História Civil War: Moon. - Amizade.

- Vamos! 

Corríamos em direção à Capitão o mais rápido que conseguíamos, de relance conseguia ouvir algumas vozes, o barulho das armaduras, o das chamas que aqueciam e esfumaçavam o aeroporto e das respirações pesadas, não escutei o barulho molhado da teia grudenta e nem a voz de Peter tagarelando por baixo da máscara, então tudo o que eu podia fazer era torcer para que ele estivesse bem. Corríamos em direção ao avião encontrado por Sam, mas logo paramos de solavanco devido à um raio que perfurou o chão em um arco redondo o que, automaticamente, nos impediu de prosseguir. Completamente ofegante parei atrás de Bucky e, agora, ao lado da Feiticeira e, confesso, que me sentia uma intrusa no meio do daquilo tudo. 

- Capitão Rogers.

Olhei para a direção da voz que não parecia humana, mas também não era totalmente robótica. Foi quando me assustei ao dar de cara com um homem flutuando com sua roupa colada ao corpo vinho, ele brilhava juntamente com o cristal em sua testa o qual saía uma luz brilhante de dentro. Confusa apenas o fitei enquanto ele prosseguia seu recado para Capitão:

- Sei que acredita que o que está fazendo é o certo. 

Ele fez uma breve pausa e Tony Stark pousou mais embaixo junto com a Viúva Negra enquanto ele prosseguia:

- Mas pelo bem de todos, você deve se render agora.

O chão, um pouco fundo na região em que havia sido atingido há alguns segundos, saía fumaça como se tivesse acabado de ser queimado em uma temperatura absurda o que me fez ficar olhando fixamente para a linha em formato de arco recém feita. Mas minha atenção logo virou-se em direção à outra máquina de combate, a armadura de ferro prateada trazia consigo o homem chamado, mais cedo, de Alteza pelo Capitão América, ele saltou parando em uma posição felina e, mais uma vez, a imagem de um gato preto feroz tomou conta de minha cabeça. O que ele era? O Homem Gato? Ele logo ergueu seu corpo e meu coração acelerou ao ouvir o barulho grudento da teia, Peter, em uma acrobacia, caiu ao chão em sua posição de aranha levantando o rosto para nos fitar e então endireitou seu corpo como os demais. 

O silêncio, então, reinou entre ambos os grupos. Aquela foi a primeira vez em que, todos juntos, em seus determinados times ficavam frente a frente como quando os exércitos se encaram furiosos em batalhas medievais. Olhava para todos, mas meu olhar se prendia à Peter e sua nova máscara incrivelmente modelada, gostaria de saber qual era a sua expressão por baixo da máscara, mas talvez eu não visse Peter Parker, o adolescente comum e meu melhor amigo, por um tempo. Talvez eu veria apenas o Homem-Aranha. E aquilo, incrivelmente, me chateava. 

- O que fazemos, Capitão? – Lang perguntou sem tirar os olhos dos demais.

Ele virou o rosto para o lado me fitando – Você: corre para o avião. O resto de nós: lutamos. 

Capitão deu o primeiro passo em direção aos demais, senti a mão de Feiticeira me empurrando levemente para trás enquanto tomavam impulso e aceleravam os passos em direção aos oponentes ao lado do Homem de Ferro. Tudo o que consegui fazer foi ficar parada, perto de um dos containers, observando-os, agora tanto o lado Stark quanto o lado Capitão, correrem uns contra os outros em passos cada vez mais rápidos e largos. 

No primeiro estrondo, onde Tony Stark bateu com toda sua força no escudo de Capitão, dei um passo para trás me assustando com tamanho eco que incomodou meu ouvido, meu coração estava acelerado e tudo o que eu conseguia fazer era observá-los. Mais uma vez tudo o que eu queria era poder ajudar em algo, mas entre a vontade de me mover para entrar na luta e a consciência pesar me dizendo que eu tinha a obrigação de obedecer as ordens de Capitão – sobre ir para o avião – eu simplesmente não soube o que fazer, mais uma vez. 

