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História Cold Blooded - Príncipe de nada


Escrita por: Ssinful

Notas do Autor


Oioi

AOBA, tô aqui pra trazer angst na vida de vocês, porque: a fic, infelizmente, está acabando. Pelas minhas contas, falta só mais uns dois capítulos.

Capítulo 8 - Príncipe de nada


Fanfic / Fanfiction Cold Blooded - Príncipe de nada


— Bom di…

A primeira coisa que recebeu ao aparecer na cozinha, foi um beijo. Segurou o rosto de Katsuki, ainda processando o que tinha se tornado rotina. Quer dizer, ele não tinha se acostumando ainda, mas definitivamente podia. 

Katsuki afastou-se, voltando a cortar alguma coisa. Há dias que ele não sabia ao certo o porquê dele sempre levantar primeiro e cozinhar para os dois. Ou talvez sempre tenha sido assim, mas estar machucado o impedia de fazer tais coisas. Claro que estava longe da realidade de Izuku reclamar.

Acordar e ir deitar com os beijos dele… era diferente. Sentia um frio muito grande na barriga, como se milhões de borboletas estivessem ali dentro. Depois do episódio do festival três dias atrás, eles realmente pareciam um casal. Bem, era aquilo que Midoriya entendia como uma relação. Fora que agora Katsuki estava tão mais carinhoso com ele, que parecia totalmente diferente do alfa que tinha encontrado meses atrás. 

Era gratificante. Era bom.

Não tocaram no assunto do que tinha acontecido logo depois, quando Katsuki o masturbou. Ele simplesmente seguiu os dias controlando o cio com chás e mais chás. 

— Gosto da sua comida. Bom isso o de você levantar primeiro. — murmurou, sorrindo para o alfa.

— Não se acostuma não. É só hoje.

hoje. Ele sempre dizia isso, muito embora estivesse ali, cozinhando, mais uma vez e mais outra. Todo dia.

— Não precisa esconder. Sei que você quer ficar me mimando.

Ele notou como Katsuki tentou esconder um sorriso que ainda foi muito perceptível.

— Vai pegar uma abóbora para mim, vai.

Midoriya sorriu, corando por alguma razão desconhecida. Saiu pela porta dos fundos, indo até sua horta. Embora fosse um bom jardineiro, não costumava cultivar nada para o consumo. Geralmente comprava fresco na feira toda semana, e aquilo bastava. Estava na hora de começar a rever esses hábitos e voltar a plantar. Katsuki já não precisava dele. Estava tão claro quanto a água. 

Ao levantar-se com a abóbora, ele viu de soslaio a figura de Todoroki entre as árvores. Izuku conseguiu conter um grito, mas o susto fez com que a abóbora caísse. Praguejou baixinho. Ele odiava essa mania do príncipe em aparecer do nada, sem sequer fazer barulho. Era pior do que uma assombração. 

— Céus, Todoroki! — apertou a camisa na altura do coração. — Por favor, avise da próxima vez. Vai acabar me matando uma hora dessas.

Shoto saiu das sombras das árvores, aproximando-se mais do ômega. Incomodava Midoriya que Todoroki sempre fosse tão inexpressivo. Era quase antipático. Podia contar nos dedos as vezes em que o viu sorrir — e garantia que não eram muitas. O brilho fosco em seus olhos bicolores era outra coisa que incomodava nele, como se houvesse uma dor imensurável dentro dele. Uma dor que temia não existir conserto. 

— Sinto muito, mas precisava falar com você. — Shoto engoliu a seco, olhando ao redor. — Onde está o bárbaro?

— Todoroki…

— Bakugou. Então?

Izuku soltou um longo suspiro, cruzando os braços. 

— Na cozinha. Em que posso ajudá-lo?

Midoriya sentiu uma espécie de hesitação vinda de Todoroki. Ele olhava para todos os lados, como se procurasse algo perdido.

