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História Circunstâncias - Contradição


Escrita por: Annye25

Notas do Autor


---- AVISO:
Este capítulo possui citações que podem vir a ser um gatilho para algumas pessoas, se você sente-se sensível ou não sabe se seu psicológico é forte para isso, por favor pule a carta presente no início da história.

Cuidem-se e fiquem bem, amo todos vocês <3

Agora sim boa leitura!

Capítulo 9 - Contradição


Fanfic / Fanfiction Circunstâncias - Contradição

Acho que você nunca será capaz de perdoar meu egoísmo e narcisismo. Está certo, eu não sou bom em compreender os sentimentos das pessoas, mas eu benqueri-lo desde o dia do seu nascimento e espero que continue acreditando nisso. 

 

O que Soobin estaria pensando sobre isso? Fugir para morrer é o meu maior confronto, mas não posso mais evitá-lo afinal. 

 

Você vai crescer e se tornar um homem lindo, herdeiro de algumas de minhas melhores valências e vai enfrentar a realidade quando tudo voltar a se repetir. São circunstâncias injustas que infelizmente o deixarão mais humano e vivido. 




 

O clima está delicioso, por isso gostaria de compartilhar com você a paisagem de Veneza, é meio irônico que em meio de minha estadia acqua alta¹ apavore grande parte dos moradores. 

 

Eu poderia estender-me um pouco mais, porém me falta sensibilidade, desculpe. Não quero que associe minha existência a incompreensão e insuficiência, recorde de meus preceitos, meu sorriso, meu amor, minhas divícias, estes são mais importantes do que esse meu estado terminal. Palavras bonitas e rebuscadas para um menino bonito e elegante, cresça logo para absorver elas Jaemin.

 

Preserve sua relação com Soobin, ela pode parecer uma mãe difícil, mas não tem culpa da conturbação de seus sentimentos. E mais do que tudo não a deixe afundar nas inverdades de seu amante. 

 

Por fim declaro o meu amor incondicional por você meu filho, você foi uma das melhores lembranças de minha existência. Espero que um dia possa me perdoar por não conseguir impedir essa realidade e por ser tão egoísta, abandonando-o num mundo onde poucos irão querer estar ao seu lado. Lee, seu querido padrinho, vai tomar conta de tudo daqui pra frente e seu bebê irá crescer tão rápido quanto você, meus dois meninos inteligentes.

 

Agora, olhando para o céu estrelado sinto-me mal, queria poder compartilhá-lo contigo mas meu tempo está chegando.

 

E partimos para o momento em que me despeço. A tempestade está vindo para essa parte oeste da cidade e eu não quero molhar esta carta, ela precisa chegar perfeita em seus aposentos. 

 

Mais uma vez perdoe-me pela partida. 

 

Quando crescer venha me visitar.

 

Ass. Papai. 

 

 








 

Isso dói…

 

O sabor férreo entra em contato com meu paladar de repente, quando me descuido mordendo com força a fim de descontar parte da dor no interior de meus lábios.

 

Meus dedos.

 

Os machuquei enquanto segurava a navalha para repartir as folhas de desenho. O sangue goteja sobre o papel de coloração amanteigada e eu o observo derreter-se em abundância, tentado a decidir como proceder nesse cenário. 

 

Meus olhos se distraem na prateleira alta revestida com fórmica, apoiando o porta folhas que superficialmente sustenta o único pedaço de papel na primeira vitrine da parede central. 

 

A coloração rosada, tão típica dele, me faz revirar os olhos. 

 

Bastardo.

 

Não é um tópico a ser debatido em meu cérebro, desde que estou farto demais para me sobrecarregar com esses assuntos finados. E em meio a tantas conturbações mentais, novamente deixo-me perder o foco da folha agora completamente avermelhada. 

 

― Com licença, Jaemin, você poderia me infor… Oh, meu deus! ― Como vulto vejo a figura baixinha correr em minha direção, completamente agonizado, elevando minha mão ensanguentada a altura de seus olhos. ― O que aconteceu? Se machucou em outro lugar? Está doendo muito? Esqueça, vamos cuidar disso. 

