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História Cold Little Heart - Capítulo Trinta e Três.


Escrita por: Cernunnos

Notas do Autor


Eis que volto com um cap tão esperado!
Aqui vocês vão poder sentir mudanças sutis, mas muito importantes!
Agora estou indo escrever Home, que está em fase final!

Capítulo 34 - Capítulo Trinta e Três.


 Capítulo Trinta e Três

Um ano depois.

 

A sensação do chocolate derretendo em sua boca era maravilhosa e por isso Sakura amava tomar sorvete.

- O que tem planejado para hoje? – Dan perguntou curioso – Senhor Kizashi não quer mais que fique andando pela cidade.

Sakura riu suavemente lembrando-se do rosto vermelho raivoso de Kizashi. Não mais querendo ficar perambulando na mansão, resolveu apenas sair e andar, claro que com Dan a seguindo. Andou por horas, agora que tinha sapatos confortáveis assim como roupas, apenas andava tranquilamente absorvendo a cidade como sempre fez, mas dessa vez não tinha a obrigação de roubar ou vender drogas.

E enquanto andava e conversava com Dan, um carro preto deslizou ao lado e ao abrir da porta, Kizashi rosnou para que entrasse. E durante uma hora ouviu o sermão de que não mais podia simplesmente desfilar pela cidade. Que era uma Haruno e tudo podia acontecer.

- Eu gosto de andar – deu de ombros concentrada no potinho gelado em suas mãos – As coisas estão tensas?

- Não posso falar sobre isso, senhorita.

- Vou levar como um sim – Sakura sorriu para ele.

Estavam encostados na lataria do carro frente ao colégio de Haku, o esperando ser liberado para o dia. Uma vez por semana o buscava na escola e ficavam o dia juntos fazendo o que quisessem, o que podia incluir passear ou apenas ficar assistindo filmes juntos. Era como uma guarda compartilhada com o casal Sato.

Desviando novamente os olhos para a grande entrada do colégio particular, Sakura pensou em como as coisas andavam meio tensas em torno da Akatsuki pelo jeito como Kizashi e os Uchihas vinham agindo. Dan não a contava muito, mas pelo modo como observava ao redor, sabia que havia muito acontecendo. E Shikamaru também não abria a boca, mas Sakura conseguia perceber que estava mais pensativo durante as aulas. E claro, conhecia as ruas e mesmo longe sabia além do que os jornais diziam.

Alguém estava avançando contra a Akatsuki e seus negócios, querendo território. Os assaltos estavam saindo de controle, assim como os assassinatos. A polícia não sabia a quem recorrer, e Sakura havia visto o secretário de segurança visitando Kizashi pela madrugada, enquanto zanzava sem sono pelos corredores.

Sakura sabia que as ruas deviam estar em polvorosa e nervosos. Guerra entre gangues eram ruim, mas entre organizações enormes? Tudo o que podiam esperar era sangue. E estava preocupada com isso, afinal, na última guerra havia sido sequestrada quando ainda era um bebê.

Assim que pôde perguntou a Kizashi sobre o exame de DNA que ele fez quando a encontrou, e então com o papel em mãos, leu por si mesma que de fato era filha dos Harunos, mesmo que já soubesse, afinal a semelhança com Mebuki não podia ser ignorada, porque conforme ia ganhando mais peso e curvas, mas parecida ficava com sua mãe.

Ainda não havia chamado Mebuki de mãe, pois todas as vezes que pensava na palavra as lembranças de Karin a invadiam. Contudo, estava trabalhando na terapia suas lembranças de infância e os medos que criaram raízes dentro de si do abandono e as consequências da sua infância.

- Deidara está esperando para cortar os cabelos dele. Haku vai entrar para o time de futebol e disse que os meninos estão fazendo brincadeira por seu cabelo cumprido.

- Por que? – Dan perguntou curioso – Posso dar umas dicas...

- Nada de brigas – estreitou os olhos para o homem – Haku precisa aprender a não socar por qualquer coisa. Já ouvimos coisas piores.

- Mas eles estão batendo nele? Ele tem que se defender, você sabe – Dan conversava tranquilo, mas seus olhos sempre vigiando ao redor – Essas crianças mimadas podem ser cruéis.

- Não me preocupo com isso – murmurou terminando seu sorvete – Eu disse para evitar brigas, mas ele sabe socar forte e correr como o vento.

