História Circus Game - Joke's on you. - LalingJin.

"Você já deu risada, agora eu não serei mais a tola
Eu menti para você e eu também gostei disso
Mas eu estou cheia de roxos de sangrar por você
Você riscou o fósforo, me queimou tão rápido."

- Joke's on You, Charlotte Lawrence

[ Capítulo 17: A piada é você.]

Calabouço De LalingJin, 13 anos e 4 meses após a segunda queda de Gusu.

O corpo pindurado pelas correntes latejava incessantemente, sentindo cada célula implorando por repouso. Ainda sentia as marcas feitas por Zidian ardendo e pulsando em suas costas e pernas. Maltido seja Jiang JingYi, que descobriu que poderia selar sua força com as chicotadas da arma epiritual. 

Haviam meses que estava ali. Dois? Três? Já não sabia, apenas anotava mentalmente toda e qualquer falha que a trindade poderia ter, esperando anciosa o dia em o senhor do submundo iria torturar e fazer cada um daqueles fedelhos implorar por misericórdia. 

Foi parar ali graças a uma emboscada da trindade. RuLan achou seus ossos e junto a energia ressentida de Shizhui, a atrairam para que Zidian prendesse seu espírito. Por último, o Líder Lan fez o ritual, lhe trazendo de volta ao mundo dos vivos.

Malditos bastardos.

Foi mantida no calabouço de Laling, afinal, RuLan não gostou quando a mulher recém viva contou como Lan Yuan era cobiçado pelo Lorde do Submindo. O Jin vinha todos os dias, as vezes lhe fazia perguntas, mas sempre lhe deixava do mesmo jeito: Presa, calada e com raiva. A única coisa divertida, era quando ela jogava na cara do homen que ele abriu mão do anjo da morte para um casamento fútil qualquer e que, em algum momento, alguem tocaria no Lan como ele tocou um dia e esse alguem, seria o seu senhor. RuLan fervia de raiva e a prisioneira ria do homen.

Na grande realidade, o problema não era a dor, sentia cansaço, mas sua mente em frangalhos se divertia com o episódio masoquista. Jiang e Jin insistiam em manter seu corpo imóvel por tantos mals tratos físicos, mas o Lan não. Todos os três nomes a faziam tremer, mas Lan Shizhui, era um verdadeiro lobo em pele de cordeiro.

O cultivador demoníaco exalava aquela áurea angelical, junto ao sorriso meigo, mas podia ver os olhos do homen. Aqueles olhos cinzas se transformando lentamente em verde quando entrava no calabouço, via a sombra da morte junto ao brilho esmeralda. As lendas estavam certas, a morte acompanhava aqueles três. 

Shizhui a fazia sentir desespero, nem quando o senhor das sombras lhe maltratava ela tremia tanto. Via seu passado, sua infância miserável, viu quando Wei Wuxian a torturara, quando Jiang Wanyin a fez se ajoelhar e implorar pela morte, quando Jiang YanLi a enfrentou visando proteger seus irmãos, com essas lembranças, sentiu prazer por saber que os corpos deles estavam a sete palmos do chão. Mas o Lan não parou ali, a fez sentir a morte de cada um.

De alguma forma, descobriram que ela possuíra o General Fantasma, o fazendo matar Jin Zixuan. Óbvio que foi ela! Como se aquele medroso patético fosse capaz de algo! Ou quando empurrou o corpo de YanLi para ficar entre a espada e o corpo de Sandu Shegshou.

 Vagabunda ridícula! YanLi não era nada! Não era bonita ou sensual! Parecia um peixe morto de tão sem graça. Ha, até sua morte foi patética. 

A porta do calabouço foi aberta e pelo arco de pedra, um manto branco e mais justo, próprio para caçadas foi visto. Shizhui usava uma trança de raiz, prendendo seus longos cabelos negros, deixando o rosto bonito a mostra para ser admirados por meros mortais.

