História Cold Hearted Man - Namorados!

Os dias que se seguiram foram estranhamente normais. Peter ia à escola, Tony ia ao trabalho. Depois disso eles trabalhavam juntos na oficina como sempre fizeram, a única diferença era que agora eles interrompiam as aulas frequentemente para trocar alguns beijos, o que Peter se viu viciado cada vez mais.

As coisas entre ele e Stark haviam avançado de uma maneira bastante positiva, o garoto já não tinha mais tanto constrangimento, muitas vezes era ele mesmo quem tomava iniciativa de beijar o mais velho ou de simplesmente estar junto dele, como quando eles se apertavam em um único sofá e assistiam abraçados a qualquer coisa que estivesse passando na TV, apenas apreciando a presença do outro.

Mas o problema era que as coisas tinham avançado bem, mas não bem o suficiente para Peter. O garoto se sentia frustrado, os dois moravam juntos, estavam juntos todos os dias, trocavam beijos e carinho sempre que podiam, mas as coisas não iam além disso.

A primeira vez que as coisas começaram a avançar foi no dia dos namorados, mais ou menos um mês depois deles começarem a se relacionar.

Peter se lembrava perfeitamente, afinal não havia passado tanto tempo assim.

Tudo começou mais precisamente na véspera do dia dos namorados. De manhã ele tinha ido pra aula como de costume, e depois saiu com Ned para terminarem um trabalho. No caminho para a biblioteca, Peter reparou que a maioria das lojas estava decorada com temas românticos, cheias de coisas fofas e corações. Não havia realmente se dado conta de que já era Valentine's Day até que viu tudo cheio de itens com o tema da data.

A constatação do feriado fez com que um questionamento surgisse em sua cabeça: deveria comprar algum presente para Stark? Bem, já fazia um mês que eles estavam juntos, isso poderia ser considerado um namoro propriamente dito, ou precisava de uma oficialização formal?

— Ei Ned, será que eu deveria levar alguma coisa pro senhor Stark? — Perguntou ao passarem em frente a uma lojinha de presentes. — Tipo, a gente tá junto, então será que eu deveria?

— Não sei — deu de ombros. — Mas sei lá, leva.

— Mas então o que eu posso comprar? — Franziu o cenho, pensativo. — Que presente a gente compra pra um cara rico que pode comprar qualquer coisa que quiser?

— Sei lá — deu de ombros novamente. — Compra só um laço de fita grandão e se enrola nele, aposto que o Stark ia gostar — disse num tom malicioso.

— Credo, cara — empurrou o amigo com o ombro, enquanto suas bochechas ficavam rosadas. — Eu tô falando sério.

— Eu também — respondeu e recebeu um olhar feio de Peter. — Se o cara pode comprar qualquer coisa, então dá pra ele algo que ele não pode comprar: o seu corpinho.

— Não Ned, que horror — balançou a cabeça, constrangido. — Tô falando de um presente normal.

— Ah qual é, vocês já estão se pegando há um tempão, hora de dar o próximo passo. E com certeza o Stark ia gostar mais que qualquer presente.

— Para com isso, cara, eu não vou me dar como presente — falou, mas no fundo, bem no fundo considerou a ideia, somente para a descartar no segundo seguinte.

Não que não quisesse dar esse passo com o Stark, era só que… sei lá, lhe parecia meio cedo.

Peter continuou pensando sobre o que dar ao seu possivelmente talvez namorado, mas não conseguiu se decidir. Se contentou então em comprar algum doce personalizado da data quando ele e Ned já estavam voltando para casa e decidiram dar uma parada numa Starbucks comprar algo para comer.

Vendo os doces nas vitrines, o jovem Parker notou algo que talvez realmente combinasse com o Stark: Donuts em formato de coração. Não era de hoje que ele havia reparado que o mais velho tinha uma predileção por esse tipo de doce, e o vendo agora feito no estilo do Valentine's Day achou que fosse um bom presente.

Comprou então uma caixa com meia dúzia deles, a embalagem também cheia de corações e outras formas tradicionais, e saiu da cafeteria bastante contente com sua escolha. Podia não ser o melhor presente do mundo, mas era algo que passava bem a ideia da data e ainda agradava aos gostos de Tony.

