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História Clichê - Capítulo 6


Escrita por: fuckjergui

Notas do Autor


Hey girls da minha vida? Como vocês estão? Sei que eu disse que não postaria toda sexta mas como esse capítulo já estava pronto e estou terminando o próximo, achei que não teria problema postar de uma vez. Vou tentar manter toda sexta, e se não der eu solto quando tiver o capítulo pronto. Espero que gostem, porque eu amei escrever esse capítulo...

Capítulo 6 - Capítulo 6


            O dia estava cansativo, era uma quarta-feira na cidade de Nova York e tudo que eu queria era só minha cama, ficar de bobeira o dia inteiro me entupindo de coisas gostosas e gordurosas. O escritório estava em um clima meio tenso após um cliente sair transtornado com o andamento de seu caso chegando a bater à porta assim que saiu, uma grande dor de cabeça que poderia sim ter sido evitada se ele mesmo não tivesse se estressado tanto a ponto de cometer insanidades dentro da própria empresa, chegando a agredir um funcionário que agora iria depor contra ele no tribunal, além de processá-lo por agressão.

            Minha cabeça latejava, meu café já tinha terminado e o tempo passava para resolver os problemas, protocolar os documentos e terminar de fazer as petições. Chamei em meu escritório Emma, que era a minha estagiária do último período e já tinha a rapidez que eu precisava para me ajudar, era uma menina muito inteligente e estava no escritório há quase 3 anos faltando pouco para advogar junto comigo e Dinah.

            Minha amiga e eu esperávamos que ela aceitasse nossa oferta para ser a primeira advogada contratada que não fosse eu e Dinah, iria ter um salário justo assim como nós. Emma se destacava demais principalmente com suas notas e seu desempenho excepcional, sendo muita das vezes ela a ajuda dos estagiários por nós, quando minha amiga e eu não estamos disponíveis para atender todas as dúvidas deles.

            --- Emma, eu preciso demais que você faça essas petições para mim, são bem urgentes, o prazo de prescrição é para hoje e eu sinceramente estou surtando, mas eu já comecei só preciso que coloque um pouco das jurisprudências e a lei, coloquei nessas anotações do lado com os casos que você pode adicionar, esse primeiro principalmente – eu falava mostrando e anotando tudo que ela deveria fazer, assim como ela que fazia o mesmo em sua pequena agenda – Eu não sei se você consegue terminar isso hoje mas eu precisava demais protocolar isso até meia noite, eu pago 50 dólares a hora que você passar a mais no escritório para isso.

            Minha voz era suplicante e cansada, mesmo tentando me controlar ao máximo estava sendo complicado, o nível de estresse que eu havia chegado estava sendo demais até para mim, assim como o clima no escritório que não ajudava em nada. Eu queria minha cama e um cafuné até dormir e que esse sono durasse até o final de semana onde eu não precisasse mais trabalhar.

            --- Camila, por favor não precisa disso tudo, eu consigo terminar acho que a tempo de ir embora, ainda faltam algumas horas e eu já fiz dezenas de petições como esta, relaxa tá bom? – A menina falava na maior tranquilidade, conseguindo diminuir um pouco da tensão que eu sentia. – Daqui a pouco eu venho te mostrar para ver se estar tudo certo e jogar no sistema.

            --- Você está me ajudando muito, Emma. Muito obrigada mesmo...

            Ela saiu de minha sala seguindo para sua mesa com a pasta que continha todos os documentos e arquivos. Eu não estava rendendo nem um pouco e ainda tinha mais uma reunião com um novo cliente para o escritório, precisava me recompor um pouco antes de mandá-lo entrar. Depois de já ter ido ao banheiro, bebido um copo d’água e puxado uma longa lufada de ar, pedi para que o senhor com a idade beirando os 50 anos entrasse.

            Era um caso bem normal, o senhor gostaria apenas de regularizar a situação quanto a tributação já que estava sendo feita uma execução judicial para que ele pagasse tudo, o problema era que tinham mais de 15 anos em que não eram feitos os pagamentos dos impostos para o governo. Depois de 3 horas conversando e anotando tudo, me despedi do novo cliente marcando uma outra reunião em duas semanas com ele e o contador, para que todos os detalhes de cada dívida cobrada sejam realmente de forma justa.

            O escritório já estava vazio, nem mesmo Dinah estava ali já que passou a tarde no tribunal, mas ela iria voltar para deixar umas pastas e encontrar comigo para sairmos juntas com a Normani por ser a nossa quarta do rodízio, onde a gente escolhia um tipo de comida e depois o restaurante que tinha um rodízio e comíamos de nos acabar nele. E tínhamos escolhidos às quartas por ser o dia mais sem nada da semana, não era nem perto do final de semana, nem longe do início, era exatamente no meio da semana onde nada fazia sentido então porque não esse dia?

Voltando à minha sala observei que em cima da mesa de Emma estava a cópia impressa da petição que havia pedido e ficaria depois de dar uma olhada rápida. Nem consegui agradecer ou me despedir dela já que a reunião demorou muito mais do que estava planejado. A petição estava impecável como todas as outras que ela tinha feito, por tudo que eu li mesmo não sendo na íntegra eu não havia achado parte alguma que estivesse errada, desconexa ou em que a lei e a jurisprudência foi usada de forma errada, e para completar junto da cópia na primeira página tinha um clipe onde estava escrito um simples bilhete:

            “Espero que esteja tudo certo, já está no sistema, qualquer coisa a gente junta uma petição para modificar ;) – Emma”

            Sorri com a simplicidade da menina em ainda deixar um bilhete para caso estivesse com algum problema que ela mesmo iria ajeitar, sua pró-atividade foi essencial para que a contratássemos.

Mal tinha me jogado em cima de minha cadeira quando ouvir o irritante barulho de meu celular e fui atendê-lo achando que seria Dinah me enganando ao ouvir a voz rouca e suave de Lauren do outro lado da linha.

            --- Hey hey girl, está ocupada?

            Nesse mesmo momento eu ouvi baterem na porta da frente do escritório, tive reunir todas as forças para levantar da cadeira e não simplesmente ignorar a porta já que não tinha ninguém que pudesse abrir a porta para mim naquele momento.

            --- Hey girl! Só um pouquinho, acabaram de bater aqui na porta, mas já estamos fechados, espero que não seja mais um cliente... – falei baixo suspirando por não querer atender a porta.

            --- Talvez não seja nada, vou te esperar na linha enquanto você atende aí – pude sentir um quê de diversão em sua voz que eu acabei ignorando enquanto destrancava a porta.

            Ao abrir eu esperava qualquer pessoa, desde o Sr. Evans que já havia encerrado o caso na semana passada, até os pais de Dinah que sempre gostam de vir aqui de vez em quando, mesmo que sempre avisem antes. Só que a surpresa foi ver Lauren, em pé com uma calça preta um pouco rasgada, uma blusa preta lisa e uma jaqueta jeans, em uma de suas mãos estava segurando o suporte com aparentemente dois cafés e uma rosa branca, enquanto a outra estava em seu ouvido segurando seu celular já que estava dou outro lado da linha. O sorriso em seu rosto era a coisa mais linda que eu já havia visto, sua boca estava vermelha assim como a ponta de seu nariz que eu apostava ser do frio. Não era possível ser tão linda com tão poucos detalhes, mas que já faziam meu coração disparar.

