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História Clocks - Uma volta no tempo - Parte 2


Escrita por: versoacabado

Notas do Autor


Olá!

Vejam só que coisa boa, demorei menos que 3 semanas para atualizar dessa vez! Ninguém pode me jurar de morte, nem ameaçar suicídio ;-; E eu venho em paz (!), trazendo o maior capítulo de Clocks que já escrevi até o momento. Jesus. Esse capítulo simplesmente não queria se acabar, fui até abrir um pacote de salgadinhos da vitória pra comemorar quando terminei de escrever!

Antes de ir pras minhas ladainhas, queria agradecer a @tkbn pela capa nova de Clocks! Eba, isso mesmo, estamos de capa nova! Amei demais a edição ;_; Obrigada por fazer isso pra mim, mesmo nem sendo fã de Gazette! Sua linda <3

Demorei pra terminar de responder os comentários do capítulo 10 porque eu estou com tempo limitado, então preferi usá-lo pra ir adiantando o capítulo novo. Imaginei que vocês preferem bem mais ler um capítulo do que ler essa autora mala falando bobeira nas respostas, né? ;; Ainda falta responder os do 11, vou fazer isso agora depois que postar esse capítulo novo.
Mas já agradeço aqui todo mundo que tirou um tempinho pra comentar o capítulo 11, fico feliz que não tenham achado o capítulo chato. Fiquei com medo de vocês entrarem em coma e me abandonarem, mas a recepção foi muito mais positiva do que eu poderia imaginar, e fico feliz que vocês entenderam perfeitamente a importância desse capítulo para o andamento da história. Seus lindos <3

Clocks também ganhou alguns favoritos novos desde a última vez, então fica aqui meu oi para as pessoas novas e espero que continuem gostando! Obrigada de novo a quem tá sempre por aqui, como sempre um beijo especial pra Thamiires que me cobra as coisas todo dia, minha beta não-oficial mais oficial da história e.

Ah! Uma dedicatória especial para a Sayunu-chan ;) Espero que esteja do seu agrado!

Capítulo 12 - Uma volta no tempo - Parte 2


[Reita POV]

 

Tomei o resto do meu copo de umeshuu em um gole só e acompanhei com o olhar enquanto os dois rapazes conversavam com a garçonete, que havia colocado os cardápios sobre a mesa.

Meu coração ainda estava bastante acelerado, a sensação um pouco piorada pelo fato de eu ter bebido o copo de bebida alcóolica assim tão rápido. Coloquei ambas as mãos sobre a mesa e comecei a batucar os dedos ali, nervoso, enquanto tentava organizar meus pensamentos. Olhei para os meus próprios dedos que batiam na superfície de madeira de forma acelerada, mas não consegui manter os olhos lá por muito tempo porque eles só queriam observar o belo rapaz das calças douradas.

O bar ainda não estava muito cheio, talvez por ainda ser começo de noite, por isso de onde eu estava ainda conseguia entreouvir um pouco da conversa quando eles erguiam a voz, um pouco mais animados.

- Vamos de nomihoudai[1] mesmo, né? – O mais alto perguntou, não podia ver seu rosto pois ele estava de costas para mim, mas pela sua voz ele devia estar bastante empolgado.

- Claro, não quero sair daqui menos do que bêbado! – Foi a vez do menor falar, sua voz grave porém suave soava melodiosa aos meus ouvidos, me causando um friozinho estranho na barriga e uma vontade surreal de ficar ouvindo-a para sempre. Eu simplesmente não conseguia tirar meus olhos dele, seu rosto me fascinava de uma forma que não conseguia explicar. Suas sobrancelhas franziam de leve enquanto ele olhava o cardápio, parecendo concentrado. Os olhos amendoados e castanhos, contornados por um delineador preto que deixava o formato ainda mais destacado, passeavam de um lado para o outro no cardápio em suas mãos, talvez buscando a opção mais interessante para o primeiro drink da noite.

- É isso aí! – O acompanhante loiro dele respondeu, animado. – Já sabe o que vai pegar pra começar?

- Não sei... – Ele mordeu o canto do lábio inferior e sem que eu percebesse um suspiro escapou dos meus lábios. Aquela boca era... hipnotizante. Aqueles lábios bem definidos e cheios pareciam tão macios e combinavam tanto com seu rosto redondo, era como se eles tivessem sido desenhados ali. Ele ficou alguns segundos segurando aquele cantinho do lábio entre os dentes, e depois que o soltou passou a língua lentamente pelo local que acabara de morder e a minha respiração falhou. Eu sentia uma vontade inexplicável de tomar aqueles lábios nos meus. Nunca antes na minha vida eu sentira tanta vontade de beijar uma boca quanto sentia naquele momento, e aquilo estava me deixando assustado e confuso.

O que estava acontecendo comigo?

Aquele rapaz estava me causando sensações que eu não chegara nem perto de sentir por qualquer pessoa que já vira na minha vida. Nem mesmo por Sakie – que era minha alma-gêmea! - por quem, na realidade, não sentira absolutamente nada ao encontrar pela primeira vez.

Eu nunca tinha parado para pensar sobre a minha sexualidade, mas pelo fato de minha alma-gêmea ser uma garota, era bastante óbvio que eu devia ser heterossexual, certo? Apesar de eu não ficar olhando para qualquer mulher, não havia problema nenhum na minha vida sexual com Sakie e eu podia dizer com certeza que tinha atração pelo corpo feminino. Eu também não era o tipo que tinha problema em admitir se outro homem era bonito ou não se alguém perguntasse, mas isso não queria dizer que eu sentia atração por caras que eu visse aleatoriamente na rua.

Bem, até aquela noite. Porque o que eu estava sentindo por aquele desconhecido definitivamente era atração. Não era um simples “ah, esse cara tem um físico legal”. Eu queria... beijar aqueles lábios cheios, mordê-los até eles ficarem vermelhos e ouvir aquela voz grave gemer por entre eles. Queria prender meus dedos naqueles fios ondulados de cabelos castanhos, sentir em minha pele a textura que parecia ser tão sedosa e.... Céus.

Dei um tapinha de cada lado do meu rosto, tentando trazer meu cérebro de volta à realidade.

Respirei fundo, tentando me recompor. Não era possível eu estar sentindo tudo isso só porque o vi fazer um gesto simples e distraído como morder os lábios. Aquilo não era normal!

Chamei a garçonete que me atendera antes e pedi um uísque-cola, que eu pedi para vir caprichado no uísque. Precisava beber algo bem forte, de repente isso me faria voltar a ser eu mesmo.

Perdi o diálogo entre os dois rapazes enquanto pedia minha bebida, e quando olhei de novo para a mesa deles, o objeto de minha admiração estava rindo de alguma coisa que seu amigo alto mostrava no celular. Mas não era só uma risada qualquer, era uma gargalhada alta, divertida. Ele sorria com os dentes à mostra, embora ele tentasse disfarçar isso colocando a mão na frente da boca, em um gesto absurdamente adorável. Ele ficava ainda mais lindo sorrindo daquele jeito aberto e sincero, e eu senti meu coração disparar dentro do peito e aquele frio na barriga outra vez.

Pensamentos como “Gostaria de poder ser eu a fazê-lo rir daquele jeito” começaram a dominar minha mente, e meu uísque-cola não chegava logo para eu ter alguma distração! Decidi pedir um uísque puro ou vodca na próxima rodada... ou talvez eu devesse ir embora, antes que meu cérebro resolvesse me colocar para fazer alguma bobeira.

Mas eu não conseguia parar de olhar para aquela mesa, e era surpreendente que eles ainda não tivessem percebido que alguém os estava observando, porque eu não estava sendo nem um pouco discreto. Qualquer um que passasse ali com certeza veria como eu parecia um idiota boquiaberto olhando aquele rapaz, e se de repente eu fosse convidado a me retirar do bar por causar desconforto aos outros clientes eu não ficaria nada surpreso.

Quando bebi meu uísque-cola, já requisitando minha próxima bebida assim que o copo chegou, uma ideia começou a surgir na minha cabeça: porque eu não tentava falar com ele?

Mas assim que essa ideia surgiu, chacoalhei a cabeça e bebi mas um pouco do meu uísque-cola, tentando afastá-la. Eu devia estar ficando doido! O que eu ia fazer depois de tentar puxar papo com ele? Chamá-lo para sair? Meu cérebro respondeu “Duh, é claro!” automaticamente, como se essa fosse uma situação tão simples e fácil de resolver. Mas primeiro de tudo: eu nem sabia se ele tinha interesse em homens. E desde quando meu cérebro aceitava assim com tanta normalidade eu querer fazer.... coisas... com um cara? E segundo: desde quando eu era um homem solteiro para ficar cobiçando outras pessoas assim, como se não fosse nada?

Tudo bem que eu era compromissado com uma pessoa que parecia me achar a coisa menos necessária do mundo, mas mesmo assim...

Além disso, o outro cara sentado com ele na mesa podia muito bem ser namorado dele, e eu aqui pensando essas coisas nada a ver. Observei os dois novamente, dessa vez me atentando ao rapaz loiro de quem eu só podia ver a cabeça e as costas, e pensar que ele podia ser namorado do alvo de minha admiração me fez estremecer por dentro. Isso me fez não gostar dele imediatamente.

Ainda bem que logo meu novo copo de uísque, dessa vez puro, chegou na mesa para me distrair desses pensamentos absurdos, e eu terminei meu outro copo e já emendei com esse que acabara de chegar, decidindo que eu ainda não tinha álcool o bastante no sistema para lidar com isso tudo que eu estava sentindo.

Olhei para meu relógio de pulso e vi que ainda era cedo, um pouco antes das 20h. E eu já estava caminhando para o quarto copo de bebida, e sabe-se lá que tipo de coisa idiota eu ia fazer se continuasse nesse ritmo.

Algum tipo de feitiço devia ter sido jogado em mim, porque mesmo que eu tentasse me concentrar na minha bebida ou na comida (alguns petiscos que eu tinha pedido começavam a chegar), meus olhos grudavam na mesa dos dois rapazes a todo instante, como se algum tipo de força magnética forçasse meu olhar a ficar preso ali.