— Você já sentiu uma raiva tão grande, mas tão grande, a ponto de querer sumir? — quando ele viu que Izuku não respondia, continuou: — É como se você não tivesse controle contra o próprio corpo. É uma ira que não lhe parece certa, mas é só o que sabe sentir?

O ômega franziu a testa, aproximando-se mais do príncipe.

— O que quer dizer com isso? Sente-se assim?

— Desde criança. Desde que minha mãe morreu, é isso o que eu sinto. Há vezes em que essa raiva infinita toma o controle e me faz ter decisões ruins… — Todoroki fechou os olhos, negando à Izuku sua única fonte de verdade; de expressão. Seus olhos ainda eram as janelas da alma. — Não entendo o porquê, não consigo controlá-la. É como uma força ruim. 

— Todoroki… — aproximou-se, tocando o braço de Shoto. Notou o quanto ele estava trêmulo. — Eu não sei o que dizer ou fazer…

— Eu odeio como minha raiva é destinada a todos, menos você. Digo, eu a sinto todas as vezes em que te vejo com ele, mas simplesmente sinto que posso controlá-la quando você está comigo. 

Todoroki mudou o rumo dos movimentos, segurando entre as mãos, o rosto de Izuku. As sardas só se tornavam mais bonitas todas as vezes em que olhava para elas mais de perto. 

No mesmo instante em que percebeu estar apaixonado por Izuku, foi como uma combustão. Midoriya arregalou os olhos, também percebendo os sentimentos que o príncipe nutria por ele.

— Você, de alguma forma, é o controle da minha ira. É tudo no que eu posso confiar. — comprimiu os lábios, ameaçando chorar. — Confie em mim também. 

Com o coração batendo nos ouvidos, Izuku tomou coragem para distanciar-se. Meio sem jeito, retirou as mãos quentes de seu rosto, colocando-as de volta sobre o peito de seu dono. Parecia informação demais para processar. Era uma clara confissão.

Mas como ele poderia correspondê-la se o seu coração já era de outra pessoa?

— Eu sinto muito, Todoroki, mas… 

O silêncio proveniente do oculto trouxe ao príncipe um semblante cada vez mais quebrado. Mais estarrecedor. Mais crescente.

— Por que você ficaria comigo, não é? — fitou Izuku com uma dor que não era sua. — Por que ficaria quando tem a ele? 

— Eu realmente…

— Mas é isso o que eu não entendo! — se afastou, abrindo os braços. Aumentou o tom de voz, quase como se fosse gritar. — Por que ele? O que ele tem que falta em mim? Como alguém tão bruto, tão… tão... rude, pôde conquistar seu coração?

Midoriya respirou fundo. Uma parte dentro dele não queria magoar Todoroki, mas a outra não queria ter de explicar nada a ele, afinal, como se explica o amor?

— Não há nada de errado com o que você sente, Todoroki. E não me peça para escolher entre vocês ou sequer explicar, porque meu coração sempre vai voltar para o Kacchan. Independente de quantas vezes eu tente negar e você tente se enganar, isso é o que eu sinto. — olhou para Todoroki. — Sinto muito, mas você não é ele. Não pode ser. Não vou tentar ir contra tudo isso só para não te machucar. 

Todoroki, surpreendente, tinha os olhos marejados e mais tristes que um dia Midoriya o viu ter. Shoto sentiu como se o coração fosse quebrar dentro do peito. Era uma dor real, parecida com a de quando perdeu a mãe. 

O príncipe afastou-se alguns passos, colocando a mão na testa. Izuku pensou que poderia dizer algo para apaziguar a situação, mas simplesmente não sabia o quê. Fosse o que fosse, ele só iria afirmar mais vezes o quanto gostava de Katsuki. O quanto Todoroki não tinha chances. Isso seria mais triste do que o silêncio. 

— Eu deveria saber que nunca nem fui uma opção — os ombros de Shoto tremeram. Ele baixou a cabeça. — Eu sinto muito em incomodá-lo. Só… Só precisava dizer isso. 

— Shoto…

— Não — negou levemente, indo mais para longe. — Está tudo bem. Eu queria ser ele, mas sei que também nunca vou ser. Devo ir agora.