- Ele não pode correr – Dan a encarou parecendo insultado – Vão achar que ele é um covarde.

- Correr evita se machucar...

- Mas não evita a humilhação. Ele é um homem, precisa enfrentar as coisas de frente – o soldado descordou firme.

- Vocês homens são muito sensíveis – bufou Sakura.

Ao longo dos meses Dan tornou-se não apenas um segurança, apesar de ainda insistir no tratamento respeitoso. Ele era um amigo e muitas vezes discutiam por coisas como, por exemplo, as notícias do jornal e o que acontecia no mundo, obviamente sem cruzar a linha e falar da Akatsuki. Dan era bem rigoroso em não lhe dar nada.

- Como eu sou sensível? – dessa vez foi ele quem estreitou os olhos a desafiando.

- Você acabou de dizer que prefere se machucar a correr... – Sakura o encarou de volta firme – Prefere acariciar seu ego com socos do que simplesmente ir embora.

- No mundo dos homens não funciona assim...

- Eu sei – Sakura revirou os olhos – Vocês gostam de acariciar os egos um dos outros.

- Pare de falar acariciar – resmungou baixinho.

- Por que? – Sakura sorriu o vendo corar um pouco – Oh, você está corando!

- Não estou corando! – negou ele bufando e cruzando os braços, o que sobressaltou seus músculos sob o terno escuro.

- Viu? Sensível! – Sakura cutucou o braço dele se divertindo.

Antes que o soldado pudesse retrucar suas palavras, o badalar do grande sino em uma das torres do colégio chamou a atenção deles anunciando que as aulas daquele dia haviam terminado. Logo, muitos pré-adolescentes e adolescentes saiam pelo gramado felizes por deixarem o ambiente de ensino.

Não demorou muito para avistar Haku saindo junto de alguns colegas, incluindo uma menina ruiva de grandes olhos castanhos que parecia corada enquanto ria de algo que ele dizia. E o observando de longe, Sakura sentiu a garganta apertada, assim como todas as outras vezes que o foi buscar.

Fazia apenas um ano em que estavam fugindo da neve e correndo entre abrigos para poder arranjar um lugar para dormir. O desejo de vê-lo saudável e bem se realizou completamente, e apesar do tempo, talvez nunca se acostuma-se como tudo havia mudado para melhor em sua vida.

Assim que a viu, Haku se despediu rapidamente dos amigos e correu em sua direção com a mochila animado. E de fato seus cabelos negros estavam longos, chegando bem abaixo dos ombros. Sakura não queria que ele cortasse, mas esta não era uma decisão que opinaria.

- Ei! – cumprimentou ele parando na frente deles – Tomou sorvete sem mim?! – perguntou olhando para o potinho nas mãos dela.

- Sim, mas podemos parar para comprar um para você – Sakura riu da cara indignada dele – Mas Cora não quer que coma muito.

- Sim – revirou os olhos Haku – Disse que posso ser intolerante a lactose. Fiquei o domingo inteiro preso no banheiro. Parecia que tinha algo morto dentro de mim...

- Não precisamos ouvir sobre isso, garoto – interrompeu Dan com aversão.

- O quê? – Haku o encarou – Sakura precisa saber sobre minha saúde.

- Sim, mas não quero saber sobre sua merda – riu a rosada abrindo a porta do passageiro do carro.

Entrando na parte traseira do carro junto com Haku, Sakura pediu para que o soldado os levassem para a sorveteria que frequentavam.

- Ainda estão te provocando? – perguntou ao menino.

- Sim, mas são só idiotas – Haku desdenhou – Estão com ciúmes porque fui o mais rápido dentro de campo.

- Não sabia que jogam futebol americano desde novos assim – Sakura franziu o cenho – Nos filmes os caras sempre são tão grandes.

- Quanto mais cedo melhor disse o treinador – Haku respondeu mexendo em sua mochila – A gente só não pode fazer musculação ainda.

- É por causa do crescimento – Dan complementou ao volante – Crianças não podem fazer musculação, pode afetar o crescimento.

Sakura assentiu encontrando o olhar do homem pelo espelho retrovisor. Não se sentia muito confortável em andar no banco de trás, parecia ser muito indiferente em relação a ele, mas novamente Dan não permitiu que se sentasse ao lado dele, justificando que era para a segurança dela.

- Aqui – Haku chamou sua atenção novamente ao estender um papel.

- O que é isso? – indagou apanhando o papel.

- Minhas notas – sorriu ele sem graça.