Aos poucos o bar começava a encher, e a mesa ao lado deles que estava vazia até momentos atrás foi tomada por um grupo de quatro salaryman[2], e eu amaldiçoei-os internamente por estarem quase bloqueando a minha visão antes privilegiada do rapaz de cabelos castanhos. Fiquei alguns momentos me movendo agoniado na minha mesa, tentando achar uma nova posição em que eu pudesse vê-lo de novo, e quando percebi o que eu estava fazendo, me amaldiçoei também. Eu estava começando a parecer um tarado qualquer, me comportando daquela forma!

Eu estava prestes a chamar algum garçom para ver se eu podia sentar em outra mesa quando o celular começou a vibrar no bolso da minha calça. Suspirei, puxando o aparelho, pensando que talvez fosse Sakie me ligando para pedir desculpas, mas ao olhar o visor ele anunciava uma ligação de Kai, o amigo editor com quem eu havia cancelado a reunião mais cedo.

- E aí, cara? – Falei ao colocar o celular no ouvido.

- Oi, Reita! Como você tá?

- Ah, tô naquelas né...

- Desculpa não ter te ligado antes... – Sua voz soou preocupada, e eu senti uma onda de afeto pelo meu amigo.

- Não, tudo bem... Eu ia te ligar mas aconteceram umas coisas... Desculpa mesmo por hoje.

Ajeitei melhor o celular no ouvido, meus olhos logo se voltando na direção da outra mesa. O amigo loiro havia guardado o celular e os dois bebiam alguma coisa que o garçom acabara de trazer.

- Já falei pra não se preocupar com isso. Liguei mais para saber como vocês estão... Satsuki disse que mandou mensagem para a Sacchi, mas ela não respondeu até agora. Ficamos preocupados!

Satsuki era a esposa de Kai, com quem ele havia casado há cerca de quatro anos, e por quem ele era loucamente apaixonado. Um bom indicador de que ele não estava passando muito bem era contar quantas vezes ele mencionava Satsuki ao longo de uma conversa: se ele falasse o nome dela menos de duas vezes, é porque alguma coisa estava errada.

- Nem eu sei como a Sakie está, pra ser sincero...

- Como assim? Você não tá aí com ela?

- Eu nem estou em casa! – Kai soltou um “ué” confuso do outro lado da linha, mas me deixou continuar. – Ela meio que me expulsou de casa por hoje, disse que precisava ficar sozinha.

- Poxa, cara, que coisa. Ela falou assim mesmo? E como você tá, então?

- Ah, tô na merda. Meu cachorro morreu e minha namorada me expulsou de casa, diria que esse não é um saldo muito positivo para uma sexta-feira...

- Se você precisar de um lugar pra dormir pode vir aqui pra casa, tá? Vou falar com a Satsu e a gente arruma o quarto de visitas pra você.

- Valeu, cara. – Tomei um último gole do meu uísque e gesticulei para a garçonete me trazer mais um, nem me importando que minha cabeça já começava a rodar um pouco. – Acho que vou praí sim, te mando mensagem depois. E como foi a reunião hoje?

- Foi complicada... – Kai pareceu perceber que eu não queria continuar o assunto do cão falecido e da falta de coração de Sakie, pois logo prosseguiu com o papo da reunião. – O modelo que entrou no seu lugar de última hora, adivinha quem foi?

- Quem?? – Já podia pressentir uma fofoca das boas vindo no ar, e por alguns momentos até me esqueci de stalkear a mesa dos dois rapazes de antes. Quando arrisquei uma olhada para eles, o rapaz dos cabelos castanhos parecia concentrado em contar algo para seu amigo, seu rosto tomando uma expressão séria. Eu não podia mais ouvir o que eles diziam, então decidi me concentrar no telefonema de Kai. – O Shou? Ah, espera, ele tava em outro projeto.

- Quem me dera fosse o Shou! Se fosse ele tudo estaria lindo e maravilhoso. – A voz de Kai soava extremamente angustiada. – Mas o que me mandaram foi a tralha do Aki.

- Peraí.... O Mimegumi Aki?? Aquele favorito da galera, tão querido que tem fila pra dar soco na cara dele?

- O próprio.

- Meus pêsames! E o que ele fez dessa vez?

- Começou com ele chegando mais de uma hora atrasado.

- Há, novidade.

- E quando ele chegou nem cumprimentou o designer e começou a falar um monte de coisa ruim sobre o trabalho dele. Eu fiquei chocado, mas ai de repente ele falou mais outra coisa que... bem...

- O que?

- Não posso falar porque é coisa muito pessoal do designer. Só digo que ele levantou e disse que precisava ir embora... Depois me mandou um e-mail dizendo que ia ser difícil trabalhar com o Aki. Fiquei me sentindo super mal por ele...

- Puts, o que raios ele falou de tão ruim? – Perguntei, mesmo sabendo que Kai não me falaria nada, ele nunca dizia alguma coisa das outras pessoas quando ele julgava ser pessoal demais. - Mas isso é culpa minha, se eu não tivesse cancelado, vocês não teriam passado por isso.

- Mas acontece, Reita, não se preocupa com isso. Você tinha que ficar com a Sacchi num momento desses, não tinha cabeça nenhuma pra reunião...

- Antes tivesse ido na reunião, se era pra ser expulso de casa.

- Espera um minutinho, Reita, a Satsuki tá me chamando! – Eu podia ouvir apenas as vozes abafadas dos dois, provavelmente Kai estava tampando o celular com a mão. Aproveitei o momento para tomar outro gole do meu uísque e comer algumas batatinhas fritas... enquanto observava a outra mesa, claro.

O álcool definitivamente estava fazendo efeito, porque dessa vez nem me senti mal por secar o rapaz, meu cérebro estava já aceitando aquilo com naturalidade e nem estava tentando inventar nenhuma desculpa para aquilo. Na verdade minha mente parecia me dizer “tem mais é que secar mesmo, oras!”.

Ele continuava contando alguma coisa para seu amigo, seu rosto adquirindo uma expressão contrariada. O que quer que ele estivesse contando ali, definitivamente era algo que o havia deixado bravo, e aquilo era visível em seu rosto. O que será que havia acontecido para deixá-lo assim irritado? Será que era por isso que ele e o amigo tinham vindo beber? Comecei a ser tomado por uma vontade insana de ir lá me intrometer na conversa e falar alguma piada bem boba, só para tirar aquela expressão brava de seu rosto bonito e trazer de novo o sorriso de antes.

Quase não ouvi quando Kai retornou, só saindo do meu transe de observar aquele rapaz quando Kai falou “Alô?? Reita, tá aí ainda? Alô, alô?”.

- Opa, me distraí com uma coisa aqui, desculpa. – Não podia dizer para Kai que eu estava babando em um cara num bar, então tratei de voltar logo para o assunto de antes. – Mas e aí, como ficou o lance da reunião?

- Não decidimos nada, então eu vou ver se consigo reagendar a reunião pra segunda. Mas talvez tenha que pedir um modelo diferente, de novo!

- Ah, se for esse o caso eu posso voltar.

- Pode?

- Bem, se os seus superiores deixarem. Achei que vocês tinham resolvido as coisas, por isso não me ofereci. – Expliquei. - Mas já que tá tudo a mesma coisa e o designer não quer ver o Mimegumi nem pintado de ouro, eu vou. Juro que compenso pela mancada de hoje!

- Nossa, você vai salvar minha vida! Vou fazer umas ligações hoje mesmo, na segunda às 10h tá bom pra você?

- Perfeito!

- Ok, vou ter que desligar agora, mas te vejo mais tarde então? Você vem pra cá, né?

- Vou. Eu te mando mensagem!

- Ok, quando você chegar a gente conversa melhor. E amanhã você vai na academia comigo?

- Claro! Ainda tenho que te vencer na disputa de muque, se você vai malhar eu também vou! Não posso ficar pra trás!

- Haha, vai sonhando, inocente. Até depois! – Ouvi Kai rir do outro lado da linha, divertido, e então encerramos a ligação.

Bem, meus problemas com Sakie não estavam resolvidos, mas pelo menos eu não precisaria voltar pra casa e ter uma discussão com ela naquele dia. Eu estava começando a ficar bêbado e provavelmente diria coisas das quais me arrependeria depois, então era melhor mesmo que eu não passasse a noite em casa.

Coloquei meu celular sobre a mesa e percebi que restava só 20% de bateria, já que eu tinha ficado o dia inteiro sem carregá-lo. Talvez fosse melhor desligá-lo daqui a pouco, ou eu ficaria sem bateria para mandar mensagem pra Kai antes de ir para a casa dele. 

Voltei a observar a mesa dos dois rapazes enquanto eu degustava minhas bebidas e comidas com mais calma, e logo notei que eles eram muito rápidos para pedir as próprias bebidas, pois desde a última vez que eu havia olhado a mesa, ela havia triplicado de copos vazios e outras bebidas não paravam de chegar. O baixinho de cabelos castanhos realmente não estava brincando quando dissera que não queria sair dali menos do que bêbado!

Mas algo começou a me preocupar depois de um tempo. Eles estavam bebendo há tanto tempo e eu ainda não vira nenhum prato de comida chegar naquela mesa. Isso não ia fazer bem pra eles, beber daquele jeito sem nada para forrar o estômago, com certeza eles teriam uma ressaca horrorosa!

Continuei observando-os, e já era um pouco mais de 21h e nem a sombra de um petisco tinha aparecido por ali, nem ao menos uma batata-frita! O que significava que eles já estavam há duas horas enchendo a cara sem nada na barriga. Talvez se eu estivesse sóbrio aquilo não me incomodasse, mas além de eu já estar meio bêbado – o que tirava todos os filtros do meu pensamento -, aquela minha súbita obsessão pelo rapaz bonito estava deixando meu cérebro duplamente mais idiota. E aí eu tive uma ideia: pedir um prato de algum petisco e mandar entregar na mesa deles.

