Asta
A aula tinha acabado e eu só pensava no que eu tinha feito, cara, eu simplesmente abracei a Noelle em um momento de pura euforia da minha parte, ela não reagiu muito bem, droga eu sou um idiota, todo mundo fica com indiretas sobre ela sentir algo por mim, mas é tudo mentira e quer saber? Eu tenho certeza de que não gosto dela e que isso que sinto toda vez que estou perto dela não deve ser nada fora do comum, é, é isso mesmo.
– Ei, Asta. – Ouvi Yuno me chamar e me virei rapidamente para ver o que ele queria, encostei em uma árvore e esperei ele se aproximar mais. – Preciso de um favor. – Ele dizia um pouco sem jeito, era ridículo ver ele daquele jeito.
– O que precisa? – Questionei sem vontade.
– Bom... – Seu olhar baixo fitava o chão. – Queria que desse uma olhada em Charmy durante o reconhecimento amanhã. – Disse por fim e um riso alto escapou por minha garganta.
– É sério isso Yuno? – Questionei brincalhão. – Nunca esperei isso vindo de você. – Bati em seus ombros e ele logo tomou sua postura rígida.
– Só faça isso por mim. – Ele pediu ríspido. – Eu olharia ela por você. – Falou por fim.
– Ela quem? – Disse debochado.
– Pode mentir para todo mundo Asta, mas sou seu melhor amigo. – Ele cruzou os braços e eu o encarava.
– E eu o seu, por isso estou dizendo que não existe nenhuma ela. – Fiz aspas com a mão na última palavra e ele me deu um tapa na cabeça.
– Pare de ser idiota. – Ele disse e eu levei a mão no local que doía após o contato. – Eu gosto da Charmy e tudo bem eu dizer isso, assuma que gosta da Noelle e pare de ser esse idiota completo. – Soou irritado e eu sorri fraco.
– Não veria problema em assumir se isso fosse verdade. – Dei de ombros. – Nem sei o que é gostar de alguém. – Falei sem vontade.
– Bom, você se sente diferente perto dela? Ou pensando nela? – Ele questionou e eu assenti confuso. – Então meu amigo, sinto lhe dizer a verdade... – Ele pausou dramaticamente. – MAS VOCÊ É MESMO UMA PORTA. – Ele disse rindo. – É óbvio que existe algo entre vocês, por favor... – Suspirou fundo. – Só cuide delas então, até a volta.
– Até, Yuno. – Cumprimentamos rapidamente e seguimos nossos caminhos.
Será que ele estava mesmo certo? Que isso que eu sentia próximo dela ou o fato de que estou sempre pensando nela seja de fato algo relacionado a sentimentos que vão além da amizade? Ah, vou tentar ignorar isso por enquanto, preciso arrumar minhas coisas.
As orientações passadas sobre nossa visita de reconhecimento, ao que parece, é uma vila a poucas horas do castelo e como não sou usuário de magia, não consigo usar o meio de transporte mais popular entre nós, a vassoura, mas o Magna já disse que me dará carona confesso que fiquei mais aliviado, não sei dizer como a Noelle irá, pois como ela não consegue dominar seu poder com precisão, seu voo é prejudicado, mas acho que a Mimosa levará ela... Mas porque estou pensando nela? AAAARGH, saia dos meus pensamentos, bati algumas vezes na testa e voltei a arrumar minhas coisas.
Após tudo estar pronto, pensei em descansar um pouco para poder estar bem para a missão de amanhã, deitei na minha cama e meus últimos pensamentos foram novamente a menina de frios prateados, droga Noelle.
...
–ASTA, ACORDA SEU MERDA. – Senti ser acordado gentilmente pelo Gauche. – Eu vou te deixar para trás. – Ele dizia me chutando.
– Caralho, eu já acordei. – Disse tirando os resquícios de sono. – Bom dia para você também. – Falei em um tom sarcástico.
– Eu já estou indo. – Ele disse em seu jeito ríspido. – Que você tenha uma boa missão. – Assustei com sua frase, mas antes de poder dizer algo ele já havia saído de meu campo de visão.
Após terminar de me arrumar, peguei minhas coisas e desci para tomar café com o pessoal, o único problema é que eu estava mesmo atrasado e não poderia comer, vi minha equipe toda junta e segui com lágrimas nos olhos.