            --- Oi... Espero não ser um cliente chato como o anterior.

            A menina dos olhos verdes disse enquanto desligava seu celular e o guardava no bolso detrás da calça.

            --- Se você é um cliente chato eu não sei, mas que é a cliente mais linda que já entrou nesse escritório eu não posso negar.

            Não me aguentei a puxando pelo casaco para dentro e deixando um longo beijo em seus lábios perfeitos, o peso todo do dia foi se esvaindo enquanto a tinha naquele momento, sua mão livre pousava em minha cintura mantendo-me perto de seu corpo enquanto deixava um carinho por cima da minha blusa social.

            --- Como você sabia que eu trabalhava aqui? – Perguntei assim que separei nossos lábios.

            --- Ah, eu não sabia até passar em frente daqui, daí falei para mim mesma “por que não fazer uma visitinha para Camz?”, aqui perto tem um Starbucks e te trouxe um café, e bem... – na hora de mostrar a rosa branca seu rosto atingiu uma tonalidade avermelhada – Comprei essa rosa também para você...

            Assim que Lauren me entregou a rosa foi quase instintivo a levar em direção em meu nariz sentindo o aroma perfumado, era perfeito. Peguei também o café e tomei um gole, eu estava muito feliz por finalmente tomar meu sagrado café já que meu tempo foi zero para fazer mais durante a parte da tarde.

            --- Você é perfeita, sabia? – Disse contra seus lábios a sentindo sorrir pouco antes de a beijar mais uma vez. – Agora vem, vou te mostrar meu escritório.

            Mostrei primeiro a recepção que tinha dois sofás grandes assim como uma mesa pequena para o atendimento, onde não ficava muita coisa, só uma agenda com os contatos dos clientes, os horários de reunião e um pequeno telefone. Mostrei rapidamente uma pequena cozinha que eu tinha feito para principalmente os estagiários que traziam comida de casa, tinha micro-ondas, cafeteira, uma pia, frigobar e um filtro de água.

            --- Essa cozinha tem mais coisa que a minha – Lauren brincou mexendo nos armários enquanto bebia um gole do seu café. – Onde é sua sala?

            --- Vem! – Peguei em sua mão a puxando em direção ao corredor que dava a minha sala e a de Dinah, parei rapidamente só para mostrar a sala em que os estagiários ficavam, 4 mesas, cada uma com duas telas para ajudar a visualizar o processo enquanto usava a outra para escrever. – Aqui são as mesas dos estagiários, essa primeira porta aqui é da sala da Dinah e essa é a minha sala.

            Empurrei a porta que estava um pouco encostada para mostrar a sala espaçosa e uma pouco bagunçada, na verdade minha mesa estava uma zona de guerra, meu computador tinha a página do último atendimento aberto, aquilo não era o cenário ideal que previa para apresentar minha sala a Lauren. Enquanto eu ia juntando os documentos e os guardando vi Lauren reparar em cada detalhe, parecia encantada com a parede atrás de minha cadeira que era toda cheia de livros de cima a baixo, mesmo que a maioria, se não todos, eram jurídicos. Tentei não demorar muito e guardando tudo organizado dentro da primeira gaveta para depois ver tudo com mais calma e me encostei na beirada na mesa admirando a menina dos olhos esperando ela terminar de analisar tudo que tinha ali.

            A sala em si não era a das maiores, mas bem ampla. Na hora de decorar tentei optar um pouco por deixar o tom escuro da madeira nos móveis, a estante com meus livros era bem grande mas bem distribuída, de forma que na parte debaixo servisse como uma pequena cômoda para guardar outros objetos dentro além dos livros, ao lado de minha mesa na parte da direita tinha um grande armário embutido que ia do teto ao chão eu colocava os documentos além de todos os processos já arquivados, eu havia deixado até uma roupa reserva para casos de emergência já que como eu sempre fui um desastre acabava sujando as roupas e se eu precisasse ir ao tribunal não tinha como ir com a roupa suja.

            De frente para minha mesa tinha uma grande janela que dava vista para o Central Park sendo muita das vezes calmante olhar para aquele lugar, aquela mansidão de verde era capaz de me deixar menos estressada durante meu dia, assim como a morena de olhos verdes bem na minha frente que tinha decidido folhear um livro sobre direito penal. Depois de analisá-lo Lauren olhou para mim por cima do livro dando um sorriso de lado enquanto o fechava e guardava de volta em seu lugar.

            --- Você podia me ensinar um pouco de direito penal, hein? – Lauren chegou mais perto me deixando entre ela e a mesa enquanto tirava uma mecha de meu cabelo o colocando atrás da minha orelha.

            --- Não está pensando em matar ninguém, né? – Puxei ela um pouco mais perto deixando sua boca a poucos centímetros da minha. – Eu não sou criminalista mas acho que consigo te dar uma aula sobre sim, se me disser o porquê.

            --- Só uma experiência para o próximo livro que eu quero escrever, acho que vou colocar um ar mais de detetive dessa vez. Se me ajudar eu prometo recompensar muito bem.

            Naquele momento a tensão no escritório já estava palpável, Lauren intercalava seu olhar entre meus olhos e meus lábios, a nossa respiração já se misturava e a mão dela fazendo carinho na minha cintura fazia com que meu corpo estivesse aos poucos se incendiando. Nossos olhos se encaravam tão profundamente que eu sentia a briga ali sendo travada, quem iria desviar primeiro o olhar? No final nenhuma cedia. Lauren chegou mais perto a cada minuto até juntar nossos lábios e como forma de provocação ela passou lentamente a ponta de sua língua no meu lábio inferior sendo o suficiente para eu não aguentar mais e simplesmente enfiar minhas mãos em seus cabelos sedosos beijando aqueles lábios tão macios e carnudos.

            As mãos de Lauren foram um pouco hesitantes enquanto desciam em direção a minha bunda, como se esperasse uma confirmação se poderia tê-las ali, sendo assim, mordi seu lábio inferior como forma de provocação e senti suas mãos apertarem onde ela estava tão hesitante, e soltei uma lufada de ar quando o fez. Nossas línguas estavam numa guerra por espaço e prazer, era um beijo tão gostoso que minhas pernas bambeavam e se eu não estivesse sóbria colocaria a culpa no álcool por sua cabeça girar. Ela deixava mordidas no meu lábio inferior e como uma forma de amenizar aquele pequeno momento de dor, mas que era completamente prazeroso, Lauren beijava ternamente sem deixar toda sua malícia de lado.        