A ideia era tão brilhante na minha mente alcoolizada. O rapaz bonito ficaria feliz por colocar algo no estômago, então ele pararia de fazer aquela cara brava por causa da história que estava contando para o amigo, e logo eu ficaria feliz por poder vê-lo sorrir de novo. Era um plano perfeito!

Eu quase acabei mudando de ideia quando o garçom chegou trazendo mais dois drinks na mesa deles e eles começaram a rir de alguma coisa que o loiro falou. Talvez eles não precisassem do meu petisco da alegria no fim das contas? Mas quando olhei melhor para a mesa deles, percebi que os drinks que haviam acabado de chegar eram shots de tequila. E eu nem tive tempo de pensar direito e já estava chegando na mesa a segunda rodada dos shots. Aqueles dois eram muito rápidos! E aquilo sem nada no estômago não ia prestar.

Não fazia ideia de como eles ainda estavam de pé, com o tanto que haviam bebido sem comer nada, e ainda mais agora com a tequila! Eles deveriam ser mesmo fortes com álcool.

Inspirado pela resistência dos dois, tomei de um só gole o copo de sei lá o quê (eu nem lembrava mais direito o que eu tinha pedido) que eu ainda tinha na minha mesa e quando terminei de engolir a bebida, tomei a minha decisão.

Ergui a mão e chamei a garçonete que estava tomando conta da minha mesa desde o começo da noite.

- Pois não? – Ela sorriu, tirando o mini-tablet de dentro do bolso do avental.

- Eu queria pedir uma porção de tebasaki[3]...

- Normal ou apimentado?

- Normal. Mas eu tenho um pedido especial.... – Eu pausei, e a garçonete ergueu o olhar do tablet em que anotava o meu pedido. – Você pode entregar naquela mesa ali? – Apontei para a mesa dos dois rapazes, onde eles erguiam os braços no ar para brindar uma nova rodada das pequenas taças de shot de tequila. A garçonete pareceu surpresa com esse pedido mas assentiu e não comentou nada, apenas que demoraria uns 10 minutos para entregarem a porção na outra mesa.

Agradeci e quando ela se afastou da minha mesa, vi que eles já tinham colocado as duas taças de volta na mesa, e o baixinho olhava alarmado para alguma coisa em seu braço. Ou era na sua mão? De onde eu estava não dava para ver muito bem, porque aqueles salaryman ainda estavam lá bloqueando parte da minha visão, talvez ele estivesse mostrando alguma coisa no celular para o seu amigo. Sua expressão agora era confusa e preocupada, e assim como a expressão brava de antes, me deixava agoniado e querendo fazer alguma coisa para que ela mudasse para o sorriso contente de novo.

Só me restava esperar que a porção de tebasaki que eu pedira chegasse logo na mesa deles, quem sabe aquilo colocaria um sorriso no rosto dele outra vez. Não tinha como não ficar feliz com comida de graça, certo?

Cerca de 10 minutos depois, conforme a garçonete prometera, eu a vi aparecer no fundo do bar com uma bandeja na mão, que devia ser a porção de tebasaki, e acompanhei com o olhar enquanto ela caminhava.

Bem nesse momento meu celular começou a tocar em cima da mesa, e eu o amaldiçoei mentalmente. Que péssima hora para tocar, eu queria ver a reação do rapaz ao receber a porção de comida! Peguei o celular rapidamente, pensando em atender e dizer que estava ocupado e ligaria depois, mas quando li o nome que aparecia no visor... Apertei “ignorar” e em seguida desliguei o aparelho. Aquele definitivamente não era um bom momento para conversar com Sakie.

Voltei meus olhos para a mesa outra vez, e peguei bem o momento em que o rapaz olhava para a garçonete confuso, enquanto ela dizia alguma coisa para os dois. Pensei que ele fosse recusar o prato, mas logo a garçonete saiu da mesa, deixando o prato ali, e ele trocou um olhar longo com o amigo. Ao contrário do que eu havia imaginado, ele não ficou feliz, sua expressão na verdade ficou ainda mais confusa que antes, as sobrancelhas franzindo e quase se encontrando no meio da testa, e então ele olhou para o próprio pulso de novo. Será que estava conferindo as horas no relógio? Talvez ele tivesse que ir embora e estava preocupado porque não ia ter tempo de comer todos aqueles tebasakis! Eu era mesmo um idiota, não devia ter mandado aquela porção... Maldita mente bêbada com ideias imbecis!

Mas então ele ergueu o rosto e pela primeira vez naquela noite, seu olhar saiu da esfera da mesa em que sentava com seu amigo, e começou a percorrer as outras mesas do bar. Ele olhava atentamente para as mesas próximas à deles, esticando o pescoço e inclinando a cabeça, e eu logo entendi o que ele estava fazendo: me procurando.

Meu coração acelerou um pouco, e eu inconscientemente ajeitei meus cabelos e me mexi um pouco em minha cadeira para corrigir a postura. Mas ele estava olhando para o lado errado, procurando entre as mesas do outro lado do bar, e demorou uns dois minutos para ele se virar para o lado “certo”, onde estava a minha mesa.

Observei-o colocar as mãos sobre a mesa e se erguer um pouco, apoiando-se nas mãos, a fim de olhar por cima das cabeças dos salaryman da mesa ao lado da sua, e agora ele estava olhando para o lado certo! Continuei com meu olhar fixo nele, e ele continuou percorrendo algumas mesas com os olhos até que ele finalmente parou na minha mesa.

E aquela avalanche de sensações que eu havia sentido ao olhar para ele pela primeira vez naquela noite voltou com tudo. Nossos olhares se encontraram e minha respiração falhou diante da intensidade com que ele me encarava. Eu não conseguia desgrudar meus olhos dos dele, não conseguia nem piscar, e por mais que eu me sentisse bobo por isso, meu rosto aquecido indicava que eu devia estar corando.

Eu não sei dizer quanto tempo ficamos nos encarando, mas era como se muito tempo e tempo nenhum tivesse passado ao mesmo tempo. Meu coração batia descompassado. Agora ele sabia que eu existia! E por algum motivo isso me deixava... estupidamente feliz! Então ele abriu um sorriso enorme, os olhos ainda presos no meu, e eu o retribuí com um pequeno sorriso, um tanto quanto tímido e sem jeito. Eu sentia que poderia explodir de alegria – e ele só estava sorrindo, não era nada demais!

Devíamos parecer dois idiotas ali parados, nos encarando por cima daquela mesa dos salaryman, mas eu não podia ligar menos. E por algum motivo bizarro, era como se eu soubesse que ele estava tão fascinado quanto eu por aquele momento.

Mais alguns segundos ou minutos se passaram até que ele se sentou de novo em sua cadeira, quebrando o contato, mas então observei-o chamar um garçom e falar alguma coisa – e em seguida apontar para a minha mesa. Depois que o garçom se afastou ele continuou me olhando intensamente, como se fosse impossível olhar para outra coisa, parando apenas quando seu amigo cutucou o seu braço. Ele desviou o olhar, voltando-o para a mesa, e estendeu a mão para pegar um dos tebasakis na bandeja, logo olhando para mim de novo quando começou a trazê-lo para perto da boca.

Ele lambeu os lábios lentamente, me encarando, e só depois mordeu um pedaço da asinha – os olhos sempre nos meus.

Meu queixo quase caiu no chão. Por acaso ele estava me provocando?

Observei-o comer vagarosamente aquele tebasaki e quase caí da minha cadeira, nunca na minha vida achei que ver alguém comer um tebasaki entraria na lista de coisas que eu achava sexy, mas aquele rapaz havia conseguido esse feito. Eu não conseguia tirar os olhos dele, e a forma lenta com que ele comia, lambendo os lábios depois de engolir um pedaço estava acabando comigo.

Nem percebi quando um garçom se aproximou da minha mesa, e quase pulei da cadeira quando ele falou comigo, só então me distraindo da hipnose que era ver aquele rapaz comendo.

- Seu shot de tequila, senhor. – Ele disse em uma voz entediada.

Pisquei os olhos, confuso. Eu não lembrava de ter pedido nenhum shot de tequila!

- Mas eu não... – Antes que eu pudesse concluir minha frase, o garçom colocou a pequena taça, o pratinho de sal e o limão sobre a mesa e junto com isso tudo, um papel dobrado.

- O cliente de uma outra mesa me pediu para entregar. Com licença. – E fazendo um aceno educado com a cabeça, ele se retirou.

Peguei o papel e quando o abri, havia apenas uma frase: “Que tal você vir aqui brindar com a gente? ;)”. Meus olhos se arregalaram e eu imediatamente olhei para a mesa dele, e o alvo da minha atenção obsessiva daquela noite me olhava com um sorriso divertido nos lábios. Abaixei os olhos para o bilhete e o li novamente, para ter certeza de que eu não estava ficando doido, e quando eu ergui os olhos para o rapaz novamente, ele me lançou uma piscadela.

Aquilo definitivamente era um convite.

E eu já tinha bebido o suficiente naquela noite para aceitá-lo sem nem pensar duas vezes.

Eu só percebi o quanto eu tinha bebido quando levantei da minha cadeira, a pequena taça de shot na minha mão, e comecei a andar na direção da outra mesa. Era um caminho tão curto mas eu sinto que demorei muito mais que o necessário, porque tinha a impressão de que o chão estava mudando de lugar sob meus pés. Foi uma surpresa eu ter conseguido chegar na outra mesa sem me estatelar no chão – e mais surreal ainda, sem derrubar a tequila toda no caminho. Parabéns, Reita!

Quando alcancei a mesa, os dois me olhavam curiosos, mas só olhei de relance para o cara loiro, que tinha uma das mãos no queixo e um sorrisinho pequeno nos lábios, pois logo minha atenção focou completamente no baixinho dos cabelos castanhos. Seu sorriso ia de orelha a orelha, e dessa vez ele não havia colocado a mão na frente da boca, o que me deixava ver seus dentes brancos e perfeitamente alinhados. Céus, como aquele sorriso era ainda mais bonito de perto!