 

Renjun é afobado e muito menos me deixa exclamar, carregando-me até o lavabo para que pudéssemos enxaguar meus dedos cortados. Não sou adepto a religiões e superstições, mas seu jeito atarantado causa-me aquela sensação popular de dejavu. 




 

― Como isso aconteceu? ― Ele é perfeito, ajoelhado sobre o carpete, com o rosto quase beijando minha mão. Seus olhos afiados harmonizam o queixo fino e delicado, o embelezando junto ao vinco formado em sua testa, compondo uma cena que eu poderia eternizar para sempre deitado em meus lençóis. 

 

Por alguns segundos minhas orbes se iluminam. Encontrei minha musa, minha atual inspiração e divindade que transaciona em meus sonhos, a pompadour² que faltava posar para minhas obras.

 

― Eu estava cortando folhas com a navalha, porém acabei distraindo-me com pensamentos fantasiosos. ― Seus olhos se inclinam e me encaram de maneira pesada. 

 

― Tome mais cuidado na próxima vez, por favor. 

 

― Tudo bem. ― Ele mostra-se protetor como sempre, me levando a sorrir a fim de tranquilizá-lo. 

 

― Jeno enviou camélias a você. 

 

Por alguns segundos para de cobrir meu dedo com o curativo, erguendo uma de suas sobrancelhas de jeito um pouco engraçado. 

 

― Isso deveria ser uma interrogação? ― Questiona a certeza de minhas palavras e aos poucos perco a compostura gargalhando. Seus olhos parecem se iluminar diante de minhas expressões naturais, ao passo que sinto meu estômago se contorcer diante de tamanha graça. 

 

Bobinho. 

― Não, soube que estas seriam entregues desde o momento em que ajudei na escolha das flores e aromatização do envelope. ― Minha explicação é reverberada de maneira descontraída, porém Renjun mostra-se insatisfeito, crispando os lábios. 

 

― Esqueci que vocês namoram… ―  Ele revira os olhos, levando uma de suas mãos a cintura. Sua frase surgiu como oportunidade para o que eu acabo por deixar escapar a seguir.

 

― É mesmo? Mas não é com se eu me importasse, afinal.  É pouco provável alguém não desejar estar ao lado de Nono, afinal ele é lindo e inteligente. Se bem que meu rosto e corpo possuem facetas angelicais e deslumbrantes... ― Teatreio, movendo meus dedos não machucados sob meu queixo. ― É um jogo perdido, você nunca poderia escolher entre a gente, portanto vai precisar nos seduzir ao mesmo tempo. 

 

Minha conclusão foi o suficiente para deixar o menor encabulado e irritado. Suas bochechas infladas demonstram seu embaraço.

 

Tão bonito… 

 

― Idiota! ― Ele tenta acertar meus dedos recém tratados, mas eu felizmente tenho um reflexo ágil o bastante para estender meus braços em uma altura onde este não pode alcançar. ― Meu deus, você é muito convencido e narcisista. Com base em que acreditou que eu poderia querer algo com vocês dois?

 

Seu rosto fica mais vermelho e ele gesticula, circulando em sua própria órbita como um filhote de cachorro, sapateando suas perninhas curtas no piso laminado.. 

 

― São apenas fatos, nada demais. ― É minha vez de erguer o supercílio petulante. ― Por um acaso já deve ter escutado das más línguas a nossa fama de casal anti-social, desde que não gosto de manter hipócritas por perto e Jeno apenas se mantém ao meu lado. Porém, eu gosto você e vou fazê-lo se apaixonar por nossas pessoas. Não é assim que um romance se inicia?

 

Me parece bastante descomplicado, afinal Lee e eu começamos a nos relacionar nessas circunstâncias.

 

― Não é tão simples assim... Meu deus! Onde eu fui me enfiar? ― Renjun passa as mãos por seus cabelos, bagunçando estes a fim de descontar parte de sua frustração, enquanto eu o encaro com a cabeça levemente pendida para um lado, debochando de suas atitudes cômicas e surtadas. ― Não me encare assim! Grr!

 

E é em meio a seus grunhidos que Nono invade meu escritório agindo esbaforido como sempre, sentindo a falta de minha presença ao seu lado.  