Quando chegou à torre, não teve muito tempo para ficar junto de Stark, uma vez que já estavam quase atrasados para um evento, o qual Tony havia esquecido de lhe avisar.

Durante o baile de namorados, que era o evento beneficente em que foram, também não tiveram muita oportunidade de conversar, somente conseguindo isso quando já estavam de volta em casa.

Ao chegar, foram direto aos quartos trocar a roupa formal, e nisso Peter viu a caixa dos Donuts que havia deixado sobre o criado mudo, então ele a pegou a fim de entregar ao mais velho antes que se esquecesse.

Após dar algumas batidas na porta para anunciar sua presença, Peter entrou no quarto ao lado do seu, encontrando Tony em meio ao processo de tirar sua camisa. O colete e o paletó já haviam sido despidos, e agora ele começava a desfazer os primeiros botões depois de afrouxar a gravata.

— Hum, oi Senhor Stark — cumprimentou um tanto constrangido por tê-lo pego no ato de se despir. — Eu comprei isso pro senhor, esqueci de entregar mais cedo.

O mais jovem sorriu e estendeu a caixa, suas bochechas estavam vergonhosamente avermelhadas, e Tony sorriu com isso. O mais velho então se aproximou e pegou a caixa das mãos do outro, sorrindo feliz com o gesto fofo do garoto.

— Feliz dia dos namorados — falou com as bochechas agora ardendo de vermelhas. — Eu não sabia o que comprar, então achei que pudesse gostar, já que o senhor gosta de Donuts.

— Eu adorei — sorriu largo. — Obrigado — se inclinou e beijou os lábios do garoto, que retribuiu contente ao beijo. — Eu ainda não comprei nada pra você, pretendia fazer isso amanhã.

— Tudo bem, senhor Stark, não precisa me dar nada.

— Preciso sim, afinal é o nosso primeiro Valentine's Day juntos.

— Realmente não precisa, senhor Stark…

— Mas eu quero — falou e beijou a bochecha do outro. — Então o que você quer? Só não podemos sair juntos amanhã, infelizmente, já que um programa de casal no dia dos namorados seria muito óbvio, e não podemos dar esse gostinho pra mídia ter o que falar. Então pode escolher qualquer outra coisa.

— Não precisa senhor Stark, é sério.

— Tá, então eu vou escolher o presente, e nem pense em reclamar dizendo que ficou exagerado.

E realmente ficou exagerado.

No dia seguinte quando Peter chegou da escola, encontrou em seu quarto um par de ursos, não tão grandes como o que ele já tinha, felizmente, mas também não possuíam um tamanho, digamos… normal, e também dessa vez eram dois e estavam abraçados. Tinha sobre sua cama também uma caixa de chocolates finos de aparência bem cara. Stark havia exagerado novamente, o que não surpreendia Peter nem um pouco.

O Parker então balançou a cabeça em negação, mas por dentro estava feliz, afinal ganhar um presente fofo assim no dia dos namorados até que era legal.

Depois de trocar de roupa ele pegou sua caixa de chocolates e se jogou na cama. O doce era de longe a coisa mais gostosa que ele já havia provado, teria que agradecer muito ao Stark por eles. Pensando nisso, ele pegou seu celular e mandou a mensagem pra ele agradecendo pelos presentes e perguntando se ele estava em casa. Se decepcionou um pouco ao receber uma resposta negativa, com o homem dizendo que só chegaria a tempo para o jantar.

Sem ter o que fazer até a noite, o garoto decidiu estudar um pouco, já que o ano letivo já estava quase no fim e logo começariam os testes para a faculdade, e conseguir entrar no MIT não era tarefa fácil.

Afundado nos livros Peter nem viu o tempo passar, só se deu conta de que já era noite quando ouviu baterem em sua porta e logo depois a cabeça de Tony surgiu através do espaço aberto pelo mesmo.

— Gostou dos ursões? — Falou com um sorriso bem humorado.

— O que você tem com os ursos gigantes, senhor Stark? — Perguntou rindo enquanto fechava seus livros e os guardava.