– Bom dia. – Disse desanimado.
– Atrasado. – Noelle disse irritada. – Como sempre... – Senti a indireta do baile.
– É sempre sem querer. – Dei de ombros. – Ei Charmy!!! – Meus olhos brilhavam ao olhar para a garota que sempre tinha comida. – Tem algo para comer? Não consegui pegar nada da mesa. – Me expliquei e ela me olhou sem jeito.
– O suprimento é para a viagem, desculpe. – Ela encolheu os ombros e eu sorri de leve.
– Tudo bem. – Tentei sorrir e segui até o Magna para irmos.
– Não que você mereça, mas aqui está. – Noelle tocou meus ombros e senti um pequeno arrepio tomar conta do lado onde ela tocou, me virei e ela me entregou uma trouxinha com comida, abri e tinha pães e frutas.
– Valeu, Noelle. – Disse animado e antes que ela se virasse para sair a puxei pela mão direita e ela olhou para nossas mãos e depois para mim um tanto assustada, mas eu não soltei e nem ela. – Você vai com quem? – Estava curioso e preocupado.
– Com a Mimosa. – Ela disse ainda me encarando e senti um rubor em seu rosto, ela era linda.
– Certo, tome cuidado. – Disse por fim soltando sua mão.
– Você também. – Disse simplista e seguiu até a prima dela.
Aquele toque, eu ainda sentia em minha mão, eu queria mais dela, descobrir o que é isso que habita meu peito e queria fazer isso com ela ao meu lado, que merda, estou tão idiota quanto o Yuno.
– Bom, vamos seguir para a cidade, quando chegarmos lá, vamos tentar nos infiltrar e descobrir mais sobre os roubos, lembrando que devemos ao máximo esconder quem somos. – Falei para todos, aquele Vermillion havia me colocado de líder, eu odiei isso, não me sentia nada responsável para tal função, mas ele me deu um puta sermão que só de lembrar, faz minha cabeça doer. – Noelle e Charmy, tentem encontrar um emprego para obter maiores informações. Mimosa e Gray vem comigo e Magna para quero que converse com os moradores. – Ordenei, assim as duas estariam mais seguras, apenas ouvindo as conversas de fregueses.
Com as ordens dadas, partimos rumo ao nosso destino, por todo o caminho nenhuma palavra foi trocada e eu aproveitei para comer o que ela havia separado para mim, eu não entendia direito o jeito dela, às vezes era gentil e carinhosa e em outros momentos, era mais fria e com seu ar superior, o problema era que tudo nela chamava a minha atenção, estou começando a achar que eles podem mesmo estar certos.
– Acha mesmo uma boa ideia deixar as duas sozinhas? – Magna dizia baixo.
– Talvez, mas eu prefiro arriscar. – Disse sério e ele apenas assentiu.
Logo que chegamos, fomos a uma pequena pousada para que Mimosa e Magna pudessem recuperar suas energias, já que eles carregaram duas pessoas, ainda não passava do horário do almoço e decidimos que nossa busca começaria no período da tarde. Com o valor disponibilizado para a primeira missão, conseguimos nos acomodar em 3 quartos e assim que entrei no quarto com o Magna ele se jogou na cama.
– Daqui duas horas estarei disposto novamente. – Assenti com a cabeça e o deixei descansar.
Observava a cidade da janela e logo pude ver uma garota conhecida sair do estabelecimento e fui atrás entender quais seriam seus planos. Após algum tempo seguindo a mesma, vi que ela entrou no que parece ser um bar e franzi o cenho, o que ela está fazendo? A esperei do lado de fora e demorou um pouco até que ela saísse do local.
– O que estava fazendo? – Questionei curioso.
– Asta, que susto. – Ela levou as duas mãos na altura de seu coração. – Procurando um emprego, o que mais seria? – Ela soava irritada.
– EM UM BAR NOELLE? – Questionei irritado, não gostei nada da ideia dela em lugar com tantos homens mais velhos e que pudessem dar em cima dela. – NÃO ERA ISSO QUE TINHA EM MENTE.
