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História Clichês 2 - Amores Não Correspondidos - Último Capítulo


Escrita por: KamiKaseBear

Capítulo 12 - Último Capítulo


Samantha

  A casa estava repleta de idiotas.
  No topo da escadaria, meu pai se apoiava no corrimão ao meu lado para observar os convidados que acenavam para ele, ou para mim, não importa, resolvi deixar que ele gesticulasse de volta sozinho.
  Empresários gordos e mulheres magras rodavam como baratas tontas em trajetos complexos no salão, os homens firmando tratos econômicos entre si, e as mulheres discutindo casos de maridos que se entretinham com empregadas ou faxineiras.
  Vários "Louis" olhavam para mim, talvez pensando que eu sou só mais uma garotinha rica e estúpida, tudo isso com uma elegante música orquestral de fundo, uma festa perfeitamente elaborada da forma que eu odeio.
  - Vamos, anime-se! São seus dezoito anos! - Apesar de saber mentir, o sorriso que ele tentou dar para me convencer era claramente falso - Foi nessa idade que conheci sua mãe.
  Esse era um assunto delicado para ele, talvez o único em que eu não ousaria tocar só para provocá-lo, afinal, ela morreu no meu parto.
  - Senhor Darsis. - A voz do Raphael despertou nós dois do transe - O quadro já foi posto, esperam agora o seu pronunciamento.
  Ele abriu espaço nas escadas, para logo em seguida eu e meu pai descermos, um coro de "Oooh" se formou quando me viram com um vestido longo vermelho, a faixa da cintura e os milimetricamente medidos cortes serviam para dar destaque ao meu busto, cortesia de outra estilista metida.
  Sob o olhar das dezenas de ricos idiotas, me senti uma boneca Darsis embrulhada para presente, irônico considerando que o aniversário era meu.
  - Senhores! - Como anfitrião, ele ergueu os braços para silenciar os murmurinhos, baixando-os apenas quando não havia um único ruído dos violinistas e pianistas - Hoje, minha filha completa dezoito anos, fico grato de poder compartilhar o meu orgulho deste dia com vocês.
  Sussurros de concordância se formaram por toda parte, acenos de cabeça incentivaram meu pai a continuar o discurso.
  - E neste dia tão importante, fui honrado com um ilustre presente, um que não é dado duas vezes pela mesma pessoa! - Ele apontou para um enorme quadro coberto por um tecido roxo na parede, eu tenho certeza de que ele não estava ali de manhã - Hoje, nascerá frente aos nossos olhos um novo Jeffers!
  Aplausos e mais coros surpresos vieram de toda parte, apesar de não conhecer o mundo dos ricos, a família Jeffers era famosa pelos seus artistas talentosos, mas eram tão excêntricos que consideravam o dia da exposição da primeira obra como a data de nascimento.
  Imaginei exploradores do "Vida Selvagem" invadindo as mansões de várias famílias milionárias para tentar entender os hábitos bizarros que algumas delas possuem.
...
  Após horas que pensei serem intermináveis, cumprimentando sócios e desviando de "Louis" que surgiam de toda parte, passei a me sentir mais tranquila quando percebi que em nenhum momento meu pai disse algo sobre "casamento", me sinto quase idiota por ter levado a sério o que o mimado filho dos Gane me disse.
  - Senhores! - Meu pai repetiu os mesmos gestos que antes, embora alguns agora estivessem levemente embreagados de vinho, novamente fizeram silêncio - Peço que abram caminho no tapete vermelho para nosso convidado de honra!
  Ele me puxou pelo braço até pararmos do lado do quadro, os convidados se afastaram do centro murmurando mil hipóteses de como seria o novo herdeiro dos Jeffers, com uma mão no meu ombro, meu pai me encarou sério.
  - Eles são uma família muito influente, ontem recebi um e-mail dizendo que o filho mais novo deles desejava conheçê-la, não perca-o.
  "Não perca-o", um enjoo apertou o meu estômago, então era isso o que ele estava planejando? Vou garantir que farei o contrário.
  Raphael puxou as portas de entrada e parou ao lado delas, ele estava imóvel me encarando com um sorriso, como se disse-se "Não se preocupe, no desespero, chute entre as pernas", o pensamento foi o suficiente para animar novamente meu dia.
  Um rapaz magro e alto entrou no salão, como manda a tradição dos Jeffers, ele usava roupas de gala, uma begala preta com uma bola prateada no lugar da característica curva e uma cartola completavam o visual que me lembrava o chapeleiro maluco da Alice.
  Sinceramente, quando ouvi sobre o costume dos Jeffers de usar uma máscara branca para não serem identificados antes de "nascerem" achei uma completa bobagem, mas olhando agora o herdeiro deles, andando calmamente até o quadro com o rosto coberto, criava um certo clima de tensão, fazia parte da arte dessa família.
  Quando passou por mim ele fez uma pequena reverência com a cabeça, então parou na frente do quadro, não resisti ao clima, e como todos no salão também prendi a respiração inconscientemente, ele agarrou uma ponta do tecido que cobria o quadro, e puxou.