 

― Nana, terminei por aqui então podemos ir almoçar, e... Ah, bom dia Renjun! ― Ele entra como um raio, dialogando com suas mãos e passa a sorrir olhando para a gente. 

 

E é como se meu mundo padecesse para ver o seu sorriso. 

 

Os olhos encolhidos com graça, iluminando suas bochechas do jeito que só o meu Nono é capaz de dadivar, contradizendo com sua estatura esbelta e vigorosa, cuja qual tem-se figurada em telas por todo o perímetro de meu quarto. Automaticamente meus lábios também se curvam, emparelhando meus dentes em sua direção. 

 

Em busca de atenção estico meus braços para que este aproxime-se, selando-me com delicadeza antes de voltar-se para o menor. 

 

― Desde que esta aqui, seria uma honra ter a sua companhia em nosso almoço. ― Não perdendo a cordialidade, Jeno convida o menor que revira os olhos, não escondendo parte de sua implicância. 

 

― Não obrigado, irei incomodar. 

 

― Você sabe que não incomoda, babe, gosto de ter você por perto. Vamos, podemos adiantar aquele jantar que vocês tinham marcado. 

 

Minha proposta convidativa e manhosa o faz ponderar, entortando levemente seus lábios de um jeito indireto. 

 

― Bom, então acho que tudo bem. 










 

XXX












 

Eu literalmente estou lidando com uma criança mimada. 

 

Preciso estabelecer limites a Jaemin, ele não possui qualquer tipo de bom senso quando almeja conquistar seus desejos inusitados. Me remete as técnicas persuasivas de mamãe e eu não suporto esse tipo de atitude. 

 

Depois de muito tentar me convencer, Jeno nos conduziu até seu conversível, que já se encontrava a postos em sua garagem privativa ― uma estratégia bastante utilizada para evitar perseguições ou desconforto as pessoas mais afortunadas ― e assim partiu para um restaurante identificado por Jungsik, sem deixar rastros aos demais funcionários . 

 

Definitivamente não queria estar ao lado de sua presença e isso soa um pouco impassível da minha parte. Sou rancoroso e orgulhoso, portanto conviver com ele me parece insuportável desde nossa discussão passada. 

 

Tsc, implicante. 

 

― O que decidiram? ― Lee nos encara, parecendo ainda mais atraente com alguns botões de sua camisa polo descerrados e os cabelos sofisticadamente embaraçados, proporcionando uma pequena amostra de sua testa e expressões faciais marcadas.

 

― O que você decidir. ― Jaemin sacode seus ombros, mais concentrado em rabiscar algo em seu caderno de desenhos. Ele naturalmente passa a decisão que deveria ser tomada por sua pessoa a Jeno, e isso acaba por me incomodar de certo modo. 

 

A explicação para a superproteção do mais velho no entanto finalmente me é solucionada, levando em consideração que esta não é a primeira vez que Na abdica de seus arbítrios em prol de sentir-se protegido e despreocupado, dando abertura para este decidir o que julga ou não ser correto. 

 

― E você, Renjun? 

 

Ignoro esses pensamentos, fazendo questão de lembrar-me que não sou nada dos dois, portanto o que penso não deveria entrar em pauta.

 

O menu me chama atenção, com suas tonalidades douradas e letra cursiva, acompanhado da descrição em sua língua natal. 

 

O combo Season’s Greetings* me parece delicioso. 

 

O conjunto oferece caviar, lagosta, ouriço e Branzino como entrada, sendo seguidos por Hanwoo++ e Ibérico. Uma refeição perfeita para quem aprecia frutos do mar e comida tradicional coreana. Poinsettia é a sobremesa ofertada como acompanhante, um prato autoral do lugar, parecendo ser inspirado nas pétalas avermelhadas e esbeltas da flor mencionada. 

 

Porém, por mais extasiado que esteja, tudo aqui é absurdamente caro, quase o dobro do meu salário. 

 

Um assalto!

 

― Eu não vou pagar por este preço exorbitante. ― Minha sinceridade faz Jaemin gargalhar e Jeno erguer sua sobrancelha, segurando o riso. 

 

― Não espero que pague, afinal está aqui como nosso convidado. Escolha o que quiser e não se preocupe com o preço.