Estava confusa em meio às lutas e haviam seis em cada time o que facilitava a divisão de cada um para cada um. Olhei na direção de Peter quem desviava dos carros e caminhões que iam em sua direção pelo ar, comandados pela Feiticeira Escarlate. Ele jogava a teia nos pontos mais altos e conseguia desviar de tudo que lhe era lançado e a cada segundo meu coração saltava mais dentro de meu peito enquanto eu me preocupava com ele e, ao mesmo tempo, com Capitão e os demais. Feiticeira saiu de perto de Peter lançando um olhar para Capitão e foi em direção à Viúva Negra e Gavião Arqueiro enquanto os dois se batiam de maneira violenta. 

Cada grupo se dispersou nas lutas entre si, agora nem todos se mantinham pertos uns dos outros e meu olhar sempre estava atento em Peter quem usava sua teia para desviar de ataques e golpes desferidos contra si. Dei o primeiro passo e assim que o fiz travei novamente ao ver o homem de preto com a máscara de gato voar por cima da minha cabeça e ser afundado dentro de um convés que estava mais ao alto. Peter passou por cima de minha cabeça lançando sua teia e soltando um grito abafado entre os lábios enquanto seguia em direção à Capitão. 

Meu coração acelerou mais ainda e, por impulso, corri para frente quando vi Capitão jogar o escudo na direção de Peter cortando sua teia e fazendo-o cair em cima de uma plataforma que servia de auxílio para entrar nos aviões. Ele parou em sua posição de aranha e então parei onde estava, um tanto longe para que ele ou Capitão me notassem, logo vi o escudo de Capitão retornando para suas mãos de modo que ele o encaixasse em seu braço mais uma vez.

- Essa coisa não obedece nem um pouco as leis da física – ouvi Peter falar enquanto gesticulava para Capitão. 

- Garoto – Capitão falou abaixando sua guarda e levantando o olhar para ele na sua frente – tem muita coisa aqui que você não compreende. 

- O senhor Stark disse que você diria isso – ele interrompeu Capitão balançando a cabeça positivamente. E então, me causando arrepios, lançou a teia na direção do rosto de Capitão quem, por puro reflexo, levantou o escudo. Mas Peter foi ainda mais rápido e lançou a teia na perna direita de Capitão o puxando em direção ao chão, Capitão caiu fazendo um baque oco e tentava rebater e soltar-se da teia enquanto era puxado com extrema rapidez indo de encontro à ele. Peter soltou as teias lançando outras acertando-as, dessa vez, de cada lado do corpo de Capitão, jogou seu corpo para frente e tomou impulso para acertá-lo com os pés, como se fosse um estilingue humano, e ele assim o fez jogando Capitão ainda mais longe deixando-o bater de costas, violento e bruscamente, em outro container. Capitão caiu no chão, logo em seguida, separado de seu escudo, escutei Peter dizer entre risadas abafadas:

- Ele também disse para mirar em suas pernas. 

Capitão, atordoado, correu em direção à seu escudo e então foi parado por Peter quem lançou teia em suas mãos puxando-as para trás com uma força imensa, Capitão, por sua vez, forçava os braços para frente de modo que puxasse Peter consigo, mas sem muito sucesso. Como de costume, agindo por impulso, corri na direção de ambos erguendo minha mão em direção a Capitão de modo que lhe desse um escudo para prevenir o próximo ataque de Peter fosse qual fosse. Mas tudo o que consegui foi chamar sua atenção para mim de modo que fosse mais do que suficiente para que Capitão lhe atingisse. 

