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História Circunstâncias - Nostalgia


Escrita por: Annye25

Notas do Autor


Oiii estou de volta!!
Capítulo inteiro narrado pelo Renjun ~

Capítulo 11 - Nostalgia


Fanfic / Fanfiction Circunstâncias - Nostalgia

Champagne? ― A funcionária é promissora o bastante, estendendo duas opções de bebidas alcoólicas em seus ambos braquiorradiais dos braços. Na primeira, um Veuve Clicquot Vintage Rosé 2004¹ de aparência incrível e aroma agradável, enquanto que a sua esquerda um clássico Magnum Belle Epoque Perrier-Jouët 2006¹ seduz parte de minha atenção com as anêmonas ornamentadas em sua garrafa.

 

Bastante encantado, acabo optando pelo de odor e aparência suaves, afinal se assemelham melhor com a minha personalidade. 

 

E eu o primeiro, s’il te plait. ― Vejo Kun se aproximar do lounge da la premiere (primeira classe) do avião, arrumando as lapelas de seu terno. Antes que Amélia, a aeromoça agradável, se retire, o mesmo a direciona o pedido, acomodando-se logo em seguida num dos assentos da aeronave. ― Merci beaucoup. ― Tem a taça transparente entre os dedos indicador e médio, degustando do sabor com os olhos predominantemente fechados. ― E então, como se sente?

 

Encaro minha louça por alguns segundos, rotacionando o líquido atrelado em abundância num claro sinal de enfastiamento. Preciso de alguns segundos para interpretar seu coreano, tendo em vista que desde a partida tenhamos nos comunicado em francês, e pensar um pouco antes de respondê-lo.

 

― Bem. ― Opto pelo simples e óbvio. ― Um pouco cansado, mas contente.

 

― Fico feliz em saber disso, meu bem. ― Seu sorriso é paternal, enquanto passeia as mãos pelos meus cabelos levemente desgrenhado, por consequência do sono recente em minha poltrona localizada alguns passos atrás. ― É uma pena que o nosso tempo em Saint Paul esteja tão escasso... Queria ficar para aproveitar ao seu lado, como nos velhos tempos.

 

― Não há necessidade disso, quando podemos retornar nas férias. ― Nego, com a cabeça em órbitas diferentes das de meu irmão mais velho.

 

Jaemin e Jeno. O que poderiam estar fazendo agora?

 

Não devia me deixar levar por esse tipo de pensamento, mas se torna inevitável desde que imagens de minha rotina ao lado deles se faz presente em meu cérebro até nos meus maiores pesadelos.

 

Lee, ocupado como sempre, deve estar a caminho de uma reunião importante com alguns de seus sócios, alimentando essa sua rotina exaustiva e nada saudável… E eu… ando me preocupando demais, isso não é bom sinal. Dessarte tais motivos, uma pequena fuga deve ajudar a manter minha sanidade em ordem.

 

Fecho meus olhos e cantarolo. Há 14 horas e 33 minutos de Seul, aterrissar em Paris a cada átimo me parece mais cediço e cansativo. Por estes motivos, acabo pegando no sono logo após a apresentação do cardápio do jantar e término da refeição noturna.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

XXX

 

 

 

 

 

 

 

 

 

― Então… não quer me dizer o que ocorreu entre você e a mamãe. ― Na verdade não. Penso, evitando externalizá-lo pelo medo de iniciar uma nova discussão.

 

E por mais que esta não seja a melhor das conversas para se ter no momento, que porventura deveria ser de aproveitamento e trégua do estresse ocasionado pela grande metrópole coreana, aprecio a preocupação de meu irmão para comigo.

 

― Não foi nada demais… ― Meus lábios acabam assobiando em baixo tom.

 

O céu nuvioso acaricia minha pele protegida pelo protetor solar e me faz sorrir pelo cheirinho de casa. Nada nessa vida seria capaz de substituir a sensação de estar em Saint Paul de Vence. O que sinto, sentado no pequeno gazebo de nossa propriedade, provando do aroma da plantação de orquídeas e o gosto do café francês, é um misto de nostalgia e melancolia, acoplados com a saudade da época em que era menor e tudo, por conseguinte, parecia absurdamente mais fácil.

