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História City lights, napalm skies; - Capítulo 1 - Caveira e flores;


Escrita por: romance_de_banca

Notas do Autor


Quero pedir desculpas pela demora rs.
Primeiro no dia que prometi postar, tive uma dor de cabeça bem forte como não tinha a dias. Depois, eu não sabia se estava bom ou não o capítulo. Faz tempo que não posto histórias, mas enfim, aqui está rs. Obrigada a quem tirou tempinho para comentar e favoritar!

O artista da capa está com a assinatura presente na capa :)

Capítulo 2 - Capítulo 1 - Caveira e flores;


Fanfic / Fanfiction City lights, napalm skies; - Capítulo 1 - Caveira e flores;

" Eu não irei apenas sobreviver, você me verá triunfar. " - Katy Perry - Rise. 

 

Sonhe com toda sua imaginação, lute com toda sua força, realize de toda sua alma. Ou algo assim, Touya não se recordava muito bem do mantra ensinado no grupo de apoio a pessoas queimadas. O grupo das sextas que ele foi obrigado a participar enquanto passava pela recuperação dolorosa. Sua vida, por meses, não passou de operações dolorosas e raspagens de pele que o faziam questionar a si mesmo o motivo de ainda estar vivo. 

Mas isso foi só o começo. 

Uma estrada de cirurgias plásticas na Alemanha foi como um pequeno pedaço do inferno. Transplantes de pele, reestruturação da face e noites com analgésico na veia. Reuniões com grandes cirurgiões e porcentagens de probabilidade de recuperação do tecido queimado. Tratamentos experimentais possíveis, porém arriscados. Touya se importava se apenas que eram possíveis.  Sua beleza, ele queria de volta o que um dia já foi tudo para si! Mas o universo o julgou e para seu único pedido disse: Não. Nenhuma cirurgia, nenhum tratamento, nada o traria de volta o que o fogo consumiu. 

Terminou os estudos na faculdade de moda com o gosto amargo da derrota na boca; O garoto cercado de amigos, affairs e revistas de fofoca se recluiu. O casamento de seu pai e sua mão ruiu um mês antes de sua formatura e, quando estava pegando o diploma, recebia também o convite para o novo casamento do pai. A mãe, que já somava problemas familiares antes do casamento, foi internada após um episódio de histeria - como diz seu histórico médico -, onde ela queimou o rosto de Shoto. O mais novo foi enviado para viver com o pai na Irlanda junto de sua madrasta pouco depois. E Touya... 

O garoto pintou seus cabelos de preto e saiu do Japão sem olhar para trás. Não suportava a irmã que agia como se o mundo não tivesse desabado sobre suas cabeças a pouco menos de um ano. Ou Natsu que resolveu olhar para seu próprio umbigo como se fosse o único a sofrer. Era inverno e Touya assistia da janela os flaps do avião se moverem para quebrar a fina camada de gelo enquanto lá em baixo as luzes de Tokyo se despediam dele. 

Foi assim que acabou no exato lugar onde estava agora. Aos 30 anos de idade e morando em Londres. Dono de sua própria fortuna e requisitado por várias marcas caras, tinha seu próprio negócio e trabalhava para uma grife na Oxford Street. 27º andar, sala B. Era onde o ia encontrar entre sua mesa, papéis espalhados com rascunhos e vários tecidos e moldes pela sala. Normalmente era difícil de se trabalhar com ele.  Para os assistentes masculinos era um canalha intratável, para as femininas um canalha intratável que uma vez que conseguisse as levar para cama dispensava. Ele gostava do poder que podia exercer mesmo com todas as cicatrizes, por causa de todas as cicatrizes. Vivia um personagem que levou anos para criar - os anos que se livrara também de seu sotaque e lutava para se adaptar à Inglaterra. 

Seu personagem foi criado conforme o tempo passava. Alguém de sorriso irônico, olhos cruéis e que parecia somente  um jovem machucado por seu passado. Machucado ele era, mas, viveu tantos  anos fingindo que não que era cego para a pior das cicatrizes que ficou em si: No seu caráter. Gostava do que a conquista lhe proporcionava, gostava da satisfação que o sexo lhe trazia e a sensação de poder quando quebrava corações depois. Se sentia desejado assim. Com o psicológico danificando, de mente árida, a carne lhe satisfazia o que sua mente não podia compreender. 