Uma mão circulou o ombro de Izuku, trazendo-o para perto. O cheiro de Katsuki era o mais notório dele. Sempre foi.

— Eu também acho que deve. — murmurou Katsuki.

Ele e Todoroki trocaram olhares profundos. Foi impossível para Midoriya saber ao certo o que diziam.

Embora estivesse triste por magoar os sentimentos do príncipe, ele também deveria saber que não era sua culpa. Ninguém escolhe quem vai amar. Olhar para Katsuki era como olhar para todas as coisas que não soubesse denominar com precisão, mas que sabia que eram reais. Que podia senti-las com uma ternura mais que necessária. 

Perguntar para ele o porquê de ter se apaixonando por Bakugou, era a mesma coisa que pedir para alguém explicar como era a cor vermelha. Não tinha como, Izuku só simplesmente sabia que o amava da mesma forma que sabia que o vermelho era vermelho. Inexplicável. 

— Não comecem a brigar, por favor. — murmurou, agarrando-se mais ao alfa.

— Não vou brigar novamente. Agora que eu sei que você prefere ele.

— E está em boas mãos. Isso eu posso garantir a você. — Katsuki sorriu. 

Shoto apertou o cabo da espada. Era uma mania que ele parecia ter sempre que estava ficando nervoso. 

— Se eu tivesse tido mais tempo, bárbaro, eu garanto que não era com você que ele estaria.

— Mas está, não é? Você pode ir embora agora.

— Seu…

— Parem, os dois! — Midoriya tentou sobrepor sua voz entre os três, já bastante irritado. O olhar variando entre Katsuki e Shoto. — Não falem de mim como se eu não estivesse aqui. E também parem de me tratar como prêmio. Não sou um troféu para pertencer a nenhum. 

Os dois alfas baixaram as cabeças, calando-se. Definitivamente, nenhum dos dois queria enfrentar a fúria de um homem calmo como Izuku. Mesmo porque o ômega tinha razão. Eles estavam agindo como duas crianças disputando por um brinquedo, algo que definitivamente ele não era.

Shoto virou-se para ir embora, parecendo fervilhar de raiva. Algo dentro dele não parecia certo. 

O que só confirmou com o que aconteceu a seguir. 



Shoto Todoroki

Shoto pensou estar louco quando viu pelotões da Guarda Real saírem de trás das árvores com rapidez, como simples borrões. Os guardas fizeram um círculo ao redor deles, todos fortemente armados e irredutíveis. 

Shoto pôde ouvir o rosnado de Katsuki, ao mesmo tempo em que retirava do cinto uma adaga afiada, colocando Izuku atrás de seu corpo.

— O que significa…? — Midoriya arregalou os olhos, logo em seguida olhando para Todoroki. — O que você…

— Eu não abri a boca. Juro.

— Conte-me outra, príncipezinho de nada. — murmurou Bakugou, levantando a adaga para que todos naquele perímetro pudessem vê-la claramente. — Não encosta! Vou fazer picadinho de qualquer que seja o filho da puta que sequer se atrever a tentar.

Uma risada alta e grave ecoou entre todos. A roda em volta dos três começou a fechar, e, das árvores, Enji Todoroki surgiu. Estava acompanhado de mais dois guardas, muito embora também detivesse de uma longa espada. O coração de Shoto bateu de uma forma tão dolorosa dentro do peito, que ele pôde sentir ecoar nos ouvidos. 

Ele simplesmente não conseguia entender. 

— P-Pai? 

Enji sorriu. Os dentes amarelados, escondidos parcialmente pela barba estranhamente ruiva. Era um semblante ardiloso, mas tão ardiloso, que chegava a ser repulsivo. 

— Olá, meu filho. Aparentemente, você fez as honras e nos trouxe exatamente ao que precisávamos — o rei então olhou para Katsuki. — Devo parabenizá-lo. 

Midoriya voltou a olhá-lo de forma acusatória, tão estupefato quanto ele próprio.