 

― Não temos nos falado recentemente, na verdade. E na última vez que nos vimos, acabamos discutindo... ― Desabafo.

 

As vezes é difícil demais tentar distinguir as raízes dos pontos de vista de mamãe… puff, isso é tão cansativo. Seu ódio quase instantâneo por algumas coisas inofensivas, seu mau humor diário e o porquê soa tão infeliz quando ocasionalmente está conosco.

 

― Doyoung me disse. ― Kun maneia, largando o croissant em sua pequena bandeja de mármore branco. ― Você sabe, ela vem passando por alguns momentos difíceis. É crucial que nós, como filhos, estejamos ali para ampará-la no que estiver precisando.

 

― Se essa é uma tentativa de me fazer abandonar o estágio, está completamente fora de negociação. Não vou parar de trabalhar por caprichos seus e dela. ― Por mais hostil que tenha parecido, não faço esforços para cruzar os braços ou mover meus olhos em sua direção, permanecendo com os últimos em contraste direto com as muralhas medievais e o céu, tendo em vista que moramos na extremidade da cidade, as sobrancelhas levemente unidas em desagrado.

 

― O que aquele lugar tem de tão especial? São os projetos? Pode escolher estagiar onde quiser, o Hyung consegue para você. Só… não insista muito naquele lugar. Não sei explicar, ele trás uma energia negativa para a nossa família. ― Suspirou, resignado de que não realizarei as suas vontades.

 

― Não quero estagiar em outro lugar, gosto muito dali, Kun. Porque tem tanto rancor dos meus patrões? ― É chato ser o único a não saber das coisas. ― Me ajuda a entender, por favor.

 

Suplico num fio de voz.

 

― Jeno, Jaemin e eu estudamos no mesmo colégio, eu era dois anos mais velho, não espero que lembre. Não posso dizer muito, afinal não éramos próximos, mas nossos pais já não tinham as melhores das relações. Menos papai e o senhor Lee, eles sempre foram melhores amigos, mas o citado nunca nos visitou quando estávamos em casa.

 

Hum…

 

E o que há com a família de Jaemin?

 

― E porque odeiam tanto os Na? ― Nada do que me disse faz sentido, mais me parecendo um monte de achismos e pré julgamentos descabíveis.

 

― Na Hojoon, ele fez algo de muito horrível. ― Kun tem rancor em seu palavrear. ― Eu realmente não suporto falar sobre esse cara.

 

― Mas o que ele fez? Vocês precisam me dizer, eu também faço parte da família, eu também tenho que saber! Aff, até quando vão continuar me omitindo os fatos? Eu estou farto dessa mesma história… Me tratam como uma criança imatura e indefesa!

 

― Não coloque palavras em nossas bocas... Não é nada com que você precise se preocupar, acredite.― Adverte. ― Olha Renjun, não vamos estragar nosso dia com um assunto tão besta, hum? Estávamos em paz até essa maldita conversa. ― Chega a ser  impressionante!

 

― Então porque você tinha que começá-la? Apenas vá resolver os seus problemas empresariais, quando terminar voltamos para a Coreia. ― Me levanto com cansaço, sendo impedido apenas pelo agarrar firme e doloroso em meu pulso esquerdo.

 

― Eu não acredito que você vai se deixar levar novamente por isso! ― O exclamar faz doer meus ouvidos. ― Está vendo? Olha o que essa gente faz com a nossa relação. ― Kun está vermelho, algumas veias saltadas em sua testa, o que de certo modo deixa-me incrédulo.

 

― Me solta. ― Desamarro nossos membros com força, quase deslocando os meus flácidos no processo. ― Vocês precisam parar de culpar os outros pelo mau caratismo de vocês.

 

Simplesmente não vale a pena discutir.

 

― Renjun! Escuta, me desculpe! Não faça isso, por favor, estamos aqui em Saint Paul, vamos apenas aproveitar e… ―

 

Seus gritos ficam distantes, me levando a crer que ele não mexeu um músculo sequer para me acompanhar.

 

― Apenas vá cuidar dos seus negócios e me deixe em paz! ― Berro em alto e bom som, o suficiente para meu irmão mais velho desejar não se aproximar.