E por isso ele não compreendia o que fez a menos de duas  semanas, quando sua chefe deixou explícito para si que se queria continuar com sua posição deveria se adequar a empresa, ou seja: Deveria ter uma aprendiz, uma estagiária. Quem havia mesmo feito essa regra no mundo da moda? Bem, além disso ter obrigado ele a passar horas olhando TCC's que ele não ligava nem um pouco, o levaram a um erro de cálculo. Um erro cujo TCC tinha projetos de roupas  floridas e vintage, um contraste estrondoso com suas roupas que pendiam para o glam rock, ou apenas para os famosos couro-caveiras-e-palhetas-escuras. As vezes frases ofensivas também. Essas faziam bastante sucesso. A pasta dela era um NÃO gigantesco, mas, quando a viu na sala de espera virou um talvez e  enquanto era quase drenado por seu excesso de otimismo  virou um sim. Um sim que veio de sua pura e crua curiosidade de em quanto tempo podia  fazer aquele projeto de Anne com E desistir do trabalho. 

Agora, sentado em sua cadeira com cotovelos apoiados sobre a mesa e o queixo nas mão equilibrava sua caneta no bico que fazia olhando a garota. Ela trabalhava duro, separando os tecidos que o chefe e mentor havia pedido. Usava uma saia marrom, botas de cano baixo da mesma cor pastel e uma blusa preta com flores e mangas largas. O chapéu que usava mais cedo posto sobre sua bolsa que estava no canto da sala. O que ela era? Um jardim? A estilista da Florence Welch? Bem, era óbvio a admiração da jovem pela cantora britânica. Tanto na música que vinha em um chiado de seus fones quanto nos cabelos tingidos de ruivo. A pele era de um moreno pálido e os olhos escuros.

— Ship To Wreck, Florence & The Machine— Dabi, o pseudônimo sob o qual Touya vivia agora, murmurou olhando a garota que vinha até sua mesa pondo os tecidos e suas variações. 

— Tá tão alto assim? — a garota murmurou tirando o pequeno fone do ouvido e sorrindo sem jeito enquanto apertava mais de um vez o botão na lateral do celular para abaixar a música. 

David Bowie podia fazer mais o estilo de Dabi se o assunto era música inglesa, mas ele sentiu uma falta estranha quando parou de ouvir o chiar da música no ar. Adicionaria no Spotfy mais tarde. 

Ela já estava no emprego há uma semana e ainda não havia sequer mostrado interesse nas investidas do moreno, ou irritado quando ele decidiu ser irônico e cretino. A jovem tinha um senso forte de dever e uma fome de sonho e ter a assinatura de Dabi como um dos que lhe ensinou era como um carimbo no passaporte para ter seu nome grande. Ou para trabalhar para a Welch. Sinceramente, ela podia fazer isso. 

— Eu pensei, nessa peça aqui, por que não trocar o preto pelo azul escuro? — ela sugeriu — Está vindo o inverno e, normalmente, a Inglaterra fica mais sombria que o costume, talvez um pouco mais de tendência com cores na… 

Dabi sabia que era uma boa ideia. Ele só parecia gostar das coisas como gostava de seu café: preto. 

— Não. E pode ir pegar o café que eu pedi? — ele murmurou, sem olhar a garota enquanto analisava os desenhos e tecidos. 

— Quando pediu? — ela murmurou — E por que não compra você mesmo? 

Ela ficava bonita quando ficava irritada. Ele gostava mais do que queria admitir que queria ver ela irritada mais vezes. 

— Você está viajando na sua música com fones estourando seus tímpanos. — o moreno mentiu descaradamente — E eu não vou porque há uma hierarquia aqui, mocinha. Mestre e aprendiza, — ele apontou para si e depois para ela — agora pode ir e se lembrar que quero um expresso duplo… 

Ele aumentava sua voz em um crescente enquanto olhava as costas da garota que deixava a sala resmungando algo sobre ele ser impossível! E algum mantra do tipo: seu nome em Milão. Dabi sentiu um sorriso em seu rosto antes que pudesse se deter enquanto a porta batia. 

Não era sempre que alguém ainda tinha coragem de o desafiar. Fosse porque estava intimidado com as cicatrizes, o visual punk ou o ar de poucos amigos. 

Era de fato única. 
 

