História Clover - Capítulo Dezesseis

Asta

O restante das férias passou rapidamente, afinal, eram apenas duas semanas também, nesse tempo eu pude estudar mais sobre a anti magia, após a luta com Vetto, eu pude entender melhor o conteúdo que eu havia lido em apenas um dos livros que Julius havia posto na lista.

Anti magia, era o nome da energia capaz de anular outras formas de magia, as espadas me ajudavam a usá-la com todo meu potencial, mas o que não fazia sentido para mim até dias atrás, era como essa energia poderia vir de um demônio, Noelle me explicou depois sobre os trevos, eu já devia ter ouvido algo sobre aquilo em algum lugar, mas eu nem havia me atentado ao fato do meu grimório ter um trevo de cinco folhas na capa e ao relacionar isso com a conversa estranha que eu tive com uma figura escura enquanto estava desacordado na minha última luta, pude entender que de fato um demônio estava ali, não que isso me assustasse, eu tinha algo com o qual poderia lutar e proteger aqueles que eu amo, foda-se de onde vem essa energia.

Nos últimos dias, minha relação com a Noelle também mudou e ao meu ver, para muito melhor. Agora ela conseguia mostrar sempre seu lado mais carinhoso e gentil, não tinha mais medo de mostrar quem ela era realmente era, na noite anterior, ela disse estar com saudades de nossos amigos e que estava animada para a chegada deles hoje.

Eu me preparava para descer e esperar por eles na entrada, não diria nada sobre o que havia acontecido comigo no tempo em que ficaram longe, realmente não sei o que esperar do restante do grupo do invasor, mas pensar nisso agora não me trariam respostas também. Balancei a cabeça espantando esses pensamentos, peguei a camiseta branca que estava em cima da minha cama e a vesti, por cima, amarrei o manto da minha casa e segui até a porta, assim que abri a mesma, Noelle estava parada com a mão levantada prestes a bater.

– Bom dia! – A puxei para um beijo, mas ela apenas selou nossos lábios e se afastou corada.

– Asta! – Me repreendeu com os olhos e eu ri.

– O que foi? – Levantei os ombros enquanto a provocava e ela deu um leve tapa no meu braço.

– Alguém poderia ter visto. – Ela parecia envergonhada.

– Hm... – Fechei a porta atrás de mim e começamos a andar. – Então ninguém pode saber que estamos de fato, juntos? – Eu usava um tom brincalhão, mas tinha curiosidade.

– N-não é isso. – Ela tentou se justificar.

– Então, durante as férias, curtimos tudo aquilo e agora não posso lhe beijar sem que seja escondido? – A olhei de canto e ela parecia se encolher. – Sou apenas um brinquedo para você? – Fiz um gesto de esconder meu corpo parecendo ofendido com aquilo tudo. – Você me usou senhorita coração de gelo. – Sorri de lado para ela, que corou na hora, quando vi, ela havia me empurrado contra a parede e suas mãos estavam apoiadas ao lado do meu rosto, estava pasmo com a atitude da garota.

– Não brinque com isso. – Ela pediu séria e eu entendi que havia passado dos limites.

– Desculpe, não quis ofender. – Pedi com sinceridade e ela abriu um sorriso, ela me enganou?

– Só tenho vergonha, só isso. – Ela deu de ombros, mas se aproximou e selou nossos lábios por um tempinho antes de pedir passagem com a língua e eu a puxei dando início ao beijo.

– Vão para um quarto. – Yuno disse após pigarrear e Noelle se afastou de mim com pressa.

– Bom dia! – Charmy vinha sorrindo ao seu lado e olhei com atenção na mão dos dois que tinham seus dedos entrelaçados, se tem algo que eu nunca pensei nessa vida, era ver Yuno de mãos dadas com alguém.

– Yuno, Charmy!! – Noelle correu na direção dos dois e os abraçou. – Que saudades de vocês, como foram as férias? – Yuno me olhou curioso com a atitude dela e eu apenas balancei a cabeça para que ele não estranhasse tanto isso.

– Foram ótimas. – Charmy disse empolgada. – Asta, sua vila é incrível. – Ao ouvir isso, olhei novamente para Yuno que agora estava um pouco sem jeito.

– Levou ela lá? – Questionei segurando um riso.

– Sim, ela passou uns dias lá. – Ele levou uma mão até a boca tentando esconder o desconforto e eu ri alto com aquilo.

– As crianças devem ter ido a loucura. – Comentei e Charmy assentiu.

– Elas amaram as batatas que eu fiz. – Senti a saliva escorrer pelo canto da boca.

– VOCÊ FEZ BATATAS PARA ELAS??? – Ah, que merda, eu queria.

– Aqui está a sua parte. – Ela me entregou uma pequena nuvem de algodão. – Coma devagar, elas ficaram sempre frescas aí. – A magia dessa garota era demais, meus olhos brilhavam e acenei com a cabeça.

– Vamos, os outros estão nos esperando. – Noelle e Charmy foram em nossa frente.

– Yuno, não acredito que levou ela para casa. – O cutuquei com o cotovelo e ele me olhou furioso.

– E a lavagem cerebral que fez na Noelle, hm? – Ele retrucou e eu dei de ombros.

– Essa é a verdadeira Noelle. – Dei de ombros e ele entendeu o que queria dizer.

– Estamos fodidos Asta. – Ele riu ao encarar a garota de cabelos escuros.

– Totalmente fodidos. – Rimos juntos, eu realmente queria estar com ela para sempre.

– Noelle e suas férias? – Charmy perguntou e Noelle se virou para mim, ela queria saber se poderia contar sobre Vetto e eu neguei levemente com a cabeça, queria contar a todos de uma vez sobre o ocorrido.

– Foram tranquilas, estudei bastante. – Ela era uma péssima mentirosa.

– O que foi isso? – Yuno me questionou baixo.

– Conto mais tarde. – Ele assentiu e logo depois encontramos todos os nossos amigos.

Sentamos todos juntos do lado de fora, começamos a odiar esse sistema de mesas e separação, queríamos comer enquanto conversávamos e isso não fazia sentido mais, pelo menos, ninguém ligava para o que fazíamos. Após um pouco de conversa sobre as férias de todos, decidi que estava na hora de contar o que havia acontecido durante a ausência deles, eu esconderia uma parte, afinal, queria ver a cara deles quando vissem minha forma negra no dia da prova que Julius havia me alertado, ainda não sabia ao certo como seria, mas sentia que eu teria que usar.

– Precisamos contar a verdade sobre nossas férias, certo, Noelle? – A olhei e ela assentiu. – A escola foi invadida por Vetto, um membro... – E todos prestavam atenção no que eu dizia, seria uma longa conversa.