— Tsc — Katsuki rangeu os dentes. — Eu deveria saber que tinha dedo seu no meio, seu merda.

— Eu não fiz nada! 

— Então como eles estão aqui, Shoto?! — Izuku perguntou, agarrando-se mais a Bakugou.

Todoroki não sabia. Seu olhar intercalava entre os dois, a Guarda e seu pai. Nunca, mas nem uma única vez sequer, ele tinha tido a pachorra de dizer onde era a casa de Izuku, então por que diabos aquela gente estava ali?

Porém, logo em seguida, lembrou-se de algo que tinha acontecido mais cedo:

Prendeu bem o cinto da espada na cintura, conferindo várias vezes. Ia para o estábulo pegar um cavalo e ir a casa de Izuku novamente. Havia coisas demais em sua cabeça acerca daquele ômega. Precisava resolver de uma vez. 

Antes de sair, entretanto, seu pai o parou na porta da cozinha. 

— Aonde vai?

— Não devo nada a você. — tentou sair, mas foi barrado de novo pelo braço de Endeavor. — Com licença?

— Você tem outras prioridades. Não há tempo parar brincar de casinha, Shoto.

O príncipe olhou-o com seriedade, já estressado. Puxou todo o ar que pôde, para simplesmente ignorar o pai logo em seguida e desviar do alcance de seus braços. Mesmo que estivesse andando, Endeavor não desistiu: 

— Eu perguntei aonde você vai.

— E eu disse que não é da sua conta.

Sem nem mesmo perceber, ele tinha levado o pai até Bakugou. Era óbvio que uma hora ou outra ele iria desconfiar de tantas saídas iteradas e regulares sem propósito real algum. Shoto odiava admitir que estava errado, mas, naquele momento, ele disse em alto e bom som para si mesmo o erro que havia cometido.

E o que aquilo significaria.

— Porcaria! — grunhiu, retirando a espada da bainha e levantando-a rente ao rosto. 

— Vamos, Shoto, não seja maldoso. Venha para cá e deixe que façamos o resto… — Endeavor lançou a ele um olhar duro. — Ou, na verdade, você quer que eu lhe pare a força?

Shoto não desistiu.

— Bakugou, pegue o Midoriya e saia daqui. Agora. 

— Vá para o inferno. Como espera que eu saia daqui com esse monte de gente? — Katsuki mudou a empunhadura da adaga. 

— Vou te dar cobertura. 

Shoto retirou uma faca que guardava secretamente na bota, jogando-a em um guarda a sua esquerda, quase acertando Katsuki. Causada a distração, ele avançou para cima do guarda, travando as duas espadas. 

Bakugou, por outro lado, aproveitou a brecha feita pelo príncipe para se esgueirar entre os outros guardas. Um deles até tentou agarrar Izuku, mas Katsuki, no momento exato, o puxou pra frente, tendo tempo o suficiente de girar o corpo e sentar a cabeçada na testa do guarda. O ferro do capacete amassou e fez o guarda cair, mas de sua testa, um filete de sangue correu. 

— Então é esse o seu lado, Shoto? — Enji esperou algum sinal de desistência do filho. Quando nada veio, ele acenou e mais guardas saíram dos matos. Aquilo foi o suficiente para deixar Shoto atônito. — Não achou que eu estaria despreparado, certo? 

Katsuki urrou, enfiando a adaga no ombro de um guarda e chutando outro. Shoto viu claramente o desespero dele tanto quanto viu o de Midoriya.

Nem mesmo os dois seriam capazes de vencer um exército inteiro. 

— Merda, merda, MERDA! — Bakugou gritou mais uma vez. — QUE INFERNO!

Com o coração preste a sair em suas mãos, Shoto ainda lutou. Travava cada vez mais batalhas pessoais. Nem todas diziam respeito a si mesmo e seus erros. Outras, eram com os guardas que vinham em mais quantidade. 

