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História CMI - Crônicas de um Mundo Irreal - "Apenas uma xícara, está bem?"


Escrita por: GirafaEsquilo

Capítulo 27 - "Apenas uma xícara, está bem?"


-EI! – Gritou Jason. – TEM ALGUÉM AÍ?

Já faziam algumas horas desde que havia acordado naquele lugar bizarro. Ali, a própria noção de espaço e gravidade eram totalmente distorcidas. Escadas que levavam para lugar nenhum, portas suspensa no ar. Cachoeiras que tinham o fluxo da água para cima.  Não se ouvia um único som além do que os que ele mesmo fazia ao caminhar.

-ALGUÉM!?

Nenhuma resposta. Jason bufou e xingou baixinho. Andou até um pilar alto e cinzento e se encostou. Tentou se acalmar, pensar em todas as possibilidades que poderiam existir para explicar aquilo. A única conclusão plausível era que tudo não passava de um sonho. Beliscou a si mesmo a fim de acordar. Nada. Chutou o pilar com força, talvez despertasse com uma dor mais intensa. Nada. Pensou em subir no pilar – que devia ter uns quatro metros – e se jogar de lá do alto, mas algo lhe dizia que aquilo também não funcionaria. Então sua teoria não era verdadeira. Estava prestes a gritar de raiva mais uma vez quando ouviu algo.

-Marym... – Chamou alguém. Imediatamente Jason olhou ao redor. Conhecia aquela voz, era Jonnes. Mas não havia ninguém ali, ao menos até onde sua visão alcançava. “Espere”, pensou consigo mesmo, “vejamos de onde vem a voz”. Silêncio. Apurou sua concentração para que pudesse ouvir qualquer coisa que fosse, ainda que nunca tivesse feito isso.

-Marym... – Chamou novamente.

A voz vinha de algum ponto mais adiante. Se continuasse andando, talvez encontrasse Jonnes. Aos poucos Jason entrou num corredor cercado por montanhas disformes. Todo aquele lugar parecia não ter um fim. Poderia ser tão vasto quanto o próprio mundo. Enquanto caminhava obstinado a encontrar o garoto, Jason não pôde ouvir o som deles se aproximando, espreitando-o.

 

***

 

-VAMOS SER AMIGAS PARA SEMPRE! – Dizia Damashi Mee, com um sorriso que Bonnie não sabia definir se era meigo ou assustador.

-Hã... Sim, claro. – Afirmou, sem ver outra resposta plausível. Subitamente a professora a tinha tirado da classe de aula e levado-a para casa. Já haviam assistido Crônicas de um Mundo Tedioso umas trinta vezes. Àquela altura ela já sabia todas as falas, talvez até todos os nomes que apareciam nos créditos finais.

-O QUE ACHA DE TOMARMOS UM CHÁ? – Perguntou Damashi.

-Me desculpe, eu não gosto de chá. – Respondeu Bonnie.

-Ah... – Suspirou a outra. Por um segundo sua expressão se abalou. Mas no instante seguinte voltou à euforia de antes. – PROVE APENAS UMA XÍCARA, CERTO?

-Eu realmente não...

-APENAS UM XÍCARA, ESTÁ BEM!? – Insistiu Damashi.

-S-sim.

-ÓTIMO. – Sorriu. A mulher foi para a cozinha cantarolando uma música.

“Socorro Lay, uma professora me trouxe para casa dela e parece não querer me deixar sair”, digitou no celular. Olhou em volta certificando-se de que Damashi não estivesse vendo. Ótimo, nem sinal dela. Tocou no ícone enviar mensagem e torceu para que sua amiga pudesse ajudá-la.

-AQUI ESTÁ SEU CHÁ. – Disse Damashi, surgindo repentinamente atrás do sofá em que Bonnie estava sentada.

-AAAAAAAAAAAAA.

-Oh, me desculpe. Te assustei?

-N-não foi nada.

-Oh sim. Aqui. – Disse entregando a xícara. – Fiz com ingredientes especiais para você.

-Obrigado. – Respondeu a leporídea, tentando esconder seu nervosismo.

Fechou os olhos e tomou todo o chá em um só gole. ERA HORRÍVEL. Involuntariamente ela acabou cuspindo tudo fora.

-VOCÊ CUSPIU O CHÁ QUE FIZ COM TANTO CARINHO? – Grunhiu a professora, exibindo sua expressão ameaçadora de sempre. Aqueles olhos espirais eram realmente muito assustadores. “SOCORRO LAY”, pensou Bonnie.