            Sentia meu corpo pegando fogo a cada beijo, não aguentei e fui tirando meu blazer sem quebrar o contato com seus lábios, deixando apenas minha blusa social que ainda era um grande incômodo para meu calor. Minhas mãos se enfiaram dentro do casaco de Lauren arrancando a jaqueta jeans que ela vestia, buscando maior contato com sua pele. Eu não era a única desesperada pelo toque, já que a escritora desabotoou os botões mais embaixo na minha blusa, enfiando suas mãos ali dentro e fazendo com que eu reagisse imediatamente com o roçar de suas unhas pequenas em minha barriga e logo depois nas minhas costas. Não estava mais pensando em nada no momento, só no quanto estava fervendo e queria retirar peça por peça desesperadamente.

            --- Se eu soubesse o quão sexy você ficava, eu teria vindo ontem também – Lauren falava com sua voz mais rouca que o normal que deixou todos os pelos de meu braço arrepiados.

            --- Bom saber que gosta, Jauregui. Só para constar, me visto assim de segunda a sexta... e suas visitas são muito mais que bem-vindas – sussurrei a última parte arrastando o máximo que conseguia da minha voz e bem baixo em seu ouvido mordendo o lóbulo assim que terminei.

            A menina suspirou bem baixo, levando suas mãos um pouco mais abaixo de minha bunda, parando em minha coxa e me levantando para sentar em cima de minha mesa. Não pensei duas vezes antes de abraçar a cintura de Lauren com minhas pernas a puxando para o mais perto tendo um leve roçar, o beijo foi quebrado apenas para ela olhar em meus olhos, segundos suficientes para que aqueles malditos olhos verdes me desestruturassem.

            Quando nossos lábios travaram novamente uma briga eu coloquei minhas mãos dentro da blusa preta arranhando toda a extensão de suas costas, o gemido entrecortado durante um beijo e outro me incentivou ainda mais a continuar. Senti sua boca, já inchada por todos os beijos, descer em direção ao meu pescoço onde eram deixados longos beijos, voltando para minha boca novamente me fazendo arfar com a pegada que Lauren havia dado me puxando agora para seu colo e andando até o pequeno sofá na parede livre. Senti minhas costas encontrarem com o estofado e o corpo de Lauren sendo colocado em cima do meu, mas não completamente, nossos lábios haviam se separado e eu percebi seus olhos com um pouco de hesitação, já que ela me olhava pedindo silenciosamente a permissão para desabotoar o resto dos botões de minha camisa social.

            Não pensei muito, só assenti enquanto mordia meu lábio inferior, ela passou seu polegar nos meus lábios contornando-os e o desceu mudando para o indicador que passou pelo meu pescoço até o primeiro botão da camisa que ela desabotoou com destreza, fez isso com os dois primeiros antes de voltar a atacar meus lábios com todo o fervor, uma mão segurava em minha nuca prendendo os meus fios cabelos firmemente os puxando, enquanto a outra descia desabotoando os dois restantes, bem vagarosamente, como se fizesse em forma de provocação. E assim que terminou antes de antes de ela pensar em pedir permissão novamente, só peguei sua mão e levei direto ao meu seio que ela apertou mesmo que em cima do sutiã, me fazendo arfar no mesmo momento.

            --- Lauren... – eu gemi quando ela apertou novamente meu seio enquanto seu joelho pressionava meu centro – Por Deus... não para...

            Estávamos tão alheias a tudo que eu esqueci completamente dos meus compromissos já marcados, assim como Dinah chegaria ali a qualquer instante com Normani e que eu ainda tinha trabalho a fazer, mas meu cérebro simplesmente colocou todas essas coisas em segundo plano enquanto só queria desfrutar do momento com Lauren, com aquela boca macia e extremamente vermelha depois dos beijos, todos os toques e sensações.

            --- Chancho, pronta para escolher... – ouvir a voz de Dinah entrando na minha sala foi o suficiente para eu empurrar Lauren que foi mais rápida que eu se levantando e tentando se distanciar fingindo que nada demais estava acontecendo. – Oh meu... Você ia transar no escritório? Lauren você deve ser uma deusa mesmo.

            --- Dinah! – Gritei enquanto tentava fechar desesperadamente os botões de minha blusa e vi Lauren tentando se endireitar. – Saí! Depois a gente conversa... Anda!

            --- Ok casal, vou te esperar aqui fora.

            Meu rosto estava fervendo e a menina dos olhos verdes não estavam diferentes, por ser muito branca o contraste com sua pele branca a deixava adorável, levantei indo até ela ajudando ajeitar seus cabelos já rebeldes mais bagunçados que o normal, passando a mão na blusa tentando tirar um pouco do amassado dela. Enquanto isso, ela trabalhava no processo contrário de minutos atrás, agora estava abotoando novamente e corretamente os botões de minha camisa, ajeitando meu cabelo e assim que nos arrumamos deixei um beijinho na ponta de seu nariz.

            --- Desculpa por isso, eu esqueci que ela viria para cá hoje depois das audiências.

            --- Não precisa se desculpar. Acho melhor a gente ir, antes de ela voltar a nos procurar de novo...

            Lauren segurou em minha mão e me deixou a conduzir até a sala de Dinah que estava sentada no sofá junto com Normani. Parei na porta com Lauren me abraçando por trás esperando Dinah começar a decidir o novo rodízio dessa semana.

            --- E eu achando que seria a única que transaria no escritório... – Normani deu um tapa em minha amiga enquanto ela ficava extremamente vermelha e envergonhada – Você ainda quer continuar com a programação normal ou terminar o que começaram agora pouco?

            Minha amiga insinuou apontando para mim e Lauren, com sua sobrancelha arqueada e um sorriso de lado brotando no rosto.

            --- Meu Deus, Dinah! Hoje você está impossível! – Minha voz saiu um tom acima do que eu esperava, por conta de toda a vergonha que eu estava sentindo – Se vocês esperarem 10 minutinhos eu vou dar um jeito de terminar o trabalho ali e se todas quiserem podemos ir lá para casa, pedimos comida de lá. – Disse me aconchegando em Lauren que parecia um pouco desconfortável – Você vai também, né?

            Esperei ansiosa para que Lauren aceitasse, queria passar um tempo com ela hoje, e sabia que as meninas ficariam ansiosas para isso também já que pelo que eu havia percebido, as duas eram fãs dos livros dela.

            --- Não sei, Camz. É um momento seu com suas amigas, não quero me meter...

            --- Não vai estar se metendo, é um convite. Vai ser bom para eu não ser mais uma vela para essas duas – disse virando de frente para a menina de olhos verdes e fazendo carinho em sua bochecha, e com a toda a manha que eu reuni, fiz igual o gato de botas piscando meus olhos lentamente e implorando. – Por favor...

            --- Como te negar alguma coisa com esse dengo todo? Tudo bem, eu vou...

            --- Então vem que eu ainda tenho um resto de trabalho a fazer antes de irmos.

            --- Mila, eu posso te ajudar, estou livre.

            E assim Dinah pegou comigo um processo que tinha que ser lançado no sistema e um trabalho que eu demoraria 1 hora para fazer o dela e o que estava comigo, demorou apenas 30 minutos, que eu e ela fizemos dois processos diferentes cada uma.

