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História Civil War: Moon. - Cintilante.


Escrita por: Seola______

Notas do Autor


Amores, olá!
Primeiramente, desculpem a demora. Sei que é um saco aguardar atualização tão longa assim, mas venho fazendo meu melhor. As coisas andam muito complicadas para mim, pessoalmente mesmo, e eu gostaria de poder falar com vocês sobre, mas infelizmente não posso. Por isso toda essa demora.
Pra compensar, escrevi um capítulo grandinho e espero que curtam!
Prometo tentar postar o outro o mais rápido que conseguir, mas não posso prometer nada!
Amo vocês!
Beijos!

Capítulo 24 - Cintilante.


Tentei me soltar sentindo o calor emergir dentro de mim, o homem me puxou para perto de si de modo que passasse o braço em volta de meu pescoço o que, por uma fração de segundo, me deixou apavorada, mas eu sabia que aquilo só pioraria a situação e estar enxergando tudo ao meu redor mais claro apenas fazia com que eu me sentisse mais segura.

- Solta ela! – Peter berrou com a voz rouca.

Foi quando ergui meu olhar para Peter com um sorriso nos lábios, ele estava imóvel e pude perceber que afrouxou os dedos do lançador de teias quando percebeu minha feição, ele sabia que eu estava prestes a usar meus poderes porque me fitava nos olhos, estes que brilhavam como a Lua.

- Se eu fosse você, fechava os olhos.

Escutei a voz do homem perguntar, confuso, o que estava acontecendo. Peter desviou a atenção de mim quando percebeu que um segundo homem se aproximava, ele desviou jogando seu corpo para trás dando um mortal e ficando na sua pose de aranha em cima do parapeito que ele havia batido. O homem ergueu as mãos enluvadas para cima dele e antes que eu pudesse ver o fim daquela luta, fechei os olhos sentindo o poder emanar de meu corpo. Antes que eu pudesse ativar o escudo ou criar uma barreira prateada, teria que afastar o homem de mim por alguns segundos até que estivéssemos separados por meus poderes, pois caso não o fizesse o escudo expandiria para nós dois e este não era meu objetivo.

- Você vai ficar bem quietinha – ele sussurrou – e eu vou te levar para o Stark como um prêmio.

- Então você virou um capanga do Homem de Ferro? – provoquei.

- Não exatamente. E isso não é da sua conta.

Soltei uma fraca risada sentindo meu corpo ser puxado para trás bruscamente, prendi a respiração sentindo o incômodo do braço do homem em volta de meu pescoço, ele me apertava e não estava nada agradável. Olhei para Peter, ele desviava do outro cara, o qual nunca vi na vida, enquanto fazia piadinhas como se o conhecesse muito bem. Apesar de Peter estar concentrado no cara que tentava acerta-lo de todas as maneiras, podia perceber seu olhar em mim.

- Pena que não posso cortar seu pescoço aqui e agora – o homem sussurrou me causando arrepios.

Tentava enxergar o homem, não tinha visto-o desde que me agarrou ainda caída no chão, estava ficando com raiva, pelo menos o suficiente para desejar olhar nos olhos dele antes de fazer algo. Porém, antes que me desse conta, apenas escutei a voz de Peter mais próxima do que imaginava e então o barulho da teia grudenta fez com que minha atenção se virasse na direção em que estava antes, mas percebi que ele vinha por cima, pendurado em sua teia, como de costume.

- Eu falei pra largar ela.

Ele acertou o homem com os dois pés no exato instante em que forcei meu corpo para frente me soltando dele pelo breve segundo que necessitava. Apoiei minhas mãos no chão evitando que caísse e senti meu pulso machucado fisgar, porém o ignorei. Peter parou atrás de mim na sua posição de aranha enquanto apontava as mãos, com os dedos nos devidos lugares do lançador de teias, para o homem que me ameaçou enquanto eu, agora de pé, fitava fixamente o homem que o atacou. Tínhamos trocado de caras e percebi que não conhecia nenhum dos dois, nem mesmo por um segundo.