Katsuki era como um furacão. Cortava, chutava e socava. Era como um padrão. Sem descanso, sem dúvidas. Tudo isso talvez fosse para defender mais Midoriya do que a si mesmo — porque, como Shoto já havia percebido, Katsuki nunca se importou de fato com seu bem-estar. Dar tudo de si naquela luta significava levar Izuku inteiro para casa. Aquilo valia por todo o resto.

Entretanto, eles não eram os únicos a lutar. Izuku, em algum momento, pegou a faca que ele tinha jogado como distração. Tentava se defender com unhas e dentes, muito embora ser um ômega trouxesse certas desvantagens a ele, mas nem por isso ele se rendia. Não era de seu feitio. Nunca iria ser.

Mas eles nem nunca tiveram chance. Em um mínimo momento de distração, dois dos guardas conseguiram imobilizar Izuku. Jogá-lo ao chão e segurá-lo ali pela nuca com uma força desnecessária.

E bastou aquilo para Katsuki se render. Coberto de cortes, suor e sangue, ofegante pelo esforço, ele engoliu o orgulho e jogou a adaga fora. Shoto viu o mundo se desmanchar sob seus pés. Aquele mundo defeituoso dele, um do qual a raiva sempre se impunha. Estavam perdendo. Desde o começo. 

— Tirem as mãos dele, seus desgraçados — disse Bakugou, levantando as mãos. Aquilo só fez Izuku grunhir ainda mais pelo aperto. — Eu já parei de lutar. Se não tirarem essas mãos imundas dele, eu juro que arranco a cabeça de vocês. 

Enji saiu das sombras, sorrindo daquela forma prepotente que mais irritava Shoto. Em um mínimo manear dele, os guardas levantaram Midoriya e o colocaram de joelhos. Os olhos verdes estavam embebidos em lágrimas, mas o rosto cheio de terra era completamente contorcido pela ira. 

— Ora, ora — o rei aproximou-se de Izuku, tocando seus cabelos. Ele tentou se desvencilhar, mas Endeavor apenas agarrou suas bochechas e virou o rosto dele de forma brusca para si próprio. — Então essa virou a grande fraqueza do bárbaro. Eu devia ter sabido…

— Pai — o príncipe tinha a voz trêmula. Recebendo a atenção do pai, ele largou a espada. — Pai, por favor… deixe eles em paz. Por favor. 

 Agindo daquela forma, ele sabia que estava inflando o ego do pai. Estava dando a ele o que sempre quis: sua submissão. Isso era algo que Shoto sempre lhe negou há muito tempo, mas agora não importava mais. Seu orgulho, sua raiva e desatenção tinham levado eles até aquela situação. 

E tinha que conseguir consertar.

— E por qual razão… — os dedos grossos dedilharam as sardas das bochechas do ômega. Katsuki ameaçou reagir, mas três guardas o mantiveram no mesmo lugar. — Eu deveria fazer isso? 

— Eu faço qualquer coisa — o príncipe de Volkmart, aquele que nunca se rebaixava para ninguém, simplesmente se ajoelhou. Abaixou a cabeça até que ela tocasse a terra e fez algo que nunca pensou que faria: implorou. — Qualquer coisa, contanto que deixe eles livres. Por favor. Prometo a você, pai. Tem a minha palavra. 

Endeavor sorriu como nunca. Shoto apertou os olhos. Nada dentro dele resistiu inteiro quando o pai soltou Midoriya e foi até Bakugou. Os olhos rubros daquele alfa transpareciam uma raiva incomum. Um olhar que poderia matar.

Nada afetado por aqueles olhos, o rei virou a palma e, com as costas da mão, deu um tapa alto e forte em Katsuki. A mão com anéis de ouro arrancou sangue do canto dos lábios dele. 

— Eu nunca vou perdoar o assassino da minha filha. Não vou deixá-lo sair impune. — virou para Shoto. — Nem que você beije a minha bota. Queira ou não, você vai se tornar rei. Juntos, nós vamos dominar esse país. Você vai ser a minha melhor marionete, Shoto. Em qual realidade você pensou que poderia ser capaz escapar do seu destino?