 

Sem nenhum cuidado, me vejo batendo a porta da varanda, não tardando a chamar a atenção de todos os funcionários que estão dentro da propriedade.

 

Maître Huang… ― Stephanie, a governanta, tenta me parar, mas não consegue acompanhar meus passos apressados nas escadas envelhecidas da mansão.

 

 

 

E então todos os momentos reaparecem numa curta-metragem torturantemente delongada.

 

Cinco anos de idade, um sequestro a mão armada, eu e meu irmão mais velho num barraco sujo e apertado, feridos e famintos. Dois homens altos e assustadores, nos machucando sadicamente com estacas e seus dedos asquerosos;

 

Dedos asquerosos… dedos asquerosos... asquerosos demais!

 

Respirar, respirar, respirar.

 

Acordar em um hospital, corpo tremendo em terror, mamãe se desmanchando em lágrimas e papai com cara de choro; Infância conturbada, nojo e pesadelos. China;

 

Doyoung, psiquiatras e remédios, arte e arquitetura, medo, muito medo, mamãe depressiva, brigas, papai ocupado e vovô perdido. Coreia;

 

Ensino médio, faculdade, um pouco mais de arte e arquitetura, brigas e… mais brigas. Reunião familiar, mais brigas e xingamentos. Jaemin e Jeno;

 

Medo, curiosidade desmedida, mais medo, brigas e, é…

 

...incógnitas.

 

 

 

 

 

E então meu quarto reaparece bagunçado, mais precisamente caótico, com algumas louças quebradas. Dentre elas, cerâmicas de recordação familiar.

 

Droga!

 

― Me perdoe. ― Kun chora, as costas deslizando pela madeira rústica da porta.

 

Me perco na inércia de meu subconsciente, os olhos perdidos, focados no desespero palpável de meu irmão mais velho.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

XXX

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

― Está me dizendo que se apaixonou pelos seus dois patrões? ― Samuel só então, após o pequeno monólogo sobre minha vida levemente conturbada nesses últimos meses na Ásia, resolve dissertar o que em seu cérebro é o mais cabível conselho.  ― Céus, Renjun, isso é completamente ridículo! Em que tipo de fantasia romântica você acha que está!?

 

Dramático como sempre.

 

Reviro meus olhos com bastante lentidão, o encarando de cenho enrugado.

 

― Eu não estou apaixonado. ― Corrijo. Onde foi que estive com a cabeça? Deixá-los a par de minha estadia na Europa, iludido de que apenas iríamos nos ver sem que me importunassem, com toda a certeza foi a pior das decisões.

 

― Está sim, eu o conheço. Você só sabe falar desses caras desde que colocamos os pés na estrada. Onde fica nós dois nessa história? Pensei que ainda tivéssemos chance. ― Harvey me interrompe, uma mania completamente corriqueira e descortês sua, ensaiando em seus lábios um bico quilométrico, ao passo que sua mão direita repousa no lugar onde deveria estar seu coração.

 

Inevitavelmente me pondo a rir.

 

Por uns meses havia esquecido o quão revigorante é estar ao lado de meus melhores amigos,  fazendo parecer que agora, devido a demasiada saudade, nossas personalidades se aglutinam numa harmonia bonita.  A conversa flui com sutileza, a medida que o veículo de David cruza a estrada dos alpes marítimos da costa azul francesa em moderada velocidade.

 

Nos conhecemos desde o berço, tendo em vista a amizade de nossos progenitores, e desde então temos cultivado nossas relações. Samuel David Benedict Chatto, o mais velho de nós quatro, é o vigésimo segundo (22º) na lista para o trono inglês. Sua família é muito importante no país e foi uma das responsáveis pela expansão da multinacional de vovô na Inglaterra. Um ano após, na nobreza Irlandesa, Harvey, o primeiro filho do marquês Galeno, e Younghoon, descendente do conde Hian, acabaram nascendo e contribuindo para mais gerações de sua família. Costumo dizer que nossas relações já estavam premeditadas, tendo em vista todo o traçado ― que porventura nos aliou ― de nossos antepassados.

