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História Civilian - Giving Up On You


Escrita por: xxxumaico

Notas do Autor


Oi, gente!
Sei que as coisas ficaram meio aceleradas num ponto da narrativa da Belle nesse capítulo, mas é necessário, afinal, todos já assistimos à essa parte de TWD e eu não queria repetir todas as cenas, ficaria muito cansativo.
Espero que gostem.

Capítulo 7 - Giving Up On You


Fanfic / Fanfiction Civilian - Giving Up On You

Civilian — Giving Up On You

Isabelle Walsh

Dentre todas as manhãs cálidas que tive desde que chegara na fazenda, aquela me surpreendera por ser totalmente oposta a isso: a temperatura ia de ambiente para fria. Eu sentia meus olhos selados por algo que eu desconhecia, mas logo a dificuldade de abri-los fora cessada e eu consegui, então, visualizar todo o ambiente; não fora um sonho, eu estava realmente na barraca de Daryl Dixon. Seu braço, sobre meu pescoço, parecia estar prestes a me enforcar e ele dormia pesadamente. Notei que estava coberta com um tecido fino, mas Dixon permanecia nu.

– Daryl. – sussurrei próximo de seu rosto. – Daryl, acorde. – pedi e cutuquei seu braço.

O caipira dormia de maneira tão profunda que não demonstrou sequer um sinal de vida. Eu não queria acordá-lo, mas precisava voltar para a minha barraca enquanto ainda havia tempo, antes que alguém me visse sair dali. Determinada mas receosa acerca de sua reação caso ele acordasse, eu decidi tentar sair sem despertá-lo.

Girei meu corpo para o outro lado e toquei o chão com os pés. Ouvi-o balbuciar, mas continuei a tentar levantar; da forma mais suave possível, peguei seu braço e comecei a movê-lo para o lado, foi aí que os pesadelos mais obscuros de Daryl pareceram se manifestar e ele, num ímpeto, voltou seu punho contra o meu nariz.

– Ei! – eu resmunguei alto o suficiente para que ele pudesse acordar, embora o real motivo de seu despertamento talvez tivesse sido o impacto do golpe. – Bom dia para você também. – eu disse ao me sentar e pressionar meu nariz dolorido.

– O que você fez? – ele perguntou, confuso.

– O que eu fiz? – garanti-me de colocar o máximo de ironia em minhas palavras. – Eu só estava tentando sair. – levantei-me e passei a me vestir.

– Eu fiz isso? – Daryl apontou para mim e parecia cada vez desorientado. Eu peguei a espécie de cobertor que antes estava sobre o meu corpo e limpei o sangue presente em meu nariz.

– Até mais, Daryl. – arfei ao vestir minha jaqueta.

Eu saí da barraca e senti as primeiras sequelas por ter exagerado na bebida no dia anterior: estava tonta, minha cabeça doía e meu estômago revirava numa forte náusea. Eu nunca havia me sentido tão horrível, mas continuei a andar, afinal, não faltaria muito para que o acampamento todo estivesse acordado.

– Ei, Belle! – eu ouvi a voz de Rick chamar pelo meu nome e virei para trás. – Bom dia.

– Oi. – sorri da forma mais verdadeira que pude ao ver que ele estava cada vez mais próximo. – Bom dia.

– O que aconteceu aqui? – Grimes largou toda a lenha que carregava no chão e se aproximou de meu rosto. – Quem fez isso com você!? – ele tocou meu nariz e eu gemi baixo por conta da dor. Não era insuportável, mas incômoda.

– Ninguém. – eu menti enquanto ele avaliava meu novo ferimento. – Eu caí ontem à noite, é uma sorte não ter quebrado.

– Ontem? Isso parece bem recente.

– É, ontem… está sangrando agora porque eu mexi, sem querer. – tentei ao máximo não gaguejar, mas não fui cem por cento bem-sucedida.

– E por que é que saiu de onde o Daryl dorme? – Rick perguntou em um tom duvidoso.