•°•°•°•°•°

Irônico, cínico como fosse, Dabi havia deixado sua pequena carapaça há muito tempo. Quando começou sua vida na sociedade londrina ele sabia que não daria certo se ficasse para sempre em um quarto lambendo suas feridas e tendo pena de si mesmo por todo resto de sua vida. Algum motivo divino o destino o livrou do fogo e seu pulmão resistiu a fumaça, seu coração aos analgésicos e seu corpo as recuperações dolorosas e só podia ser para que vivesse, ou talvez para esfregar em sua cara que tudo que ele sonhou jamais seria verdade. Ele ainda não entendia a oportunidade que ganhou e como agora sem o espelho para lhe distrair, ele podia de fato buscar conhecer a si mesmo. A autopiedade ainda era, disfarçada de excesso de confiança, sua pior inimiga. 

Dabi havia cultivado amigos que não eram amigos, pessoas com quem ele se forçava a se encaixar. Mulheres que ele não queria estar, lugares que odiava ir e por isso, a bebida era algo que sempre era mandatório quando saia com os ditos do seu círculo social. Desta vez, mais algumas jovens do escritório haviam  decidido ir, basicamente se convidando, e uma delas teve a brilhantíssima ideia de levar a novata com eles. 

Era uma sexta à noite! O que de mal  poderia acontecer? 

Ocuparam quatro mesas, que foram juntas lado a lado, no pub à beira do Tâmisa. Lá fora a noite já havia caído e Londres contava com seus postes enfeitados por flores e estabelecimentos noturnos para continuar brilhando mesmo durante a noite. Sendo outono o movimento nas ruas a noite já havia diminuído consideravelmente deixando a cidade do Velho Mundo com o ar obscuro que Dabi gostava de observar de seu pequeno flat. O mesmo ar que fez ela ganhar o apelido de Buraco da Europa era o que fazia ela parecer um lar para qualquer um que viesse a ela. Havia algo de sombrio nela, havia algo misterioso e melancólico.  

A mesa estava animada com piadas, bebidas e principalmente cerveja quente. Petiscos de peixe com batata frita e vinagre também estavam à mesa.  Nada mais britânico, sinceramente. O moreno estava sentado no meio, entre um dos amigos bêbados e ao seu lado a jovem aprendiza, do lado dela mais um de seus ‘amigos’. 

Ela não bebia cerveja enquanto Dabi se afundava no chope. Ela não fumava e seu rosto se contorcia cada vez que Natan bafejava ao seu lado. Era como ver um lírio cercado de mato e Dabi continuava a observando.  

Até aquele momento. 

— Não bebe por que não quer, ou por que não tem coragem? — brincou uma das garotas do escritório. Suas bochechas coradas e sorriso ébrio deixavam claro que já estava bem bêbada. 

E aquela era uma situação vexatória que nenhuma mulher devia deixar a outra. 

— Eu não quero mesmo… — a jovem ruiva tentou desconversar. 

— Ah! Só um pouco… — insistiu Natan ao seu lado. Ele tinha um sorriso falso e cheio de uma cortesia ensaiada. 

Dabi se mantinha em silêncio bebendo sua cerveja a encarando sério.

— Eu não… 

— Ela disse que não quer— o moreno enfim interveio. Se quer soube por que, apenas que quando viu, já estava falando e afastando a cerveja que o ‘amigo’ tentava empurrar para a garota.

Imbecil, só queria alguém na cama naquela noite. 

— Uuuh, alguém está irritado— ele ouviu a provocação do outro lado da mesa. Claro que tinha que ser ela! Aveline e ele mal tiveram um caso, mas, as coisas não tinham saído nem boas para ele e muito menos para ela. Cicatrizes profundas levavam mais tempo para sarar. — Ela vai ser sua nova protegida? 

Dabi sabia muito bem que tipo de pessoa a francesa era para cair nas provocações dela, mas a jovem estagiária não. 

— Não preciso de ninguém para me proteger de nada! Posso muito bem me defender se quiser! — ela afirmou fazendo exatamente isso: se defendendo. E estendendo sua mão tomou a Heineken da mão de Natan e bebeu uma bela golada. 
 

Criança foi exatamente o que Touya pensou enquanto se levantava. Iria ao banheiro. Precisava lavar o rosto, deixar de se meter onde não era chamado e talvez descolasse uma cama que não a sua para passar aquela noite. As noites em Londres eram frias e apesar da maioria das vezes ele gostar assim, agora o sangue do moreno já havia virado álcool e mesmo que não fosse o tipo de bêbado que dava na cara que estava encharcado de álcool, era do tipo que precisava de sexo. 