- Melhorou em química? Shikamaru se esforçou nas aulas que te deu.

Abrindo o papel observou as notas dele e ficou orgulhosa de ver como ele era bom e estava se adaptando bem ao ritmo de um colégio de excelente referência. Antes de entrar na escola, Haku teve de passar por algumas aulas com Shikamaru para poder definir em que nível de aprendizado estava e então fazer a prova de aceitação que o colégio aplicava, e química era o calcanhar de Aquiles do menino.

- Shikamaru é o melhor – sorriu abertamente ele, orgulhoso de suas notas.

De fato, as aulas de Shikamaru mudaram a vida de Sakura, assim como mas aulas com Hanabi. Saber ler e escrever abriram portas para conhecimentos inimagináveis e sua sede de conhecimento não parecia terminar tão cedo.

Mebuki propôs novamente, depois de avançar com as aulas de Shikamaru, que fosse para numa escola, a mesma de Ino. Contudo, recusou veemente. Não gostaria de frequentar o ambiente depois de tudo o que Ino havia falado, de como a pessoas eram esnobes e ridicularizam-se uns aos outros apenas por prazer. Sakura não conseguia imaginar o que aconteceria se descobrissem que vinha das ruas.

Depois da noite do baile Ino não falou com ela por alguns dias e sempre a evitava quando se aproximava. Kizashi e Mebuki conversaram e perguntaram o que houve e após Sakura contar, eles disseram para a dar um tempo e que logo Ino voltaria ao normal. Ino não guardava rancor, Sakura aprendeu isso rápido, pois depois de quatro dias ela deixou que se aproximasse novamente.

Sakura pediu desculpas e disse o quanto lamentava por ter estregado a noite que tanto esperava. Ino admitiu o quanto ficou magoada, mas a perdoou, pois sabia que Temari estava errada e que tinha que ter parado a amiga.

Não soube o que houve com Temari, mas havia saído da vida de Ino. Sumido. Não sabia se era obra de Kizashi, mas a loira nunca a denunciou por agressão como esperava.

- Sim. Shikamaru é um ótimo professor – concordou sorrindo.

Ele era de fato um ótimo professor. O Nara traçou um plano de ensino em que ensinaria coisas básicas e necessárias para qualquer curso, se fosse para uma faculdade, ou que a auxiliaria em qualquer outro rumo que tomasse em sua vida.

Sakura não pensava em faculdade, não no momento pelo menos, ao contrário de Ino, que depois de terminar o ensino médio, estava aguardando as respostas das universidades às suas cartas de intenções. Ino desejava ser arquiteta e aplicar seu gostos feshionistas a ambientes. Sakura imaginava que devia ser uma profissão legal, pois Ino sabia muito de “coisas” fashion.

Sentindo o carro parando, Sakura se viu novamente frente a sorveteria que frequentavam. A sorveteria era perto do colégio de Haku e que durante suas andanças quando o ia buscar, encontrou refúgio para comer quanto doce quisesse. Agora que já estava atingindo um bom peso, Tsunade não mais a mimava com doces, porém já era tarde demais para a rosada. Suas paixões agora eram meias, livros e doces.

- O que vai querer Dan? – perguntou Sakura.

- Nada senhorita – ele disse sorrindo discretamente.

Sakura sempre o oferecia algo em suas paradas e sempre negava. Apesar de a rosada ser a companhia mais fácil para se trabalhar, seu papel quando junto dela era manter a segurança e Dan não aceitava cruzar linhas.

- Vou pegar um de chocolate amargo para você. Sei que gosta – deu ela tapinhas em seu ombro, como sempre o ignorando e comprando guloseimas para ele – E cobertura de morango! – acrescentou caminhando até o balcão com Haku.

Segurando o potinho com sorvete de Dan, para que ele comesse quando chegassem ao salão, Sakura ouvia Haku contando mais da semana dele na escola e sobre os amigos que vinha fazendo cada dia. Sakura não compartilhava muito, pois seus dias eram os mesmo, uma rotina estabelecida desde que havia começado sua recuperação, com a única mudança de que por recomendação de Amy, sua psicóloga, consultou um psiquiatra que lhe passou um remédio para combater sua ansiedade, o que ajudava muito quanto aos toques e a abstinência do cigarro.

Quando o carro parou novamente, Sakura se viu frente ao salão Katsu que ficava num prédio comercial não muito grande de tijolos vermelhos. Havia uma vitrine fosca onde se podia ver um pouco da movimentação do lado de dentro.