 

― Não existe mais eu e você, pensei que estivesse condescendente disto. ― Preciso segurar minha barriga, cessando o riso em pequenos intervalos de respiração dificultosa. ―  E eu definitivamente não estou apaixonado por eles, é apenas um pouco de… err, curiosidade.

 

Samuel tira os olhos do volante, encarando-me por alguns segundos em sua famosa forma pormenorizada, enquanto meu amigo marquês ergue os supercílios em desregramento.

 

Infelizmente agora que, completamente crescidos, temos vidas diferentes em continentes distintos, a comunicação se torna bem mais precária. Com as agendas apertadas, raros são os momentos de reencontro como no dia de hoje. Younghoon não poderia estar presente nem que quisesse, pois sua carreira de modelo, corrida e consolidada demais em Milão, não permite muitos dias de relaxamento além dos de suas férias de verão e inverno.

 

Mas ao invés de ficar lamentando, nós três aproveitamos nossas companhias para visitar Grasse, comuna em que nasci, localizada há exatos vinte e três quilômetros de Saint Paul de Vence. Sentia muita falta do cheirinho característico das fábricas de perfume, das plantações de oliveiras, jasmins e lírios, e o gosto nostálgico dos clafoutis locais. Irrevogavelmente não poderia retornar para Seoul sem uma pequena passada por àquele lugar.

 

Pena ter sido tão rápido...

 

― Você também sentiu curiosidade a respeito da textura de meus lábios, e por causa disso acabamos nos tornando namorados. ― O loiro debocha, fazendo com que o moreno na direção deixe escapar curtas gargalhadas, abafadas pela circulação de vento do ar condicionado, em deboche da minha faceta estática e céptica.

 

― Pois é, e então dois anos depois você me traiu dentro da festa da minha própria família. ― Procuro o primeiro item aparente em meus arredores, se tratando no caso de um pequeno cantil de uísque, arremessando-o com precisão em sua direção. ― Se não parar de mencionar o nosso ex-relacionamento, vou atirá-lo para fora desse carro em alta velocidade sem dó nem piedade.

 

Minhas ameaças nunca foram de muito impacto, principalmente para eles que não se deixam impressionar, mas mesmo assim eu decidi por tentar.

 

― E o nosso? Eu posso comentar? Ow, você ficava tão bonitinho quando me ameaçava de morte e em seguida enchia minhas bochechas de beijinhos.

 

Puff, idiotas.

 

Saudades da nossa infância, dias em que Doyoung perdia a paciência conosco e, por ser o mais velho, se achava no direito de nos pôr de castigo.

 

Seguro a insatisfação, contando até dez antes de voltar a encarar os dois palermas nos bancos da frente do veículo.

 

― Parem com isso agora, estou falando sério. ― Minhas têmporas vermelhas, numa mistura de irritação e vergonha, são massageadas por meus dedos com muito vigor. ― Apenas se apressem em me deixar de volta em Saint Paul. Quero descansar antes de voltar a pegar viagem.

 

― Faz certo em repousar antes de partir, baby Jun, são quatorze horas de voo. ― Meu amigo britânico pontua, com um sorriso terno em seu rosto.  ― Nem vai dar tempo de sentir saudades, afinal estaremos na Ásia daqui duas semanas. Talvez reservamos uns dias a mais para curtir a sua companhia.

 

Se refere a festa de comemoração da empresa da minha família, que cordialmente manteve o convite para todos os sócios e acionistas. Seus amigos e conhecidos obviamente também não poderiam deixar de comparecer.

 

Puff, só de pensar nessa festa.... É realmente repulsivo ter que aguentar a noite inteira no meio daquele monte de pessoas equilibradas.

 

― Apreciaria muito se fizessem isso, Sam. ― Instintivamente acabo sorrindo. ― Mas agora eu só quero chegar no meu apartamento e terminar os projetos encaminhados pela faculdade e o detalhamento de um móvel que ficou restando da empresa.

 

― Você quer mesmo é beijar os seus dois patrões bonitos e gostosos. ― Céus! E lá vamos nós novamente...

 

― Harvey, pelos deuses!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

XXX

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

― Ainda acho que deveria ficar em casa, você está cansado, foram mais de dez horas de viagem. ― Meu irmão mais velho volta a insistir, com o carro já estacionado frente a empreiteira, fazendo o menor sentido se não o fato de, se quisesse mesmo que eu repousasse em meu apartamento, teria gasto um tanto de gasolina completamente em vão.