Eu mal conseguia acreditar que depois de horas parecendo um idiota observando-o de longe, eu estava ali parado na frente da mesa dele e ele estava sorrindo daquela forma para mim. Eu estava tão eufórico por dentro que não sabia nem o que dizer ou fazer – e ainda bem que minhas mãos estavam ocupadas tentando não derrubar a pequena taça de shot de tequila, ou elas já estariam na minha nuca, mexendo no cabelo nervoso. Era surreal me sentir daquela forma só por estar perto de uma pessoa, nunca havia me sentido daquele jeito em toda a minha vida.

Foi o cara loiro que quebrou o silêncio, dando uma tossida baixinha para chamar a atenção, e tanto eu quanto o rapaz dos cabelos castanhos nos viramos para olhá-lo.

- Obrigado pelos tebasakis, Sr. Misterioso! – Ele ergueu uma das sobrancelhas, apertando os olhos para me observar melhor, e pegou uma das asinhas de frango na bandeja. – Se não fosse por isso, íamos esquecer completamente de comer hoje! A quem devemos agradecer?

Demorou um pouco para minha mente bêbada entender que isso era uma forma sutil dele perguntar o meu nome, e agradeci internamente por ele ter dado esse jeito de cortar o momento estranho que ameaçava se formar por eu não saber o que dizer. Então o tal amigo loiro era legal, no fim das contas!

- Podem me chamar de Akira. – De alguma forma minha voz conseguiu sair normal, sem gaguejar ou qualquer outra coisa igualmente vergonhosa.

- Akira... – Foi o menor quem respondeu, repetindo o nome como se estivesse testando a sonoridade. Eu poderia ficar o resto da noite ouvindo-o falar meu nome e não me cansaria. – Eu sou Ruki, e esse é meu amigo Uruha. Obrigado pelo tebasaki, Akira.

Ruki. Então esse era o nome dele! Na verdade, soava mais como um apelido, e talvez o fosse. Ruki! Um apelido pequeno e fofo, como o dono dele.

Os dois me olhavam em expectativa, e eu sabia que tinha que falar alguma coisa para parecer interessante. Meu cérebro só conseguia pensar em coisas idiotas, e antes que eu pudesse freá-lo, acabei dizendo:

- Imagina que furada se vocês fossem vegetarianos! – Assim que as palavras terminaram de sair da minha boca eu quis sair do bar e enterrar minha cara no canteiro de plantas mais próximo, porque não era possível alguém ser tão idiota quanto eu. Porém para minha surpresa, os dois começaram a rir! E muito! Deviam estar tão bêbados quanto eu para rir daquilo.

- Deus me livre, só gente chata é vegetariana! – Foi o loiro, que agora eu já sabia se tratar de Uruha, quem falou.

- Então já sei que vocês são bem legais! – Respondi, brincando. E eu quase engasguei com o que aconteceu a seguir.

Ruki se moveu um pouco em sua cadeira, virando o tronco para mim, que estava parado ao lado da mesa deles, e com um olhar extremamente predador – não havia outra palavra para descrever a forma que ele me olhava – deu um tapinha na cadeira ao seu lado e murmurou:

- Senta aqui com a gente e descobre.  

Eu engoli em seco, plenamente consciente de que minhas bochechas estavam ficando vermelhas e que aquilo não era culpa de todo o álcool que eu havia consumido aquela noite, e depois de colocar a taça de shot sobre a mesa, sentei-me na cadeira que Ruki indicara.

Como ele estava sentado na ponta da cadeira dele, quando eu me acomodei em meu assento percebi o quão perto ele estava e a primeira coisa que notei foi que ele exalava um perfume doce, que me lembrava baunilha. Não bastava aquele rosto redondo e fofo, e aquele apelido bonitinho, ele ainda tinha cheiro de doce! Será que ele era comestível?

Deus, como eu estava bêbado. Mas ainda bem que não estava bêbado o suficiente para verbalizar aqueles pensamentos idiotas, ou Ruki já teria corrido para bem longe daquele bar.

- Então, já que estamos todos acomodados... – Uruha tornou a dizer, e ergueu uma taça de alguma coisa que eu nem vi que estava ali na mesa. – Proponho um brinde ao nosso novo amigo Akira, e a esses tebasakis maravilhosos!

Meu sorriso aumentou um pouco devido à ênfase que ele havia dado à palavra amigo, e eu tive certeza de que ele sabia muito bem o que estava acontecendo ali, o clima que se formava entre Ruki e eu, e ele estava se divertindo com aquilo e incentivando. Meus olhos não deixaram os de Ruki por um segundo sequer enquanto ele erguia sua própria taça de bebida, e depois quando nós três viramos nossas taças de um só gole, ao mesmo tempo.

E se eu não estava bêbado o suficiente antes...

Depois daquele shot eu fiquei alterado o bastante não só para chegar naquele ponto em que o cérebro desligava todos os filtros como também para esquecer grande parte dos acontecimentos que sucederam aquele brinde.

As coisas que aconteceram depois daquele shot eram uma maré de memórias confusas e nebulosas, com pequenos flashs de lucidez.

Eu sei que ficamos conversando na mesa por algum tempo, mas o conteúdo da conversa era uma incógnita, e em certo ponto Uruha levantou da mesa, dizendo qualquer coisa sobre precisar ir ao banheiro e estar com as costas doendo de tanto interpretar um castiçal e ficamos somente eu e Ruki na mesa.

Lembro de ele se virar para mim, aproximando sua cadeira da minha e tocando meus braços levemente por baixo da mesa, e sussurrar em meu ouvido “Vamos pregar uma peça no Uru? Foge daqui comigo!”.

E foi assim que saímos do bar, atravessamos a rua – por algum milagre dos céus não morrendo atropelados nessa empreitada -, e fomos parar em um prédio com uma bela fachada que tinha cara de ser um hotel bem caro.

- Ele vai matar a gente! – Eu falei, a parte do meu cérebro que ainda tinha alguma consciência lutando para me mostrar que isso estava errado, e o outro lado (o bêbado) achando aquilo tudo muito engraçado.

- Vai! – Ruki gargalhava, as mãos agarradas aos meus braços, e eu não consegui mais me sentir culpado pela peça que estávamos pregando em seu amigo pois era impossível achar ruim aquela proximidade que surgira entre nós graças àquela maldade.

- E agora, o que a gente faz? – Perguntei, tendo que fazer um grande esforço para me manter de pé, com Ruki pendurado no meu braço jogando parte do peso do corpo dele em mim.

- Hm... – Ele pareceu pensativo, mas ainda sorria. – A gente sobe?

Como é que os funcionários do hotel nos deixaram fazer check-in, até hoje eu não sei. Minha única resposta plausível era que talvez para pessoas de fora nós não parecêssemos estar tão bêbados quanto estávamos – o que era difícil, com o tanto que estávamos rindo sem motivo nenhum.

Bêbado era uma desgraça mesmo!

Subimos para o quarto e quando entramos, Ruki caiu no chão de tanto rir. Isso é porque erramos o andar e tentamos entrar no quarto de um coreano, e por algum motivo (ok, o motivo era o álcool) Ruki achou aquilo hilário e quando finalmente conseguimos entrar no quarto certo, ele ria tanto que ficou sem ar e assim que conseguimos abrir a porta, ele se jogou no carpete sem nem tirar as botas, as mãos segurando a barriga.

Fui para o frigobar, meu corpo pedindo um pouco de água para balancear a quantidade de álcool que eu havia consumido, e quando o abri e puxei uma garrafa d’água senti as mãos de Ruki nas minhas costas, me puxando para baixo para que ele pudesse espiar por cima dos meus ombros. Não entendi como ele havia chegado ali tão rápido, se segundos atrás ele estava estirado no chão em um acesso de risos. Habilidades misteriosas de pessoas bêbadas?

- Água? – Ele resmungou ao olhar a garrafa em minhas mãos.

- Acho que nós dois estamos precisando.

- Meh. – Observei-o se afastar e ir até a cama, onde se jogou sem cerimônias. – Pega uma chu-hai[4] pra mim! – Chacoalhei a cabeça, não acreditando que ele queria beber mais ainda, mas tornei a abrir o frigobar para ver se tinha alguma latinha de chu-hai.

- Quer de limão ou pêssego?

- Pêssego!

Enquanto eu pegava a bebida, Ruki começou a tirar as botas, e quando eu me virei para ele novamente, com a latinha cor de rosa da chu-hai de pêssego em mãos, ele já havia jogado as botas no chão e estava sentado na beira da cama balançando as pernas, um sorriso animado no rosto. Era uma visão adorável, suas pernas curtas balançando divertidas ali na beira da cama, os pés agora sem as botas mostravam meias de algum desenho animado e eu sorri para mim mesmo. Ele tinha cheiro de doce e calçava meias de personagens de desenhos... as coisas fofas a seu respeito não paravam de me surpreender.

Como ele não parecia nem um pouco disposto a levantar dali e pegar sua bebida, andei até a cama e estendi o braço para lhe entregar a latinha. Ele me lançou um sorriso enigmático e esticou o braço para pegar a lata da minha mão... mas em vez de tocar na lata ele fechou a mão ao redor do meu pulso e me puxou para frente com tudo, me fazendo perder o equilíbrio, bater o joelho na beira da cama e cair sem jeito sobre ele em cima do colchão.

Soltei a lata no processo, e ela deve ter caído em algum lugar no chão porque pude ouvir o barulho, mas nem dei atenção pois o que estava caído abaixo de mim era muito mais importante do que uma latinha no chão. Eu sei que estava bêbado mas mesmo para uma mente alcoolizada era bastante óbvio que o que tinha acabado de acontecer havia sido proposital. Escancaradamente proposital.

Eu coloquei os braços apoiados um de cada lado da cabeça dele no colchão para apartar na hora da queda, e ele não parecia estar achando nada ruim aquela nova proximidade de nossos rostos. Na verdade o que ele parecia achar era que havia distância demais, porque de repente suas mãos estavam puxando a minha camisa para me trazer para ainda mais perto dele. Daquela distância eu podia medir o comprimento dos cílios dele se eu quisesse.