Ativei meu escudo ao nosso redor e senti a atmosfera ficar tensa o suficiente para que eu pudesse sorrir. Aquilo já havia deixado de ser, em grande parte, amedrontador, não vou negar que a adrenalina estava tão alta em meu corpo que eu sentia vontade de correr para cima do cara, que me fitava, e acabar com ele. Mas, primeiramente, minha mão machucada, e erguida em minha frente, sustentando o escudo invisível, fazia com que me lembrasse o quão ruim era em lutas marciais. Por mais que Peter tenha tentado me ensinar algumas coisas, falhei e a prova disso era minha mão machucada.

Lancei um rápido olhar para trás ao escutar um barulho de passos se arrastando, pensei que pudesse ser outra pessoa, mas era apenas Peter ajeitando seu corpo e ficando ereto, novamente. Ele encostou suas costas na minha e apenas sorri. Estávamos como naqueles filmes de ação onde os mocinhos encostam as costas antes de lutaram contra uma multidão.

- Você está preparada? – ele sussurrou com sua voz abafada por causa da máscara.

- Sim – respondi atenta ao homem que abaixava as mãos lentamente.

- Ei, babacas! – Peter berrou atrás de mim – eu, se fosse vocês, fechava os olhos.

Sorri ativando o brilho do escudo, nada ofuscante demais, apenas o suficiente para que eles tivessem que forçar a vista ou fechar os olhos devido ao incômodo. O homem a minha frente curvou o corpo para frente levando as mãos até seus olhos, ele resmungava algo em outra língua, mas não havia tempo para tentar decifrar o que ele falava. Desativei o escudo ao nosso redor e então corri na direção dele. Ouvi o barulho da teia de Peter e soube que ele estava cuidando do outro cara e resolvi focar toda minha atenção no homem que agora erguia seu corpo e, assustado ao me ver, levou sua mão por dentro de seu sobretudo, novamente, próximo à suas pernas. Antes que ele pudesse pegar algo, estiquei minhas mãos em sua direção dele modo que a luz prateada saísse das mesmas – exatamente como o propulsor do Homem de Ferro.

- Hoje não, amigo.

Pude ver um último olhar do homem antes dele sumir de minha vista e do topo do prédio. Apavorada, corri na direção da beira do mesmo e ergui minhas mãos na direção do homem que caía em direção ao solo em uma velocidade absurda. Sem pensar duas vezes meu escudo o protegeu mantendo-o no ar, de modo que ele não caísse e se espatifasse no chão. Lancei um breve olhar para trás pensando em pedir a ajuda de Peter, mas ele lutava contra o outro cara e não estava parecendo nada fácil.

Segurar aquele cara também não estava sendo nada fácil. Da vez em que usei meu escudo em Peter, quando ele foi jogado ao ar por Rhino, não pesou tanto quanto estava pesando naquele momento, parecia que eu estava segurando toneladas. A questão do peso, provavelmente se dava porque ele era três vezes maior e mais forte que Peter, além de ter sido pega completamente de surpresa com minha própria mira que nos colocou na atual situação, a qual nem eu sabia que era tão boa. Curvava meu corpo por cima do parapeito enquanto tentava, com ambas as mãos, mantê-lo dentro do meu escudo, afinal, não conseguia levá-lo, tranquilamente, até o chão, daquela altura. E, por mais que ele fosse um cara ridiculamente horrível, não merecia morrer. Sei que ele nos mataria na primeira oportunidade e sem hesitar, mas é isso que nos torna tão diferentes deles.

