História City lights, napalm skies; - Prólogo : Queimaduras

“ Cidades em chamas e céus de napalm,

Quinze chamas dentro de seus olhos de oceano. ” — Ocean Eyes - Billie Eilish

Todoroki Touya era um rapaz brilhante. Tudo nele era, de fato, único! Qualquer um podia ver que tinha talento, dom e capacidade. Acima destes - os quais ele nunca parou para pensar muito -, tinha a beleza. Dessa sim ele se gabava. Vivia dela.

Até que um dia não a tinha mais... 

Se foi um ou uma adolescente entre os anos de 2020 a 2024 com certeza se lembrará do nome dele estampado nas revistas, nos posters colados à parede de quartos femininos e até masculinos ou simplesmente enfeitando estabelecimentos, e até nos outdoors que da avenida principal de Tokyo. De mãe japonesa e pai irlandês o jovem Touya misturava o melhor de ambas belezas: nórdica e oriental. A estrutura forte do corpo moldado à genética e várias sessões de academia na semana era invejável e ainda sim suave. Esguio. Seus cabelos ruivos ‘casca-de-maçã’ fechavam perfeitamente com os olhos azuis cinzentos, porém ainda sim, o rosto guardava os traços do oriente. Era mesmo um colírio para os olhos.  

Uma jóia rara. Posto na exibição A Beleza Ruiva onde um fotógrafo francês decidiu juntar as maiores - e mais exóticas - belezas de cabelos ruivos; Ele foi um dos grandes expoentes, junto a um belíssimo modelo negro de cabelos ruivos em uma genética sem par. Sua carreira para fora do Japão parecia assinada quando alcançou Milão. Foi capa da Vogue ao lado de uma russa de beleza albina e olhos lilases, e um modelo indígena dos EUA. 

Tudo estava perfeito. 

Até não estar mais. 

Tudo aconteceu no verão, o ano borrado da memória de Touya, quando voltou da Itália para visitar a família meses distante devido a uma briga com seu pai. O fogo começou na cozinha. Se espalhou pela mansão típica de Kyoto com se fosse de palha graças a toda madeira do lugar. Shoto ficou preso e os bombeiros ainda estavam muito distantes. 

Touya correu para dentro da casa em chamas gritando pelo irmãozinho. Ouviu o choro da criança e tentou subir as escadas que ardiam em brasas. Um passo em falso e ele caiu junto a madeira fervente contra o chão. 

Shoto foi retirado do quarto onde estava com a mão do bombeiro sobre seu rostinho, todavia, a imagem mais chocante perante toda imprensa e bombeiros foi quando a noite já ia alta e as chamas abaixavam com a água. Touya foi dado por morto. Rei chorava e discutia com seu marido. “Por que não veio mais rápido?”, “Olhe o que foi de nós!”. O ruivo estava na cidade vizinha. Não teve qualquer culpa e tentou chegar o mais rápido que pode! Mas o que pode calar a dor de uma mãe? 

Até que ouviram dos destroços da casa o barulho de metal batendo contra metal. Era rítmico, era como o pulsar de um coração. Impossível de ser apenas madeira estalando, ou metal retorcendo. Os bombeiros entraram em ação imediatamente e encontraram Touya vivo. Ele usava o atiçador de chamas do aquecedor da casa para bater contra o restolho dos tubos de metal das instalações elétricas da mansão. 

78% de seu corpo foi queimado naquela noite.