            Lauren estava sentada na cadeira em frente à minha, onde costumam sentar os clientes, eu digitava incessantemente não deixando de hora ou outra a observar escrever em um pequeno caderno, que estava no bolso de sua jaqueta, algumas anotações que eu iria perguntar depois sobre o que eram, já que ela estava tão compenetrada no que escrevia. Assim que terminei, desliguei o computador, guardei o documento na pasta e fui até a menina na minha frente a abraçando por trás, deixando um demorado beijo em sua bochecha.

            --- Posso saber o que tanto escreve aí?

            --- São só ideias e frases que eu posso usar no futuro para o meu livro. Já terminou?

            --- Sim. Vem, eu já estou com fome e pelo que conheço das meninas devem estar mais do que eu.

            Entrelacei a minha mão com a de Lauren saindo do escritório, passando apenas para chamar Dinah e Normani. Havia conversado com todas enquanto descíamos no elevador eu era a única com carro já que todas decidiram ser saudáveis e virem andando para o escritório, enquanto eu além de ter me atrasado, não quis sair na rua com o frio que estava para andar todo o trajeto até meu trabalho.

            O trajeto foi tranquilo, eu dirigi enquanto as meninas conversavam sobre a nova turnê do James Arthur que estava para passar em Nova York no próximo mês, eu estava pensando em ir no show só que sem muita certeza ainda. Dinah havia comentado que levaria Mani em uma surpresa de aniversário de namoro, não faltavam muito para que os ingressos se esgotassem, e a incerteza me incentivava comprar um para mim e Lauren, mesmo sendo completamente premeditado com aquele início da relação que me deixava muitas vezes sem saber o que fazer.

            Lauren era especial, isso era um fato, ninguém até o momento havia conseguido alcançar as barreiras que eu tinha criado em meu coração em tão pouco tempo como ela havia feito, só que as inseguranças de relações passadas não me deixavam seguir em frente. Cada minuto do meu dia não saía de minha mente que ela não poderia ser real, não podia ser coincidência que depois de bater minha cabeça simplesmente uma pessoa completamente perfeita e fodidamente linda aparecesse como se tivesse saído de um livro de história dos mais clichês ou de um filme da Disney.

Em minha casa as meninas nem se acanharam, já entraram se jogando no grande sofá e ligando a televisão. Lauren por outro lado não sabia muito o que fazer, me seguia tentando observar tudo mas ao mesmo tempo não encarar demais, ela tinha as bochechas um pouco rosadas como se estivesse com vergonha de estar ali e eu só queria apertar a garota. Luna veio em nossa direção correndo desesperada por atenção e carinho, veio tão rápido com suas patas tão pequenas que não conseguiu desacelerar tropeçando no pé da morena ao meu lado. Com toda a calma do mundo e no meio de risadas ela pegou minha cadelinha no colo que se animou tentando lamber a mão que ela fazia carinho em sua cabeça, mais uma vez com Lauren conquistando tudo ao meu redor. Minha cadela estava rendida aos carinhos, nem mesmo reclamava para descer ou sequer prestou atenção em mim que era a dona dela.

Assim que foi deixada novamente no chão Luna choramingou e só assim pareceu perceber que eu existia indo até minha perna pedindo o carinho que eu já sabia que era o que estava com fome.

--- Camz, onde eu posso lavar minha mão? Luna babou ela toda – o sorriso de canto, Deus como aguentar?

--- Vem na cozinha, vou colocar comida para ela e pode lavar lá mesmo.

Não tardou para ouvir uma gritaria, tinha acabado de encher o pote de ração e o de água para minha cadela e Dinah berrou da sala como se a distância entre a cozinha e o outro cômodo fosse de mais de 100 metros, sendo que na verdade um era grudado no outro.

--- A gente vai comer o que? Pelo amor de Deus, vem logo pedir, piranhas!

            --- Tem algum pedido, Laur? Você é a convidada especial. – Pisquei enquanto a puxava para sala arrumando um espaço no sofá para nós duas, mesmo que eu ficasse um pouco imprensada tendo que jogar uma de minhas pernas por cima das de Lauren que não reclamou, pelo contrário pousou a mão ali fazendo um leve carinho em minha coxa perto do joelho.

            --- Vocês gostam de comida italiana? Tem um restaurante maravilhoso que eu sempre peço lá.

            --- Desde que não seja pizza... Essa casa daqui a pouco vai virar um pizzaria de tanto que Camila pede.

            Lauren apenas riu levemente entrelaçando nossas mãos e perguntou:

            --- Você tem vinho aqui, Camz? Se não tiver eu posso ir comprar algum, rapidinho.

            --- Precisa não, Laur. Tenho umas garrafas na minha mini adega. Só me diz, tinto ou branco?

            E como uníssono todas escolheram vinho tinto, que eu não tardei a levantar do sofá e ir até a mini adega que ficava no canto direito da minha sala, ao lado do hack com a televisão. Mani pegou as taças enquanto eu vi Lauren perguntar Dinah a preferência por comida, logo em seguida a morena ligando para uma tal de Philipo.

            Apesar de não entender metade dos pratos que Lauren falava no telefone com um sotaque italiano perfeito, ela havia explicado que pediu dois tipos diferentes de macarrão e dois molhos que viriam acompanhando.

            --- Além de escritora também é fluente em italiano, Lauren? – Mani perguntou.

            --- Parlo un po 'di italiano, sì, bem, falo só um pouquinho de italiano, eu viajei para lá quando mais nova. Nada demais...

E assim, mais uma vez acabei descobrindo um pouco sobre a menina dos olhos verdes que me intrigava cada vez mais.

Servi para cada uma o vinho que tinha escolhido, logo depois voltando ao sofá permitindo me aconchegar nos braços de Lauren que havia me puxado para mais perto deixando um beijo em meus cabelos.

            --- Não deixou outro chupão no pescoço dessa menina não, né vampira? – Dinah brincou enquanto bebericava seu vinho como se não tivesse falado nada. – O último deu um trabalhão para esconder e nem deu muito certo, pelo que Camila disse...

            --- Como assim? O que rolou?

            --- Só os pais, a avó e a irmã da Camila que viram no almoço de domingo. – Mani comentou casualmente, parece que o convívio com DJ tinha afetado até mesmo ela.

            --- Oh deus...

            A morena escondeu seu rosto no meu pescoço e eu tinha certeza que ele estaria pegando fogo. Eu seu muito bem porque foi assim que senti quando meus pais viram o estrago em meu pescoço. Bem abafado eu consegui ouvir um: “desculpa, Camz” que só me fez rir assim como as meninas na minha frente que não se contentaram e tinham que zoar a menina.

            --- Hey, girl! – Chamei sua atenção para tentar tirar sua cara de meu pescoço um segundo e acabou dando certo, já que ela me olhou com os olhinhos verdes piscando os grandes cílios, parecia uma criança totalmente acanhada. – Laur, relaxa não foi nada demais...

            --- Nada demais vírgula, Mila – meu senhor eu ia precisar dar um tapa na Normani.

            Assim que olhei para minhas amigas elas entenderam imediatamente que não era para comentar ainda sobre o convite dos meus pais para o almoço do próximo domingo, que eu sinceramente ainda nem sabia como iria abordar com ela sobre.