- Fez uma boa viagem, Quiangda-Jun? -  O sorriso debochado e repleto dos dentes afiados. Ao prender o olhar do Lan em si, seu sorriso apenas aumentou. - Ah, brigou com Huihuang-Jun denovo, A-Yuan? Sinto seu coração doendo aqui, batendo lentamente pela dor de ser a segunda opção do homen que ama. - O Lan nada respondeu, apenas continuou andando pelo calabouço, até chegar ao portão de sua cela. - Pare de fingir, Lan Yuan! Posso sentir seus olhos ardendo pela vontade de chorar!

- Isso não é da sua conta. - A voz do líder Lan foi calma e muito branda. Um verdadeiro tapa de luva em seu rosto. 

- Sempre em essa face de bom menino não é, Lider Lan? Me pergunto se foi por isso que seu amado preferiu uma puta qualquer.

- Você realmente entende o que é ser trocada, não é? - Então começou. A tortura psicológica começou. - Como é? Ser trocada em vida e depois em morte? - O sorriso do homen mantinha uma diferença gritante, visto que a visão angelical era diferente das palavras ácidas. - Ainda tem alguma esperança de que seu senhor vai tira-la daqui? Ainda não percebeu que foi abandonada, de novo?

A gargalhada da mulher foi alta e com vontade, foram minutos rindo assim, tanto, que algumas lágrimas já desciam pelo rosto graças ao riso frequente. - Ele não me abandonaria, Quiangda-Jun. 

- Tem certeza? Você está aqui a 11 meses. - O sorriso da mulher morreu, na medida em que o do Lan aumentava. - Admita, você perdeu sua utilidade. A favorita foi substituída. 

- É um blefe!

Shizhui abriu a cela e se aproximou da mulher acorrentada, aproximou seu rosto do dela com um sorriso tão inocente que a fez tremer. Os olhos se encontraram e o esmeralda apareceu, ao mesmo tempo em que o frio tomava conta do cômodo. De forma pausada e mais dócil que o normal o Lan prosseguiu, enquanto tocava seu indicador gentilmente na testa pálida- Eu nunca blefo!

Um grito alto e amargura soou pelas paredes de pedra, fazendo os discípulos do lado de fora do calabouço se arrepiarem, alguns tremerem de medo. RuLan e JingYi se entreolharam, promentendo a si mesmo que nunca iriam contra o mais velho.

Lan Yuan saiu do cômodo cansado e com o coração doendo. Entrar na mente daquela mulher, a fazer ver tudo aquilo, era ver também. Relembrar as mortes de seus famílias e pessoas queridas, lhe deixando exaulto.

A lua já estava alta em LalingJin, lhe transmitindo minimante a calma que perdeu durante as ultimas horas. Se encostou em uma árvore qualquer, perto da construção de que saira, logo escorregou até o chão, sem se importar se sujaria seu manto. 

Suspirou pesadamente, sentindo as lágrimas se formarem em seus olhos, novamente cinzas. Os deuses sabiam como estava cansado, cansado daquelas torturas e caçadas, cansado de ouvir o Lorde Infernal sussurando em seu ouvido, tentando o persuadir a ir para o lado dele, cansado de sofrer por um homen que obviamente não compartilhava seu amor, apenas exausto. Sentia tanta falta dos dias em Gusu junto a sua família, tocar guqin com seu A-Die, sendo acompanhados pela flauta de seu A-Niang, sair para passear com seu tio Ning, ate de ser ensinado por seu avô. As lágrimas se tornaram mais grossas, então Yuan se permitiu chorar silenciosamente perante a lua brilhante.

Um abraço apertado lhe embalou e ouviu a voz de JingYi lhe dizendo que ficaria tudo bem. Jiang -Lan- JingYi era seu irmão, sua familia, o único que lhe restará de verdade. Não escondiam nada um do outro, seja vitórias ou derrotas. Shizhui abraçou o mais novo e descarregou suas lágrimas, molhando o robe roxo.

- Da-Ge, ele tem falado com você? - O Jiang perguntou com a voz amena, acariciando as costas do mais velho, sentindo as lágrimas começarem a parar. 

