortunada graça.

"Chorar é diminuir a profundidade da dor."

(William Shakespeare)

 

 

 

A melodia está tocando...

Suave, através das montanhas sagradas de Gusu Lan.

Os sons das risadas e dos lamentos ecoam pelo espaço, mescladas; vibram por sobre o solo molhado pela chuva da madrugada.

Chacoalham as estruturas do céu azul, naquelas cálidas auroras, em plena primavera.

Ou no auge do rigoroso inverno.

Sobrepondo-se às terríveis tempestades de outono.

Estação após estação.

A melodia está tocando sem cessar...

E o coração está batendo.

A pele está febril.

Sensível.

O calor queima o íntimo e causa calafrios na derme suada.

Lan Zhan está nu sobre o lençol de seda branca, e os olhos dourados, límpidos feito o entardecer mais estonteante, miram-no com emoção.

Desliza os dedos longos com delicadeza sobre a face ainda corada daquele homem ao seu lado.

Imaginando ser a mais cara porcelana.

Acompanha as linhas que desenham o pescoço pincelado por tons arroxeados, o ombro, o antebraço, o braço, até que chega na mão esquerda.

E ali ficam.

E Wei WuXian nada diz.

Apenas deixa-se flutuar na sublime sensação de ser acarinhado.

De ser adorado, mesmo que nenhum vocábulo tenha sido dito.

E os dedos cúmplices, outrora enlaçados nos seus, desvencilham-se.

Continuam a dedilharem as coxas torneadas, o abdômen delineado, subindo pelo peito ofegante e, finalmente, parando nos lábios finos e marcados por uma audaciosa mordida.

-Lan Zhan... - sussurra hipnotizado por tanta beleza, sem tirar dos seus olhos o fascínio que observa se formar no olhar penetrante do outro. - diga pra mim, diga o que você quer.

Ah...

O 'querer' de todas as vidas do poderoso HanGuang-Jun.

Sempre fora o mesmo.

Sempre fora ele.

Lan Zhan não o respondeu!

Sabia que qualquer palavra seria banal demais para definir aquele átimo de segundo.

O 'querer' estava nos gestos.

Nas intenções.

Nos detalhes.

E até na reticência das frases inacabadas.

E por isso o atrevimento da palma continuou.

Dos lábios inchados de Wei WuXian, acariciou a orelha, os cabelos longos e bagunçados úmidos, foi até as costas e escorregou matreira até o quadril.

Pressionou!

E as íris rubras e áureas não deixaram de se confrontarem.

Contemplarem.

-Quero você, Wei Ying! - ciciou de repente, desviando o olhar para o pênis já ereto e inflamado que o instigava e enlouquecia. - Como eu poderia querer outra coisa senão você?

Olharam-se de novo e, mesmo na penumbra, reconheciam-se como destinados.

Compartilhando da mesma miserável sina.

Compartilhando da mesma afortunada graça.

Compartilhando as mesmas ingratas contradições.

E as bocas se aproximaram, no mesmo instante que a rebelde mão envolveu o membro pulsante do suscetível Patriarca Yiling.

No mesmo instante que o gemido saiu rouco da garganta da Segunda Jade de Lan; quase um choro, quase um pedido, uma súplica.

Uma melodia que vinha do âmago desajuizado e desgarrado da realidade.

Um compasso que enfeitiçava.

Uma rara demonstração de fragilidade que fazia tudo valer a pena.

Um beijo profuso.

Lascivo.

As línguas resvalaram.

Salivaram.

E se sorveram com desespero.

Ao mesmo passo que o sorriso floreou o semblante repleto de luxúria do corpo abaixo do seu.

Pois que Wei WuXian abraçou-o.

Recebeu-o, completamente.

Tanto o físico perfeito e trêmulo, aflito por atrito, embevecido de tesão, quanto a alma benevolente e cheia de regozijo.

Conectaram-se!

Do lado de fora a canção tocava branda;

A brisa soprando nos galhos cheios de folhas ressequidas.

O piar dos pássaros noturnos.

O cantarolar dos grilos.

O silêncio a permear a natureza, que dormia inocente.

Mas que era assiduamente escandalizado pelo choque das carnes afogueadas dos incandescentes amantes, no abafado e profano jingshi.

Os corações batiam.

Batiam descompassados.

Batiam afoitos.

As lágrimas escorrendo pelo cenho transfigurado pelo prazer e pela dor.

Pois que as cicatrizes de Lan Zhan zombavam de sua felicidade.

Viviam a recordar-lhe do passado.

Do sangue a sujar as vestes brancas de seu único bem querer.

-Mais forte... Lan... Zhan... - soluçou, sentindo que era rasgado ao meio, sentindo contrair-se, delirar. - por favor, por favor... 

E as lágrimas, escorrendo pela outra face transfigurada pelo mesmo prazer e pela mesma dor.

Pois que o pranto de Wei WuXian zombava da sua vil capacidade de ser indiferente diante do sofrimento daquele a quem mais estimava.

Lan Zhan odiava vê-lo assim.

Porque mesmo dizendo aos quatro ventos que 'tudo bem', não deixava de pressentir, outra e outra vez, a sensação abrupta do couro cortando seu dorso.

Do sangue a escorrer e gotejar sobre o piso de pedra do pátio principal do Recanto das Nuvens.

Da saudade que flagelou muito mais.

Do arrependimento de não ter persistido mais.

Da angústia de ter procurado e procurado por longos e trágicos treze anos.

Os corações batiam doloridos.

E unidos.

Lan Zhan penetrou-o com mais ímpeto.

Sem piedade alguma.

Adentrou aquele inferno que chamava de paraíso sem pudores.