Cerrei os olhos com força enquanto esticava os dedos das mãos o máximo possível, como se isso fosse me ajudar em algo. Minha respiração estava ofegante e apenas a prendi quando vi o homem, dentro de meu escudo, erguer o olhar, com um sorriso em seus lábios, para mim. Meu coração acelerou e tudo o que eu conseguia fazer era olhar no cano da arma que ele apontava para cima sadicamente. Eu não sabia se a bala disparada ricochetearia dentro do escudo, se me atingiria ou se o quebraria. De qualquer maneira nenhuma das opções era viável e, muito menos, plausível para conversa. 

Foi quando escutei o barulho do gatilho e, sem pensar duas vezes, joguei meu corpo para frente. Logo senti o vento bater bruscamente em meu rosto a ponto de bagunçar meu cabelo com violência, mas não me importei para tal coisa. Meu coração estava a mil, afinal, eu estava me jogando de um edifício de diversos andares sem suporte e contando com a sorte de conseguir não só me salvar, mas também salvar o imbecil que segurava uma arma em mãos, e, naquele exato momento, se apavorava por perceber que eu estava indo em sua direção. Tentava manter o escudo de modo que ele não se movesse até que eu o alcançasse, mas estava, obviamente, difícil me manter em linha reta e, principalmente, manter os braços esticados em sua direção. Evitava pensar sobre o que estava fazendo da minha vida porque se o fizesse começaria a gritar.

A medida que me aproximava sentia o frio na barriga ficar ainda mais brutal, queria gritar para extravasar o medo, mas nem isso eu conseguia. Me forçava a respirar com o vento na cara enquanto eu caía de cabeça na direção do imbecil, provavelmente eu aparentava estar voando, mas na verdade eu estava em queda livre apenas contando com a sorte e meus poderes. Loucura. Muita loucura.

O atingi mais rápido que o esperado e consegui soltar o escudo a tempo de abraçá-lo como se fosse um amigo que não via há muito tempo, o que foi, certamente, algo muito sarcástico. Passei os braços em volta de seu corpo e então me arrepiei por completo ao ouvir o barulho do tiro perto de meu rosto e, sentindo uma dor na orelha esquerda, segurei o grito contraindo o maxilar, o que quer que fosse podia, muito bem, esperar, porque eu estava concentrada em não virar geleia no passeio junto com o imbecil que tentava se soltar de mim. Provavelmente o tiro tinha raspado em minha orelha que latejava e chiava, era como se um alto falante com problema estivesse ligado na minha orelha esquerda, estava insuportável. 

Caíamos em queda livre cada vez mais rápido enquanto o homem insistia em me empurrar para longe dele, mas eu insistia em segurar seus braços como se aquilo dependesse de nossas vidas, e ah! Ironicamente, dependia! Fechei os olhos sentindo a energia sair de meu corpo e assim que os abri percebi que estávamos próximos demais do chão para que ambos conseguíssemos fazer algo. Ele parou de se debater em meus braços e eu fiz o mesmo sentindo meu coração acelerar ainda mais, apenas fechei os olhos e então senti meu corpo ser jogado para o lado. Abri os braços mesmo soltando do homem enquanto rolava bruscamente pelo chão. 

Ok, tinha dado tudo certo e, em partes, eu estava aliviada. O impacto não havia sido nulo, talvez tenha sido mais brusco que eu poderia suportar se não fosse o traje novo, senti que ele se uniu a minha pele com uma espécie de camada confortável assim que caí no cimento. Abri os olhos sentindo algo molhado em meu rosto, mais especificamente na parte esquerda, o sangue escorria de minha orelha até meus lábios e então levei minha mão esquerda de modo que limpasse a bochecha suja de sangue, mas foi em vão porque apenas a sujei mais. Tentei me levantar e então olhei para minha mão, se antes havia quebrado apenas um osso, estava incerta do que tinha acontecido daquela vez. Não a sentia por completo, estava tudo dormente e eu temia ter quebrado mais alguma coisa, mas esperava que a dormência passasse logo. Ajoelhei-me no chão normalizando a respiração enquanto procurava o homem pelo local, olhava atenta para todos os cantos enquanto desejava que ele não tivesse fugido, não após tudo aquilo.