Seu rosto tinha aquele mesmo sorriso predador que ele me dirigira ainda no bar, e meu cérebro ainda tentava entender o que estava acontecendo quando ele murmurou, a voz grave fazendo os pelos da minha nuca arrepiarem:

- Como você é lerdo.

Nem tive tempo de processar o que aquilo queria dizer pois a resposta veio em seguida, com os lábios de Ruki atacando os meus sem nenhum pudor. Em um piscar de olhos sua boca estava na minha, faminta, os dentes marcando meus lábios, a língua obrigando-os a se abrirem mais. E a despeito do meu susto inicial, eu não reagi contra aquilo. Aliás, foi o completo oposto!

Abri os lábios, deixando sua língua invadir minha boca enquanto seus dedos se emaranhavam em meus cabelos, puxando-os, fazendo-me ficar firme ali naquela posição em que ele podia explorar meus lábios da forma que quisesse. E eu apenas deixei-o fazer como bem entendesse, um lado minúsculo do meu cérebro dizendo que aquilo era uma loucura, que não estava certo, e a outra parte maior entrando em combustão porque nunca antes algo em minha vida havia sido mais certo do que aqueles lábios colados aos meus.

Mas aquela posição era muito ruim, eu não podia tocar o rosto dele porque estava me apoiando nos braços para não cair em cima dele. E de repente era muito absurdo para minha cabeça o fato de minhas mãos não o estarem tocando, então sem nem pensar eu comecei a me erguer, arrancando dele um suspiro frustrado quando nossas bocas se separaram, mas foi por um momento brevíssimo. Coloquei minhas mãos em sua cintura enquanto eu me erguia e me sentei na cama, logo puxando-o para acomodá-lo em meu colo. Ele riu quando o ergui da cama, mas não esboçou protesto ao se sentar em minhas coxas, suas pernas se acomodando com naturalidade ao redor da minha cintura como se ali fosse o lugar delas. Eu só percebi o quão louco eu estava para tocá-lo quando me vi com ele ali em meu colo e notei como minhas mãos em volta de sua cintura tremiam e suavam, ansiosas, e eu não sabia onde eu queria colocá-las primeiro.

Como era possível desejar alguém tanto assim depois de um beijo?

Coloquei uma mão em seu pescoço e puxei-o para junto de meu rosto de novo, voltando a beijá-lo com intensidade.

Era verdade que eu já sentia uma vontade ridícula de beijá-lo desde que pusera meus olhos nele naquele bar, mas a realidade era outra depois de provar daqueles lábios. Eles eram ainda mais macios do que eu havia imaginado, a língua mais habilidosa do que eu jamais poderia fantasiar, e quando seus dentes deixaram leves mordiscadas em meu lábio inferior eu não conseguia compreender como meu corpo não tinha entrado em combustão ainda. Era tudo tão quente e minha cabeça não conseguia pensar em outra coisa que não fosse provar mais e mais daqueles beijos insanos.

Seus dedos abandonaram meus cabelos e começaram a descer para o meu pescoço e ombros, e seus toques leves provocavam arrepios por todo o meu corpo. Logo seus lábios acompanharam o trajeto, descendo pelo meu pescoço, e quando sua língua quente tocou a minha pele eu realmente achei que fosse explodir.

Aquilo era uma loucura. Eu estava em um quarto de hotel, bêbado, no meio de amassos intensos com alguém que eu nunca havia visto na vida até aquele dia enquanto minha alma-gêmea estava em casa e... Eu sequer conseguia me sentir mal por isso, porque aquele corpo menor em meus braços me transmitia uma sensação de certeza que eu nunca sentira antes em toda a minha vida. Os lábios que mordiam meu pescoço me marcavam com a intensidade que eu desejava, o calor que emanava de qualquer contato de seu corpo com o meu era delicioso, minhas mãos se encaixavam naquela cintura perfeitamente curvada como se tivessem sido feitas para ficarem ali.

Eu estava extasiado com aquilo tudo. Mas eu era adulto e mesmo bêbado eu entendia muito bem onde estávamos chegando. O calor em meu corpo e a pressão desconfortável que eu sentia no baixo ventre deixavam pouco espaço para a imaginação quanto ao que aqueles beijos estavam me causando. Quando suas mãos continuaram descendo pelo meu tronco por cima da camisa até chegarem no meu abdômen, eu levei às minhas mãos às dele e interrompi as carícias.

Eu... queria muito aquilo. Mas havia um problema: eu não fazia nem ideia de por onde começar. Eu nunca tinha dormido com um homem na minha vida! Nem visto vídeos, ou tido um amigo gay que compartilhasse informações demais, ou qualquer coisa assim, então eu tinha um grande problema ali. Alguns beijos e carícias mais quentes não eram muito diferentes de estar com uma mulher, mas quando as coisas começassem a ficar mais avançadas, o que eu tinha que fazer? Como se fazia sexo com outro cara? 

O engraçado da mente de bêbado era isso. Eu não estava nem questionando o fato de eu querer fazer sexo com outro homem (soaria absurdo eu não querer sexo com Ruki), mas sim o fato de eu nunca na minha vida ter ido atrás de saber como é que se faziam as coisas. Porque se eu tivesse “pesquisado” eu não precisaria passar a vergonha que passei em seguida, quando barrei os seus avanços e diante de seu olhar questionador, só consegui abaixar a cabeça com o rosto completamente vermelho, tentando achar uma forma de explicar que eu era inexperiente.

- Ei...- Observei as mãos de Ruki se desvencilharem das minhas, que as seguravam sobre meu colo, e pousarem de novo em meu rosto, puxando-me pelo queixo para encará-lo. – O que foi? Você não... você não me quer?

- Não, não é isso! – Disse rapidamente, minhas mãos movendo-se rapidamente da cintura para as costas dele, apertando-o e mantendo-o em meu colo. – É que...

- Já sei, você tem ejaculação precoce quando bebe? – Ele me interrompeu e eu arregalei os olhos, surpreendido novamente com ele sendo tão direto, e eu disse um rápido “Não!”, fazendo-o rir. – Ah, sei lá, era uma possibilidade.

Ele continuou me encarando, pensativo. Desejei de novo que tivesse um jardim dentro do quarto, onde eu pudesse enterrar minha cara.

– Você não tem camisinha? – Ele prosseguiu, de certo modo parecendo estar se divertindo com aquilo, e eu percebi que ele listaria todas as possibilidades do universo e talvez nunca chegasse na realidade. - Não se preocupe, tem na minha bolsa e...

- Não é nada disso! – O cortei, finalmente tomando coragem. – Eu nunca transei com um cara!

Achei que ele fosse se levantar, surpreso, ou falar alguma coisa do tipo “absurdo” ou algo assim mas... ele começou a rir. Não só um risinho qualquer, ele ria alto, daquela mesma forma que ria quando percebemos que estávamos tentando entrar no quarto errado, como se aquilo fosse a coisa mais hilária que ele já tivesse ouvido na vida. Ele se segurou em meus ombros enquanto gargalhava, e meu rosto já devia estar ficando roxo de tanta vergonha que eu estava sentindo.

Mas então ele parou subitamente de rir e voltou a me encarar, muito sério. Eu queria desviar o olhar, mas era impossível com o rosto dele tão perto do meu.

- Me desculpa, é que eu não sei me controlar quando eu tô bêbado. Eu acho tudo engraçado! – Ele me explicou, e seu tom de voz era calmo e eu senti sinceridade ali. Sustentei seu olhar, apesar da vontade de sumir do mapa, e ele me encarava com olhos curiosos, como se tentasse me decifrar. – Isso é verdade? Você... nunca transou com outro homem?

Eu confirmei, assentindo com um aceno de cabeça, envergonhado, mas dessa vez ele não riu. Seus lábios se curvaram em um sorriso terno e para minha surpresa ele se inclinou para me beijar de novo. Quando seus lábios tocaram os meus dessa vez, não havia nada daquele fogo de antes. Seu toque era leve como um afago, quase inexistente, e ele não usou a língua, apenas acariciou meus lábios com os seus por um longo tempo. Era um toque tão carinhoso e delicado que senti a vergonha começar a passar e dar lugar a um emaranhado de borboletas dentro do meu estômago.

Ele se afastou de mim somente quando eu não consegui me conter e soltei um suspiro, meu corpo parecendo completamente amolecido depois daquele beijo. Quando abri os olhos novamente, ele me olhava com firmeza, para então tornar a dizer:

- Eu vou te perguntar aquilo de novo. – Eu o olhei confuso, não sabendo a que ele se referia, mas ele continuou. – Se você disser que não, a gente para aqui e você não precisa se sentir mal por nada. Se você disser que sim... eu vou ser seu guia. E a gente vai até o fim.

Engoli em seco, só então entendendo onde ele queria chegar. Apertei minhas mãos em sua cintura, instigando-o a continuar.

- Você me quer?

Eu nunca disse um “Sim” tão rápido e com tanta convicção.

Ele sorriu, satisfeito, e quando voltou a me beijar foi de forma lenta e sensual, e enquanto sua língua deslizava por entre meus lábios, ele começou a ondular os quadris em meu colo, causando uma fricção em meu baixo-ventre que me deixou sem ar, e eu não consegui conter um gemido.

Ruki riu novamente, e eu não sabia nem como reagir. Eu já estava ficando excitado e ele nem tinha feito quase nada! Estava ali alguém que sabia muito bem como provocar, e eu seria uma vítima completamente disposta a qualquer coisa que ele quisesse naquela noite.

Suas mãos voltaram a passear pelo meu pescoço e dessa vez quando ele continuou descendo pelo meu torso até chegar à barra da minha camisa, eu não o parei. Um arrepio percorreu minha espinha quando suas mãos macias e quentes entraram em contato com a pele do meu abdômen e ele foi subindo as mãos por dentro da minha camisa, tocando minha pele, testando minhas reações.

Quis protestar quando os lábios dele deixaram os meus, mas ele os aproximou de minha orelha esquerda e depois de lamber o lóbulo de forma sugestiva, ele sussurrou “Tira a camisa pra mim?”. Eu estremeci e ele deixou um beijo na curva de meu pescoço, em seguida se afastando para que eu pudesse fazer o que ele havia pedido.