 Assim que Deidara completou o curso de estética com notas exemplares, Mebuki o ajudou abrir o negócio, além de recomendar para algumas amigas, e então Deidara, com seu jeito e talento, explodiu no mundo dos salões de beleza. Logo Katsu já tinha uma clientela fiel e mais duas funcionárias foram contratadas.

- Aqui – Sakura entregou a Dan seu sorvete – Não fique no sol – apontou para ele.

Empurrando a porta do salão, o cheiro de produtos e o som suave de conversa dominava o lugar. Procurando por Haku, o achou perto de Dedeira nas cadeiras de lavagem já sentado e tendo seus fios negros limpos para o corte. Acenando para as funcionárias que já conhecia, caminhou até os homens.

- Hum... Chegou a ingrata – Deidara falou a encarando contrariado.

- Deidara deixa disso – estreitou os olhos para ele.

- O que foi? – perguntou Haku de cenho franzido e a cabeça cheia de shampoo.

- Sakura quer cortar o cabelo que cuidei nos últimos meses – Deidara resmungou – Eu me dediquei...

- Eu vou sentar ali – Sakura desviou da conversa e caminhou até as confortáveis poltronas para a espera.

Mebuki permitiu que o loiro desse asas às suas vontades e contratou uma equipe para construírem o salão de beleza do zero. O salão era confortável e bem equipado, Deidara não queria algo muito luxuoso, não era seu estilo. As paredes eram decoradas nas cores rosa, verde e branco e ao contrário do que podiam pensar, por causa do estilo extravagante do loiro, a combinação era delicada e simples. Havia também algumas plantas em jarros bonitos e outras decorações que se espalhavam pelo ambiente deixando-o iluminado e belo.

Olhando em direção as poltronas viu que algumas mulheres lá estavam folheando revistas e conversando amigavelmente. Sakura ainda não conseguia conversar com estranho facilmente, apesar de ter melhorado em muito sua interação com os de convívio. Então, mudando de direção caminhou até ficar ao lado de Dan na entrada do salão.

- Está bom? – perguntou vendo o soldado comendo lentamente o sorvete.

Dan não entregou o quanto gostou, mas o sorriso em seus lábios falava o suficiente. Junto do homem Sakura observou o movimento da rua e como estavam numa parte comercial rica, com muitas lojas, havia muito o que ver. E foi durante sua observação que viu o rapaz e o reconheceu imediatamente.

Era o menino que estava na van dos smiles e que havia dito sobre Haku não ter sido levado antes. Mesmo estando a rosada conseguia ver a forma que ele andava lentamente e suavemente usava suas mãos para furtar do bolsos alheios.

- O conhece? – a pergunta de Dan soou curioso.

- Sim – murmurou enquanto levava os dedos à boca.

Seu assobio agudo cortou o ar e soou forte fazendo com que pessoas a olhassem pegos de surpresa, incluindo o rapaz. Ele devia ser dois anos mais velho que Haku no máximo, apesar de ser alto para as roupas que usava. As barras de sua calça terminavam nos tornozelos magrelos dele e sua blusa era fina e talvez já foi branca algum dia.

Saindo do salão de beleza, Sakura se pôs a observar o garoto atravessando a rua caminhando até ela. Dan, como sempre, ao seu lado.

- Tem certeza que é uma boa ideia? – perguntou ele novamente.

- O que quer dizer?

- É um garoto de rua, senhorita – Dan apontou desgostoso – E pelo que vi um ladrão.

- Eu também sou – respondeu secamente o olhando brevemente – Não se esqueça disso Dan. Por que eu não esqueço.

- Desculpe... – começou ele engolindo em seco.

- Você está viva! – exclamou o menino os alcançando e interrompendo o soldado – Todos pensamos que tinha sido jogada lá pela parte sul.

Sakura negou com a cabeça. A parte sul da cidade era conhecida como desova de corpos.

- Achou o garoto? – continuou falando o menino – Tentei ver se achava ele pelas ruas, mas também nunca mais o vi.

- Haku está lá dentro cortando o cabelo – Sakura apontou para atrás de si.

E então pela primeira vez o menino a olhou direito, suas roupas boas e a forma como que estava bem, além é claro do homem gigante ao seu lado todo de terno e aparência séria.

- O que aconteceu? Ganhou na loteria?