– Porque… – eu iniciei minha resposta, porém, tive que pensar por alguns instantes antes de prosseguir. – Eu caí enquanto estava com ele. Eu pedi a ele para me ensinar a atirar já que meu tio não me deixou ir no treinamento ontem, mas eu caí no caminho e ele me ajudou na barraca. – expliquei desajeitadamente e Rick, com os olhos cerrados, assentiu. – Eu acabei caindo no sono lá mesmo e ele me acordou apenas agora.

– Certo. Bom, vamos voltar para ver isso direito. – Grimes passou o braço pelo meu pescoço enquanto seguíamos até o acampamento. – Boa sorte para explicar isso ao seu tio.

– Pode me ajudar a dobrá-lo?

– Isabelle, você já viu alguém dobrar Shane Walsh?

– Sim. – afirmei e despertei sua curiosidade.

– Quem? Estou ansioso para conhecer essa pessoa. – ele sorriu divertido.

– Pois já conhece. Está andando ao lado dela neste momento. – eu respondi e o quebrei a partir do meu tom convencido.

– Parece que seu tio não é a única pessoa a ser dobrada por você, certo?

O pensamento de Rick fora concretizado e eu respondi muitas perguntas de Shane em relação ao meu machucado. Nem em seus sonhos mais profundos ele poderia visualizar a imagem de Daryl socando o meu rosto ou ele o mataria com suas próprias mãos, então tratei de ser bem convincente com a história de ter caído enquanto Dixon me ensinava a atirar.

Tudo estava indo bem: Carol limpava meu ferimento enquanto Shane a observava e o resto do grupo comia o café da manhã constituído apenas por ovos mexidos. Eu virara o centro das atenções e, para atrair ainda mais olhares, bastou que a figura mal-humorada de Daryl chegasse até o acampamento e se agachasse ao meu lado. Apoiou-se na cadeira em que eu estava sentada e, atento aos movimentos de Peletier, senti que ele se preparava para falar.

– Posso falar com você? – Dixon perguntou em um sussurro.

– Sim. – concordei prontamente. Qualquer chance de descobrir mais sobre Daryl era preciosa para mim. – Obrigada, Carol. – eu impedi que ela continuasse a mexer em meu rosto e sorri como forma de agradecimento, obtendo um ato semelhante como resposta. Levantei-me com a ajuda de Peletier e segui com Daryl em direção à casa dos Greene.

– Belle? – Shane chamou, como se procurasse uma explicação para aquilo.

– Eu já volto, tio. – garanti e continuei a andar ao lado de Dixon.

Ao alcançarmos uma distância suficientemente segura do restante dos ouvidos do grupo, eu e Daryl paramos de andar. Ele se posicionou ao meu lado para que não nos olhássemos, mas eu fui para a sua frente a fim de manter contato visual:

– Pode dizer.

– Eu… – Daryl iniciou sua frase mas, com os olhos fixos em suas mãos calejadas, ele não conseguiu continuar. – Eu queria pedir desculpas por ter te machucado.

Eu não soube o que responder ou como reagir àquela imagem de um Daryl como eu nunca havia o visto antes: disposto a ceder. Ele finalmente voltou seu olhar para mim e, assim, pude notar que havia culpa ali. Senti-me sensibilizada à perdoá-lo, inclusive por saber que Dixon poderia estar seriamente perturbado para ter um pesadelo tão realístico quanto aquele.

– Está tudo bem. – eu afirmei e dei um passo à frente, ficando próxima o suficiente do caipira para que nossos corpos quase se colassem. – Apenas me prometa que não vai bater em ninguém de novo.

– Certo. – ele concordou e meneou a cabeça.

– Certo. – repeti e me afastei dele. – Tchau, Daryl.

Eu segui de volta para o acampamento o mais rápido que meu ferimento no abdome permitiu. Elena e eu nos sentamos e comemos enquanto eu ignorava os pedidos desesperados de explicação por parte de Shane. Rick e Lori conversavam isoladamente e pareciam preocupados, mas decidi não encará-los e tentar ser o menos inconveniente possível porque de inconveniente já bastava o dia: o grupo estava aflito por conta da descoberta de que o celeiro estava cheio de walkers. Aparentemente, Hershel considerava os mortos-vivos como pessoas doentes e não como monstros, e mantinha-os presos no celeiro.

