1. Spirit Fanfics >
  2. Coffeeshop Paradise >
  3. Mocha

História Coffeeshop Paradise - Mocha


Escrita por: IronyMan

Notas do Autor


Leve e doce.



(part I)

Capítulo 3 - Mocha


Fanfic / Fanfiction Coffeeshop Paradise - Mocha

    Depois da inauguração, ele voltou em dias espaçados na semana. Sempre sorridente e soltando uma respiração mais demorada quando entregava o dinheiro e sua mão resvalada rápida e suave na mão alheia. 

    Sentava sempre na mesinha perto da janela, onde o led do letreiro parecia trazer tons de verde aos cabelos, ou era mesmo verde e se via apenas com luz neon. 

    Sempre que Shinsō deixava a bebida quente sobre a mesa, com pires combinando e um cookie para degustar, o rapaz dava aquele sorriso; isso mesmo, o famoso “maldito sorriso”. Porque fazia o coração de Shinsō bater mais rápido, destoante com sua feição estóica costumeira. Sentia-se sempre mais quente, suado e nervoso. Sorte que nem Katsuki nem Keigo o havia visto de tal maneira, ou a zoação não teria fim. 

    —  Trabalha aqui há muito tempo? —  Midoriya, o cliente de cabelos esverdeados lhe sorria enquanto bebericava do mocha. A clientela naquela hora era mais fácil lidar. Havia duas mesas depois um senhor fazendo palavras cruzadas, Hizashi atendia alguns outros idosos, ao que indicava, aquele era o horário mais calmo e os idosos da vizinhança gostavam de paz.  

    —  Hm, há uns 10 anos. 

    Midoriya engasgou-se com o mocha, a espuma chegou a tocar o nariz deixando marcado enquanto ele levava a mão em punho frente à boca para tossir. Vermelho que só, suavizou quando olhou o sorriso do funcionário com o crachá indicando o nome: Hitoshi.

    —  Meus pais… —  apontou para Hizashi, o único dos pais que estava presente ali, Aizawa estava absorto em papéis no escritório. —  Não trabalho infantil, eu simplesmente gostava de vir pra cá por conta do cheiro do café, facilitou para não ter que contratar uma babá para deixar em casa comigo. —  Havia falado demais, mas o sorriso o incentivou a não ficar com vergonha. 

    —  Ah sim. Eles parecem ótimos pais. —  Izuku acenou, em resposta à Hizashi que, do caixa, acenava como se fossem velhos amigos, ou no mínimo conhecidos, o que não eram. 

    Apesar do jeito extravagante do pai, Shinsō não podia e nem queria desmentir, afinal, Izuku havia acertado em cheio. Eles eram ótimos sim. 

    —  Bem, vou deixar você desfrutar da bebida antes que esfrie. Mas, se precisar de algo, só chamar. —  Com um floreio digno de cenas cafonas que Hizashi fazia para Aizawa, Shinsō se retirou com a bandeja em mão. 

    Para seu azar, Hizashi não fora o único a notar. 

    —  Parece que nosso emo está caidinho pelo aluno do curso de veterinária. 

    —  Hn? Emo?

    —  Sério que focou só nisso e não na informação riquíssima que eu te passei? —  Keigo debruçou-se sobre a bancada, puxando Shinsō pelo avental e tirando a bandeja de sua mão, descansando-a por cima das demais com a logo do café gravado. 

    —  Inclusive… como? 

    —  Basta observar ele como um todo e não só o sorriso doce e as sardas e como o cabelo dele tem tom esverdeado na luz. —  Revirar os olhos era quase um mantra quando Keigo tinha que explicar algo que ele achava tão na cara. —  O cara tem capa de celular com orelha de cachorro, e uma mochila cheia de buttons com “I <3 Vet”, fuço de gato, cachorro e outros bichos. O cara é uma pelúcia ambulante, e sempre tenta levar o Azz. 

    A título de curiosidade, Azz era um dos gatos do Shinsō, um que seguia-o para a cafeteria, e voltava com ele… ou com Hizashi, ou com Aizawa, de forma quase forçada porque a verdade era que o bichano adorava ficar na poltrona destinada ao público leitor daquele café. 

    —  Mas eu também ouvi aquele outro perguntando como estava o semestre de Vet. 