- Apenas quando estou muito cansado. Não é realmente falar, apenas sussuros, nada que não vá embora com uma meditação. - O mais velho olhou a face contraída do Jiang- Ele não pode me tocar, irmão. A cultivação ortodoxa me deixa protegido, assim como os pingentes de Jade.

- Não exagere, irmão. - Foi tudo o que o Líder roxo disse, antes de voltar a pôr o Lan em um abraço acolhedor e protetor, promentendo silenciosamente que aquela irmandade nunca seria ultrapassada. 

Com o passar do tempo, o Jiang percebeu a respiração leve do outro, assim como o corpo se tornando mais mole. Ele dormira. JingYi se perguntava o quão cansado mentalmente seu irmão estava para chegar os ponto de dormir no chão, em um abraço desajeitado e que deixaria suas pernas dormentes.

Da forma mais delicada que pôde, o líder roxo pegou o outro no colo, percebendo que ele estava um pouco mais magro, mas nada preocupante, pelo menos ele esperava que não. Querendo ou não, ele nascera um Lan e assim como todos de seu clã originário, a força era um marco, tornando aquela caminhada fácil. Passou pelos portões dourados e chamativos do templo da carpa, vendo Jin Ling caminhando de um lado para o outro, preocupado e nervoso, quando o dourando percebeu que trazia o Lan nos braços, veio quase correndo ao seu encontro. Jiang fez um "Shii" baixo com os lábios,pedindo silêncio, mostrando ao Jin que o outro apenas dormiu.

- O que houve?- A pergunta foi um sussuro, enquanto RuLan via a face serena do mais velho. 

- Ele estava exausto, rever as mortes de nossa família ainda mexe com ele. - O timbre do ex-Lan foi tão baixo quanto o outro, logo assumindo uma face pesarosa - Eu o vi chorando na frente do calabouço, quando cheguei e o abracei, ele chorou até cair no sono. Ele estava péssimo. Não acho que ele fosse nós contar.

- É a cara dele.- RuLan tirou uma mecha do rosto delicado e adormecido, tendo noção que parte daquelas lágrimas eram culpa sua e de sua língua. - Vem, deixe ele no quarto.

Ambos os homens rumaram até os aposento reservados para o Líder Lan, sendo JingYi o levando nos braços e RuLan garantindo que nenhum servo ou discípulo faria barulho.

Os dois homens acomodaram o corpo menor na cama. Ling tirando as botas e JingYi se livrando do manto externo, logo o arrumando confortavelmente na cama grande e luxuosa. 

- Jin Ling. - O mais velho entre os dois que estavam acordados chamou, fazendo o Jin deixar de admirar o adormecido - Eu não sei porque brigaram hoje, mas saiba que o "Estrume infernal" esta tentando chegar até ele e você gastar a vitalidade dele não ajuda em muita coisa.

- Não era pra ser uma briga, mas ele não me escuta. Não me deixa dizer a verdade ou explicar!

- Ele te viu tocar uma concubina quando você prometeu ser dele, eu também não deixaria. Seu orgulho também dificultou, sabe disso. - O Jiang suspirou pesadamente e lançou um olhar inquisidor ao outro. - Somos amigos a anos alem de primos, mas saiba que Shizhui sempre foi meu irmão e nem mesmo você saí impune caso continue essa palhaçada. Não me meto por ser assunto entre vocês, mas depois de ver o quão exausto e triste o msu irmão estava, não vou medir esforços pra fazer o melhor pra ele. Entendeu?

- Esta me ameaçando, Jiang? 

- Não, estou avisando. - Dito isso, JingYi deixou um beijo no topo dos cabelos do Lan e rumou para fora do quarto.

RuLan ficou ali, por mais algum tempo digerindo tudo como um todo, mudando seu olhar entre o homen adormecido e a lua. Cansado daquele dia, o Jin se aproximou do outro, acarinhando os cabelos agora soltos e deixando um selar na boca macia e vermelha ao qual sentia tanta abstinência. 

- Tenha bons sonhos, meu pequeno coelhinho.