Eu e Elena soávamos como as deslocadas dentre o grupo inteiro. Todos ali tinham a sua família ou seus amigos, mas a nossa família dentro do acampamento se mostrou ser também excluída: nem todos tinham simpatia por Shane. Eu comecei a sentir o peso de carregar o sobrenome Walsh quando meu tio se descontrolou diante das regras impostas pelo dono da fazenda Greene, abriu o celeiro e provocou os walkers que saíram de maneira descontrolada, fazendo com que não fosse deixada outra opção para o grupo exceto a de matar todos eles.

Eu nunca havia visto meu tio tão enfurecido quanto naquele episódio e pude compreender o real motivo de a maioria das pessoas ali o quererem longe. Senti-me horrível por vê-lo gritar com todos, impor ordens e dizer coisas cruéis, como sugerir que parassem de procurar por Sophia. Como nunca havia acontecido antes, senti que Elena talvez não estivesse tão segura quanto imaginei ao lado de Shane. Tive medo de meu próprio tio, o meu sangue. Talvez o fim do mundo realmente tivesse transformado as pessoas, ou apenas mostrado quem elas verdadeiramente são. E, mesmo que as declarações de Walsh acerca da filha de Carol fossem maldosas, ele estava certo: Sophia era um dos walkers do celeiro e, pela primeira vez, Daryl mostrara sinais de humanidade ao consolar Carol. Eu pude perceber que havia um laço entre eles.

O desaparecimento de Hershel por conta do episódio do celeiro casou frenesi no grupo, levando Rick e Glenn para a cidade com o objetivo de procurar por ele; sua filha mais nova, Beth, havia entrado em estado de choque. Eu estava muito ocupada tentando acompanhar o ritmo do acampamento, enquanto Maggie, Lori e Carol me guiavam, mesmo que a partir das tarefas domésticas. Eu ansiava por começar a sair e ajudar em outros tipos de trabalho, mas não podia me arriscar por não estar totalmente curada e tinha Elena para cuidar, mesmo que dentro da fazenda. Ela e Carl estavam construindo uma amizade, então fiquei feliz por ao menos minha irmã poder se sentir em algo parecido com um lar – ela era muito nova para entender que os problemas com Shane iam muito mais além do que o fato de que nosso tio estava bravo no momento.

A barreira de isolamento da casa dos Greene havia sido quebrada com a saída de Hershel, afinal, Maggie precisava de ajuda para cuidar da irmã caçula. Eu e uma parte do grupo estávamos no quarto dela e procurávamos maneiras de ajudá-la, mas o problema talvez só fosse resolvido com o retorno de seu pai. Enquanto eu e os outros demonstrávamos uma preocupação quase palpável, eu percebi que Lori estava aflita por algum outro motivo, então, fui até ela:

– Está tudo bem?

– Pode tomar conta do Carl para mim? – pediu ela, tirando seus olhos da janela do quarto. – Eu já volto.

– Ei, ei. – eu toquei seu ombro, impedindo-a de sair. – Vai fazer o quê?

– Eu vou tentar falar com Daryl. – disse Grimes, já perto da porta. – Beth precisa do pai dela e Daryl é o único que pode ir atrás deles.

– Eu vou com você. – voluntariei-me prontamente, fazendo com que Lori sorrisse de canto. – Posso te ajudar a convencê-lo.

– Certo, vamos. – Lori pegou a minha mão.

Pedimos à Andrea para que ela ficasse de olho nas crianças enquanto íamos até Daryl, que estava realmente longe do restante do acampamento. Daryl estava entalhando alguma parte de uma árvore e desenvolvia um objetivo que se parecia como uma lança. Eu e Lori nos entreolhamos, como se, naquele contato ocular, decidíssemos quem falaria com o arqueiro primeiro.