- Quase isso. O que anda acontecendo? – perguntou retirando do bolso algumas notas de dinheiro e entregando ao menino, que aceitou de bom grado.

E então bem ali na calçada do salão de Deidara, o menino abriu o bico e falou sobre tudo aquilo que Dan não estava disposto a falar. Sakura não entendia a necessidade que tinha de saber sobre esses assuntos, mas ter conhecimento também era uma forma de sobreviver e olhando para aquele garoto, Sakura também descobriu o que queria fazer de sua vida dali para frente.

Entregando mais algumas notas Sakura o viu caminhar para longe satisfeito e Sakura soube que tinha conseguido um informante hábil.

- Você sabe o que está fazendo senhorita? – Dan perguntou em tom grave.

- Sim – Sakura virou-se para ele completamente e sorriu de canto – Acabei de decidir o que vou fazer da minha vida.

****

- Ela sumiu?

- Sim – suspirando mexendo no bolo em seu prato.

- Isso é estranho. Temari sempre foi o centro das atenções, não acho que desistiria disso, né?

Ino sorriu e deu de ombros. Não tinha respostas para o sumiço de Temari. Na noite do baile, depois que saiu, estava tão furiosa com Sakura por estragar sua noite, que de mais nada quis saber. Temari a ligou durante toda a noite, mas não queria ouvir desculpas ou qualquer coisa que a loira iria atirar para si, então recusou as chamadas.

E então quando voltou para o colégio na segunda feira, teve que enfrentar os cochichos sobre ela andar com um garoto de programa e uma mendiga, já que Sakura ser sua irmã ainda não havia caído nas boas graças da mídia. Seu pai queria Sakura mais forte e confiante neles para que pudesse soltar a notícia de forma adequada para a mídia e assim evitar levantar especulações desnecessárias, porque sabiam que uma hora ou outra descobririam que havia mais uma Haruno na mansão.

Ino enfrentou aquele dia como a Haruno que era e não baixou a cabeça para ninguém, mas também não encontrou com Temari. Os dias se passaram e sua amiga não mais apareceu e ao perguntar para Kizashi, ele não sabia o que houve. Temari e sua mãe saíram do país ele disse, pegaram tudo e fugiram para fora do país. Mas Ino sentia que havia algo errado em tudo.

Talvez se tivesse atendido ao telefone soubesse de alguma coisa. Talvez Temari estivesse precisando de ajuda. Sabia que ela não se dava bem com a mãe e não sairia do país assim.

- E aí? – a voz delicada da menina a sua frente chamou sua atenção.

- Desculpa Hanabi. Pode repetir a pergunta? – retrucou sorrindo sem graça.

- Me desculpa por falar da Temari, você parece bem preocupada com ela.

- Sim – suspirou afastando o prato com bolo de si – Só queria ter alguma notícia, sabe?

- Eu imagino. Mas acho tudo deve estar bem – a Hyuuga alcançou sua mão e deu batidinhas de conforto.

- Obrigada Hanabi – riu Ino achando graça da forma tímida que a morena tenta lhe confortar.

Nos últimos meses a loira aproximou-se mais de Hanabi, principalmente por Sakura gostar da presença da menina na mansão. Hanabi era delicada e inteligente, e logo perceberam que tinham muito em comum. Viam filmes, séries e tomavam banho de piscinas juntas. Sakura ainda não falava muito, mas as acompanhava tranquilamente.

A raiva do baile durou uma semana e nesse meio tempo Sakura comprou sapatos pela primeira vez. Saltos bonitos e das marcas que gostava. Mas não foram os sapatos que a tocaram, foi o fato de que pela primeira vez a rosada estava usando o cartão de crédito que Kizashi a deu e não foram coisas para ela mesma que comprou. Sakura estava pedindo desculpas da sua forma.

Ino não soube o que aconteceu entre as duas depois que saiu, mas a arrepiava a lembrança do olhar de Sakura. Os olhos verdes estavam escuros e sombrios, e foi naquele momento que soube que Sakura era capaz de violência real.

Quando a raiva passou e finalmente deixou Sakura se aproximar, percebeu que ela não a devia nada. Temari debochou e foi cruel com Deidara e Sakura, e era ela quem devia ter tomado alguma atitude, afinal Sakura era sua irmã e Deidara também, ou pelo menos já o considerava assim.

- Enfim, se já recebeu alguma notícia das universidades – Hanabi sorria empolgada – Não vejo a hora de ser minha vez!

