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História CMI - Crônicas de um Mundo Irreal - Notarium


Escrita por: GirafaEsquilo

Capítulo 25 - Notarium


Jason ainda pensava no tal aluno asiático. Seu nome era Jonnes Nikoyaka. E o mais estranho, ele era um notarium. Já era noite e a lua derramava sua luz por sobre a cidade enquanto Jason tirava suas roupas do varal. Notarium. Ele conhecia esse nome. Não tanto como um historiador, mas sabia o básico. Há uns trinta anos atrás, durante a Quarta Guerra Mundial, uma nova raça surgiu através de

experimentos científicos. Os responsáveis foram os vulpinos, os quais foram de certa forma culpados pelos horrores da Quarta Guerra... Enfim, o objetivo era criar uma nova raça com um poder bélico para subjugar os demais exércitos. Mas ao invés disso, criaram uma ramificação da raça humana, tendo apenas o alto QI como diferença, sem contar a pele amarelada e os olhos por vezes puxados. Ainda que fossem diferentes do desejado, os vulpinos os aproveitaram e deram-lhe acesso à todas as formas de táticas de guerra existentes, para que assim pudessem ter uma fonte praticamente infindável de estrategistas de nível superior. Assim ainda poderiam alcançar o êxito, por mais que não fosse com um grande poder bélico. 

No início tudo correu bem, até a primeira espécime, aos cinco anos de idade, perder completamente sua imaginação. Pode não parecer nada, mas naquela época não ter a capacidade de imaginar era como morrer. Literalmente. Ela não ficou burra, ou em estado vegetativo. A criança simplesmente não podia imaginar mais nada, não conseguia criar. Mesmo com todos os obstáculos, os vulpinos não desistiram e iniciaram novos experimentos, dessa vez para poder acabar com essa anomalia que destruía a capacidade de imaginar das espécimes. Depois de muitos estudos, o máximo que conseguiram fazer foi adiar a “morte” da imaginação para a marca dos dezesseis anos. Pode parecer uma maravilha, mas só parece.

Justamente por fazerem tantos experimentos, o QI elevadíssimo dos notarium se fragmentou, tornando-se como o de um humano comum. Os vulpinos acabaram desistindo deles e pouco depois perderam a guerra, junto de seus outros dois aliados. Os notarium foram deixados de lado pelo mundo, mas ainda haviam estudiosos e conspiradores que afirmavam que a mente de um deles alcançava o ápice máximo da criação no período próximo à morte de sua imaginação. Mas aquilo era só um rumor criado para pilhar as mentes das pessoas, como qualquer outra teoria maluca. Muitos duvidavam até mesmo da existência dos notarium. “Será mesmo?”, se perguntava Jason. Sem perceber, ele adormeceu.

 

***

 

-DROGA! – Gritou Jonnes, furioso. Sua mão já estava adormecida de tanto socar a parede. Não agüentava mais ficar longe de Marym. Ela era seu ponto de fuga.

Ainda assim, já haviam passado três dias desde a última vez que a tinha visto. Ela tinha que aparecer logo, ou sua mente iria quebrar mais uma vez, e aí... NÃO. Jonnes não queria pensar nisso, pois dessa forma atrairia tal acontecimento. Era assim que lhe Marym sempre falava. Por mais que procurasse e gritasse por seu nome, ela não aparecia. Precisava achá-la de uma vez. Precisava senti-la envolvendo-o em seus braços de amor. De calmaria. Então, sozinho, o garoto gritava com toda sua força num velho prédio abandonado. 

 

***

 

-Bom dia. – Disse Jason à classe, apenas por convenção. Sabia que não seria respeitado ali.

Claro, ele não iria desistir. Definitivamente iria dar um jeito naqueles benditos garotos. Contudo, naquele momento estava focado em saber mais sobre o tal garoto notarium, Jonnes Nikoyaka. Por algum motivo desconhecido, sentia-se obrigado a ajudá-lo. Passou os olhos pela sala. Nada do garoto. “Droga”, pensou. Foi até a enfermaria. Nutts disse que Jonnes não havia aparecido ali ainda. 

-Porquê? – Perguntou. – Aconteceu alguma coisa?

-Não. – Respondeu o outro. – Só quero saber como meu aluno está. – Jason saiu da sala com cheiro de naftalina antes que a enfermeira respondesse. Foi até a secretária. Pediu o endereço do garoto. A velha vidente Hima entregou um papel com o lugar anotado assim que Jason pôs os pés dentro da porta.

-Eu já sei. – Respondeu ela, com um olhar entediado. Isso irritava às vezes, mas o jovem professor não deu importância. Olhou o papel. Rua dos Escritores nº 000. Espera, esse não era o endereço do prédio velho e abandonado próximo à Praça Invertida? 

 

***

 

Sua visão estava borrando e sua mente começava a se fragmentar quando ouviu aquela voz.

-Jonnes?

-MARYM!? – Se espantou ele, levantando-se imediatamente e olhando ao redor. E ali, há não mais que dois metros, estava ela, sua pequena amada de cachos ruivos. Jonnes correu, içando-a no ar e depois abraçando-a com toda sua força. 

-Cuidado comigo, Jo. – Reclamou a garota, dando tapinhas nos ombros de Jonnes. – Desse jeito vou ficar mais pequena ainda.

-E-EU... EU TE AMO! – Gritou.

-Eu sei, manézão. É por isso que... VOCÊ TÁ CHORANDO!?

-S-sim. Pensei que tivesse desaparecido.

-Mas eu estava com você agorinha mesmo e... – A garota tremeluziu. Sua imagem desaparecia constantemente. – Jonnes?

-NÃO! NÃO VÁ MARYM! – Gritou.

-Eu também te... – Disse ela sorrindo, desaparecendo antes que pudesse terminar de falar.

-NÃÃÃÃÃO! – E então a mente de Jonnes afundou no desconhecido do vazio.



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