 

***

 

Estava chegando. Pelo menos era o que parecia. A voz estava ficando cada vez mais alta, mas o lugar ao redor não demonstrava qualquer mudança. Era como se não tivesse saído do mesmo trecho do corredor. Jason pensava no que aquilo poderia significar quando ouviu o movimento brusco vindo de cima. Ele rapidamente olhou na direção do som a tem pó de ver, em pleno ar, uma figura meio animal meio humana caindo, encarando-o nos olhos. Jason instintivamente recuou e no instante seguinte a criatura caiu onde estava. Mesmo caindo de tão alto – talvez uns dez metros – ela não demonstrava qualquer dor ou ferimento.

Outros sons soaram acima e Jason pôde ver outras duas criaturas espreitando de cima das montanhas.

Ele correu em disparada, mas elas vieram logo atrás. A que estava no chão o alcançou e saltou. Jason cerrou os olhos esperando sentir uma dor dilacerante e então morrer. Já tinha visto diversas cenas como aquela em filmes. Mas não sentia nada. Abriu os olhos e viu a criatura acanhada a sua frente, encarando-o com uma expressão de incompreensão. Olhou para seu corpo em busca de algum arranhão ou ferimento. Nada. Antes que pudesse perceber, as outras duas criaturas saltaram das montanhas e o atacaram. Nada também. Dessa vez Jason conseguiu ver. Suas garras simplesmente o atravessaram. Elas se juntaram a terceira e trocaram olhares como se dissessem “que droga é essa?”.

-Não me olhem assim, eu também não sei o que está acontecendo. – Reclamou Jason, percebendo no instante seguinte como ele devia estar parecendo, conversando normalmente com aquelas coisas.

Uma delas se aproximou mais das outras duas e grunhiu algo com rugidos. As outras emitiram sons que poderiam ser emitidas como risadas. As três se silenciaram por um momento. Fizeram uma expressão de força e então uma nuvem verde quase negra surgiu, próxima a elas.

Jason ficou encarando aquilo sem entender, até poder sentir o cheiro da nuvem. ERA PODRE COMO UM CADÁVER.

-VOCÊS PEIDARAM, SUAS FILHAS DA MÃE!? – Gritou ele furioso.

As criaturas grunhiram mais alto, dessa vez parecendo definitivamente como uma risada. Uma delas até apontava com a pata, imitando a expressão que Jason fez ao sentir o cheiro. 

-AH, SUAS... – Disse Jason, correndo em disparada atrás delas antes de terminar a frase. As três se assustaram e correram. Jason correu atrás delas e, sem perceber, acabou saindo do corredor montanhoso. Quando notou, estava num amplo salão com arquitetura moderna. Era semelhante a uma cúpula. O

teto não tinha nenhuma viga que o cruzasse e alguns pilares circundavam as extremidades, sustentando-as. No centro havia um objeto circular grande, coberto por um pano. Nem sinal das criaturas.

Olhando em volta, Jason se aproximou do objeto e puxou o pano. Não acreditou quando viu. Era um reservatório de água, daqueles que se vê em filmes de ficção científica. Inúmeros cabos e fios saiam de sua base e se prendiam no corpo de um garoto de traços asiáticos.

ERA JONNES. Por mais que a expressão serena o deixasse um tanto diferente, era impossível não reconhecê-lo. O garoto flutuava na água, com uma máscara de ar presa à parte inferior de seus rosto e uma bermuda tom de pele colada ao seu corpo. 

-Mas o que...? – Sussurrou Jason, quase sem fôlego.

-Deplorável, não é? – Disse uma voz atrás dele.

Jason se virou no mesmo instante e notou uma garota ruiva e pequena com traços vulpinos.

-Que droga significa tudo isso? – Disse Jason, apontando para tudo aquilo ao seu redor e principalmente para Jonnes dentro do reservatório.

-Isso? – Perguntou a garota. Um tom de indiferença soava em sua voz. Seu rosto era como uma pedra. Seus olhos encararam Jonnes por um instante. – Isso é o fim de mais um notarium. E então, como se estivesse apenas esperando aquelas palavras serem proferidas, todo o lugar começou a tremer violentamente.

-O que é isso?

-Eu já disse. – Suspirou. – É o fim dele. – Disse apontando para Jonnes.



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