- Você está rindo agora porque não é sua vez – Ino apontou revirando os olhos – Tudo o que sinto é ansiedade.

- Mas você é uma Haruno! Apenas eu seu nome pode abrir caminhos – Hanabi a encarava atenta.

- Sim, abre caminhos se você faz doações generosas. Mas pedi para papai não fazer nenhuma doação em meu nome ou mesmo no dele. Eu não quero viver pensando se foi eu quem fiz meu caminho ou foi meu o dinheiro do meu pai.

- Nossa... – murmurou a morena parecendo impressionada.

- O quê? – franziu o cenho.

- É só que... – hesitou Hanabi ao olhar questionador da loira – É só que você está diferente. Não pensei que te incomodasse viver sentada no dinheiro e se deixar levar.

- Eu gosto de ter dinheiro. Gosto de comprar minhas coisas, mas...

- O que?

- Desde que Sakura chegou aqui, venho pensando sobre tudo isso – balançou as mãos indicando ao redor – Sakura não deu a mínima quando mostrei todo o guarda roupa que montei para ela ou sapatos belíssimos que comprei. Só vi ela feliz quando viu as meias dentro de uma gaveta. Quem fica feliz com meias?!

- As pequenas coisas que nos fazem felizes, não é?

- Sim, eu acho – Ino tinha o cenho franzido – Estou tentando descobrir o que me faz feliz. E sei que passar por mim mesma numa faculdade vai me fazer feliz.

Continuaram a conversar sobre a o colégio onde estudavam e quais eram novas as fofocas, até que Sakura entrou carregando potinhos de sorvete para elas.

- Você não ia cortar o cabelo? – Ino perguntou sorrindo feliz pelo presente.

- Sim, mas Deidara quase chorou, então apenas fui embora – Sakura bufou.

- Não entendo porque quer cortar o cabelo – Ino disse de boca cheia – Está lindo grande assim.

- Está quente como o inferno. Eu não vou ficar com calor porque Deidara se recusa.

- Ele vai cortar sua cabeça fora se você deixar outra pessoa cortar seu cabelo – riu Hanabi provando de seu sorvete.

- Ele precisa deixar de ser um bebê – Sakura retrucou enquanto procurava por um copo para beber água.

Sakura virou ficou de costas para as meninas enquanto abria a geladeira buscava por água, no entanto um súbito silêncio que caiu na cozinha a fez virar-se curiosa. E lá na entrada da cozinha estava um Kizashi mortalmente sério a encarando com suas mãos nos bolsos de suas calças sociais.

- Meninas, podem me dar um instante com Sakura? – disse calmo apesar de seus olhos dizerem o contrário.

Ino tinha perguntas em seus olhos quando a encarou uma última vez antes de sair da cozinha com uma Hanabi quieta ao seu lado. Quando finalmente sozinhos, Kizashi indicou que se sentasse numa cadeira, mas a rosada permaneceu firma em pé onde estava, o que apenas o fez retesar ainda mais a mandíbula.

Terminando de beber sua água, a rosada esperou o que sabia que viria. Gostava de Dan, mas ele devia sua lealdade para Kizashi e a Akatsuki, então não era surpresa que o Haruno viesse assim que possível atrás de si.

- O que você está fazendo? – falou ele finalmente.

- Bebendo água – Sakura respondeu séria. Ela estava bebendo água.

- Espertinha – Kizashi sorriu apertado – O que você quer perguntando sobre coisas que não mais lhe interessam?

- E o que mais não me interessa? – retrucou calma.

- Saber sobre os assassinatos. Quem diabos morreu ou não. Ou sobre a Akatsuki ou os russos!

- São os russos? Pensei que...

- Você não tem que pensar sobre isso! – Kizashi exclamou – Você não vive mais nas ruas ou rouba ou vende as malditas drogas!

- Você está sendo idiota – Sakura se ouviu dizendo sentindo o calor do confronto nascer em seu peito.

Porém, no momento que as palavras saíram de seus lábios, se arrependeu. Kizashi estava sendo um idiota, mas a vermelhidão que começava a tomar o rosto dele a fez notar seu erro. Deidara havia dito que não podia simplesmente confrontar seus pais e os xingar, mesmo que tivesse razão.

Deidara parecia que estava prevendo algumas situações, então.

- O que você disse? – Kizashi murmurou tão baixo que quase não o ouviu.