Na verdade, estando em uma situação como aquela, sendo uma criminosa, uma fugitiva, uma fora da lei e outras coisas que insistem em falar, talvez fosse melhor que os caras fugissem e nos deixassem seguirmos nossos caminhos em direção ao QG de Capitão. Não tínhamos voz alguma, imobilizar aqueles caras que nos atacaram não faria com que eles fossem presos ou algo parecido. E isso soava tão injusto que me deixava com raiva. 

- Luna!

Escutei a voz de Peter um pouco distante e olhei para o alto do prédio, em seguida escutei o barulho grudento e molhado de sua teia, fiquei de pé o fitando e pude vê-lo se aproximar rapidamente. Ainda ofegante o fitei por cima da máscara com os lábios secos, o sangue escorrendo e os cabelos bagunçados. Senti suas mãos em meu rosto: 

- Puta merda! Você tá bem? Do nada você tava lá em cima e… - ele tocou minha orelha esquerda o que fez com que eu me encolhesse um pouco – eu ouvi o tiro e foi quando virei pra te procurar e você não estava mais lá, eu nem…

- Pete – o interrompi sorrindo – estou bem.

- Merda! Eu não…

O abracei com certa força. Ainda estava receosa e então não fechei os olhos quando o fiz, escutei a respiração abafada dele por baixo da máscara e logo o soltei após avistar algo no canto da parede, praticamente na entrada de um beco, em uma parte realmente escura. Soltei-me de Peter e caminhando na direção do homem, tinha certeza que era ele.

- Luna, devíamos ir.

- Eu sei – respondi caminhando cautelosamente – eu preciso saber se ele está bem.

- Claro que está. Você o salvou.

Lancei um breve olhar para trás – O impacto foi grande, se não fosse o traje eu teria me machucado muito mais.

Andamos em silêncio até o homem que estava estirado ao chão com os braços esticados e as pernas abertas, parecia uma estrela e ri sozinha da minha analogia estúpida. O fitei desacordado no chão. A arma ainda estava entre seus dedos e ele mantinha o indicador no gatilho, porém com a mão completamente frouxa e aberta. Ele mantinha seu rosto virado para o lado e sangrava nos braços, pernas, onde a calça preta estava rasgada, e no pescoço. O impacto para ele tinha sido muito maior, como havia pensado. Abaixei-me em sua direção com os dois dedos levantados pronta para sentir seus batimentos quanto escutei a respiração de Peter mudar e eu sabia que alguma coisa não estava certa. 

De imediato, Peter me puxou pela cintura para trás e apenas o encarei enquanto sentia um vento próximo ao meu rosto. Olhei para a frente novamente dando de cara com ambas as mãos enormes e grossas do homem quem, rapidamente, havia se sentado e tentado me agarrar. 

- Obrigado sentido de aranha – Peter sussurrou em um tom de voz mais sério que o normal.

- Eu que o diga. 

Foi quando ergui um dos pés acertando um chute certeiro na lateral da cabeça do homem que caiu desmaiado novamente. Escondi o sorriso quando encarei Peter, não sabia qual era sua expressão por baixo da máscara, mas sequer tive tempo para descobrir. Novamente o símbolo da Lua em minha roupa tornou a brilhar e assim que o apertei Capitão apareceu como em um holograma.

- Luna? O que houve? 

Peter se colocou a minha frente grudado na parede. 

- Tivemos um imprevisto – olhei para o chão direcionando o holograma de modo que Capitão pudesse ver o homem.

Ele ficou um breve tempo em silêncio. Não observou por muito tempo, soltou um breve suspirou e coçou o queixo enquanto parecia pensar em algo, apenas nos disse: 

- Venham agora!