 

Eu obviamente não senti o mínimo remorso, afinal estar junto a ele não fazia parte dos meus planos. Estou acostumado a frequentar esse tipo de lugar com mamãe e papai, poderia usar o cartão ilimitado que se encontra alocado em minha carteira, porém seria injusto desde que Jeno merece padecer um pouco mais pelo meu perdão.

 

―  Quero o almoço especial. ― Repouso o cardápio sobre a mesa, esperando Lee comunicar-se com o garçom. 












 

― Quero ir ao campo, preciso buscar inspiração. ― Jaemin é aleatório, uma característica tipicamente marcante de sua personalidade, e eu apenas observo sua careta sapeca sem me pronunciar. 

 

―  Agora? Não, tenho que voltar ao trabalho. ― Jeno agilmente nega, sequer observando-o, mais interessado no contrato que havia trazido consigo para este intervalo. 

 

― Porque não deixa ele ir sozinho? Jaemin é grande o suficiente para saber se governar. ― Acabei por deixar escapar.

 

― Eu não quero ir outro dia, afinal você descumpriu a promessa de me levar final de semana passado. ― Na é tão temperamental, que repousa seu caderno sobre a mesa, permitindo-se ficar sério. 

 

― Eu sei que sim, me desculpe… ― Jeno suspira, mas suas palavras de longe são verdadeiras. ― Mas não posso abandonar o trabalho agora, estamos no meio de uma execução importante. E respondendo sua pergunta, Renjun, Jaemin não tem condições para ficar em um local tão afastado sozinho. 

 

Me recordo da cena apavorante na sacada, compreendendo em partes o que ele quer dizer, mesmo não concordando com a escassa liberdade que este permite ao namorado.

 

― Você é um mentiroso! ―  Jaemin cruza seus braços e mais uma vez me vejo lidando com uma criança mimada. 

 

Tenha piedade...

 

Estar no meio da discussão não foi bom para meu estômago, afinal perdi todo e qualquer apetite sobre a sobremesa avermelhada que se encontrava em meu prato. Lee permanece explicando suas razões, mas não é como se Na parecesse lhe escutar. 

 

E eu deixaria o desentendimento seguir seu percurso natural, se o maior não acabasse por contrariar fortemente meus instintos independentes e impugnados. 

 

― Você não vai. ― A afirmação de Jeno soa fria e dura, o suficiente para o outro se abster de contestar. 

 

Não se intrometa, não se intrometa… você é só um convidado.

 

Minha respiração pesada evidência parte de minha raiva, afinal Lee não tem o direito de distribuir ordens que não digam respeito ao meio profissional. Uma pequena lembrança de Kun e seu jeito irritantemente controlador me faz enfurecer ainda mais, repousando a taça de vinho na bandeja sem qualquer amostra de etiqueta.

 

― Ele vai. 

 

Minha afirmação demorou a ser processada pelo mesmo, que não preocupou-se em repousar o papel ao encarar-me. 

 

― Você não pode e nem tem o direito de lhe ordenar alguma coisa. Tsc, ainda por cima é descumpridor de acordos... ― Minhas mãos perpassando com força o meu cabelo, como se pudesse arrancar cada um de seus fios por estresse.― Se Jaemin quer ir, não vejo problema em acompanhá-lo. 

 

― Eu não posso levar vocês até lá, tenho muito trabalho para realizar. ― Jeno ainda tenta argumentar e meus braços se cruzam contrariados. 

 

― Não precisamos de sua carona, podemos pegar um táxi ou outro meio de transporte. 

 

Sou prepotente, não me deixando abalar por seu olhar, e ao meu lado Jaemin sorri abertamente, desfazendo-se daquele ar melancólico. 

 

Isso é um disparate, ele definitivamente não é nosso guarda costa pessoal. 

 

― Mas nem pensar. ― Lee nega, sentindo-se correto, e eu me controlo para não gritar, afinal estamos num lugar desapropriado para tal ato. ― Vocês podem ir outro dia, contanto que não seja hoje ou agora.

 

Seu insuportável!

 

Grr, nós vamos quando desejarmos.

 

― Veremos.  ― Meu sorriso é sarcástico e Jeno parece desgostar ainda mais de meus atos. 

 

― Renjun. vocês não vão. 