O rei passou de Bakugou para o Midoriya, olhando com superioridade para o alfa. Quando ele desviou o olhar para Izuku novamente, Katsuki ficou com medo. Ele temeu que aquele louco fizesse alguma coisa contra o seu ômega. 

— Você tem sorte, seu desgraçado — voltou a falar com Bakugou. Os dedos novamente dedilhando o rosto de Izuku. — de saber que sou muito misericordioso. Eu podia pegar esse ômega e oferecer como putinha para que toda a tropa o possua. E te fazer assistir...

Bakugou rangeu os dentes, sorrindo como um louco. Os homens precisaram segurá-lo com mais força. 

— Então eu arrancaria sua cabeça e a serviria numa bandeja, seu filho da puta. 

Foi a primeira vez que Shoto sentiu medo de Katsuki. Do olhar assassino e pouco racional. Claro que seu pai só estava provocando. Ele queria ver até onde Katsuki iria por alguém. O quanto ele estava disposto a sacrificar.

Enji sorriu.

— Levem o bárbaro. Deixem o ômega. 

Foi como cair em um abismo negro. Não tinha muito mais o que pensar a não ser ter esse sentimento vago. Nem sequer lutou quando foi segurado no lugar pelos guardas. Os gritos de Izuku eram a única coisa que ecoavam pelos seus ouvidos, junto com o som dos gemidos de Katsuki, que naquele exato momento tinha guardas e mais guardas em cima dele, espancando-o até que não pudesse mais resistir.

— Soltem ele! — lutou e gritou o pobre ômega, enquanto levavam Katsuki para longe. Para o castelo. — Não o levem! Por favor, não levem ele! Por… por favor…

Minutos depois, não havia mais ninguém a não ser eles dois. O chão coberto de sangue e da poeira que levantou. Izuku, ajoelhado, chorava e gritava, agarrado a capa vermelha de Katsuki — a única coisa que deixaram dele. Shoto apenas via a cena sem poder fazer nada, ainda em choque.

Era um pesadelo. Uma dor tão vívida no peito, que chegava a ser palpável. Ele podia senti-la naquela espaço entre os dois. Bakugou tinha razão. Sempre teve, porque ele também sempre foi um príncipe de nada. Príncipe fraco. Nunca se sentiu tão impotente em toda a sua vida.

Perdeu a mãe. Perdeu o garoto que gostava. Mais que isso, foi ver Izuku sofrer tanto justamente pelo mesmo motivo: Izuku tinha perdido o centro do seu mundo. Todas as suas estrelas. 

— I...Izuku… — tentou se aproximar, mas o olhar cortante que o ômega lhe direcionou, fez com que ele ficasse parado. O corpo retesou como uma estátua. — Eu…

— Vai embora daqui! — gritou, agarrando-se mais ao tecido vermelho. Até as veias de seu pescoço, outrora delicado e sutil, estavam ressaltadas pela raiva iminente. — Sai. EU NÃO QUERO OLHAR PRA SUA CARA!

— M-Me deixa ajudar…

— Eu ODEIO você — agarrou um punhado de terra seca entre os dedos, jogando várias e várias vezes em Shoto. Foi ali que o mundo começou a perder a cor. — Seu egoísta de merda! Seu inconsequente. Eu te odeio, odeio, odeio…

E o momento do qual Todoroki mais temeu, chegou. Aquele em que Midoriya não dizia mais nada, nem uma única palavra. A única coisa audível, era os seus soluços dolorosos. O choro incessante. 

Aquele choro que Shoto acompanhou. Aquele que o fez sentir todas as coisas que nunca pensou sentir. A raiva finalmente tinha sido substituída pela tristeza de saber que tinha falhado mais uma vez. 


Notas Finais


É isto.

Um feliz Natal atrasado pra vocês, anjos! E, como acho que essa é a última att desse ano, um feliz Ano Novo também!
Até 2021. Espero que seja melhor do que foi esse ano.

Qualquer coisa, gritem. Tô sempre por aqui.

Um beijão~


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