            --- Seus pais brigaram? Prometo que nunca mais deixo marca... pelo menos não a vista do mundo – a última parte ela murmurou quase como se fosse para si mesma, mas eu ouvi perfeitamente, não contendo um sorriso malicioso com aquela declaração.

            --- Está tudo bem, Lo. Fica tranquila que eles não implicaram tanto não.

            Depois de secarmos uma garrafa de vinho as perguntas que as meninas estavam com tanta vergonha de fazer, vieram à tona.

            --- Lauren, por que você é tão cruel no seu livro? Fiquei o tempo inteiro esperando um final feliz e só fui tombada por você.

            --- Quem disse que aquele foi o final?

            E lá se foi meu impecável tapete que eu teria que mandar lava depois de Dinah literalmente cuspir todo o vinho que ela estava bebendo, tudo por conta do suposto novo livro que Lauren escrevia, será que era desse que ela precisava de ajuda com a parte criminal?

            --- Peraí, você quer dizer que aquele final, não é o final? Oh meu Deus então quer dizer que ela tá...

            --- AMOR! Você disse que não ia contar o final até eu ler...

            DJ era totalmente rendida pela Mani, a forma que ela ficou triste por ter quase sem querer ter contado o final do livro chegava a ser cômico por conta de todo arrependimento estampado em seus olhos. Minha sócia pedia desculpas enquanto a namorada tinha um bico indicando o quão emburrada tinha ficado com toda a situação.

            --- Ainda estou escrevendo, mas aquele não é o final, então podem esperar que ano que vem devo lançar.

            --- Eu ainda nem sei do que esse livro se trata, aliás, quando você vai me dar uma cópia autografada, hein olhos verdes?

            O sorriso de Lauren iluminou seus olhos e ela não tardou a me dar um demorado selinho, aparentemente havia gostado do novo apelido e eu sinceramente gostava ainda mais por aqueles olhos serem as coisas mais lindas que já vi em toda minha vida.

            --- Resumindo, são duas meninas que se apaixonam na faculdade mas uma descobre que tem um problema cardíaco que precisa de transplante. O livro se passa nessa descoberta do amor das duas e a busca do novo coração para a menina.

            --- Eu acho que eu nem li e já é minha história favorita, Laur.

            Ver os olhos da mulher na minha frente toda apaixonada contando sobre sua história enchia qualquer um de inspiração só por toda a felicidade que ela transmitia em seu jeito de falar, como se seu livro fosse um filho que só a enchesse de orgulho e Lauren seria a mãe coruja que fala para todos como se fosse a criança mais importante de todo o mundo, e bem, para ela seria.

            --- Vai ser a primeira a receber uma cópia...

            O interfone tocou e eu nunca vi Normani saltar do sofá tão rápido para atende-lo, finalmente a massa, que a menina que estava comigo, havia chegado, para salvar todas de um rombo que estava prestes a abrir a cada segundo que não chegava. Eu fui na frente pegando minha carteira e esperando o entregador, Lauren vinha na minha cola com seu cartão em mãos, mas eu não a deixaria pagar, não dessa vez.

            Consegui ouvir o leve som do elevador abrindo e logo se fechando sendo o tempo exato para o entregador tocar a campainha e eu abrir a porta.

            Com simpatia e a cordialidade sempre presente conversei com o entregador pegando os dois sacos bem grandes de papel que vinha a logo do restaurante Vecchio Sogno.

            --- Quem vai pagar? – O entregador disse encarando eu e Lauren com os cartões estendidos, seu olhar sobre a menina de olhos verdes demorou um pouco mais que o normal me deixando levemente desconfortável e entrando na frente dela, bloqueando a visão que ele tinha através do espaço vago na porta.

            --- Eu! – Disse junto com a morena que tornou a aparecer no campo de visão e mais uma vez deixando o menino com cara de bobo.

            --- Você não vai pagar nada, minha casa, minhas regras. Você é visita então só leva isso para dentro – entreguei as sacolas que estava em minhas mãos.

            --- Mas Camz, eu dei a ideia, não precisa se preocupar. Eu pago...

            Seu olhar persuasivo era golpe baixo, não poderia deixar me abalar por dois lindos, maravilhosos e irritantes olhos verdes. Desviei o olhar apenas para beijar sua bochecha e a virar em direção a cozinha.

            --- Vai logo, deixa que essa eu pago. Pega mais um vinho também, por favor?

            Não deixei de acompanhar Lauren saindo da entrada e caminhando em direção a cozinha, não contive o olhar que dei para a bunda dela apesar da vontade maior ter sido dar um tapa. Tinha que ser tão gostosa assim?

            --- Débito ou crédito? – Fui despertada do transe pelo entregador.

            --- Débito, por favor.

            Não demorei ali, coloquei a senha, peguei meu cartão e recibo indo logo em seguida para sala que estava já com tudo arrumado. Dinah já estava preparando seu prato, Mani estava a esperando como se estivesse uma fila, enquanto isso dava goles em seu vinho. Senti um braço passar entre minha cintura me puxando para mais perto, relaxei sorrindo com o braço de Lauren ao meu redor enquanto o outro me oferecia uma taça de vinho que eu aceitei já a bebendo.

            --- Sabe o que é melhor que vinho?

            Neguei enquanto me virava para encará-la.

            --- Seu beijo com gosto de vinho...

            Foi o suficiente para eu me aproximar com um sorriso, passando meus braços ao redor de seu pescoço a trazendo para mais perto. Olhei dentro de seus olhos antes de morder e puxar seu lábio inferior, suas mãos apertaram a carne de minha cintura me puxando para mais perto como se fosse possível. Suspirei ao sentir sua língua entrar em contato com a minha, a sensação de reconhecimento, mesmo com as poucas vezes que já havíamos nos beijado, mas ao mesmo tempo uma sensação de excitação como se fosse a primeira vez.

            --- Mila, assim... seu quarto está a menos de 10 passos de distância, relaxa que eu a Mani colocamos a TV mais alta e nem vamos ligar.

            Mais uma vez Dinah atrapalhou, ao invés de ver uma irritação na escritora eu a vi rindo enquanto pegava minha mão e me colocava no sofá arrumando um prato bem grande de um macarrão que era um pouco mais achatado e um molho branco que estava com um cheiro perfeito, fazendo minha barriga roncar.

            Lauren se sentou no braço do sofá, virada de frente para mim, quando eu pensei em levantar para arrumar meu prato ela só puxou meu rosto me fazendo virar e ficara cara a cara com ela, com o prato de macarrão exalando um dos cheiros mais gostosos do mundo bem embaixo do meu nariz.

            --- Fecha os olhos e abre a boca. – A menina minha frente disse e eu nem pensei duas vezes antes de fazê-lo.

            Assim que senti o macarrão com o molho em minha boca gemi em total satisfação pela maravilha que estavam me dando, era sem dúvidas o melhor macarrão que já comi em toda minha vida sem sombra de dúvidas, e eu espero que minha mãe e a abuelita nunca escutem isso.