Normalmente seu desejo e libido eram bem altos ao natural, com álcool a coisa só piorava um pouco mais.  Naquela mesa definitivamente só havia uma que ele queria na sua cama pelo puro prazer que alguém sente em apenas arrancar uma flor bonita e dizer que é sua só para depois deixar em um vaso para morrer, mas, não gastaria sua energia naquilo. Talvez no balcão visse alguém mais apelativo. 

Prestaria atenção enquanto andava até o banheiro. 
 

°•°•°•°•

A conquista era a parte favorita do moreno. Encontrar, conquistar, tudo isso era como um jogo que ele sabia que iria ganhar, mas aquela noite em definitivo não parecia para ele.  

Olhava sobre o ombro da mulher loira que encontrou no balcão do pub. Natan não sabia mesmo quando parar e a garota no afã de se provar parecia ter bebido um pouco mais do que deveria. As mãos do inglês já deixavam de ser mãos de um cavaleiro e aquilo irritava profundamente o moreno. Enquanto a destra dele descia para a cintura dela e a outra a sua coxa. 

— Com licença— ele pediu assim que viu exatamente o que queria, o rosto da garota contorcido em desconforto com a atenção indesejada do homem. 

Dabi se levantou indo até a garota segurando seus ombros quando colocou sua jaqueta na mesma. 

— Já deu. Tô levando ela pra casa… — ele informou. 

— Hmm? E quem disse que você manda em mim? — a garota disse sorrindo sem de fato parecer irritada com o moreno. Dabi pegou sua bolsa, ajeitou de qualquer forma o chapéu na garota e a tirou da mesa. 

Deixou algumas libras para ajudar com a conta e a retirou de lá sob os olhos atentos de Aveline. Deveria perguntar a ela o endereço, pedir um Uber, qualquer coisa dessas. Ele mesmo já não entrava em um carro há muito tempo. Normalmente o lembravam da ambulância e da dor que ele sentia dentro da mesma quando foi tirado da casa queimada. 

Seu apartamento ficava só algumas quadras dali e dava para ir andando. E graças a ela, iria e ficaria aquela noite sozinho. Sabia que não devia ter carregado a miss perfeitinha consigo!  E isso só se confirmou quando ela vomitou sua roupa. Aquilo só podia ser brincadeira!! A vontade para se livrar da garota só aumentou enquanto ela estava abraçada a si, ele estava cheirando a vômito e tentava alcança o celular no bolso, uma tarefa que estava complicada com um braço segurando ela e o outro vasculhando sua calça atrás da bolsa da garota em um tipo de contorcionismo irritante. 

— Onde mora? — ele perguntou, abrindo o aplicativo que tinha no celular em casos de emergências. — Oi? Qual seu endere-

E ele foi interrompido por um ronco. Aquilo só podia ser BRINCADEIRA! Sempre tinha a opção de deixar ela ali na calçada… mas não, ele tinha sido educado bem de mais ao que parecia. Bem, lá ia embora a regra dele de não levar mulheres para casa. Nem conquistas, ou amigas. Nenhuma! Mas aquela… aquela coisinha havia de alguma forma conseguido!

Enfiou o celular de qualquer jeito em um dos bolsos externos da bolsa da garota e, ignorando a blusa vomitada, pegou ela nos braços e após estabilizar os dois, começou a andar as quadras necessárias até seu apartamento. 

— Não dá pra piorar! — ele rosnou para si mesmo, ouvindo um ronco vir dos céus enquanto a rua parcialmente escura era iluminada pelo relâmpago. — Já vi que dá… 
 

Continua…
 


Notas Finais


Desculpem pelos prováveis erros de português que vão encontrar. Eu digito toda a história no celular. Eu queria só apresentar melhor ele e como ele... se livrou da carapaça de pobre coitado apenas para uma de conquistador frio. O nome dela não foi citado o capítulo inteiro de proposito, mas no capítulo dois tudo vai ser melhor explicado. Admito que não estou nada feliz com esse capítulo, mas, não importa quantas vezes refeito ele sempre saia assim.

É isso, obrigada por lerem e comentarem. Bjs, até o capítulo dois.


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