Peter suspirou tentando pensar em como explicaria a situação toda para Ned.
Decidiu que seria melhor lhe contar todos os detalhes pessoalmente, e foi o que mandou ao amigo, recebendo várias respostas indignadas, nas quais sua curiosidade estava explícita.
Depois de trocar mais algumas mensagens com seu amigo, Peter deixou o celular de lado e fechou os olhos pronto para dormir, o que não tardou a acontecer.
Na manhã seguinte foi acordado pelo despertador de seu celular. Se sentindo bem disposto, Peter se levantou e abriu as cortinas, perdendo alguns instantes admirando a bela vista privilegiada que seu quarto localizado em um dos últimos andares da torre possuía da cidade. Uma sensação de frio na barriga foi inevitável, era estranho olhar para baixo e se dar conta do quão alto estava.
Dando as costas à janela, coçou os olhos com as costas das mãos e seguiu ao banheiro, fazendo o que tinha que fazer e indo tomar banho depois.
Limpo, cheiroso, arrumado e de bom humor, o jovem saiu do quarto e foi para o elevador, com o intuito de fazer seu desjejum. Ficou feliz consigo mesmo ao acertar o caminho até a sala de jantar, encontrando a mesa já posta com um café da manhã variado.
Tony não estava lá, mas como não podia perder muito tempo para não se atrasar para a aula, deixou sua curiosidade sobre onde seu anfitrião estaria e se pôs a comer.
Mastigava lentamente sua torrada com geleia quando o mais velho chegou sentando-se ao seu lado e lhe desejando bom dia em meio a um bocejo.
Tony se serviu de uma farta xícara de café preto e o bebericou, olhando para Peter por entre o vapor espiralado que subia do líquido quente.
— O Happy já está esperando na garagem pra te levar quando terminar de comer — disse e o garoto assentiu. — Quando chegar da escola vá ao laboratório, quero te ensinar mais alguma coisa hoje.
Peter assentiu mais uma vez, mas mais animado, se sentindo ansioso e curioso sobre o que o homem teria a lhe ensinar.
Pegando uma maçã da mesa, Peter se despediu de Stark e recolheu sua mochila indo para o elevador e deste para a garagem. Happy estava distraído no celular escorado ao carro preto de luxo.
— Bom dia Happy! — Saudou de repente, fazendo o motorista dar um leve pulo. Peter riu divertido.
— Quer me matar do coração garoto? — Disse carrancudo enquanto pousava uma mão no peito.
Peter gargalhou e Happy revirou os olhos, guardando o celular e indo ocupar seu lugar na direção.
Quando estavam quase chegando na escola, Peter, assim como no outro dia, pediu que Happy parasse não muito próximo, completando o caminho a pé.
— Nos vemos 15 pras três — o motorista disse e arrancou com o veículo, se distanciando rapidamente.
Peter jogou a mochila sobre os ombros e caminhou calmamente pela calçada, sua cabeça trabalhando em um modo fácil de explicar toda a sua situação atual para Ned. Não conseguiu idealizar nenhum meio simples em que todos os acontecimentos não parecessem loucos demais.
Assim que ultrapassou os portões, logo percebeu os olhares em sua direção, mas não deu muita importância a isso, mesmo que lhe incomodasse bastante.
Caminhou tentando não se abalar com a unusual atenção recebida e chegou ao seu armário, onde encontrou Ned escorado olhando em volta de maneira ansiosa e batendo o pé no chão ritmadamente.
— E aí, Ned — saudou se aproximando.
— Por que diabos você estava com Tony Stark naquele evento? De onde vocês se conhecem e por que eu não sabia disso? — Disparou segurando apertado os ombros de Peter, como que para garantir que ele não fugiria dali e o deixaria sem respostas.
— Ned, você não vai acreditar no que aconteceu — se livrou do aperto do amigo e abriu seu armário, pegando os livros necessários e o fechando novamente. — Mas vamos para um lugar mais calmo, tenho muita coisa pra contar.
Os dois então caminharam sob os olhares dos colegas e foram para a sala, lugar quase deserto até que o sinal soasse. Se sentaram em seus lugares e Peter começou sua narrativa de fatos:
— Então, esses dias eu estava bem de boa vendendo as coisas lá na frente de casa, aí do nada o senhor Stark tropeçou na minha mesa, depois disso ele pediu para usar uma tomada pra carregar o celular, então eu o levei pra dentro pra ele usar uma do meu apartamento — disse rapidamente, resumindo o que podia enquanto Ned ouvia atentamente com o cenho franzido, processando as informações. — Então ele ligou para o motorista vir buscar ele, e enquanto esperava, o dono lá do prédio bateu lá em casa cobrando o aluguel, e como eu não tinha dinheiro, ele me despejou, então eu fiquei desesperado, porque eu não tinha lugar pra ir, sabe, então enquanto eu pagava o maior micão chorando na frente do senhor Stark, ele me ofereceu a casa dele pra morar.
— Espera aí, tá querendo dizer que Tony Stark em pessoa te pediu pra morar com ele? Ele estava drogado? — Ned perguntou totalmente incrédulo.
— É, mais ou menos isso, mas ele parecia bem sóbrio — Peter pensou. — Mas continuando, ele falou que me sustentaria e coisa e tal se eu fizesse companhia para ele e fosse em eventos com ele, esse tipo de coisa, dá pra acreditar?
— Essa com certeza foi a história mais doida e aleatória que alguém já me contou — falou ainda não acreditando que isso realmente aconteceu com seu amigo. — Então, você simplesmente aceitou, assim do nada?