Podia sentir seu olhar sobre mim quando puxei a camisa para tirá-la por cima da cabeça, e quando consegui removê-la, ficando com a parte de cima desnuda, não dava para ele disfarçar que havia ficado muito satisfeito com o que via. Aliás, ele fez questão de demonstrar de forma verbal exatamente o que achava.

- Caralho! – Ruki exclamou, os olhos percorrendo meu abdômen sem nenhum pudor. A vergonha absurda que eu sentia começou a dar lugar a um certo orgulho, e eu não pude evitar que um pequeno sorrisinho se formasse em meus lábios. Ele não demorou a levar as mãos de novo ao meu corpo, e passou a me tocar de forma fascinada. – Caralho, você é muito gostoso.

- Então você gostou do que viu? – Consegui falar apesar da minha vergonha, e ele riu, tirando os olhos do meu corpo por alguns instantes para me encarar, sorrindo abertamente.

- Tem que ser cego pra não gostar disso! Posso lamber? – Eu ri meio sem jeito, achando que ele estava brincando, mas ele insistiu. – Posso??

Fiquei ainda mais sem graça diante de sua empolgação, e tinha certeza que meu rosto estava ficando vermelho de novo. Mas aquele tipo de reação era completamente nova para mim, que durante toda a minha vida sexual só tivera uma parceira. E não é que o sexo não fosse bom mas era... diferente. Ela não me olhava daquela forma como se meu corpo fosse algo para ser idolatrado, era apenas normal.

Ruki me olhava com uma avidez para explorar tão óbvia que me deixava sem jeito e ao mesmo tempo ansioso para lhe mostrar o que ele quisesse. E retribui-lo.

- P-pode... – Quis bater na minha cara por responder gaguejando, quando o que eu queria dizer na verdade é que com aquela língua ele podia fazer o que bem entendesse no meu corpo.

- Que absurdo! – Ele exclamou, me deixando confuso, mas antes que eu pudesse perguntar se havia algo errado ele estava atacando minha boca novamente, e eu quase caí deitado sobre o colchão com a força do impulso dele. – Como é que um cara tem um corpo desses e ainda é fofo? Isso não é justo, como você existe?

- Desculpa...? – Eu não sabia mais se ele estava brincando ou se era só papo de bêbado. Talvez os dois? Eu também não estava no melhor dos discernimentos para entender as coisas.

- Ugh. Se em cima já é assim, imagina embaixo... – Ruki mordeu os lábios, olhando-me novamente, e eu chacoalhei a cabeça, rindo. Estranhamente, aquelas reações estavam começando a me deixar um pouco menos desinibido. – Ai desculpa, mas já te falei! Meus filtros! Não tenho nenhum depois de beber. Daqui a pouco você vai sair correndo assustado...

Assenti mentalmente, ele era um bêbado sem filtros e com múltiplas personalidades. Pois uma hora era sensual de uma forma que fazia meus pelos estremecerem e minhas pernas ficarem moles, e na outra fazia esses comentários engraçados.

- Não vou sair correndo. – Respondi, encorajado por aquele clima descontraído, e subi minhas mãos por suas costas enquanto beijava seu queixo, provocando-lhe um arrepio. – Deixa eu ver você também?

E pela primeira vez naquela noite, foi ele quem ficou com o rosto um pouco corado. Não sabia se era pela forma que eu havia falado ou se ele tinha algum problema de não gostar do próprio corpo. Resolvi insistir, quando ele não esboçou reação para tirar a peça de roupa.

- O que houve? – Perguntei, colocando minhas mãos em sua cintura mas dessa vez por baixo da camisa, e ele estremeceu com o toque, se mexendo um pouco em meu colo.

- Tô com vergonha de tirar a blusa depois de ver essa escultura aí. – Foi minha vez de rir, enterrando meu rosto na curva do pescoço dele, e ele riu também quando meu hálito fez cócegas contra sua pele. – Não é pra rir! Não tem nada interessante pra ver aqui.

- E quem disse que eu gosto de tanquinho? – Beijei seu pescoço demoradamente, sugando a pele ali, e ele jogou a cabeça para o lado, me dando mais acesso. Minhas mãos puxavam discretamente sua camisa para cima, mas ele não reclamou, me deixando erguê-la e ajudando-me a passá-la por cima da cabeça dele e descartá-la em algum lugar qualquer.

Ele podia não ter um abdômen trabalhado mas... não era isso que eu estava procurando. Na verdade eu não estava em busca de ideal físico algum, o que eu queria era ele. Da forma que fosse. Portanto quando o olhei, depois de jogar a camisa no canto, eu fiquei absolutamente encantado. Achei que eu fosse estranhar a falta de seios, mas sequer consegui pensar nisso. A pele em seu corpo era tão branquinha quanto a do rosto, e não fosse por pequenas pintinhas espalhadas em vários lugares, seria totalmente imaculada. Era suave e macia ao toque, e eu deslizei minhas mãos por todo o seu tronco, vez ou outra plantando um beijo, fascinado com aquela sensação deliciosa de maciez.

Estranhei o silêncio dele e tirei meus olhos de seu corpo para olhá-lo no rosto novamente e quando me deparei com sua expressão, senti meu baixo-ventre pulsar e minhas calças de repente pareciam muito apertadas. Ele me olhava com os lábios entreabertos e o rosto ligeiramente corado, como se estivesse surpreso com a minha reação positiva ao seu corpo e aquilo era tão... adorável. Me fez desejá-lo ainda mais.

- Eu quero você. – Falei, simplesmente. E ele não fez nenhuma piada, nem disse mais nada. O que eu disse deve ter despertado alguma coisa dentro dele, e eu vi o momento em que seus olhos nublaram, tomados por alguma espécie de desejo tão insano quanto o meu, e ele me empurrou para trás, fazendo-me cair de costas no colchão. O beijo que se seguiu me deixou completamente sem ar.

Assim como tudo o que aconteceu em seguida. Depois disso ele não se segurou nem um pouco, e parecia que suas mãos estavam em todo lugar. Após me jogar em cima da cama, ele mesmo arrancou meu cinto e minhas calças sem nem esperar que eu superasse a minha vergonha. Uma vez que eu estava quase completamente nu, restando-me apenas a cueca para salvar a dignidade, ele desceu o rosto por meu corpo, beijando minha pele e sugando-a sem pena, e quando chegou no meu abdômen ele lambeu-o demoradamente, conforme ele queria. Eu já estava completamente excitado, e sentia que podia atingir o clímax só com aquela língua habilidosa percorrendo meu corpo... Mas então me lembrei que ele ainda vestia mais peças de roupa que eu e aquilo não era certo.

Com cuidado, puxei-o para cima e o envolvi em um beijo, e enquanto ele estava distraído aproveitei para inverter nossas posições na cama e ficar acima dele. Quando levei minhas mãos ao cós da sua calça estupidamente dourada, não pude evitar sorrir, afinal, aquela calça é que havia iniciado aquilo tudo. Se eu não tivesse ouvido o comentário de seu amigo sobre a “calça de travesti”, talvez nunca tivesse erguido o rosto naquela hora, talvez nunca o tivesse visto no bar, talvez nunca tivesse sentido tudo o que senti.

- Tá rindo de que? – Ele resmungou mas riu junto comigo, abrindo as pernas para me acomodar melhor naquela nova posição, comigo por cima dele.

- Dessa calça dourada... – E sem dizer mais nada comecei a removê-la. Ele se ergueu um pouco na cama para que eu pudesse tirá-la e eu acabei ficando com a mão espalmada na bunda dele no processo. Ele gemeu contra meu ouvido quando eu a acariciei por cima do tecido da cueca que ele vestia, e aquela reação me pegou de surpresa. Era a primeira vez que ele gemia assim tão abertamente com um toque meu naquela noite, e eu tratei de remover logo a calça para poder voltar minhas mãos logo para aquele ponto que aparentemente o deixava fora de controle.

Depois que joguei a calça dele no chão, deitei-me ao lado dele, usando um braço para apoiar o peso do meu corpo de forma que eu pudesse ficar um pouco debruçado sobre ele, e com o braço livre, acariciei toda a lateral de seu corpo, descendo lentamente até chegar na bunda. Observei com fascinação quando ele estremeceu ao sentir minha mão se fechar em uma de suas nádegas, e eu repeti o gesto, adorando vê-lo tentar conter o gemido ao morder os lábios com força.

Puxei-o para um beijo que ele aceitou prontamente, movendo-se na cama para aproximar o corpo dele do meu e eu não consegui conter uma exclamação de surpresa quando nossos corpos se colaram, meu peito contra o dele, nossos quadris se tocando e... os volumes dentro de nossas cuecas. Ruki sorriu entre o beijo, ciente da minha reação, e eu senti meu rosto pegar fogo de novo mas ele continuou me beijando e então ondulou os quadris contra os meus de forma a causar uma fricção entre nossos membros que me deixou sem ar.

A ereção dele dentro da roupa íntima era extremamente óbvia contra a minha e a primeira impressão que tive foi achar estranho aquele elemento a mais na equação, mas ao mesmo tempo era fascinante poder ver a manifestação física e indisfarçável das sensações que eu causava nele. E aquilo me deixou maravilhado, era um prazer novo ter completa noção da excitação do meu parceiro e eu me vi ansioso para explorar mais. Queria vê-lo perder o controle até que a única coisa que conseguisse deixar seus lábios fosse o meu nome.

Mas ele foi mais rápido que eu, e antes que eu pudesse agir senti sua mão tocando meu volume por cima do tecido da cueca e fui eu quem deixou escapar um gemido incoerente. Ele mordeu meus lábios, satisfeito com minha reação, e massageou aquela área novamente com as mãos, me deixando completamente sem controle. Empurrei meus quadris contra sua mão, buscando mais daquele contato, mas quando eu fiz isso ele afastou a mão. Abri os olhos, que eu nem percebi que tinha fechado, e encontrei-o me encarando, sorrindo.