Capitão deu um salto do chão fazendo uma pirueta de lado e, assim, puxando Peter, através de suas próprias teias, para perto de si. Peter, de acordo com a força, voou em minha direção, mas longe o suficiente para não me atingir e, rapidamente, Capitão pegou seu escudo colocando-o na sua frente mais uma vez. Ainda à minha frente, Peter me ignorou completamente lançando a teia na direção de Capitão quem se protegeu com o escudo e então puxou Peter, mais uma vez pela teia, acertando o escudo com tanta força e potência em seu rosto que tudo o que fiz foi me assustar, apenas quando vi Peter no chão que entendi o que tinha acontecido. Mas ele se levantou rapidamente enquanto Capitão me lançava um olhar que eu não sabia decifrar, acho que ele tentava ler meus pensamentos para saber se podia, ou não, confiar em mim, se eu me rebelaria ou não por causa de Peter. Mas eu não pretendia mudar de time e muito menos perder meu melhor amigo, então, eu simplesmente não sabia o que fazer e observava toda aquela luta assustada. 

Peter lançou sua teia em cima do container mais próximo parando em cima do mesmo na sua pose de aranha, Capitão ergueu seu rosto junto ao meu para fitá-lo, o escutei perguntar: 

- Stark disse algo a mais? 

- Que você está errado, pensa que está certo e isso te torna perigoso – ele respondeu ofegante saltando para trás, escutei o barulho de sua teia e então o vi pendurado no container indo em direção à Capitão em velocidade máxima, ele lançou uma bola de teia com a outra mão e errou quando Capitão desviou e logo deu um impulso do chão para acertá-lo em cheio na barriga. Peter voou para trás com as costas arqueadas e bateu bruscamente contra uma barra grossa de ferro que sustentava o container. 

- É um bom argumento – Capitão disse ofegante. 

Estava travada quando o vi lançar o escudo na direção de Peter, quando pensei em me mover para segurar o escudo, de modo que não o acertasse, percebi que Capitão havia mirado em um lugar diferente e foi quando o convés caiu com toda sua potência em cima de Peter, senti meu corpo gelar por completo e então corri em direção à briga me dando conta de que Peter estava por baixo do pesado objeto segurando-o com ambas as mãos, ele fazia uma imensa força para não ser esmagado enquanto Capitão ajeitava seu escudo, perguntando:

- Você tem um bom coração, garoto – ele balançou a cabeça positivamente me fitando ao me aproximar dele ofegante e assustada – de onde você é?

Peter demorou um tempo para responder, mas respondeu entredentes – Queens. 

Capitão soltou uma breve risada – Brooklyn. 

E então impulsionou-se para trás correndo em minha direção com seu escudo em mãos, antes mesmo que pudesse me explicar do porquê não estar seguindo suas ordens, ele passou direto, me lançando apenas um olhar rápido enquanto corria na direção oposta. Talvez aquilo fosse um sinal de que tinha a permissão de ajudar Peter, pois ele sabia como era ter amigos, talvez aquela ignorada fosse um sinal de que ele pensava que eu não era mais de seu time e então me juntaria ao Stark, não sabia dizer, mas descobriria assim que fizesse o que meu coração mandava. 

- Eu seguro e você sai – berrei para Peter parando o mais próximo possível de modo que conseguisse ter uma visão plana do que ele segurava.

- Não… Tá tudo bem. Você não deve me ajudar, sai…

- Cala essa boca – falei sentindo o calor emergir dentro de mim e a vista ficar mais clara mesmo em local aberto e ensolarado.

Obviamente ele se calou aceitando a ajuda já que estava imensamente pesado, ergui as mãos em sua direção criando uma espécie de teto plano acima de sua cabeça segurando o objeto pesado, mas eu sabia que ele ainda estava segurando o maior peso já que não estava tão pesado quanto imaginava. 

- No três! – berrei.

- Certo! – ele concordou.

- Um – ajeitei os pés no chão focalizando meu olhar no convés – dois… Três!