Felipe

  Na minha cabeça, o tecido roxo desceu em câmera lenta, meus batimentos acelerando, esperando a reação de surpresa de todos quando vissem o quadro, o espanto principalmente do pai da Samantha, que olhava vidrado o presente do herdeiro da famosa família Jeffers.
  Em poucas palavras, foi caótico, o pano mal tocou o chão e o salão todo parecia puxar o ar ao mesmo tempo, o queixo da Sa caiu de surpresa, e o do sr.Darsis caiu mais ainda de espanto.
  Em tons pastéis e marrons havia sido pintado uma sala comum com dois sofás e uma mesa de centro com uma bandeija cheia de farelos, ao fundo via-se uma larga sacada aberta para uma clara manhã ensolarada. Entretanto, o espanto geral vinha de uma garota sentada no sofá, as curvas bem definidas cobertas apenas por um lençol branco, o rosto combinava um sorriso delicado com um olhar forte de olhos verdes, o cabelo ruivo misturava-se nos mil tons amarelos e vermelhos do sol que nascia na bela vista da sacada.
  Finalmente, pude tirar a maldita máscara, as últimas semanas que passei me reabilitando da porcaria do hospital, pintando, escondendo, pensando, todo o cansaço sumiu não pelas palmas e elogios, talvez em parte pelo rosto de surpresa do sr.Darsis, mas sim pelo sorriso da Samantha.
  "Me desculpe por te fazer esperar."
  Era o que eu queria ter dito, mas ela me interrompeu abraçando meu pescoço e ocupando a minha boca com o nosso primeiro beijo, os convidados deram mais vivas e o pai dela ficou mais vermelho, o que contribuiu para demorarmos mais.
  - Meu pai vai querer te matar por fazer um quadro comigo nua.
  - Ele já tentou. - O riso dela nunca me pareceu tão reconfortante como agora - Você tem alguma objeção sobre se tornar a senhorita Jeffers?
  - Só duas. - Ela agarrou firme a gola da minha camisa com um rosto sério  - Quem eram aquelas garotas que estavam com você e por que não me contou tudo antes?
  - Eu não podia contar por causa da tradição da família, e a Sarah é uma modelo para quadros, a menor é a irmã dela.
  Ela encarou novamente o quadro e depois olhou para mim, a pergunta estava óbvia na cara dela.
  - Ela estava com roupa por baixo do lençol, juro!
  Enquanto a Samantha parecia decidir se confiava ou não em mim, o pai dela conseguiu finalmente engolir o orgulho e veio na nossa direção para me cumprimentar, momento que julguei perfeito para praticar meu sorriso cínico.
  - Senhor Darsis, como herdeiro da família Jeffers, eu peço a mão de sua filha em casamento.

... Extra ...

  - E você nunca mais pintou um quadro de novo, pai?
  O olhar curioso do Richard parecia com os da Samantha, apesar de termos adotado ele em uma de nossas viagens na Alemanha para tirar fotos, o garoto magro e triste que encontramos na rua agora reluzia no colo da sua nova mãe.
  O cabelo dela cresceu e ela agora era uma mulher maravilhosa, em mim, apenas surgiu uma bigode que ela odeia e músculos que me faltavam quando eu era mais novo.
  - Nunca mais precisei, filho.
  Depois de tantos anos, toquei a campainha da casa onde tudo começou, um homem com o rosto liso correu para abrir a porta, atrás dele, uma loira de estatura um pouco abaixo da média segurava a mão de um menino tímido que se parecia muito com o pai na infância.
  - Foi uma viagem muito longa?
  - Muito, mas nosso pequeno Rick ficou entretido com a história que contamos, não é?
  O pequeno garoto de quatro anos sacudiu a cabeça, hipnotizado em ver os personagens da história na sua frente, acenei para o Ryan, e o menino de sete anos acenou de volta sorrindo tímido.
  - Oi Marina, continua mantendo o Daniel na linha?
  As duas ex-rivais riram e deram um aperto de mãos amistoso.
  - Já contou ao Ryan o que vocês aprontavam?
  - Não, mas essa é uma ótima oportunidade, entrem ou o jantar vai esfriar!
  Finalmente um descanço, chega de intrigas, chega de problemas, enfim, chega de clichês.


Notas Finais


É...
Acabou.


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