 

― Tenho sim, Donghyuck precisa da minha ajuda e... Que porcaria é essa aí na frente? ―  Parecia relaxado, argumentando com Kun a viagem inteira sobre minha decisão, até aperceber o aglomerado de pessoas com cartazes e camisetas vermelhas protestando por quase um quarteirão inteiro.

 

― Ei, espera Renjun! ― Não penso em me despedir do mais velho, batendo a porta de seu conversível caro impactantemente.

 

― Nos falamos melhor depois, bom trabalho!

 

Ao menos me dou o esforço de olhar para trás, assumindo que o outro, acostumado com minha personalidade impulsiva, a essa altura já deve ter se resignado e partido para seus afazeres diários.

 

― Ei, o que está acontecendo? ― Tomo impulso e pergunto para o primeiro cidadão uniformizado que se projeta em minhas proximidades.

 

Este me encara, primeiramente de expressão fechada, para então esboçar um sorriso amarelado.

 

― O senhor trabalha aqui? ― Maneio, passando superficialmente minhas orbes pelo panfleto que me estende com delicadeza.

 

Movimento dos trabalhadores rurais sem terra?

 

― Nós precisamos falar com o CEO, o seu patrão. Graças a construção de sua empresa, nossas famílias foram despejadas para fora do terreno da zona rural. Eles nos deixaram sem um lugar para morar e tiraram nosso sustento, já que perdemos as plantações para as suas máquinas.

 

Oh!

 

― Meu deus, eu… sinto muito. ― Em poucos segundos uma sequência dramática desses indivíduos passando por todo e qualquer tipo de dificuldade me faz assumir uma culpa dilacerante.

 

Eu trabalho nessa empresa, logo nós somos responsáveis por eles entrarem em situação de vulnerabilidade na rua.

 

― Eu, é… só um minutinho. ― Dou as costas bastante decidido.

 

― Ei, senhor, espere! Por favor, só queremos um segundinho para dialogar com o seu patrão!

 

Passo pela recepção com todo o vapor, comprimentando porcamente todos os conhecidos de setor. O elevador demora a chegar e isso me deixa ainda mais ansioso.

 

Meus pés não conseguem ficar parados. Um, dois, três andares e nada de alcançar a cobertura do prédio. Quando percebo que finalmente ele chegou ao seu destino, Mark aparece sorrindo, saudando-me com cortesia.

 

― Bom dia, Renjun. Você precisa de alguma… ―

 

Devo tê-lo deixado confuso, mas isso não é tão importante agora.

 

A voz de Jeno soa melodiosa, não demorando para me liberar o acesso ao seu escritório.

 

― Bom dia, Renjun, a que devo a sua ―

 

― Como você foi capaz de fazer isso!? ― O interrompo, aterrisando as mãos com força em sua mesa de vidro. O barulho ecoa, como um estrondo de guerra, tensionando quase instantaneamente o clima do ambiente.

 

Ele se choca.

 

― O que? Do que está falando? Por qual razão acha que pode vir aqui falar dessa maneira comigo!? ― Os olhos se estreitam, encarando-me de modo analítico.

 

Seu petulante!

 

― Oras, não se faça de inocente! Você sabe muito bem do que eu estou dizendo. ― Até então não tinha mostrado o pequeno informativo, tendo que desamassá-lo por inteiro, devido minha cólera de minutos atrás. ― Como puderam fazer isso com essas famílias? Vocês expulsarão elas para a rua!

 

― O que!!? ― Lee passa a ler o papel com cautela, arregalando seus olhos logo em seguida. ― Eles estão aqui na frente? Céus, me diga que eles não atraíram a atenção da mídia!

 

Eu não posso acreditar.

 

― Seu idiota, pare de pensar em si mesmo por um momento e veja a grande catástrofe que está com essas pessoas inocentes e batalhadoras! ― Praticamente berrei, a respiração saindo pesada de meus pulmões.

 

Preciso me acalmar!

 

Não sou capaz de precisar quanto tempo ficamos em silêncio, nos encarando profundamente em confronto.