Peter soltou os braços lançando teia atrás de mim, em uma distância razoável, impulsionando seu corpo para frente enquanto sua teia lhe segurava em um carro pequeno que estava estacionado por ali. Segurei o grito por causa da força que fazia nos segundos em que ele saía, mas ele logo saiu e soltei o suporte transparente e brilhoso deixando o convés cair com toda força e exatidão no chão. O barulho fora tão alto que escutei Gavião perguntar no comunicador o que tinha acontecido, apenas me joguei no chão sentindo minha cabeça doer e um início de náusea, respirei fundo tentando fazer com que passasse logo. Fechei os olhos com força e assim que os abri vi Peter vindo em minha direção com os braços erguidos de modo que estivesse preparado para lançar a teia. Fiquei de pé de imediato apenas o fitando assustada, tinha acabado de salvar sua vida e não estava acreditando no fato de que ele me ameaçava com suas mãos em alerta pronto para me jogar sua teia grudenta.

- Você tá bem? – ele perguntou cada vez mais próximo. 

Dei alguns passos para trás me afastando – Acabei de te ajudar, não venha.

- O que? – ele perguntou abaixando as mãos. 

- Suas mãos são tipo armas pra mim, pensei que fosse me atacar com a teia. 

- Nunca faria isso – ele parou na minha frente. 

E então parei de me afastar – Você tá bem? 

- Não pensei que fosse te encontrar aqui – ele gesticulava com as mãos. 

Escutava alguém falar algo no comunicador, mas os ignorava por um momento – Nem eu. 

- Seu pai tá surtando. 

- Eu sei - sussurrei – pretendo ligar para ele. 

- Você deveria voltar pra casa. 

- Você sabe que não posso – falei apontando para o uniforme – gostei do novo traje. 

- Obrigado – ele abriu os braços parecendo entusiasmado – é incrível não é? Eu sei que…

Peter então paralisou olhando para cima da minha cabeça o que fez com que eu me virasse para trás bruscamente. 

- Puta merda!

Apenas escutei a voz de Peter atrás de mim enquanto observava Scott Lang, o Homem Formiga, crescer muito além do normal. Dei alguns passos para trás por impulso e então parei ao lado de Peter quem colocava as mãos na cabeça enquanto observava, assim como todos os outros, o Homem Formiga ficar, literalmente, gigante. Escutei sua risada entusiasmada e perplexa no comunicador e pude ver que ele havia pego o Homem de Ferro prateado pelos pés, como se fosse seu pequeno brinquedinho. 

- Acho que esse é o sinal – Capitão disse saindo de trás de um avião com Bucky.

Escutei a voz de Falcão mesmo sem localizá-lo – Mandou bem, tic tac! 

Ele tampou para a primeira direção em que viu o Homem de Ferro com a armadura prateada, Peter saiu de perto de mim correndo na direção em que o parceiro de time havia acabado de ser jogado, ele estava sem controle tentando tomar, literalmente, o controle de sua situação. Peter saltou lançando a teia na direção dele e, após virar um caminhão evitando que o prateado batesse em um avião, ele soltou a teia lançando outra de modo que pegasse carona com o homem que havia acabado de ajudar. 

Olhei para Capitão e Bucky quem começaram a correr na direção do avião, pude ver o homem de preto, o qual Capitão havia cumprimentado como Alteza inicialmente, pegar impulso e correr na direção de ambos, então, impulsivamente, corri na mesma direção com a expectativa de ajudá-los sem que o Homem Gato notasse. Ele travou uma batalha com Gavião assim que tentou passar e foi impedido por Lang quem ainda se mantinha gigantesco. Eu apenas corria e parecia cada vez mais distante a medida que, tecnicamente, deveria estar mais próxima. 

Um estrondo bem ao meu lado fez com que eu parasse de supetão e me curvasse assustada, sentia algo passar bem próximo à minha cabeça e logo percebi que era alguém, Tony Stark, enquanto duelava no ar com Falcão. Levantando minhas mãos criei uma espécie de barreira reta, como uma parede, na frente de Tony o que fez com que ele, sem entender, batesse bruscamente na parede invisível. Ele rodou para trás, mas logo conseguiu pegar o controle de sua armadura virando para me fitar, ele sabia que tinha sido eu, afinal, ele era Tony Stark um dos homens mais inteligentes dos Estados Unidos. Ele ergueu a mão em minha direção e quando me preparei para ativar o escudo, de modo que seu feixe de luz não me atingisse e me queimasse, Falcão retirou a atenção de Tony de mim para ele mesmo, jogou algo diretamente no capacete de Tony fazendo com que ele, mais uma vez, fosse para trás. 