            --- Esse é o Fettuccine com molho Alfredo, é um nome estranho, mas é creme de leite, parmesão e manteiga. Por isso fica tão cremoso e gostoso, é meu prato favorito deles. – Ela se serviu fazendo a mesma cara de satisfação que eu havia feito agora pouco. – Eu espero que vocês gostem da pedida, escolhi os dois molhos que são mais universais por assim dizer...

            --- Está mais que perfeito – Mani disse com dificuldade enquanto já colocava mais uma garfada na boca de um macarrão que parecia um tubinho, Penne. E o molho era vermelho, chutava que fosse ao sugo já que Lauren decidiu se manter no tradicional.

            --- Como a gente não conhecia esse lugar antes? É como se Deus tivesse pegado um pouquinho da comida do céu e viesse através daquele entregador nos mandar essa perfeição. – Dinah estava genuinamente feliz enquanto finalmente podia encher sua barriga que era a que roncava mais alto ali.

            Enquanto elas se maravilhavam com a comida, eu me maravilhava com a Lauren fazendo questão de dividir o prato comigo. A cada garfada era um suspiro com o sabor extremamente delicioso, eu sorria para ela e ela para mim. Aquilo era um momento tão singelo, um gesto tão bobo mas que eu havia gostado.

            --- Por que você nunca me deu comida assim, DJ?

            --- Porque você tem mão, ué...

            Não precisei nem me virar para saber que logo viria o tapa bem estalado no braço de minha sócia, que sinceramente tinha merecido por ele.

            Depois de terminar aquele prato, veio outro com o macarrão Penne e o molho ao sugo com manjericão que estava igualmente perfeito. Entre garfadas de comida e goles no vinho, nós quatro havíamos acabado com toda a refeição e secado três garrafas de vinho tinto, que já começava a surtir os efeitos em nós de uma leve embriaguez.

            Dessa vez arrumei para minhas amigas o quarto de hóspedes, que era o local menos utilizado daquela casa, mas não menos bonito e prático, já que havia uma cama de casal e ao mesmo tempo, eu o tinha como meu escritório com as prateleiras bem arrumadas e uma mesa para computador que pousava apenas meu notebook.

            Voltei à sala observando Lauren bebendo o resto de vinho em sua taça e mexendo no celular, seu cenho estava um pouco franzido parecia preocupada com algo. Assim que sentei no sofá a puxei para junto de mim, beijando seus cabelos e passando meus dedos em seu cenho fazendo uma leve pressão para que ela relaxasse aquela área.

            --- Está tudo bem?

            --- Mais ou menos, acabei de saber um problema na empresa e só estou um pouco desnorteada ainda.

            Agora foi a hora que eu franzi meu cenho, a escritora nunca disse que trabalhava em uma empresa.

            --- Você quer falar sobre, Lo? Posso tentar te ajudar em alguma coisa?

            --- Oh... Não precisa se preocupar, Camz. É que fizeram a tiragem errada do livro que íamos lançar esse mês e vou precisar adiar toda a turnê que o Suzanne ia fazer para lançar o último livro da trilogia. Já estou vendo a dor de cabeça que vai ser...

            Ela suspirou e se permitiu relaxar em meus braços enquanto eu fazia um carinho em seus cabelos.

            --- Suzanne que você diz não é a Collins não né? A autora de Jogos Vorazes?

            --- Ela mesma, por que?

            --- Oh meu deus... Você trabalha para a Suzanne Collins?

            --- Assim, na verdade ela que trabalha para mim, já que sou eu quem publico os livros dela.

            Minha cabeça mais uma vez embolou toda e eu estava confusa, e parece que Lauren percebendo minha confusão se virou para me encarar.

            --- Acho que eu não te contei, né? – Minha cara gritava um “contou o quê?” sem nem mesmo eu precisar abrir minha boca para isso. – Eu sou dona de uma editora, a Pathernos. Foi assim que eu conheci a Ally, fizemos administração juntas em Harvard, enquanto ela seguiu para o lado da confeitaria, eu segui para os livros que eram a minha paixão. Eu tinha um dinheiro guardado e fiz um empréstimo para conseguir montar tudo. E bem... hoje é uma grande editora por assim dizer.

            Aquele sorriso de lado, um pouco sem graça mas feliz de toda sua realização foi o suficiente para eu desatar toda a cara de confusa e sorrir orgulhosa para ela.

            --- Você tem o livro novo do Jogos Vorazes que se passa 64 anos antes da revolução e nunca me disse nada?

            --- Eu... não sabia que você era fã...

            Não aguentei, avancei sobre ela, a fofura daquela menina era a coisa mais perfeita desse mundo, ela riu assim como eu quando colamos nossos lábios. Dessa vez nenhuma profundou o beijo, só curtimos o toque macio dos lábios uma da outra. Ela separou voltando repetidas vezes em diversos selinhos que eu não conseguia deixar de escapar um sorriso nos meus lábios.

             --- Eu preciso de um livro autografado, um não, dois. Minha irmã é fã também.

            --- Vou ver o que eu consigo pra você...

            A risada dela era genuína, quando ela descansou de novo em meu peito, toda a preocupação tinha se esvaído e ela parecia até mais leve. Nossas mãos se entrelaçaram e ficamos ali, por um tempo no silêncio, observando o contraste entre a nossa cor de pele. Enquanto eu tinha uma pele mais morena por conta de toda a herança cubana, Lauren era absurdamente branca, era como se a própria branca de neve tivesse saído dos contos de fadas.

            --- Camz, está ficando tarde. Acho que vou indo nessa...

            Por um momento de total impulso eu passei minhas pernas ao redor da cintura de Lauren a agarrando como um bebê coala agarra a mãe. Minha cabeça estava escondida em seu pescoço sentindo o cheiro do perfume dela. Não queria que ela fosse embora estava tão boa a companhia dela ali, eu queria conversar sobre tanta coisa, descobrir mais um pouco daquela menina que já estava indo para minha casa com menos de uma semana de conhecido, mas que eu simplesmente não queria que fosse diferente.

            --- Fica...

            --- Pedindo assim não vou conseguir ir embora...

            --- É para não ir mesmo. Dorme aqui, só dorme. Amanhã cedo você vai para casa, já está tarde para você ficar pegando Uber sozinha.

            Acho que a convenci porque sua mão que estava prestes a tirar minha perna de cima dela pousou para deixar leves carinhos. Ela buscou um pouco de ar com se estivesse pensando no que fazer a seguir e soltou lentamente, se mostrando completamente rendida.

            --- Tudo bem, mas vou precisar de tomar um banho, eu tô fedida.

            --- De acordo com meu nariz, que estava no seu pescoço há 2 segundos atrás, você não está fedida mesmo, mas vem te empresto uma toalha e umas roupas.

            Percebi que Lauren era uma grande observadora de tudo, como se cada detalhe de cada lugar fosse a coisa mais esplêndida e verdadeiramente nova de se observar. Ela deu a volta em minha cama observando o livro que estava no criado-mudo, não era nada muito surpreendente, apenar o livro Harry Potter e o Enigma do Príncipe, que era o meu favorito e comecei a reler há uns dias atrás.