– Cala a boca. – Ela tapou minha boca com suas mãos ficando a poucos centímetros de mim e me puxou para um canto reservado da cidade. – Eu vou explicar, mas fale baixo ou vai estragar tudo. – Ela pediu e eu assenti. – No saguão, ouvi rumores de que os ladrões frequentam descaradamente o bar local e por isso fui até lá pedir um emprego para mim e Charmy, o que deu certo por sinal, assim poderemos ter as características físicas deles. – Ela disse por fim e seu plano infelizmente fazia sentido.
– Tudo bem, me desculpe. – Levei uma mão na cabeça sem jeito. – Me exaltei, eu só não quero que corra riscos. – Falei preocupado e ela sorriu.
– Todos nós correremos, certo? – Ela sorriu confiante.
– Vamos como clientes desse bar e veremos quem são eles. – A puxei pelo braço até que ela ficasse ao meu lado e senti que ela estava envergonhada, mas não soltou minha mão e eu sorri abertamente com aquilo e seguimos assim até o local onde estávamos hospedados.
...
Já era noite e as meninas haviam seguido para o novo trabalho delas, eu e o restante iriamos mais tarde para tentar ver quem eram os ladrões e conseguir o máximo de informações para completar a missão que nos foi dada.
Nos encontramos no saguão e seguimos para o bar que não era muito longe dali, escondemos nossas coisas em uma árvore próxima ao bar, pois se desse tudo certo já iriamos embora hoje mesmo, ficar muito ali não era nem de longe o ideal.
– Estou nervosa. – Gray parecia estar tremendo.
– Fique calma, será algo bem simples e nem vamos ter que usar magia. – Mimosa tentava animá-la.
– Seria bom surrar alguns caras. – Magna disse e eu ri com seu comentário.
– Melhor não pensar demais nisso. – Comentei e logo apontei para o local a nossa frente. – É ali.
– Caramba, está cheio. – Mimosa comentou e logo entramos os quatro e sentamos em uma mesa.
– Sejam bem-vindos. – Noelle exibia um sorriso ladino que tomava todo o lugar e eu senti meu coração falhar por um breve instante. – O que desejam?
– Wow, irreconhecível. – Magna comentou levando um tapa de leve da garota.
– Não estrague tudo. – Ela disse de canto.
– Bom, iremos pedir o prato do dia. – Mimosa pediu gentilmente e ela anotou no pequeno bloco que estava em suas mãos.
– Logo ficará pronto. – Ela sorriu e saiu.
– O que foi Asta, um gato comeu sua língua? – Mimosa ria ironicamente.
– N-não é nada. – Disse tentando ignorar o que ela dizia.
Comecei a prestar atenção nas pessoas, todos estavam rindo e se divertindo, Charmy aparecia em meu campo de visão às vezes, mas ela estava mesmo empenhada na sua função, Yuno me mataria se soubesse que deixei ela trabalhar enquanto fico sentado observando, mas no final, a ideia de Noelle teria desbancado qualquer plano.
– Hm, então temos funcionárias novas essa noite. – Uma voz grossa passou pela porta, um homem alto e forte com cabelos negros presos em uma trança, seu rosto continha uma cicatriz que pegava grande parte do mesmo, um sorriso sarcástico esboçado no rosto e 4 capangas atrás de si. – Vou adorar ser servido pelas belas donzelas. – Sua risada ecoava pelo salão que agora estava em silêncio e nem parecia ser o mesmo lugar de antes, olhei para Noelle e Charmy e elas se mantinham firmes, se estavam com medo, eu não saberia dizer.
– Por favor, vão embora, já não basta o sofrimento que causam a nossa vila. – Um senhor suplicou por todos. – Estão levando tudo que nos é importante para sobreviver. – Ele continuava com seu discurso.
– QUIETO. – Ele foi interrompido pelo homem. – Ninguém pediu sua opinião. – Disse simplista e tomou a mesa que estava desocupada em nosso lado. – Mas olha que lindas garotas temos aqui também. – Ele sorria para Gray e Mimosa e num movimento rápido a aproximamos de nós, Gray tremia e Magna acariciava suas costas tentando acalmá-la.
– Deixe elas em paz. – Magna disse entre os dentes.
– Que seja. – Ele disse ignorando nossa presença.