- Sai daqui! – Falcão berrou e logo o obedeci sem pensar duas vezes. O homem gato já havia se soltado de Clint quem estava caído ao chão um pouco atordoado. Apressei meus passos correndo ainda mais rápido na direção de Capitão e Bucky enquanto passava ao lado dos destroços de caixas e carros que estavam espalhados em meio à tanta destruição no aeroporto. 

- Algo voou dentro de mim – escutei Lang falar pelo comunicador completamente assustado.

Talvez eu achasse engraçado em outra ocasião, mas, naquele momento, tudo o que eu conseguia fazer era correr. Uma calça jeans, o casaco com capuz e um tênis colorido eram meu traje, com os cabelos curtos voando na direção em que o vento batia, eu via Feiticeira também correndo na direção de ambos e então escutei como se fosse um avião passando por cima de minha cabeça, mas não era, era apenas o homem de capa e pele vermelha quem, com o cristal em sua cabeça, destruía uma das torres de comunicação do aeroporto. 

E então ela desmoronou na direção de Capitão e Bucky, impulsivamente ergui minhas mãos criando uma barreira entre os escombros da torre partida e destruída e Capitão e Bucky. No mesmo instante, travando completamente após passar Feiticeira e então me esforçar para não deixar a torre esmagar ambos, pude notar que a  luz fraca que minha barreira emanava, uma luz prateada, mesclava com uma luz vermelha e foi logo que entendi que não estava segurando a torre sozinha, mas que Feiticeira também estava se esforçando para não deixá-la cair. Lancei um rápido olhar para trás e ela apenas me lançou um olhar enquanto se curvava esforçada para segurar a torre. Tornei a olhar para frente enquanto recebia o olhar de Capitão e Bucky, juntamente com Wanda, e logo os via partir em uma velocidade ainda maior. 

Feiticeira foi a primeira a gritar e logo em seguida, em questão de milésimos de segundos, compreendi. O barulho sônico foi tão alto que senti meu interior estremecer tamanha a dor, cai de joelhos, involuntariamente, enquanto colocava as mãos, como espasmo, nos ouvidos para tampar tal barulho. Fechei os olhos com força enquanto via a torre cair rapidamente e Capitão e Bucky sumirem por completo onde uma nuvem enorme de poeira se formava e subia devido a destruição. Apoiei os cotovelos no chão me encolhendo em uma posição estranha, mas não me importava, o barulho realmente estava alto e me machucando já que minha audição é ainda mais exclusiva do que a de quem ouve cem por cento, por exemplo. Entredentes, não consegui segurar o grito e o soltei tentando abrir os olhos e vendo tudo turvo em minha frente. 

O barulho parou tão repentino quanto antes e senti meu corpo desmoronar por completo no chão. Tentava abrir os olhos, mas apenas os piscava diversas vezes e tão rápido que sentia meus olhos se revirarem. Sentia meu corpo estremecer por completo enquanto minha respiração quente e abafada incomodava em meu braço. Tentei levantar o corpo, mas sem sucesso algum me dando por vencida e deitando meu corpo no chão. Virei-me, com certa dificuldade, de barriga para cima enquanto abria os olhos, incomodada com a claridade, tentava olhar o céu azul com algumas nuvens e o Sol brilhando. 

- Ei… - Ouvi uma voz feminina e logo em seguida senti uma mão em meu ombro – você está bem? 

Olhei para o lado e dei de cara com Feiticeira Escarlate com um pequeno sorriso – Sim – foi tudo que consegui fazer sair. 

- Eles conseguiriam – ela sorriu me fitando – e eu não teria conseguido sem você. 