            Assim que a porta do banheiro foi fechada, ouvi os passos agitados de Luna pela primeira vez desde que chegamos indo direto ao encontro da porta. Quando minha cadela me viu sentada na cama parece que seu cérebro não assimilou a informação porque para ela a única pessoa que tomava banho naquele banheiro era eu, então se a porta tinha sido fechada e eu não estava tomando banho como ela achava, quem estaria em meu lugar?

            Luna levantou a pata para tocar no local que ela já sabia que era proibido e parou no meio do caminho com a patinha levantada, no momento que viu minha cara fechada para aquele ato. Como num passe de mágica minha cadela correu em direção a mim com meio palmo de língua para fora toda animada querendo brincar, já que percebeu que realmente não era eu no banho.

            Fiquei brincando com ela um pouco, fiz carinho atrás de sua orelha que ela amava e em sua barriga, minha cadela pegou em sua caminha seu brinquedo favorito para me mostrar e acabava brincando sozinha com ele, mordendo, empurrando com o nariz. A felicidade era tamanha que eu não sabia de onde tirava tanta energia para se manter.

            Fui até a cozinha pegando um copo de água e enchendo o potinho de Luna que estava quase vazio, sua comida ainda estava pela metade então não me preocupei em repor, só o faria no outro dia antes de sair para a empresa.

            Voltando ao quarto eu fui procurar no meu guarda-roupa um pijama confortável e assim que achei segui em direção ao banheiro que ficava na sala para trocar de roupa. Era um pijama improvisado, mas um dos meus favoritos, a blusa grande demais dos Yankees toda branca com listras finas em azul escuro com o NY do lado esquerdo, e um short curto folgadinho que era quase completamente tampado pela blusa. Voltando ao quarto me bateu uma forte onda de completa insegurança, e se eu estivesse forçando Lauren a ficar mais um pouco ali? E se tudo ali parecesse rápido demais, o que realmente era mas tanto eu quanto ela não estivéssemos prontas ou certas disso.

            Todas os pensamentos ficaram para trás no momento que Lauren saiu pela porta do banheiro vestindo um short de pijama e minha blusa do Red Hot Chilli Peppers, que assim como a minha tinha ficado um pouco grande em mim chegando até metade do short, seu cabelo preto estava preto em um coque frouxo e uns fios que haviam molhado grudavam em sua nuca. Simplesmente a mulher mais linda que eu já havia visto em todo o mundo.

            --- Você pode deixar que eu vou levar para casa e lavar tudo isso depois.

            Revirei os olhos a puxando para perto, a distância entre nós agora era mínima, nossas pernas se encostavam, pele na pele, minha mão em sua cintura a segurava para ela não fugir e nossos olhos se encaravam, uma pequena batalha, verde e castanho, esperando apenas para ver quem desistiria primeiro e desviaria o olhar.

            --- É para isso que eu tenho máquina de lavar, para lavar as roupas. Ah não ser que queira ficar com minha blusa, que sinceramente ficou perfeita em você, é até um desperdício ficar guardada aqui nas minhas coisas.

            --- Acho que ela deve combinar mais com você... Mas o que eu tenho certeza que ficaria perfeito é minha camiseta do Miami Heat, melhor time, desculpa.

            --- Vamos combinar, Yankees para baseball, Miami Heat para Basquete, fechado?

            Lauren fingiu pensar e apertou minha mão que eu havia estendido no pequeno espaço que havia ainda entre nossos corpos.

            --- Tudo bem – seu bocejo foi o suficiente para que eu também bocejasse e a puxasse para minha cama.

            Lauren se aproximou um pouco receosa, estava estampada toda a timidez em seu rosto que antes era branco e agora atingia uma coloração avermelhada. Ela se deitou de barriga para cima e eu me aconcheguei colocando minha cabeça em seu ombro o usando como travesseiro.

            ---Vamos lá, me conta mais sobre esses segredos seus que eu ainda não sei. – Disse recebendo uma gargalhada em troca, pelo menos o clima havia amenizado.

            --- Acho que não tenho mais nenhum, a maioria você já sabe... Mas bom, eu sou de Miami, nasci lá assim como meus irmãos. Chris é o irmão do meio e está terminando arquitetura e urbanismo no MIT, tem a Taylor que é a caçula e está no meio da faculdade de Jornalismo em Stanford.

            --- Ok, sua família é uma fábrica de gênios, é o que vem no DNA?

            Mais uma vez uma gargalhada, era tão bom escutar aquele som, eu tinha certeza que nunca me cansaria das risadas que Lauren dava, eram tão espontâneas e verdadeiras.

            --- Não está no DNA não, isso tem nome e sobrenome. Clara Jauregui. Além de uma herança cubana muito forte nesse meio. Ela é professora e exigia 150% de todos nós sempre.

            --- E seu pai trabalha com o que?

            --- Ele é engenheiro civil, tem uma empresa de construtora na região. E os seus?

            --- Mama é arquiteta e meu pai é contador. Minha avó também mora com eles só que é aposentada.

            --- E sua irmã, ela já pensa no que quer fazer?

            Eu tive que parar e pensar, fazia um bom tempo que eu não conversava com Sofia sobre isso, ultimamente todos os assuntos eram focados em seus quinces e mesmo assim era uma realidade distante a faculdade. Sabia pouca coisa dela da escola, só que ela era presidentes de alguns clubes e que fazia parte da equipe de natação, mas apenas isso.

            --- Eu não sei, a última vez que conversei com ela foi sobre os quinces e ela não comenta nada faz um tempo sobre esses assuntos.

            --- Aliás... como estão os preparativos, você disse que ela tinha surtado por conta disso.

            --- Bem, tentei conversar com ela domingo, mas ela mudou de assunto jogou toda a bomba em cima de mim desviando o foco da conversa de cima dela...

            Quando vi comecei a desatar a falar sobre domingo e, quase falei sobre o convite que minha mãe havia feito para Lauren. Eu queria ter pensado melhor na forma de abordar isso com ela, sem que fosse pressionada, ou se sentisse completamente coagida.

            --- E o foco em você foi por causa de que? O que é mais importante para um cubano que os quinces? – Lauren parou para pensar em meio as risadas, e eu levantei minha cabeça para encará-la – Oh... casamento é mais importante que quinces... Você não...

            --- Que? Lauren! – Eu desatei a rir – Sofia só mostrou meu chupão, daí a abuelita surtou porque você fez e eu não te levei para apresentar a eles enquanto meu pai ria, já minha mãe...

            A cara da escritora estava um pouco branca, como se fosse ainda mais possível. Ela estava visivelmente afetada pelo que eu estava falando.

            --- Por favor, não me diz que sua mãe e sua família já me odeiam... Eu... Foi sem querer, você explicou né? Não era para ter ficado esse chupão...