O único problema foi que Noelle viu a proximidade entre mim e sua prima e saiu pisando duro do salão, droga, quantos problemas aconteceriam numa só noite? Logo ela voltou trazendo nossa comida.
– Espero que vocês aproveitem e refeição. – Ela disse furiosa e me olhava de uma maneira que eu sentia me queimar por dentro.
– Noelle, não é o que está pensan... – Mimosa tentou argumentar, mas ela a ignorou.
– Não tem nada que eu possa pensar Mimosa, até porque, deve estar feliz com a proximidade com ele, estou errada? – Ela falara rapidamente e via seu rosto ser tomado por fúria.
– Noelle... – Tentei falar.
– Basta. – Ela fez um gesto com a mão e foi em direção a mesa do suspeito.
– Isso minha pequena, venha até aqui. – Ele dizia em tom sedutor e senti meu sangue ferver.
– Noelle, não vá. – Supliquei.
– Estou trabalhando. – Ela disse sem olhar para trás.
– Vocês acham que podem mesmo chegar aqui e pensar que não seriam percebidos? – Ele dizia confiante ao puxar a Noelle para si, chocando seus corpos. – Magos de merda, vocês irão morrer nesse lugar. – Ele sorriu puxando uma faca para o corpo dela e eu agi por impulso, mas Magna me segurou.
– Calma ou vai ser pior. – Olhei furioso.
– Como? – Questionei e ele fez um gesto escondido para que eu olhasse para ela.
Ela aproveitou que todos estavam de costas para a mesa e tentou usar a água que estavam nos copos para poder se desvencilhar dele, eu pedi para que aquilo desse certo, agora todos nós estávamos olhando esperando que aquilo funcionasse, mas antes que ela pudesse atacar com as linhas que haviam se formado com a água, o líder previu o ataque e num momento de fúria, atacou Noelle com a faca que agora estava em seu tórax e sua roupa manchava de sangue, ela lutava para respirar e nesse momento eu não via mais nada.
– Seu grande FILHO DA PUTA. – Gritava sem medir esforços e o joguei para fora do bar com a minha espada. – EU VOU TE MATAR.
– Asta... – Noelle tentou dizer, mas sua voz era fraca. – Não... – Ela continuava e eu me ajoelhei ao seu lado.
– Me desculpe. – Sentia meus olhos arderem. – Eu farei ele pagar por isso. – Acariciei seus cabelos.
– Vá, eu fico com ela. – Mimosa se colocou em seu lado. – Vou conseguir curá-la, mas vão logo. – Ele pediu e todos saímos em direção a porta por onde ele havia sido arremessado e seus capangas ido atrás.
– Magia de cura... – Foram as últimas palavras que ouvi de Mimosa.
Já na frente do bar, os quatro tentavam levantar o homem caído no chão.
– Nem tente levantar. – Disse em meio a fúria. – Não vou deixar você levantar. – Sorria com aquilo.
– Você vai morrer e sabe disso, não sabe? – Ele dizia orgulhoso.
– Não vou morrer. – Disse com raiva. – Mas vou te prender, se prepare. Magna, vamos com tudo! Charmy e Gray, fiquem para nossa defesa.
– VOCÊ VAI PAGAR POR TER MACHUCADO A NOELLE. – Magna disse antes que eles pudessem realizar algum ataque, fomos mais rápidos. – Magia de Fogo: Bolas de Fogo Explosivas. – Ele disse e uma chuva de fogo caia do céu. – Vá Asta, não tenha medo de se queimar. – Ele foi sarcástico ao me mandar entrar debaixo daquilo e acabar de vez com aquilo.
– Você quem manda. – Pisquei e segui até o ataque usando minha espada para nocautear os que ainda restaram e assim que todos estavam desacordados, cessamos nosso ataque.
– M-muito obrigado por ter acabado com eles. – O senhor de antes se aproximou de nós. – Nós não teríamos nos livrado desses ladrões sem vocês. – Ele parecia emocionado.
– Não foi nada velhote. – Disse sem jeito. – São eles mesmo os ladrões que causavam problemas? – Questionei curioso e ele assentiu.
– Como levaremos esses caras? – Magna parecia pensar em algo.