Assentimos em silêncio e então o holograma sumiu. Peter logo passou seu braço em volta de minha cintura e lançou sua teia no prédio. Fomos por um caminho mais longo de modo que evitássemos que fôssemos seguidos, nada além de precaução. Mas não demoramos para chegarmos ao QG, paramos no beco olhando para todos os lados e esperamos mais alguns minutos antes de entrarmos de vez, mas parecia tudo certo nos arredores e Peter tirou sua máscara assim que entramos. Ele me fitou com seus olhos castanhos e seu cabelo bagunçado, sua feição estava preocupada, mas ele mantinha o sorriso amigável no rosto a medida que me fitava.

- Deixa eu ver – ele pediu parando na primeira porta enquanto olhava mais de perto minha orelha – foi de raspão. 

- Tá muito feio? 

Ele balançou a cabeça negativamente.

- Arrancou pedaço?

Ele não respondeu. 

- Peter? – o chamei.

- Um pouquinho – ele fez o sinal com as mãos. 

- Sério? – levei a mão até minha orelha sentindo um vácuo na parte de cima.

A porta se abriu e então comecei a gargalhar. Estava realmente faltando um pedaço da minha orelha e eu podia sentir isso só de passar as pontas dos dedos. Meu coração tornou a acelerar e eu senti minha respiração falha, o que estava me deixando completamente apavorada naquele momento. Eu tinha perdido um pedaço da orelha. Um pedaço. Um pedaço da orelha. Eu estava apavorada. Histérica. E estava rindo por causa disso.

Merda. Talvez toda essa coisa de herói não fosse para mim. Acabei de passar uma situação absurdamente traumatizante, eu contei a sorte e acabei me dando bem. Porém sem um pedaço da orelha. Merda! O que eu tava fazendo ali? Sério que eu pensei que pudesse ser uma heroína? Que ia saber lidar em situações como aquela? Era só olhar para mim, naquele exato momento, que qualquer um saberia a burrice que foi Capitão ter me trazido para seu time, ter me tornado uma deles. Eu era uma fraca. Merda! Eu não queria desistir! Por que eu estava sendo tão fraca?

Apoiei minha mão na parede clara enquanto sentia minhas pernas ficarem bambas. Senti os braços de Peter me envolverem e logo o senti me levantar do chão, estava sendo carregada por ele naquele corredor que parecia não ter fim. Sentia tudo girar ao meu redor e estava tudo embaçado. Certamente a pior sensação que estava tendo há muito tempo. Meu estômago estava embrulhado, mas não era como se eu fosse vomitar. Não era. Apenas fechei os olhos ouvindo Peter chamar, desesperado, por Barbara.

Quando tornei a abrir os olhos já não estava mais no corredor, não usava meu uniforme branco, não estava mais nos braços de Peter. Estava na enfermaria improvisada com a camisola de bolinhas e apenas de roupas íntimas. Olhei para o lado e então observei Peter dormindo em uma cadeira marrom de ferro, ele estava encolhido em uma manta também marrom e seu rosto estava caído em cima de seu ombro, sorri ao ver seu bico e em como ele respirava tranquilamente adormecido. Por mais que eu quisesse não haviam palavras suficientes que fossem capazes de explicar o quão contente eu estava de acordar e vê-lo ali, ao meu lado. 

Um pouco confusa logo um flashback correu por minha mente de modo que eu me lembrasse de todo o ocorrido e de como desmaiei. Me perguntava o porquê de ter desmaiado, mas tinha uma breve ideia: porque me apavorei. E isso só fazia com que eu me questionasse, novamente, se eu realmente deveria estar no meio daquilo tudo, se eu tinha estômago e, principalmente, emocional para aguentar tudo o que estava acontecendo. Demorei para aceitar a ideia de que podia ajudar os outros com meus poderes e agora que pensava estar certa disso me sentia confusa. Mas me recusava a duvidar ou negar. Eu tinha que ser forte, não por mim, mas por todos aqueles que precisam. E serei. 