 

― Você vai realocar essas pessoas para um outro local.

 

― O que!? Você só pode estar brincando. ― Não, eu não estou. Quando vê seriedade no que estou dizendo, Jeno se exalta de vez. ― Como acha que vou fazer isso? Quer que construamos um conjunto habitacional inteiro? Hahaha, de maneira alguma! Tem noção do quanto isso nos custaria?

 

― Eu não estou achando engraçado, seu idiota! ― Respiro e inspiro. ― É o mínimo que vocês poderiam fazer, afinal despejaram seres inocentes para construir alguma barbárie que poderia muito bem ter sido erguida em outro terreno. ― O maior não é do tipo que gosta de ser contrariado, isso me pareceu bem exemplificado desde o fatídico dia em que discutimos por telefonema.  No entanto, também não sou o tipo que desiste com facilidade.

 

― Esqueça. Ao menos que tenha capital para bancar uma obra, é melhor que desista de uma vez por todas dessa história completamente insustentável.

 

É assim?

 

― Você vai fazer isso, caso contrário eu serei o responsável por chamar atenção da mídia. ― Ameaço. ― Falarei tudo o que sei, e mais!, faço questão de declarar o quão sujos e desumanos vocês são nesta empreiteira. ― Minhas últimas palavras fazendo com que o mesmo me encare completamente perplexo.

 

― Você não seria capaz…

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

XXX

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

― Qual de vocês é o representante do movimento? ― Lee organiza seu colete, desde que seu paletó havia sido deixado para trás desde o momento em que soube da atual situação em frente ao bairro nobre da empresa, as mangas de sua camisa social branca dobradas até a região dos cotovelos.

 

― Eu. O senhor poderia me conceder a palavra por alguns minutos? ― Um homem maduro, presumo que por volta dos sessenta anos, se manifesta em meio a multidão de manifestantes.

 

― Queira me acompanhar até a minha sala, por favor. ― Sua encarada prolongada em minha direção deveria causar-me medo, no entanto acabo optando por erguer uma das sobrancelhas em incitamento.

 

Aqui se faz, aqui se paga.

 

Me obriguei a segurar o riso, alocando a palma de minha mão esquerda sobre a boca, bastante aliviado e satisfeito. Dormirei melhor esta noite sabendo que ao menos pude fazer algo para mudar a realidade dessas pessoas.

 

Continua…


Notas Finais


SUMÁRIO:

Vinhos¹:

Veuve Clicquot Vintage Rosé 2004 link: https://www.wine.com.br/vinhos/champagne-veuve-clicquot-vintage-rose-2004/prod13911.html?channable=e90873.mtm5mte&gclid=Cj0KCQjwncT1BRDhARIsAOQF9LkYBolNrn-ICP7mHbbmdBw9YWbPTCIxJ5-ey3U57wFwrNPOiNF0kj4aAoenEALw_wcB

Magnum Belle Epoque Perrier-Jouët 2006 link: https://www.enviedechamp.com/en/champagne-manufacturer-perrier_jouet/885-PE22-magnum-belle-epoque-2006-wooden-case-.html

La premiere: Primeira classe dos voos da air france. Em sua maioria contam com regalias maiores que as das classes mais econômicas, como por exemplo o recebimento de pijamas, pantufas, um kit básico de higiene em uma pequena necessaire,lounge para passageiros, jantar gastronômico desenvolvidos por grandes chefes, champagne e entre outros.

Tempo de voo da coreia para paris:
https://www.google.com/search?q=tempo+de+voo+da+coreia+pra+paris&rlz=1C1CHBD_pt-PTBR886BR886&oq=tempo+de+voo+da+coreia+pra+paris&aqs=chrome..69i57j0.10971j0j7&sourceid=chrome&ie=UTF-8

Aqui estarei disponibilizando um arquivo detalhado sobre a vida e nascimento de Renjun na França. Para o entendimento de vocês, desde que ao redor da estória algumas destas informações novamente serão mencionadas, é necessário que deem uma olhada. Qualquer dúvida, saibam que estou à total disposição.

link: https://drive.google.com/file/d/1UnbT6xLLq6Rip1ec3K5kT4IQbrplhhe5/view?usp=sharing


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