— Achei eles uma graça — respondeu risonho. — Quer jantar? Preparei algo especial pra hoje, já que é Valentine's Day.

— O senhor preparou?

— Bem, tecnicamente eu pedi pra prepararem, mas você entendeu.

Peter assentiu e levantou da cama esticando seus membros cansados pelo tempo jogado de qualquer jeito enquanto ele estudava. Depois caminhou até Tony e lhe deu um selinho antes de andar até o elevador.

Sorrindo um pouco abobalhado pelo ato do menor, Tony o seguiu.

Em pouco tempo eles chegavam à sala de jantar, e Peter se surpreendeu ao encontrar ela com as luzes mais baixas que o normal e um par de castiçais com velas acesas sobre a mesa já posta. Havia também duas taças e uma garrafa de vinho.

O garoto abriu e fechou a boca algumas vezes, sem saber o que dizer, ou se deveria dizer alguma coisa, mas desistiu, então somente se sentou em um dos lugares enquanto Tony se adiantou para pegar a garrafa da mesa.

— Não tenho idade pra beber — Peter falou quando o mais velho, após abrir o vinho fez menção de lhe servir a taça.

— Eu sei — respondeu. — Mas hoje é um dia especial, uma taça ou duas não vão fazer diferença — falou enquanto preenchia a taça com o líquido tinto. — E também vinho não tem muito álcool, não se preocupe.

O jantar correu de um jeito agradável. Peter nunca havia tido um jantar romântico assim antes, então estava um pouquinho nervoso, mas a medida em que sua conversa com o Stark ia fluindo, ele ia se sentindo cada vez mais confortável. E também as taças de vinho que tomou ajudou um pouco, mesmo que o álcool contido nele fosse baixo, fora o suficiente para deixar o garoto um pouco mais desinibido.

Não querendo ir pra cama logo que terminaram a refeição, os dois foram então para a sala de TV, a fim de assistirem a alguma coisa juntos.

Tony se acomodou no sofá maior e ligou a tv enquanto Peter imitava seu gesto e acomodava-se junto a si. O mais velho passou um braço ao redor do garoto e o puxou para perto, lhe dando um beijo na têmpora.

Ficaram então assistindo o filme que escolheram durante algum tempo, mas Peter estava começando a se distrair quando sentiu Tony pegar uma de suas mãos e entrelaçar seus dedos, e sua falta de concentração na tela só piorou quando o homem decidiu dar beijinhos em seu rosto.

Se dando por vencido e desistindo de querer saber o final do filme, o menor simplesmente virou sua cabeça e colou seus lábios com os de Tony. Sem demora já estava com uma mão a brincar com os cabelos escuros do outro, enquanto a outra ainda mantinha seus dedos juntos. Um pouco incomodado com a posição, Peter se virou, ficando um de frente para o outro.

Tony passou sua mão para a cintura do garoto e apertou ali levemente, o puxando para perto, querendo deixar seus corpos unidos.

A medida em que o beijo ia se intensificando e os corpos iam esquentando, o Parker nem percebeu quando fora deitado no sofá, nem quando Tony se posicionou acima dele, ou será que ele mesmo havia o puxado para cima? Não saberia dizer, pois tudo o que conseguia prestar atenção era os lábios de Stark nos seus e de sua mão passeando por seu tronco em um carinho maravilhoso.

Em um ato de confiança e desinibição, Peter levou suas mãos à cintura de Tony, bem onde o cós da calça terminava e a camisa havia levantado, deixando uma faixa de pele exposta.

Tony arfou levemente ao sentir as mãos quentes de Peter lhe tocarem diretamente, e isso fez ele desgrudar as bocas. Dirigiu então seus lábios à bochecha do mais novo, deixando selinhos úmidos pela extensão até o maxilar, e dali seguiu até o pescoço. Começou dando beijinhos castos, mas logo botou sua língua para trabalhar junto, enquanto sentia o garoto sob si estremecer levemente e apertar as mãos contra sua cintura. Quando deu um chupão relativamente mais forte e em lugar mais sensível, ouviu um gemido genuíno e sonoro escapar de Peter, juntamente com suas unhas arranharem superficialmente sua pele, e isso foi o que o fez despertar.