Fechei os olhos erguendo uma mão para minha orelha, senti o curativo grosso na ponta da mesma e então percebi que estava tomando soro na veia, encarei a agulha presa à um esparadrapo e então tornei a abaixar o braço fitando a bolsa pela metade. Honestamente me questionava se havia necessidade de tudo aquilo, mas a médica era Barbara e não eu. Olhei para a nova tala branca que envolvia toda minha mão, não era um gesso, mas estava pesado como. Antes a tala que envolvia apenas alguns dedos e o pulso agora deu lugar para uma nova tala que envolvia toda minha mão, deixando apenas as pontas dos dedos de fora, e o antebraço inteiro. 

Hesitei olhando Peter novamente. Ao mesmo tempo em que queria chamá-lo, não queria acordá-lo já que ele parecia dormir tão calmo. Algo que era difícil nos tempos atuais. Acabei permanecendo em silêncio, mas por pouco tempo, já que a enorme porta, a qual nos levava para a sala de reuniões, se abriu onde Capitão apareceu com uma roupa casual e sem sua máscara ou escudo. Ele trajava uma calça jeans clara, uma blusa preta de mangas curtas e um sapato marrom. Ele olhava para o chão com a feição visivelmente preocupada e parecia pensar em algo. Ele sequer me fitou, virou-se na direção da porta da sala de Barbara e antes que erguesse a mão para bater, o chamei.

- Cap! 

Ele se virou na minha direção com a mão erguida, dei um fraco sorriso e sentei-me na cama observando Peter se mexer, mas sem acordar. 

- Estava indo pedir informações sobre você – ele apontou para a porta atrás de si enquanto caminhava em minha direção – como se sente?

- Bem. – respondi dando de ombros, realmente me sentia bem.

- Ótimo. O que aconteceu? 

- Dois caras nos atacaram quando estávamos a caminho – respondi o fitando – não sei quem eram ou o que queriam, mas um deles disse que se pudesse nos matava.

- Eu me referia ao desmaio – ele colocou ambas as mãos nos bolsos da frente da calça parando ao meu lado na cama – mas vamos por partes. 

- Ei.

Ambos olhamos para Peter quem sussurrou um cumprimento, ele nos fitava sonolento e ainda encolhido, mas foi como se um clique tivesse acontecido em sua mente que ele esticou-se na cadeira deixando a manta de lado e vindo até mim.

- Como você tá?

- Estou bem – sorri o fitando.

- O que aconteceu? Em um momento você tava rindo e no outro você começou a ficar pálida e desmaiou – Peter debruçou-se ao meu lado na cama e então lançou um breve olhar para Capitão – Ei Cap, como vai?

Capitão apenas soltou uma risada – Vou chamar Barbara.

- Calma ai, cabeça de teia – sorri o fitando nos olhos – eu tô bem. Nem eu mesma sei o que houve.

- Você me assustou pra caramba! – ele levou sua mão quente até meu rosto.

- Você fez o mesmo comigo não tem muito tempo – sorri fechando os olhos ao sentir seu carinho.

- Não faça isso de novo – ele sussurrou.

Soltei uma risada anasalada abrindo os olhos – Tentarei.

Ele lançou um olhar para trás e fiz o mesmo encarando Capitão e Barbara quem coçava os olhos por baixo dos óculos de grau, ela assentia em silêncio para algo que Capitão falava sobre meus sinais vitais e outros testes que ela deveria fazer para se certificarem que estava, realmente, tudo bem.

- Eu realmente te beijaria agora – Peter sussurrou atraindo minha atenção novamente – mas não sei se é o momento certo pra isso. 

Sorri o fitando, segurei seu rosto com ambas as mãos e então selei nossos lábios em um beijo rápido, não tivemos muito tempo porque logo escutei barulho da porta se fechando e reconheci ser a porta de Barbara. Soltei-me de Peter e encarei Capitão quem sorria andando em nossa direção novamente. Sorri sem graça e Peter fez o mesmo tornando a se sentar na cadeira, mas confuso com o que deveria fazer, e mais sem graça do que eu, ficou de pé apontando para a porta enquanto pigarreava.