— Bem, eu não tinha mais opções, você sabe, então aceitei e ele me levou pra morar na torre Stark com ele, e aquele lugar é ENORME — disse animado.
— Peter, você deve ter caído da árvore da sorte batendo em todos os galhos, não é possível — balançou a cabeça, a ficha lentamente caindo.
— Bem, eu não sei — deu de ombros mas riu mesmo assim. — Então agora eu moro lá e o motorista dele, o Happy, vem me trazer na escola e buscar todo dia, o que é muito estranho.
— E aquela história que estão falando pelos corredores de que anteontem o próprio Stark veio te buscar em um carrão?
— Ah sim, naquele dia ele me levou pro shopping e comprou um montão de roupa pra mim — disse e pescou o celular novo do bolso. — O cara gasta como se não houvesse amanhã, olha só o que ele me deu.
— Minha nossa, Peter — Ned exclamou boquiaberto. — Esse celular é muito caro!
— Eu sei, e ele me comprou um notebook novo também! E além disso, ele está me ensinando coisas de mecânica e engenharia, e me deixa trabalhar na mesma oficina que ele!
— Peter que tipo de macumba você andou fazendo? Não é possível que você tenha uma sorte dessas assim! — Exclamou. — Quem dera eu ser adotado por um bilionário. Será que o senhor Stark não me adotaria também? — Perguntou esperançoso mas em tom de brincadeira.
— Ele não me "adotou" — fez aspas com os dedos —, só me convidou para morar com ele — deu de ombros. — É tipo um contrato sem contrato, eu faço companhia e ele me dá o que eu preciso.
— Mas nesse "o que eu preciso" ele está sendo bem generoso — Ned comentou e Peter concordou com um aceno de cabeça.
— Você é tipo o Sugar Baby do Stark, então? — Os dois se viraram para olhar a garota que havia falado, Michelle, que estava até então quieta e concentrada, aparentemente, no livro que lia, passando despercebida pelos garotos que não a notaram antes.
— Sugar o quê? — Peter indagou sem entender.
— Sugar Baby, e ele é o seu Sugar Daddy — disse, ainda sem tirar a atenção do livro.
— E o que é isso? — Fora a vez de Ned mostrar sua confusão.
Michelle então tirou seu olhar do livro e o dirigiu ao par de garotos que lhe encaravam curiosos.
— Sugar Daddy é aquele homem maduro e rico que patrocina seu ou sua Sugar Baby em troca de uma relação amorosa ou favores sexuais — disse simplesmente, não dando atenção às faces, de certa forma, surpresas dos dois. — O Stark é o Daddy e você, Peter, é o Sugar Baby dele.
— Eu não sou um Sugar Baby — Peter franziu o cenho. — Eu sou?
— Acho que não, cara — Ned disse encarando o amigo. — O Stark teria dito se fosse isso, não teria? E além do mais, vocês dois são homens. E também, pelo que saem nas revistas, o Tony Stark é um baita de um mulherengo.
Peter deu de ombros mas por dentro a semente da dúvida já havia sido plantada. Se fosse como Michelle falou, com certeza o senhor Stark diria, ele havia sido muito claro sobre a relação deles, então ele podia ficar tranquilo, não?
O sinal então soou, sinalizando o início da primeira aula. Logo a classe estava cheia e a professora iniciava suas atividades.
~•~•~•~•~
— Ei Peter, como é ser um bilionário? — Ned perguntou de repente enquanto eles estavam na fila para o almoço.
— Shhhi — censurou. — Fala baixo — murmurou entredentes, não querendo atrair ainda mais atenção. — Eu não sou bilionário, o senhor Stark que é.
— Mas você está morando com ele, então é bilionário também — disse como se o fato fosse óbvio.
— Claro que não — revirou os olhos.
— Mas no mínimo está vivendo como um milionário — Ned deu de ombros. — Você tem um motorista particular, tem uma oficina para trabalhar, tem um quartão que é uma suíte, mora num prédio gigantesco e muito chique, tem um celular caro e veste roupas de marca, porque pelo que eu reparei naquela foto de vocês na revista, aquele smoking parecia de muito bom gosto e muito caro.
— Isso é coisa do senhor Stark — murmurou —, ele que insiste em gastar comigo, disse que eu precisava de roupa chique pra usar em evento chique, e ele comprou o celular porque quis, eu não pedi nada — fez bico. — Se ele gosta de gastar, quem sou eu pra reclamar? — Riu malandro, sendo acompanhado pelo amigo.
— Sabe, isso realmente está parecendo com o que a Michelle disse — Ned falou enquanto eles carregavam suas bandejas em direção a uma mesa vazia no refeitório.
— Claro que não, Ned, esqueça isso — falou, mesmo que ele mesmo não conseguisse afastar tais pensamentos. — O senhor Stark não é disso.
— Se você está falando — deu de ombros e se pôs a comer. — Ei Peter, como é lá na torre? Aposto que é bem chique. É cheio de coisa moderna?
— Eu não sei bem, não fiquei muito tempo por lá — parou para pensar. — Tudo o que eu vi foi meu quarto, o elevador, a sala de jantar, a cozinha e a oficina do senhor Stark.
— Deve ser bem legal lá — comentou com uma expressão sonhadora. — Bem que você podia me levar lá algum dia — falou sorrindo.
— Eu não sei, Ned, tenho que ver com o senhor Stark, ele não disse nada sobre eu poder ou não levar gente lá.
— Se puder, eu quero ir, nunca entrei em casa de gente rica.
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