Apenas a fitei forçando um sorriso, meu coração estava acelerado e agora que estava voltando a enxergar menos turvo e minhas respiração estava voltando ao normal. Mas, mais uma vez, me assustei levantando o tronco quando escutei um baque enorme e senti o chão tremer todo à minha volta. Sentei-me sentindo minha cabeça doer e minha visão se normalizar e então me dei conta de que Homem Formiga estava ao chão com as pernas amarradas e Peter, por sua vez, voava próximo de nós em direção à algumas caixas de madeira empilhadas. A queda seria feia.

Fiquei de pé, rapidamente, sentindo minha visão rodar tudo ao meu redor e logo ignorei correndo na direção de Peter quem havia, naquele exato momento, batido violentamente nas caixas e quicado com seu corpo mole para alguns metros de distância. Tentava chegar o mais perto possível e quando tentei ativar o escudo à sua volta, de modo que ele não se machucasse ainda mais, ele parou ao chão sem se mexer. 

Meu coração saltou tão agitado que meu estômago embrulhou violentamente em seguida de modo que a náusea viesse ainda mais rápido. Ele estava caído ao chão com os braços esticados para o lado direito, e então travei como se não conseguisse mais prosseguir. E eu não conseguia. O fitava caído imóvel no chão e sentia minha garganta arder, sem conseguir controlar minha respiração ela começou a falhar e eu me xingava mentalmente por não conseguir me mover até Peter. 

Tony Stark aterrissou ao seu lado o observando por alguns segundos, seu capacete se abriu revelando seu rosto machucado e fechei os olhos sentindo o alívio percorrer meu corpo logo após ele puxar Peter pelo braço e ele reagir completamente assustado, como reflexo, batendo e empurrando os braços de Tony para longe de si. Escutava Stark perguntar se ele estava bem ao mesmo tempo em que Peter se debatia e falava para ele sair de cima com um tom de voz completamente assustado. Pude ouvir sua respiração pesada se acalmar enquanto ele parava de tentar atacar Stark quem o segurava pelos pulsos.

Observava cada movimento de ambos torcendo para que Tony não me visse tão perto e me atacasse, estava realmente com medo da possibilidade e, no instante em que ele se levantou, saindo de perto de Peter senti um frio percorrer por minha espinha já que nossos olhares se encontraram e ele apenas fechou seu capacete levantando voo para longe de ambos. 

- Ei, senhor Stark, espere! – Peter atraiu minha atenção enquanto gritava, o fitei com os joelhos e mãos no chão gritando Tony – não deu não! 

Ele abaixou a máscara, que até então não tinha notado estar levantada, e tentou levantar caindo de bunda logo em seguida. Ele jogou seu corpo para trás resmungando completamente ofegante: 

- Tudo bem. Já deu. Já deu. 

Ele virou seu rosto em minha direção largado ao chão, sua máscara mal colocada mostrava parte de seu pescoço e tudo o que fiz foi rir completamente aliviada por ele estar bem. Sentou-se ao me observar após alguns segundos, talvez tendo noção de que eu estava mesmo por perto, a princípio ficou em alerta, mas quando notou que eu não faria nada contra ele, se acalmou mais uma vez respirando fundo e levantando um pouco as pernas enquanto apoiava os cotovelos nos joelhos e normalizava sua respiração. Ele apoiou as mãos no chão se esforçando para se levantar. Corri em sua direção conseguindo me destravar de onde estava, ele então, agora de pé e um pouco fraco cerrou os punhos se arrastando até mim e antes que eu pudesse fazer qualquer coisa ele me abraçou. 

Não esperava tal reação de Peter, mas estava um tanto feliz por ele ter feito. O abracei passando os braços em volta de seu pescoço enquanto eu ficava na ponta dos pés de modo que conseguisse abraçá-lo sem problemas. Ele encostou seu rosto em meu pescoço enquanto apertava seus braços levemente em volta da minha cintura. 

- Sinto muito – ele sussurrou se soltando.

Segurei seus ombros o fitando – Você está bem? 

- Você viu isso? – ele apontou para o lado – você viu? Ele ficou enorme! Você viu? Diga que viu! Eu não tô maluco, tô?! Ele ficou…

- Peter… Relaxa, respira.