– Então, a Beth parece estar em um choque catatônico. – Lori agachou-se próximo de Dixon. – Precisamos do Hershel.

– Sim, e daí? – ele continuou concentrado em sua atividade anterior.

– Daí que preciso que você corra até a cidade e o traga com o Rick de volta. – explicou e, mesmo que pacientemente, não obteve resposta. – Daryl?

– O velho foi dar um rolê. Se quiser, vá você mesma buscá-lo… tenho coisa melhor para fazer.

– Qual o problema com você? Por que está sendo tão egoísta? – perguntou Lori, sem ao menos me dar a chance de rebater o caipira.

– Egoísta? – Daryl levantou-se rapidamente. – Eu procurei por aquela garotinha todo o dia. Levei um tiro e uma flechada fazendo isso, não me diga que eu não sujo minhas mãos! – ele levantou seu tom de voz. – Você quer aqueles dois idiotas? Faça uma boa viagem. Eu cansei de procurar por pessoas. – Dixon se sentou novamente e Lori estava preparada para sair, mas eu interferi:

– Sabe, eu acho que você quer que as pessoas te odeiem. – eu me agachei ao seu lado. Lori continuou ali, esperando por mim. – E está tudo bem, então você não precisa ser grosseiro, não precisa se esforçar porque as pessoas já te odeiam.

– Que bom que você não me odeia, certo? – Daryl largou os objetos no mato e se levantou novamente. – É por isso que a trouxe aqui? – ele perguntou, olhando para Lori. – A gente trepou uma vez e você acha que ela me convence de alguma coisa? Vai nessa, magrela.

Lori passou a mão pelas minhas costas e me ajudou a levantar. Ela notou como eu fiquei sem reação após ser golpeada pelas palavras bruscas de Dixon; naquele momento, eu desisti dele. Eu desisti dele e nada me faria voltar atrás com a minha decisão exceto ele mesmo. Todo o meu empenho em descobri-lo, pedaço por pedaço, foi ao lixo. Eu percebi que significava tão pouco para ele a ponto de nem sequer merecer o seu respeito, então decidi destratá-lo e seguir meu próprio método: ignorar sua existência.

– Então, vamos mesmo fazer isso? – eu perguntei enquanto Lori analisava o mapa.

– Sim, vamos. – ela respondeu ainda com os olhos no papel.

– Eu dirijo.

– Você dirige? Sem chance. – Grimes sorriu divertida e eu esperei por sua explicação. – Você ainda é uma menina aos meus olhos e precisa se recuperar. Dê-me as chaves.

Eu sorri com sua observação e lhe joguei as chaves do carro de Maggie. Entramos no veículo e ela deu partida, determinada a encontrar seu marido, embora o objetivo principal da viagem fosse o de trazer Hershel para a fazenda. Desde que chegara ao lar dos Greene estivera curiosa para questionar Lori acerca de seu relacionamento com meu tio, mas sentia apenas que não éramos íntimas o suficiente para tal conversa. Embora tivesse esse pensamento em mente, eu e Lori criamos um diálogo sobre uma base nostálgica: relembramos as reuniões em família e as vezes em que saímos juntos; eu, Shane, meus pais, Rick e ela.

Eu estava tão distraída durante minha conversa com Grimes que não percebi quando um walker apareceu no meio da estrada, posso dizer que o mesmo acontecera com ela. Eu me segurei contra o banco assim que ouvi o vidro do carro sendo quebrado pelo zumbi, mas os gritos de Lori ainda eram mais altos enquanto capotávamos. Senti meu ferimento – que cicatrizava, mesmo que lentamente – abrir aos poucos quando apoiei meus braços na parte superior do banco e gritei por conta da dor, parecia ser ainda maior do que quando a lâmina cortou a minha pele. Eu somente tenho a lembrança da sensação de alívio quando o veículo parou, mas jurei que a dor que me consumia fora capaz de chegar até meus olhos e fazê-los se fecharem.



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