Queria perguntar porque ele tinha parado, mas a forma que ele me olhava era tão predadora que não consegui dizer nada, apenas engolir em seco.

- Posso tirar? – Ele perguntou sensualmente, passando a língua pelos lábios enquanto me olhava, os dedos parados na borda da minha roupa íntima e eu queria dizer “Pelo amor de deus, sim”, mas tudo o que saiu dos meus lábios foi um gemido incoerente. Ruki pareceu extremamente satisfeito com isso e não perdeu tempo. Ele me virou na cama, me fazendo deitar de novo contra o colchão, ajoelhando-se ao meu lado, e logo as duas mãos estavam em meus quadris e eu vi o exato momento em que ele removeu a peça, deixando-me então nu.

Suspirei, uma certa sensação de alívio quando minha ereção se viu livre daquela última peça que a mantinha enclausurada, e tornei a fechar os olhos, recostando a cabeça contra o travesseiro. Abri-os novamente, estranhando o silêncio repentino de Ruki, e quando vi seu rosto, havia nele uma expressão que era misto de choque e admiração.

- Meu senhor Jesus. – Ele murmurou, talvez mais para si mesmo do que para mim, e ele olhava imóvel para o meu membro. Eu quase perguntei se havia algo errado, mas então ele tornou a dizer. – Puta que pariu.

Me assustei e quando tentei me erguer um pouco na cama ele colocou uma das mãos no meu peitoral, me fazendo ficar no lugar e continuou me olhando, sem piscar.

- Ruki? – Chamei, começando a ficar preocupado com sua falta de reação. Será que tinha algo errado com meu pênis?

- Shiu. – Ruki disse, um pedido claro para que eu ficasse quieto, e finalmente se moveu na cama. Ele sentou-se sobre minhas coxas, colocando uma perna de cada lado do meu corpo, e levou as mãos aos meus quadris, passando-as também pela minha barriga, as unhas arranhando-me de forma leve e deliciosa, mas... eu estava começando a ficar frustrado e confuso por ele me tocar em todos os lugares menos onde eu mais queria. Quando comecei a formar alguma coisa para dizer, ele falou novamente. – Meu deus, olha o tamanho disso.

Eu até pensei em responder, mas então ele colocou as duas mãos de uma vez só em volta do meu membro e qualquer coisa que eu pudesse ter pensado em falar sumiu completamente da minha cabeça e eu só consegui gemer. Ouvi-o rir acima de mim, mas eu só conseguia me concentrar naquelas mãos se movendo em minha ereção e eu me contorci na cama, agarrando um punhado do lençol porque se eu não segurasse alguma coisa iria perder o controle.

- Caralho, isso aqui é gigante. - Eu não consegui responder, porque as mãos dele continuavam me acariciando, curiosas. – Não sei se quero tirar uma foto ou sentar em cima.

A única reação que consegui esboçar foi engasgar com o ar e sentir o rosto corar e pegar fogo novamente. E eu sei que era patético, mas realmente era surreal demais que alguém expressasse tanta satisfação com a mera visão do meu corpo. Ele me fazia sentir o homem mais desejado do mundo e isso me deixava uma mescla de envergonhado e orgulhoso.

Ele deve ter se decidido por tirar mesmo uma foto do meu pênis, porque de repente ele se levantou da cama sem dizer nada e começou a andar pelo quarto, procurando alguma coisa. Me sentei na cama, observando-o quando ele encontrou a bolsa, e eu estava prestes a desencorajá-lo quando percebi que o que ele tirou de dentro dela não foi um celular ou uma câmera, e sim uma outra bolsinha menor. Ele exclamou alguma coisa que soou como “YES!”, jogando a bolsa maior de qualquer jeito no chão e ficando apenas com a menor em mãos, e então ele tirou duas coisas de dentro daquela bolsinha. Uma eu reconheci imediatamente: uma camisinha. A outra parecia um tubinho de alguma coisa que eu não fazia ideia do que era, mas parecia um gel? Fiquei confuso, sem entender para quê aquilo servia.

Observei Ruki começar a caminhar de volta para a cama, mas ao invés de vir até mim ele sentou-se na beira da cama de costas para mim, do lado oposto ao que eu estava, e colocou os dois itens ao lado do travesseiro. Encarei suas costas pequenas e brancas enquanto ele começou a remover a roupa íntima que ele ainda vestia. Não pude evitar ficar um pouco decepcionado por ele tê-la tirando por conta própria, já que eu estava ansioso para fazer aquilo. Então ele respirou fundo e se virou na cama, ficando então de frente para mim, mas eu continuei confuso pois ao invés de vir até mim, ele ajeitou um travesseiro no meio da cama, na maior tranquilidade, e deitou-se com a cabeça nele, reclinando as costas no colchão. Só então ele me olhou, e eu senti meu coração se acelerar estupidamente dentro do peito.

- Vem cá. – Ruki disse baixa e suavemente, estendendo uma mão na minha direção. Eu me ergui, aceitando a mão que ele me estendia, e me movi até onde ele estava. Ele abriu as pernas, indicando que eu me colocasse entre elas, seus dedos se entrelaçando com os meus nas nossas mãos que se tocavam, e eu me ajoelhei entre suas pernas.

Minha intenção era debruçar-me sobre ele e beijá-lo mas quando o vi deitado ali completamente nu, as pernas entreabertas e o rosto tão tranquilo e entregue, eu parei por alguns momentos apenas para olhá-lo.

- Você é tão lindo... – Minha voz também saiu sussurrada, e então eu não consegui mais me conter, eu precisava tocá-lo. Soltei nossas mãos entrelaçadas, acariciando os dedos dele uma última vez antes de quebrar o contato, e em seguida coloquei ambas as mãos em seus joelhos erguidos. Comecei a descer as mãos por suas coxas roliças, pressionando-as e massageando-as de uma forma que o fez gemer, e eu sorri, me deliciando com aquela reação.

Continuei descendo e cheguei naquele ponto que eu já sabia que ele gostava. Observei-o fechar os olhos com força e fincar as unhas nos lençóis quando coloquei as duas mãos em suas nádegas e apertei-as com certa força, e ele moveu os quadris um pouco para cima, facilitando meu acesso. Era minha vez de vê-lo perder o controle com meus toques, e eu estava adorando aquilo.

Quando finalmente me debrucei sobre ele foi para beijar sua cintura, sua barriga e qualquer pedaço de pele em seu tronco que eu pudesse, da mesma forma que ele havia feito comigo antes. Os sons que ele fazia me indicavam que eu estava no caminho certo, e, me sentindo um pouco corajoso, subi o rosto um pouco, ainda deixando beijos no caminho e então passei a língua por um de seus mamilos completamente rijos. Sua reação arrancou um sorriso enorme de meus lábios: ele ofegou, a respiração ficando completamente descompassada, e agarrou minha cabeça com ambas as mãos, prendendo os dedos afobadamente em meus fios loiros. Eu continuei o que estava fazendo, dessa vez mordiscando levemente aquele local, e ele se contorceu em meus braços, as pernas tomando vontade própria e se enroscando em volta da minha cintura, me puxando para junto de seu corpo.

Nossas ereções de tocaram com aquele contato, e eu acabei movendo os quadris contra ele, buscando mais daquela fricção maravilhosa. Eu também estava perdendo o controle.

- Assim eu não vou aguentar. – Ele disse com a voz trêmula, movendo os quadris junto comigo, as mãos puxando meus cabelos sem qualquer delicadeza. Senti meu rosto ser puxado para cima e logo estávamos nos beijando novamente, ambos gemendo por conta daquele prazer enorme que eram nossos corpos roçando um contra o outro. – Eu quero você em mim agora.

Senti meu baixo-ventre pulsar dolorosamente ao ouvir aquilo, e apertei sua coxa com força, beijando-o com intensidade. Nos beijamos languidamente por longos minutos, e quando eu parti nossos lábios, olhei-o em busca de uma reafirmação, e tudo o que eu via ali era desejo e certeza.

- Me diz o que eu tenho que fazer. – Falei, um pouco sem graça, mas totalmente certo do que eu queria. Ele sorriu largamente, percorrendo as mãos pelas laterais do meu corpo em uma carícia gostosa, e eu estremeci por antecipação.

- Por enquanto nada. – E dizendo isso ele se separou um pouco de mim, esticando o braço para pegar o tubo que eu não sabia o que era. Observei-o se mover na cama, recostando-se melhor contra o travesseiro e erguer os joelhos novamente, entreabrindo as pernas ainda mais. Quando ele viu que eu o olhava curioso, ele sorriu e tornou a falar. – Isso aqui é lubrificante.

- Ahh! – Eu exclamei, compreendendo, mas ainda assim eu não sabia exatamente o que ele ia fazer com aquilo. Ruki tornou a desviar o olhar, e eu continuei observando atentamente o que ele fazia, ignorando minha ereção que me implorava por atenção. Ele abriu o tubinho e colocou uma boa quantidade do líquido nos próprios dedos e eu arregalei os olhos com o que ele fez a seguir.

Como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo, ele levou a mão para as próprias pernas entreabertas e eu assisti chocado quando ele aproximou um dos dedos da sua entrada e começou a pressioná-lo ali. Ele arfou em uma clara expressão de dor, os olhos se fechando automaticamente quando aprofundou o dedo em sua entrada, e eu me debrucei sobre ele, confuso e preocupado com aquele ato.

Beijei seu rosto, afastando alguns fios de cabelo que haviam grudado ali devido ao suor, e ele abriu os olhos para me olhar, sorrindo.

- Não se assuste, eu tô só me preparando. – Ele me beijou nos lábios, tentando me passar conforto, e eu achei aquilo engraçado porque era ele quem estava com dor ali, não era eu que precisava ser confortado!

- Mas isso tá te machucando! – Respondi, acariciando seu rosto. Ele continuou o que estava fazendo, o rosto se contorcendo um pouco de dor quando ele colocou um segundo dedo em sua própria entrada, e eu comecei a ficar realmente preocupado. – Ruki, eu não quero fazer nada que vá machucar você!