Ele gesticulava com as mãos – Você acha que o senhor Stark… Espera. Não deveríamos estar conversando, certo? Você vai me atingir? Não vou reagir, estou bem me mantendo nulo em relação…

- Peter – novamente o segurei pelos ombros – pare! Acabou. Respire. 

Ele então abaixou as mãos me fitando, dei um fraco sorriso o soltando e então levei minha mão ao seu rosto puxando a máscara para cima, ele hesitou estremecendo, mas sequer se moveu para me impedir. Ele estava com o rosto um pouco inchado e o nariz vermelho o que, de certo modo, me fez rir. 

- Você precisa dar noticias ao seu pai.

- Eu sei – balancei a cabeça o fitando com um sorriso – você tomou uma surra.

- Qual é! – ele franziu a testa tentando parecer irritado com o que eu havia acabado de dizer, mas o sorriso que ameaçava brotar em seus lábios diziam o contrário – Também bati muito. 

- Todo mundo estava se perguntando quem era você – sorria o fitando – você arrasou.

Peter estava prestes a me responder quando uma voz masculina berrou me ordenando para ficar parada, meu sorriso sumiu e apenas fitei Peter com os olhos arregalados, ele ergueu a mão para quem quer que fosse atrás de mim e então escutei barulho de arma sendo destravada. 

- Parado ai, garoto! 

Foi quando pela visão periférica pude ver um grupo de homens uniformizados e com armas em mão renderem Wanda quem se mantinha deitada no colo do Visão. Ele gesticulava com a mão esquerda erguida para os homens como se estivesse pedindo calma, mas logo voltei a minha realidade quando, novamente, a mesma voz de antes ordenou para que eu, em específico, levantasse as mãos: 

- Mãos pro alto, garota!

O obedeci lançando um olhar à Wanda quem estava sendo erguida brutalmente do chão. 

- Ei, cara, ela não fez nada – Peter argumentou em tom de reprovação – ela não merece ser presa ou qualquer coisa do tipo.

- Se afaste, garoto! – o mesmo homem gritou.

- Eu tô falando, ela…

O barulho de jato próximo à meu ouvido fez com que eu olhasse na direção e meu olhar encontrou o Homem de armadura prateada pousar ao lado de Peter, ele abriu o capacete o fitando enquanto repousava a mão em seu ombro.

- Ela ficará ok, garoto – ele sussurrou me lançando um olhar – deixe-a ir.

- O que? – ele perguntou confuso o fitando e virando-se em minha direção. 

- Agora, vire devagar! – o homem berrou atrás de mim.

O obedeci virando-me lentamente enquanto olhava para Peter quem me fitava com seus olhos castanhos. Com as mãos erguidas o obedecia enquanto me mantinha calma, desde quando tudo aquilo havia começado naquele momento eu estava, realmente, tranquila. Talvez por perceber que estava tudo bem com Peter e por nada ter nos afetado. Eu estava realmente bem, mesmo sabendo que as coisas piorariam a partir de agora.

- Se você tentar alguma coisa contra nós, não mediremos esforços para pará-la – o homem barbudo berrava com a arma enorme e pesada apontada em minha direção.

- Ela não fez nada – Peter gesticulava com o homem que o segurava pelo ombro, o homem por trás da armadura prateada – ela tem minha idade, cara. Ela não pode ir para cadeia, ela…

- Peter – o chamei virando o rosto em sua direção. 

- Você não tem o direito de fala – o homem berrou e logo em seguida ouvi passos.

- Eu ficarei bem. Eu sabia, desde o princípio, o que me esperava. 

- Do que você tá falando? – ele tentava se soltar do homem puxando seu ombro bruscamente.

- Te vejo em breve – sorri o fitando. 

E então uma ordem de me imobilizar com choque foi dada e meu corpo estremeceu por completo, fechei os olhos com força e a medida que meu ar se esvaía e meu corpo estremecia, eu desmaiei.