            Nesse momento sem aviso algum eu somente saí dos braços de Lauren e sentei em sua coxa, com uma perna de cada lado. Como ela estava deitada a puxei pela blusa até que ela se sentasse também. Frente a frente agora, sem qualquer barreira que atrapalhasse seus olhos de encararem os meus, e aqueles verdes diziam tanto sobre ela. Era possível enxergar toda a culpa e uma pitada de desespero na sua íris, assim como a confusão por eu ter sentado em cima dela do nada.

            Com uma mão de cada lado de seu rosto eu levantei meus lábios para deixar um casto beijo em sua testa, fazendo com que o vinco que tinha se formado ali desaparecesse.

            --- Meus pais não te odeiam, assim como minha abuelita e Sofia também não. Eles só ficaram extremamente surpresos, porque bem... você é a primeira pessoa que eu me relaciono desde o final do ensino médio, então foi um choque e uma animação muito grande – disse baixo, para apenas nós duas naquela bolha, que eu havia criado escutarmos, mesmo que ninguém estivesse por perto para ouvir também.

            --- Mas sua mãe...

            --- Minha mãe é complicada, Lo. Ela me pediu uma coisa que eu não sei se é a hora ainda.

            Abaixei minha cabeça, ponderando se deveria ou não já conversar sobre ela visitar os Cabello no próximo domingo, mordi o lábio inferior contendo o nervosismo que tomava conta de mim naquele momento. Nenhuma dessas ações passaram despercebidas por Lauren, que assim como eu havia a acalmado a poucos segundos atrás comentando a impressão dos meus pais, agora ela estava ali, passando o polegar sobre meu lábio me fazendo soltá-lo, seguiu o carinho para minha bochecha fitando docemente meus olhos.

            --- Pode me falar, Camz. Prometo que não vou surtar.

            Soltei uma risada e escondi a cara em seu pescoço, seria difícil demais falar com ela me encarando.

            --- Minha mãe quer que você vá almoçar lá em casa no domingo – disse não mais alto que um cochicho, apenas ouvindo ela murmurar um “que” – Minha mãe não aceita um não como resposta e disse que você está convidada para almoçar lá em casa no domingo que vem.

            --- Pera, isso é sério? – Era palpável a felicidade em sua fala.

            --- Sim... – murmurei sem graça.

            Ficamos em silêncio por alguns segundos, provavelmente minutos, eu senti Lauren desconfortável embaixo de mim e não conseguiria mais ficar calada.

            --- Tudo bem?

            --- Sim, é que você não parece bem, sabe... ao me levar para conhecer seus pais. – Ela dizia com a voz claramente desapontada.

            --- Não! Por Deus, Laur. É completamente o oposto, eu quero muito que você vá...

            --- Não é o que parece – murmurou.

            --- Eu sei que não, mas é que... As coisas tem acontecido bem rápido, não? Você é a primeira pessoa que entra na minha vida depois de muito muito tempo. Não quero estragar tudo...

            E foi ali que deixei transparecer toda a minha preocupação com um possível relacionamento. Meus olhos deixavam transparecer toda a insegurança que eu guardava apenas para mim durante todos esses anos, mesmo com o pouco tempo junto dela era impressionante a forma que Lauren conseguia extrair de dentro de mim a verdade que eu tentava manter escondida, como se aqueles olhos verdes fossem capazes de retirar cada camada da grande muralha que havia no meu coração.

            --- Você não vai estragar tudo, bobinha. Eu fico muito feliz de as coisas tomarem o rumo que estão tomando. Eu gosto de você, Camila. Para mim seria o maior prazer conhecer seus pais, mesmo que não oficialmente como namoradas... ainda.

            O sorriso realizado que ela havia dado era o maior do mundo e conseguiu mexer com todas as borboletas do meu estômago, assim como colocou meu coração para bater mais forte e deixou todas as células de meu corpo em completo estado de agitação. Aquele “ainda” no final da frase foi capaz de arrancar o meu maior sorriso e ter os pelos de meus braços arrepiados.

            --- Viu? É isso que me dá medo! – Eu disse completamente frustrada.

            --- Como assim?

            --- Você! É tudo tão perfeito, a gente se conheceu de uma maneira totalmente aleatória, passamos um tempo juntas e você já aceitou conhecer meus pais. – Eu dizia a olhando nos olhos tentando expressar o que eu estava sentindo naquele momento – Você é perfeita em cada detalhe e mesmo assim decidiu se envolver comigo e com minha vida complicada, aceitou muito bem ir conhecer meus pais, na verdade está até animada com isso, é inteligente, gentil, fofa, engraçada, linda e, não tem outro adjetivo que resume bem tudo isso, você é simplesmente perfeita Lauren. Argh, você tem que ter um defeito, não é possível.

            Eu dizia frustrada escondendo minha vergonha em seu pescoço, enquanto ela ria e fazia um carinho em minhas coxas descobertas.

            --- Eu não sou perfeita, Camz. – Lauren disse rindo e puxando meu rosto para encará-la.

            --- Para mim você é a mulher mais perfeita que eu já conheci, digna de um filme de princesa da Disney.

            --- Só aceito esse cargo se você aceitar ser minha rainha...

            A naturalidade com que Lauren dizia as coisas acabavam me deixando sem palavras para responder à altura, o dom das palavras tinha caído todos em cima da menina de olhos verdes na minha frente. Seu sorriso deixava seus olhinhos pequenos e com um brilho genuíno, sua bochecha era levemente corada por conta de toda a pele extremamente branca. Impossível não gritar para o mundo a perfeição que ela era.

            --- Bom... se eu tiver um castelo com pizza eu tô dentro.

            --- Ai ai Camz – ela ria com a cabeça jogada para trás – Próxima saída vai ser lá em casa e eu vou fazer pizza para você.

            --- Se me fizer pizza, eu vou ter que ser obrigada a me casar com você.

            Brinquei chegando perto de seus lábios e roçando os meus contra os dela, busquei um pouco mais de contato com aquela boca, mas não de forma urgente como mais cedo, e sim calma e lentamente. Nossos lábios passaram de um pequeno contato para ir se aprofundando com calma, sentindo o gosto do beijo de cada uma, deliciando do momento tão sereno e gostoso com o clima que estava instalado ali.

            Lauren fazia carinho nas minhas coxas descobertas, não subindo muito a mão e tentando levar o beijo a outro patamar, ela estava respeitando limites que eu nem sabia se realmente gostaria de respeitar.

Quando nos separamos eu saí de cima de sua coxa deitando ao seu lado fazendo questão de colocar minha cabeça em seu ombro como havia feito mais cedo e dessa vez passei uma de minhas pernas por cima de sua cintura a segurando como um bebê coala. O carinho que ela fazia em minha cabeça me faria dormir em poucos minutos, depois do bocejo pedi a menina só para apertar o interruptor que ficava perto de onde ela estava para apagar a luz. E quando eu já estava a poucos segundos de só sair num pesado sono, consegui murmurar rapidamente:

--- Lo, você realmente não se importa se formos devagar com tudo isso, né?

--- Camz, desde que eu esteja com você, eu não me importo de mais nada,

E foi dito isso que eu adormeci, com um sorriso no rosto e recebendo carinho da menina mais velha. Como se estivesse no meu próprio conto de fadas.



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