- Eu… Sei lá, vou beber uma água ou algo assim.

Capitão riu colocando a mão em seu ombro – Não precisa criança. Quero falar com os dois.

- Certo – ele balançou a cabeça positivamente. 

- Pedi que Barbara a verificasse mais uma vez, Luna. Seus sinais vitais, batimentos, pressão, estava tudo certo quando desmaiou. O traje possui um dispositivo que nos mostra isso, a única coisa que aconteceu foi que seu coração acelerou – ele respirou fundo me fitando com seus olhos azuis - por isso perguntei. 

O fitei em silêncio. Eu, honestamente, estava amedrontada de admitir que me apavorei e, talvez, esta seja a razão mais provável pela qual tenha desmaiado.

- Meu assunto aqui é com os dois – Capitão cruzou seus braços musculosos se sentando ao pé da cama enquanto alternava os olhares entre Peter e eu – não há um mísero momento que não me questiono sobre tê-los envolvido nisso… - ele fechou os olhos por um breve momento – sei que não os envolvi primeiro, porém estou mantendo-os nessa bagunça e isso faz com que eu me questione se realmente vale a pena fazer com que vocês percam a adolescência de vocês para lutar contra essa causa. – ele abriu os olhos após respirar fundo – e eu sei que vocês querem me dizer que sim, que vale a pena, pois os afeta e eu concordo. Por isso os quis no meu time, por isso contei com a ajuda de Natasha para te trazer, Luna, e não pensei duas vezes em lhe dar as boas-vindas, Homem-Aranha. 

Ele fez uma breve pausa, olhei para Peter quem o fitava sério e com os braços cruzados. Capitão tornou a falar:

- Mas esse pensamento de que há uma vida comum para vocês lá fora é falso porque vocês escolheram esse lado. Não estou falando dessa Guerra, estou falando de quem vocês são. Ambos possuem esses dons e escolheram ajudar pessoas, salvar vidas e mostrar que são diferentes. E é isso que os torna tão especiais – novamente ele tornou a nos fitar – seja Luna quem teve de conviver desde sempre com seus poderes, seja Peter quem se tornou o Homem-Aranha devido à uma picada. Vocês dois são adolescentes extraordinários que estão no meio disso tudo por uma escolha que fizeram, pela escolha certa, e, mais uma vez não estou falando sobre os lados existentes nesta Guerra Civil.

Novamente Capitão fez uma breve pausa respirando fundo, ele ficou de pé sem desviar os olhares de nós, e tornou a falar:

- Vocês são heróis. Arriscam suas vidas para o que é certo e agora mais ainda. Por isso preciso de vocês – ele nos fitava sério, porém vi um sorriso surgir em seu rosto – não é fácil. Momentos de desespero e pavor sempre existirão e posso dizer que Luna teve o seu primeiro, esta noite – ele me fitou balançando a cabeça positivamente – e foi apenas o primeiro de muitos, Luna, não vou mentir ou enganá-la. Essa vida faz com que nos perguntemos, muitas vezes, o que está acontecendo, mas o importante é a resposta que vem logo em seguida. Por isso pergunto à ambos: vocês estão certos de que é isso o que realmente querem? 

Peter respondeu – Sim, Capitão. 

Balancei a cabeça positivamente – Sim.

Capitão esboçou um sorriso e então caminhou em direção à porta com sua feição firme, mas antes de sair nos lançou um olhar confiante: 

- Excelente resposta Homem-Aranha e Cintilante.

Puxei o braço de Peter quando a porta se fechou, ele virou seu rosto para me fitar e então sorri: 

Cintilante gostei desse nome.


Notas Finais


Cintilante
adjetivo de dois gêneros
1.
que emite raios luminosos, coloridos ou não, em intervalos de tempo muito curtos.
"estrela c."
2.
que emite brilho faiscante.
"tecido c."

Espero que tenham gostado! Beijão!


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