    Esse era o fato, Keigo tinha um excelente ouvido! Parecia uma ave de rapina em caça, olhos e ouvidos absurdamente atentos. Isso era bom, sempre sabia que o cliente da mesa mais distante estava tentando chamar a atenção de algum atendente, sabia identificar os murmúrios estranhos  dos clientes tímidos, gravava rostos, timbre de voz até quando estava de costas para o cliente, sabia reconhecê-lo. 

    —  Você tem muito tempo livre. —  Shinsō rebateu, só pela implicância. 

    —  Uhum, talvez, mas ele tá acenando. 

    Shinsō virou, e de fato ele estava. Era algo tímido, nervoso. A bochecha de sardas estava tomada também pelo tom vermelho, o que deixava-o ainda mais fofo. 

    —  Esses cookies… são feitos aqui? 

    — Cookies? São. Comprávamos antes, era terceirizado, mas quando o outro trainee se mostrou muito bom na cozinha, além de ser um bom barista, deixamos ele responsável pelos cookies de degustação. A quantidade para venda extra é menor, mas vale a pena. São curiosamente amassados com-    

    —  Amor?

    —  Ódio.

Riram. Shinsō conseguia imaginar muito bem o Katsuki na cozinha amassando a massa dos cookies com ódio, ira e palavrões. O segredo de uma massa leve e crocante não era o “tempero do amor”, mas sim o aerado do palavrão.  Nem todo cliente precisava saber, claro. 

—  Ele é bem explosivo, mas empenha a força na massa, então tudo bem. 

Conversaram um pouco mais, Keigo segurou as pontas quando Shinsō saiu com Izuku até a porta, uma despedida com aperto de mão, um aperto demorado e com os dedos de Izuku segurando-se aos de Shinsō com relutância a deixá-lo de vez. 

—  Ele tá muito na sua. 

—  Não. Está?

—  Uhum, tá na cara. 

—  Sabe o que mais tá na cara? Aquele cliente ali, que sempre vem aqui.  —  O cliente em questão fora apontado por Shinsō enquanto atravessava a porta para seguir ao balcão, pedindo o café de sempre. Era cliente desde antes da reforma. Estava ali sempre no início e fim de expediente de trabalho. 

—  Saiu mais cedo hoje? —  Keigo basicamente empurrou Shinsō de seu caminho, os braços logo no balcão para inclinar o corpo como se estivesse inteiramente despojado no âmbito de trabalho. O sorriso matreiro e o piscar de olhos demorado como sempre fazia para aquele cliente em questão. —  O de sempre?

Era um café expresso, sem adoçar, forte e amargo. Puro. Exceto nas vezes que ele parecia arrasado ou cansado demais com algo, e isso Keigo teve que aprender com o tempo, visto que as feições do cliente eram puro gelo, embora os cabelos parecessem de fogo em brasa. Os olhos também eram gelo puro, a voz rascante ao dizer um simplório “sim”. 

Keigo sabia que aquele havia sido um dia de cão, então, no café colocou a dose de whisky para um irish coffee. Servido quente, entregue numa daquelas poltronas destinada a leitores, ou a pessoas que queriam sossego e visão obstruída por algumas estantes de livros. 

Keigo tirava sempre uns minutos para ele. 

Entregava o café numa bandeja, deixando-o na mesinha ao lado da poltrona. Sentava-se na mesinha menor de frente para a poltrona, mais baixo, o suficiente para olhar aquele homem grande de baixo para cima, vendo aqueles olhos azuis turqueza numa frieza inenarrável deixando escapar apenas um lampejo de algo a mais. 

—  Um especial para você hoje. —  Ele era de toques, discretos, mas presentes. Esticou a mão para um singelo tapinha no antebraço do cliente à sua frente. —  Esse é por conta da casa. —  A piscadela era um flerte que ele não sabia deixar quieto, mas não flertava assim com todos, era seletivo, e sua seleção levou-o àquele cliente carrancudo, sisudo, gostoso! 

Quando deixou-o bebendo o café batizado, encontrou-se com um Shinsō ouvindo o pai. 

—  Se eu fosse você, dava conselhos pra ele chamar aquele garoto pra sair.

—  HAWKS!

—  Agora me chama pelo apelido, huh? 

Era o fim, ou o começo. Porque todos sabiam o quão romântico Hizashi era, e o quão desastroso isso poderia ser…



 

To be continued

 


Notas Finais


Nos vemos domingo que vem com a parte "dois" do mocha


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...