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História Codinome 027 - Talvez Dia 05


Escrita por: Welcome_truelie

Notas do Autor


Boa leitura!

Capítulo 8 - Talvez Dia 05


Bella

 

Raiva e desespero é tudo o que eu sinto.

Não sei que horas são, muito menos a quantos dias estou aqui. Mas de uma coisa eu tenho certeza; eu comi melhor aqui nesta cela do que durante todos os anos fora daqui. Duas refeições inteiras são dadas para mim e se eu pedir com delicadeza posso conseguir outra na barganha.

Olho para o teto branco, isso é uma droga de merda! Eu cansei de não estar cansada! Como alguém pode pensar isso?! Eu posso, porque essa é a verdade, eu sou uma cobaia, um ratinho enjaulado. O pequeno colchão já está emoldurado em mim, sempre que me levanto vejo o formato do meu corpo nele, é como se aquilo fosse um molde meu. Ele simplesmente afundou.

Toc! toc!

Duas batidas, é sempre assim, não posso ver o soldado do outro lado, mas sei que esse tempo é o suficiente para ele hesitar, respirar fundo e só depois abrir a porta. Ele traz a comida num prato de papel, o cheiro da comida invade o meu nariz.

A porta é fechada com um barulho esquisito, há algo na tranca eu tenho quase certeza.

Sinto minha cabeça girar, por todos os lados há branco, as paredes, o teto, o chão, tudo menos a comida. Olho para ela esperando que ela fale comigo, um pensamento meio louco passa pela minha mente e eu, por fim, sinto vontade de falar com a comida.

— E aí comida?

Espero que ela me responda, mas ambos, eu e ela sabemos que isso não acontecerá.

— Então… — continuo como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo — queria que soubesse que você é realmente uma delicia, você poderia aparecer mais vezes lá fora né? Daí eu não precisaria te procurar por todos os lados… sabe… eles sentem falta de você.

Pare Bella. Por favor isso é lastimável!

Minhas mãos estão presas com algemas maciças, posso sentir meus pulsos protestarem contra elas. As vezes se eu apertá-las um pouco forte um corte é feito, e não é nada bonito. Acho que o objetivo disso tudo não é ser bonito mesmo…

Tento com dificuldade segurar a colher de plástico e levá-la até a boca com a comida, mas é uma tarefa difícil. O cheiro penetra meu nariz, porém não me sinto nada confortável e eu sei o porquê.

É muita comida.

É a segunda refeição que eu como hoje e o fato é que ela não cabe mais. Meu estômago é pequeno, talvez igual a uma bolinha de golfe.

Xingo mentalmente. Eles… meus amigos, estão com fome lá fora e eu aqui empanturrada de tanto comer. Como eles estão? Esfarrapado deve estar tendo um treco sem mim por perto.

Aproveitei o tempo aqui para lembrar um pouco de como as coisas eram e cheguei a uma triste conclusão; se não fosse por estar presa eu me sentiria bem em viver aqui.

Soldados sempre aparecem com seus trajes a rigor, as vezes queria que falassem um pouco, que me atualizassem sobre o que está acontecendo lá fora, mas nada dizem.

Observo um pequeno barulho vir de cima como o de uma mosca, olho para o teto tentando enxergar o que quer que seja, procuro e procuro. Finalmente encontro um pequeno ponto preto grudado a parede perto da lâmpada.

Estreito os olhos, não é um bichinho, é mais que isso. Observo-o por algum tempo tentando entender o que aquilo realmente é.

Como algo vivo o pequeno ponto se move pela parede até estar na parede a minha frente. Aproveito para analisá-lo, é pequeno demais como um inseto, tento tocá-lo mas ele foge de mim.

O barulhinho se repete e então percebo do que aquilo se trata, zoom… o barulho de zoom, é uma câmera.

Me afasto assim que percebo.

Algo dentro de mim bem lá no fundo me cutuca, pense Bella, pense.

A câmera se move novamente de volta para perto da luz, passo ver um pequeno ponto vermelho no meio do objeto. Para quê câmeras? Não há como fugir! Me vigiar à toa?

Não… eles não fariam isso do nada, eles tem um objetivo, não me prenderam por roubar comida… não foi só isso, eles estão me estudando. O que eu sou afinal? Um objeto?

Então… isso quer dizer que estavam me observando durante esse tempo todo? Oh não.

Não, não e não! O que eles querem? Eu preciso sair daqui!

Vou até a porta, o desespero me invade, eu vou morrer, eles irão me matar!

Bato as palmas das mãos contra a pequena janela da porta, grito incontrolavelmente.

— Me ajudem! Socorro!

Eu preciso sair daqui! Não posso morrer agora, eles precisam de mim!

— Eu prometi para eles!— grito para a câmera — eu prometi que os ajudaria até o fim! Eu disse que teríamos uma vida melhor! Não quebre as minhas promessas! Vocês não possuem esse direito!

Lágrimas escorrem dos meus olhos, tento não perder o controle, mas já era.

Eu já o perdi há um bom tempo.

Quartel QG

 

Ela olhou para a câmera, eu sabia, ela é esperta. Seus olhos claros procuram por sinais de movimento ou de codificação, olhos analíticos de uma experiência bem-sucedida. Como ela conseguiu ver essa pequenina câmera?

— Senhor ela entrou em estágio quatro! — meu cientista olha para mim, ele espera uma ordem, eu sei disso.

O monitor mostra quão rápido seu coração está batendo, daqui eu posso ver o que acontece dentro dela, nesse momento eu diria que ela está com raiva dentro daquela cela.

Ergo minha velha mão, espero que ela faça algo diferente, que ela seja realmente do jeito que eu pensei, e então ela o faz. Ela atinge o desespero, batendo contra a porta clamando por socorro.

Então ela olha para a câmera.

— Aumente o volume — peço e espero por suas palavras.

Inquieta ela se movimenta por todos os lados da cela e então grita para a lente:

— Eu prometi para eles!— sua voz entrecorta o ar, e em seguida ela continua — eu prometi que os ajudaria até o fim! Eu disse que teríamos uma vida melhor! Não quebre as minhas promessas! Vocês não possuem esse direito!

— Senhor?

O soldado ainda espera.

— Agora — digo seco — está na hora.

Observo enquanto eles saem rapidamente, olho a câmera esperando, ela mal sabe o seu destino.

Ninguém saberia ao certo.

Gargalho quando vejo finalmente pelos monitores a porta se abrir. Ela corre, tenta escapar, mas não é tão rápida. Não para cinco soldados e um cientista com uma injeção.

Me sento observando a cena que se estende.

Eles a agarram, o último soldado leva pontapés mas permanece forte em seu lugar, o doutor aproveita o momento e aplica a injeção cheia de drogas que a façam dormir.

Ela olha uma última vez para a câmera, é como se soubesse que eu estou aqui, sua expressão desesperada se suaviza, finalmente ela para de se debater e apaga.

Sim 027, eu estou aqui e serei o seu pior pesadelo.

 

 

 


Notas Finais


O general me causa arrepios. Ui, huhuahuahua.
Obrigada por ler!!


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