Tomou para si as vibrações que sacudiam as entranhas de seu companheiro de cultivo! 

Mergulhou o mais profundo que pôde. 

E sem esforço, perdeu-se em meio a esses espasmos descontrolados.

Era apenas assim que conseguia se desvincular da existência.

Das regras.

Dos martírios.

Era ali...

Sobre Wei WuXian que esquecia quem era e o que representava no cruel e competitivo mundo do cultivo.

Somente assim...

Doando-se.

Dando-se sem restrições.

Perdoando.

E sendo perdoado.

Somente assim...

Somente desse jeito que recebia tudo dele.

Que lia nas entrelinhas e em cada trejeito, cada mínimo sentimento.

Desvendava cada ínfimo ressentimento.

Intenção.

Quietude.

Ou tagarelice.

-Goze para mim, Wei Ying... - confabulou enevoado, mas absurdamente consciente das reações do menino aconchegado em seus braços. Seu doce e maculado menino. - satisfaça-me com o seu clímax, faça-me gozar também.

O gelo derretia, gradualmente!

Como se o verde dos campos ressurgissem, plenos, mostrando as nuances vívidas das flores.

Como se o sol brilhasse majestoso pelo horizonte.

Uma magia indescritível!

E enquanto Wei Wuxian se emocionava, calado, diante dessa ternura rara, diante desse homem intrigante e extraordinário, deixava-se derramar mais lágrimas.

Amava-o!

Amava-o sem limites!

Queria falar.

Queria gritar.

Mas só conseguia sentir.

Debruçar-se sobre esse milagre e chorar.

Chorar!

Porque podiam passar um milhão de eras, em nenhuma delas seria suficiente estar junto dessa criatura intrigante e deveras irritante.

Apaixonante.

E muito paciente.

Seu Er-gege.

-Eu vou... eu... v-vou... - e não pôde se segurar mais. Fez a vontade do distinto e perseverante líder Lan.

Gozou.

E fez gozar.

.

A melodia está tocando...

Suave, através das montanhas sagradas de Gusu Lan.

Os sons das risadas e dos lamentos ecoam pelo espaço, mescladas; vibram por sobre o solo molhado pela chuva da madrugada.

Chacoalham as estruturas do céu azul, naquelas cálidas auroras, em plena primavera.

Ou no auge do rigoroso inverno.

Sobrepondo-se às terríveis tempestades de outono.

Estação após estação.

A melodia está tocando sem cessar...

Benção e maldição, caminhando lado a lado sobre aquelas sagradas terras.

Lan Zhan via-se dançando a imperecível ciranda do tempo.

Naquele estado de deslumbramento, a reverenciar o antigo cultivador demoníaco dormir sobre si.

Revisitando o que passou.

Distraindo-se com a aguda impressão do amargo período de reclusão.

O fel descendo garganta adentro enquanto as feridas se curavam.

Enquanto era dominado pelo vazio.

Pelo abandono.

Pela raiva.

Oh!

Sorriu.

O imparcial Lan WangJi sorriu!

Voltou a apreciá-lo e suspirou.

Estava nu sobre o lençol de seda branca amarrotado, e os olhos dourados, límpidos feito o entardecer mais estonteante, miravam-no com mais emoção.

Deslizou os dedos oscilantes, com delicadeza, sobre a face ainda corada daquele homem sincero e sem vergonha nenhuma.

Acompanhando as linhas que desenham o pescoço pincelado por tons arroxeados, o ombro, o antebraço, o braço, até que chega na mão esquerda, relaxada sobre o seu próprio tronco.

Segura.

E enlaça-a na sua, mais uma vez.

Os primeiros feixes de luz atravessam a janela semi aberta e os cercam com seu calor e cadência.

Fecha os olhos e respira fundo.

E então, volta a dançar, com minúcia, a ciranda do tempo.

Regressa da viajem ao seu longínquo abismo, atordoado de monstros, e aterriza nesse presente.

Nesse cenário de paz e júbilo.

Aonde descobriu-se refém das vontades e despautérios de alguém.

Aonde deixou-se flagelar pelo acanhamento e pelos arroubos de insolência desse intrépido alguém.

Aonde pode admirar, agradecido, esse precioso alguém gargalhar e fitá-lo com todo esmero do universo.

Uma afável e excruciante ciranda do tempo!

Mas Lan Zhan pouco se importava de andarilhar nesse vai e vem.

Dançaria esse ritmo lancinante quantas vezes fosse necessário.

Quantas vezes aguentasse.

Pois que, afinal, estava onde queria.

E por ali permaneceria, até o fim, e muito além dele.

Até onde lhe fosse permitido ficar.

.

.

-Sem mais dores, sem mais sangue, sem outra separação... - falou baixo, envolvendo Wei WuXian em seu abraço sôfrego, abarrotado de certeza e zelo. - só o nosso irrefreável amor, Wei Ying! E eu te amo, eu te amo, eu te amo mais do que tudo.

Sorriu, orgulhoso de si mesmo.

Enternecido.

Falara muito mais do que logrou imaginar, ora essa!

Talvez falasse de novo, quando tivesse seu memorável espectador acordado?

Talvez!

Sorriu.

E chorou!

E adormeceu, exausto, neste apaziguado alvorecer.

Uma afável e excruciante ciranda do tempo!

 

 

 

 

 

"O amor é a única paixão que não admite nem passado nem futuro."

(Honoré de Balzac)

 

 

 

 

 

FIM


Notas Finais


Obrigada para você que leu.
Caso queira comentar, ficarei feliz!

Possíveis erros serão corrigidos posteriormente, ok?
Bjinhos.


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