- É uma dor normal, daqui a pouco passa. – Ele me explicou. – Se eu não fizer isso, você vai me machucar de verdade quando colocar isso aí em mim. – Ele me surpreendeu ao colocar a mão livre em meu membro, como que para dar ênfase ao que ele dizia.

Eu me senti mal por ele ter de fazer algo que obviamente machucava, mas ele sabia o que estava fazendo, e eu decidi acreditar nele quando ele me dizia que logo ia passar.

Continuei beijando-o e tocando seu corpo enquanto ele terminava aquilo, e me senti um pouco melhor ao ver seu rosto mudar para uma expressão de prazer quando eu me aventurei e toquei sua ereção, que pulsava contra minha barriga.

Eu podia nunca ter transado com alguém do mesmo sexo, mas eu também era homem e sabia onde eu gostava de ser tocado. Corri minha mão por toda a sua extensão, e percebi que um pouco de líquido branco já começava a escorrer da ponta, indicando que ele não duraria muito mais tempo, e eu estava estupidamente feliz por saber que eu causara aquilo. Que era por minha causa que ele estava se contorcendo daquela forma, que era por minha causa que sons extremamente eróticos deixavam sua garganta.

Era surreal mas eu comecei a sentir que podia gozar só com a visão de seu belo rosto perdido em prazer.

Senti sua mão pequena tocar a minha, e ele a afastou de seu membro, me chamando a atenção. Depois que a tirou dali, ele esticou a mão e pegou a camisinha que havia largado junto ao travesseiro momentos antes e a colocou em minhas mãos.

Busquei seu olhar, querendo novamente uma confirmação, e ele assentiu. Ele se ajeitou de novo sobre a cama e me observou enquanto eu abria o pacote completamente desajeitado, e tentava colocá-la com as mãos tremendo por antecipação.

Ele perdeu a paciência depois de me ver derrubar a camisinha duas vezes e decidiu que ele próprio a colocaria por mim. Quase explodi ao sentir as mãos dele em meu membro outra vez, e ele se demorou um pouco, masturbando-me lentamente enquanto desenrolava o preservativo.

Nem tive tempo de respirar depois que ele terminou de colocá-lo, pois Ruki atacou meus lábios, puxando-me para cima de seu corpo, e eu correspondi mais do que contente.

Ele gemia contra o beijo, jogando uma das pernas sugestiva e eroticamente para cima do meu quadril, e eu estremeci quando senti a ponta do meu membro rijo tocar sua entrada.

- Vem... – Ele sussurrou contra o meu ouvido, e então uma de suas mãos estava em meu membro, guiando-o na direção certa. O mais lentamente que pude, para não machucá-lo, inclinei meu quadril para frente e comecei a penetrá-lo.

E aquela sensação quente e a pressão deliciosa quase me fizeram delirar e eu tive que me segurar para não estocá-lo de uma vez. O que me segurou foram suas unhas apertando minhas costas com força e o gemido de dor que ele tentou conter ao morder os lábios, me fazendo parar imediatamente.

- Ruki, tudo bem? – Perguntei, beijando seu rosto, apoiando as mãos no colchão ao lado de sua cabeça. Fiquei paralisado daquela forma, com medo de mexer qualquer músculo e lhe causar dor novamente. – Quer que eu pare?

- Não!! – Ele exclamou, parecendo bravo, e foi ele quem moveu os quadris, insinuando seu corpo contra o meu, o que fez com que eu me afundasse um pouco mais dentro dele contra a minha vontade. Ele arfou, mas manteve o olhar no meu. – Vai passar, eu prometo. Só continua o que você tá fazendo.

- Mas---

- Pelo amor de deus, Akira, cala a boca e me fode! – Eu ia protestar mas ele me puxou pelos cabelos, me prendendo em um beijo intenso com língua e dentes, ondulando os quadris contra mim e eu não consegui mais me conter.

Tentei me mover o mais devagar que pude, mas ele era deliciosamente apertado e eu só queria entrar em seu corpo de vez e me perder naquele calor. Acabei penetrando-o mais rápido do que pretendia, mas para a minha surpresa, quando me afundei completamente dentro dele, o que eu ouvi não foi uma exclamação de dor: foi um grito de prazer.

Me afastei para olhar seu rosto e encontrei nele uma expressão de puro delírio que fez meu sangue correr ainda mais rápido, sendo direcionado todo para um mesmo lugar.

- Faz de novo! – Ele disse, ofegante, as mãos fincadas em minhas costas.

Lentamente comecei a me mover dentro dele, e quando estava quase retirando meu membro, voltei a estocá-lo da mesma forma que antes e ele voltou a fazer aquele som fascinante.

- Isso! – Ele exclamou, movendo-se contra mim, instigando-me a continuar, e foi o que eu fiz. Continuei a investir contra ele, e uma onda absurda de prazer me dominou. Percebi que ele retirou uma das mãos das minhas costas e levou-a à própria ereção, começando a masturbar-se enquanto eu penetrava seu corpo repetidamente. – Ah, Akira...

Quase atingi o clímax ao ouvi-lo gemer meu nome daquele jeito contra meu ouvido, mas eu queria fazer aquele momento durar mais. Minha próxima estocada foi mais lenta, e eu empurrei a mão dele para longe do próprio membro, substituindo-a com a minha.

Ele mordeu os próprios lábios com força quando notou o que eu estava fazendo e voltou a se agarrar às minhas costas, ao meu pescoço, a qualquer pedaço de pele meu que pudesse.

Toquei-o enquanto o penetrava, e percebi que nenhum de nós ia durar muito mais tempo. Tentei ir com calma, mas os gemidos dele contra meu ouvido estavam me levando a loucura, e antes que eu pudesse perceber estava indo em uma velocidade bem mais rápida do que pretendia.

E então com um gemido alto de prazer, ele gozou primeiro, a evidência se espalhando contra nossos estômagos em um jato intenso e quente. Eu ainda durei um pouco mais, investindo com ele algumas vezes mais até que com um impulso que percorreu meu corpo inteiro como uma onda, eu atingi o clímax dentro dele.

Tentei apoiar meus braços na cama para não desabar sobre ele, mas meu corpo amoleceu instantaneamente, se desfazendo com aquela sensação maravilhosa de completude, e eu me deitei sobre ele, nossos corpos ainda conectados, e ele me aceitou em seus braços sem hesitar.

Ruki se agarrava ao meu corpo com braços e pernas e eu me deixei perder no calor de seu abraço, sentindo seu coração bater acelerado junto ao meu e sua respiração descompassada contra o meu rosto. Ficamos um longo tempo abraçados daquela forma sem dizer nada, apreciando o calor um do outro, e vez ou outra eu deixava um beijo casto em seu rosto, sentindo as borboletas voltarem ao meu estômago ao ouvir sua risada satisfeita, seu peito vibrando contra o meu.

Me afastei dele apenas quando senti que meu membro ainda dentro dele começava a incomodar, e lentamente comecei a me retirar, tomando cuidado para não machucá-lo. Descartei o preservativo usado em uma cesta de lixo que havia perto da cama e voltei para junto dele.

Fiquei um pouco inseguro sobre o que fazer a seguir, porque só tinha experiência com uma parceira na vida e ela odiava que eu tentasse tocá-la de qualquer forma depois do sexo. Não sabia se eu me levantava para tomar banho, apesar de que eu duvidava que seria capaz de fazer isso, esgotado do jeito que estava, ou se eu tentava puxar conversa.

Foi Ruki quem se aproximou e colocou as mãos em minha cintura, me fazendo deitar de novo na cama. Ele se aconchegou contra o meu peito sem dizer nada, e eu senti meu coração palpitar com aquele gesto. Aceitei-o em meus braços, passando-os por suas costas, e comecei a alisá-las distraidamente, apreciando aquele calor gostoso que ainda emanava do contato de nossas peles.

- Foi maravilhoso... – Sussurrei em seu ouvido e ele riu contra o meu peito, depositando um beijo ali.

- Fico feliz que gostou... – Ele respondeu, parecendo sonolento. – Próxima vez eu te ensino algumas coisas.

- Já estou ansioso para aprender. – Confessei, beijando sua cabeça, movendo o nariz carinhosamente por entre os fios castanhos. Eu também começava a sentir um sono intenso chegar, que era uma mistura de todo o álcool consumido e das atividades daquela noite, e puxei um dos lençóis antes esquecido em um canto e o usei para cobrir nossos corpos.

- Se eu esquecer disso, amanhã de manhã você me lembra...

Foi a última coisa que ele disse antes de cair em sono profundo contra o meu peito, ressonando calmamente. Não demorou muito para que aquele calor gostoso e o som de sua respiração regulada me levassem também para o mundo dos sonhos...

  


Notas Finais


[1] Já expliquei em outro capítulo, mas como faz tempo, repetindo a nota pra refrescar a memória!
Nomihoudai ou “beba tudo o que puder” é um sistema que a maioria dos bares no Japão utilizam. E é literalmente isso, “beba tudo o que puder”. Você paga uma quantia fixa por um período de tempo (geralmente é por 2 horas ou 3 horas) e durante esse tempo você pode beber tudo o que tiver no cardápio.

[2] Salary man (サラリーマン) – homem assalariado ou colarinho branco, é um termo pejorativo para falar de executivos de baixo escalão em uma empresa. Eles recebem um salário base e vivem uma vida estável e de classe média, mas pra isso geralmente passam muito mais tempo que outros funcionários no escritório, fazendo muita hora extra e mal tem tempo de viver. É uma posição de baixo prestígio.

[3] Tebasaki (手羽先) – Asinha de frango. O tebasaki mais popular do Japão é o de Nagoya, que é frito e temperado com um molho agridoce, alho e gergelim. É assim: http://i.imgur.com/8tUD5RF.jpg

[4] Chu-hai (チューハイ) é uma bebida de latinha popular no Japão, geralmente é vodka ou shochu aromatizada com sabor limão ou outras coisas como maçã, morango, pêssego, etc. O teor alcóolico varia de 4% a 9%.


Acho que depois desse capítulo eu tenho que mudar a classificação de Clocks, né? :P


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