Abrindo os olhos e se afastando um pouco do menor, Tony se deu conta do que estavam fazendo, ou que iam fazer. Levantou em um pulo e viu Peter lhe encarar vermelho e confuso.

— Senhor Stark, o que-

— Não, eu… Desculpe — falou um tanto atrapalhado. — Isso está indo muito rápido, eu não deveria…

— O que houve? — Peter se sentou também, aos poucos percebendo também o que faziam, e o constrangimento que veio com isso foi inevitável. 

— É que… Desculpa Pete, eu não posso fazer isso — murmurou baixo, encarando seu colo.

— Eu fiz… algo errado?

— NÃO! Não, não é com você, é só que… Droga você é tão novo, e eu… — balançou a cabeça em negação, levando a mão aos cabelos, os bagunçando nervosamente. — Eu me sinto tão sujo em… querer… Droga Pete, você nem tem 18 ainda.

— Você não… me quer? — Peter não sabia de onde havia tirado coragem de perguntar uma coisa dessas na cara dura, mas agora já tinha saído e não tinha mais volta.

— Não é isso, é que… você é tão novo… eu sou tão mais velho que você, isso me parece tão errado…

— O senhor acha errado gostar de mim? — Perguntou, sem conseguir conter o tom magoado em sua voz.

— Não, claro que não — falou em um tom mais brando. — É que… eu acho que estamos indo muito rápido… Acabamos de começar a namorar, e…

— Então estamos namorando?

— Sim, pensei que soubesse — deu de ombros. — Acho que devemos ir mais devagar um pouco, só isso.

— O senhor tem razão, desculpe — falou constrangido.

— Eu que tenho que me desculpar — riu soprado. — Me sinto um depravado aliciador de menores.

— Ah, que isso senhor Stark, o senhor não é isso não — riu acompanhando o mais velho. — E eu também queria, então…

— Viu só? Estou tirando sua pureza — brincou e bagunçou os cabelos de Peter, que fechou os olhos, rindo. — Quero que escute uma coisa — falou agora em um tom mais sério. — Não quero que se sinta obrigado a nada, siga seu ritmo, eu vou respeitar tudo o que você quiser ou não fazer, tá legal?

Peter assentiu como resposta.

— Certo, então quer assistir mais um pouco?

Os dois então voltaram a sentar acomodados um contra o outro e trataram de prestar atenção na TV, sem mais distrações.

E o que Tony disse ele realmente cumpriu. Depois daquele dia, sempre que seus beijos e carinhos com Peter iam esquentando, ele dava um jeito de se frear. Não porque não quisesse ficar com o garoto, mas por que não considerava ético de sua parte fazer sexo com um menino muito mais novo que si e que ainda era menor de idade, então decidiu esperar o tempo que fosse necessário.

Isso funcionou bem nas primeiras semanas. Mas quando Peter se acostumou melhor com essas intimidades a mais, começou a se sentir muito frustrado quando Tony começava as coisas mas não terminava.

Sabia que talvez estivesse sendo muito apressado ou precipitado, e realmente entendia o ponto de Tony, mas era bastante decepcionante ter de ouvir toda vez que "era muito novo", "era menor de idade", "se sentia sujo em o estar corrompendo", e ele estava se enchendo disso. Quando ele se irritou de vez com a situação, ficando um pouco magoado também, por pensar que o problema não era a sua idade, mas ele mesmo, e que Tony não gostava realmente dele, foi a única vez que conseguiu fazer a relação entre eles dar mais um passo, um pequeno, mas já era alguma coisa.

Foi a primeira vez que Tony o tocou tão intimamente, e foi tão diferente de quando fazia em si mesmo, foi tão… especial… Mas infelizmente foi o máximo que ele conseguiu, e só conseguiu provavelmente porque eles estavam comemorando a formatura de Peter da escola, e Tony não conseguiu resistir àqueles olhinhos que tanto amava.

Mas é claro que ele não se deixou levar até o fim, decidindo seguir sua promessa de só tocar o menor pra valer depois dos 18.

Ele torcia interna e secretamente para que agosto chegasse logo. [1]