 

E assim o assunto parece morrer junto com o meu humor. 














 

XXX










 

― Jaemin irá lhe apresentar a casa enquanto retiro nossos pertences do carro. ― Lee suspira, visivelmente irritado com o meu sorriso satisfeito. 

 

Não poderia estar mais revigorado.

 

― Você vai se encantar com a estufa e o jardim interno. ― Na parece tão animado, acompanhando a paisagem natural da estrada.  Pouco tempo depois o automóvel de alto padrão atravessa a trilha alternativa, que se localiza a esquerda do caminho rodeado de vegetação. 

 

Como a verdadeira propriedade fora da província, uma placa com os dizeres da família Lee intercepta a pequena estrada, revelando em seus dizeres a quantidade de hectares de domínio privado. 

 

Jeno ultrapassa facilmente a mesma, me fazendo surpreender com a leveza do chão, que ao contrário do que imaginava não possui irregularidades, proporcionando-nos confortabilidade no trajeto. Pedras de basalto irregular são dispostas em todo o caminho, contrastando com as arcadas metálicas que interditam a passagem direta de pessoas e veículos com as plantas, árvores e arbustos. 

 

Em aproximadamente um quilômetro e meio a residência principal revela-se monumentalmente bela, em tonalidades próprias das pedras que compõem seu processo estrutural. 

 

Sua fachada é moderadamente discreta em comparação com os outros projetos de suas famílias extravagantes, um eclético evidentemente com predominância do estilo medieval, misturando consigo uma abside³ e arcos, pilares e vigas clássicos. 

 

O portão residencial é grandioso, com lançadas de ferro verticais e horizontais, embelezadas com ornamentos que imitam folhas de acanto. 

 

― Senhor Lee. ― O mordomo logo aparece, nos recebendo com cortesia, antes de indicar que os dois guardas abram manualmente as enormes portas de ferro. 

 

Jeno arranca pelo largo⁴, estacionando seu carro de maneira duvidosa e atravessada no meio do local.

 

― Vamos, Injun! ― Jaemin está tão animado, aquece meu coração vê-lo assim, portanto não protesto diante de seus puxões, que me arrastam de maneira desengonçada para a porta de entrada. ― Estaremos no atelier. 

 

Ele grita para Lee, que assente dividindo nossos pertences com os empregados e governante da moradia. 

 

― Desejam alguma coisa? ― Um jovem corre desesperadamente da cozinha, atropelando seus pés no carpete. 

 

Que bonitinho. 

 

― Pode nos servir croissants e chá? Estaremos no atelier, portanto apreciaria se os transportasse até lá. ― Jaemin informa de maneira rápida, enquanto nos ocupamos em subir a escada. 

 

― Como desejar, senhor. ― O mesmo reverbera, curvando-se em gentileza. 

 

― Obrigado, Chenle. 











 

XXX












 

Eu não posso estar sentindo isso!

 

Enquanto Jaemin pinta distraidamente uma de suas obras encantadoras, Jeno trabalha em seu computador. 

 

Minha nossa, eles parecem tão lindos…

 

Não tenho muito o que fazer, portanto percorro o ambiente em busca de alguma leitura que me pudesse livrar o tédio. Felizmente há diversos catálogos, a maioria assinados por Na, e é neles que facino com a inteligência e levezas de suas criações arquitetônicas. 

 

Um modelo em especial chama-me atenção. 

 

Discreto e encadernado está o primeiro exemplar da futura coleção da empresa. Não contive minha curiosidade, folheando o mesmo com cuidado, afinal esta é a cópia mais especial, analisando os aspectos compositivos das primeiras páginas. 

 

MRBJ⁵ é seu código no catálogo, indicando sua disponibilidade em dezembro deste ano. O que mais chama-me atenção é a estampa, certamente pintada por Na, com pequenas glicínias azuis. 

 

Após examinar suas poucas páginas, atento em devolvê-lo ao seu lugar, que lamentavelmente tem seu espaço reservado na prateleira mais alta do armário. 

 

Eu definitivamente detesto ser contestado, portanto movi cuidadosamente a banqueta antiga e pesada em sua direção, escalando-me sobre as pontas de meus pés, até alcançar superficialmente a divisória para alocar o arquivo em que estava segurando.  