– Pode deixar comigo. – Charmy apareceu e se colocou à nossa frente. – Magia de Restrição: Aprisionamento de Algodão. – E após sua fala, uma nuvem de algodão se espalhou pelo local, virando em seguida uma única bola onde os cinco estavam presos em um tamanho menor que o mindinho humano.
– O QUEEEEEEEE? – Me aproximei assustado. – Como fez isso? – Estava curioso.
– Acho melhor ver a Noelle antes, outra hora eu te explico. – Ela disse sorrindo e só então me lembrei o que havia acontecido e corri para ver como ela estava.
Assim que entramos de novo no bar, Noelle estava se levantando com a ajuda de Mimosa e eu corri até elas e me ofereci de apoio e ela aceitou.
– Obrigada. – Ela disse sem jeito. – Obrigada por proteger minha prima também e desculpe por ter feito aquela cena. – Ela estava com vergonha e eu sorri, não estava bravo com ela, eu estava feliz de ver que ela estava bem.
– Não se preocupe, o importante é você estar bem, mas não se esforce agora, vem. – Disse a pegando no colo e ela apenas aceitou, ela estava cansada também. – O que faremos, não temos como ir voando mas precisamos voltar depressa.
– Nós levamos vocês, temos algumas carruagens simples que podem servir. – O velho novamente apareceu. – É o mínimo que podemos fazer e meu filho se propôs a leva-los.
Todos concordamos e Magna correu para pegar nossas coisas enquanto nos acomodávamos na carruagem fornecida pelo morador, logo ele estava de volta e com todos a bordo, nos despedimos e seguimos para a escola. Noelle dormia tranquilamente em meu peito e eu juro que não queria que ela saísse daquele lugar nunca mais, eu afagava seus fios, enquanto a observava dormir.
– Vocês são tão fofos. – Charmy disse sorrindo e eu sorri de leve.
– Me conte sobre sua magia. – Pedi e ela resolveu contar como funcionava sua magia de restrição e fomos falando sobre isso até a chegada em nosso destino.
...
– Vão na frente para relatar o ocorrido, vou levar Noelle até o quarto e alcanço vocês. – Disse a pegando no colo, ela ainda dormia e pelo jeito, ficaria assim por um tempo.
Levei a garota até seu quarto que estava vazio, pelo visto fomos os primeiros a chegar, quando a coloquei na cama, com todo o cuidado, devo mencionar, ouvi ela dizer algo e pensei que ela pudesse estar com dor.
– Espero que a Kahono chegue logo para te ajudar com essas roupas. – Sussurrei olhando para as manchas de sangue que estavam presentes no uniforme. – Desculpe não ter cuidado tão bem de você. – Disse antes que ela murmurasse de novo.
– Asta... – Ela disse e eu a chacoalhei de leve tentando checar se ela estava bem e seus olhos se abriram. – Asta, onde estamos? – Ela dizia confusa – E-eu estava sonhando com você... – Ela dizia sem jeito. – E-eu estava morrendo.
Quando ouvi ela dizer aquilo, um impulso tomou conta de meu corpo e eu choquei meus lábios contra os dela, não sabia se era o momento, se era certo ou errado, eu só não queria sentir o aperto que a palavra morte saindo dos seus lábios me causou. Antes que eu pudesse pedir passagem com a língua e aprofundar esse momento, ouvi a voz inconfundível de Kahono soar no fundo.
– Noelle, você está... – Ela parou ao ver que eu me afastei bruscamente da garota e a olhei assustado. – M-me desculpe, soube que ela estafa ferida e vim correndo, não esperava que estivesse aqui.
– Tudo bem, já estava de saída. – Falei frustrado por ser interrompido. – Nos falamos depois Noelle, se cuide. – Sorri para ela que se mantinha num estado de choque, será que fiz muita merda? Mas ela nem disse nada... – Ajude ela, ela perdeu muito sangue. – Pedi e ela assentiu.
– Sem problemas, eu assumo daqui. – Ela disse sorrindo e quando passei por ela, ela sussurrou. – Me desculpe ter atrapalhado. – Piscou por fim e eu neguei com a cabeça.
Sai do quarto pensando se havia feito algo de errado e principalmente, o que ela havia sentido ao me beijar? Isso só saberei quando falar com ela novamente, mas agora, preciso relatar o ocorrido em minha primeira missão... E que missão...
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