 

― Ouch! 

 

No entanto, eu deveria saber que obviamente não daria certo. Meus pés acertaram a estante ao lado no momento em que descia do pequeno assento, causando-me uma dor latejante. 

 

― Ai meu deus, você está bem? Machucou muito? Vamos, deixe-me ver. ― Jeno tem uma audição privilegiada, correndo até minha pessoa com preocupação. 

 

Logo se encontra ajoelhado, com meu tornozelo erguido por uma de suas mãos. 

 

Céus, pare de ser tão bonito!

 

Os pensamentos voam soltos, fantasiando momentos de puro êxtase em seu peitoral muito bem estruturado. Ele morde seus lábios e contrai sua testa, atentado a identificar o local causador de minha dor e desconforto. 

 

― E-eu… estou bem, não está doendo tanto. ― Preciso recobrar o restante de sanidade, transportando minha visão a Jaemin, que trabalha em seu quadro concentrado, parecendo alheio ao que acontece no arredor. 

 

― Tome mais cuidado, ok? ― Ele é tão manso e meu deus! sorri lindamente em minha direção, tomando parte de meu fôlego. 

 

― Uhum.

 

― Porque não vamos conhecer o jardim? Faço questão que explore a casa. ― Sua proposta me é tentadora, porém tenho incerteza sobre seu temperamento duvidoso. ―  Nana está bastante inerte em seu trabalho, desde que em momentos como este costuma preferir sua privacidade. Se aceitar, acredito que estaremos de volta dentro de duas horas. 

 

Duas horas?

 

Deveria imaginar que essa propriedade é obviamente imensa demais para um pequeno tour. E por mais que a presença de Jeno ainda me cause certa implicância, não poderia deixar passar a oportunidade de conhecer e aventurar a simetria desse lugar. 

 

― Acho que podemos ir. ― Dou minha palavra, após segundos de ponderação e Lee mostra-se feliz, fechando a tela de seu notebook e repousando seu casaco em seu corpo. 

 

― Não esqueça de seu abrigo, está frio lá fora.

 

Continua...

 


Notas Finais


POR FAVOR LEIAM ESTE JORNAL: https://www.spiritfanfiction.com/jornais/me-ajudem-por-favor-18465410

SUMÁRIO:

Acqua alta¹: É a movimentação do rio Adriático, que a partir das combinações de marés e o vento que sopra em direção a laguna, arrasta um volume de água dos canais em direção a terra. Essa agressividade da água é um dos principais motivos da deterioração dos prédios antigos da cidade de Veneza. Acontece periodicamente e afeta grande parte da população.

Pompadour²: Analogia a cortesã francesa, amante do rei Luis XV, que foi representada em diversos ângulos por Boucher.

Abside³: Forma do edifício que se projeta para fora de forma semicilíndrica, onde seu remate superior tem geralmente forma de semicúpula. Exemplo: https://media-cdn.tripadvisor.com/media/photo-s/14/6c/bc/56/abside.jpg

Largo⁴: É a denominação de uma zona de circulação de tráfego, não se prestando a relações interpessoais.

“São espaços livres públicos definidos a partir de um equipamento geralmente comercial, com o fim de valorizar ou complementar alguma edificação como mercado público, podendo também ser destinados a atividades lúdicas temporárias.”

SÁ CARNEIRO, Ana Rita, MESQUITA, Liana de Barros (orgs.). Espaços livres do Recife. Recife: Prefeitura da Cidade do Recife/UFPE, 2000, p. 29.

MRBJ⁵: Aqui está o link do catálogo do Jaemin, eu fiz ele pra vocês verem como ele é <3 https://drive.google.com/file/d/15HBQfy1itQT6uYVEoMXYK8_wDTKVAqXk/view?usp=sharing

COMPLEMENTAR:

Aqui tem o cardápio do restaurante Jungsuk que os meninos comeram. Fiquei com bastante vontade mas é um absurdo comida custar tão caro T.T Eles tem um site também para quem tiver curiosidade.
https://drive.google.com/file/d/1jbmKIh-EXoLkirjge_ZT--bLC1axCnU_/view?usp=sharing

Amo vocês <3


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