Suspirando, Sakura deixou o copo de vidro no balcão e aproximou-se do mais velho.

- Eu vi as notícias nos jornais sobre os roubos e assassinatos, e sabia que não eram coisas aleatórias. Perguntei para Dan o que estava acontecendo...

- Dan tem sua lealdade para mim e não você – Kizashi a cortou frio – Se ele lhe falar qualquer coisa, morrerá.

- Eu sei – Sakura falou firme – E ele não me disse nada. Mas eu ainda queria saber e então hoje vi a oportunidade.

- Quem é o garoto? – Kizashi estreitou o olhar.

- Eu não vou lhe dizer – Sakura bufou, sabendo que o iria apenas irritar mais. Porém, se dissesse quem era o menino, logo estaria morto – A lealdade dele é comigo.

- Não me afronte, Sakura. Você não vai gostar.

- Não estou te afrontando! – Sakura arregalou os olhos sentida – Você que está gritando comigo!

Kizashi afastou-se caminhando ao redor da cozinha, parecendo ainda muito irritado. Sakura o observou apreensiva. Kizashi não estourava com ela daquela forma, nem mesmo com Ino, que parecia gostar de o irritar. E enquanto o olhava dar passadas pela cozinha, Sakura percebeu que naquele momento, Kizashi, sendo um pai, estava em conflito com o Dom, a mão de ferro da organização.

Sakura sentia seu corpo tenso, mas não da forma como era antes. Tinha consciência de que Kizashi não iria a bater ou ser violento de alguma forma, então não correu quando viu o confronto nascendo sob os olhos dele.

- Porque você quer ter essas informações, Sakura? – Kizashi finalmente parou de andar e a encarou do outro lado do cômodo – Não faz sentido para mim o que você poderia querer com essas informações.

- Eu só... – deu de ombros e por fim desviou o olhar dando de ombros – Eu preciso saber para poder proteger...

- Você não precisa proteger mais ninguém, querida – suavizou Kizashi cálido – Nunca deixei que Akatsuki influenciasse a vida de sua mãe ou irmã e com você não vai ser diferente.

- Isso não é verdade – a rosada negou antes que pudesse se parar – Ino não pode namorar quem ela quer.

- Sakura... – gemeu frustrado Kizashi – Não vou discutir isso com você. E não pergunte sobre a Akatsuki nas ruas, sua curiosidade pode levar a problemas e não é um bom momento para isso.

Sakura assentiu, mas ainda tinha curiosidade por tudo o que vinha acontecendo, mas admitia que era perigoso fazer perguntas. As ruas tinham línguas e orelhas enormes e atentas.

O menino havia dito que os russos estavam furiosos depois dos incêndios em uma das boates e alguns outros negócios, e estavam cansados de responderem diretamente para Akatsuki sobre cada passo que faziam. Era incrível como um garoto de doze anos podia descobrir apenas se fazendo invisível pelas ruas.

Silêncio tenso caiu sobre o cômodo e a rosada percebeu pela primeira vez como seu pai estava cansado. As olheiras escuras pesando cada dia um pouco mais sob seus olhos. Então afim de encerrar aquele assunto e o animar um pouco, escolheu compartilhar a decisão que havia tomado.

- Eu quero fundar um abrigo – expressou confiante.

- O quê? – indagou Kizashi confuso por um momento.

- Quero fundar um abrigo – Sakura sorriu pequeno – Quero ajudar as pessoas como eu. Ganhei da loteria praticamente – disse pensando nas palavras que ouviu mais cedo naquele dia – Quero que outras pessoas também tenham um chance.

- Não tem pressa para decidir o que fazer.

- Eu sei. Mas eu fiquei pensando sobre o que fazer desde que cheguei aqui. Haku tem uma vida. Deidara também. Mas e eu?

- Sakura...

- Não sou boa o suficiente para uma faculdade, eu sei disso – Sakura falava com sinceridade e continuou rapidamente antes que a interrompesse – Mas eu sei cuidar. Eu sou boa em cuidar.

Kizashi soltou uma respiração profunda e a encarou silencioso por alguns longos segundos, parecendo pensar seriamente em suas palavras. Por fim assentiu e sorriu com afeto.

- Sim – afirmou resoluto e carinhoso – Você é uma protetora, querida.

- Protetora?

- Sim – suspirou Kizashi aproximando e tocando sua bochecha delicadamente – Você protege as pessoas que ama com garras e dentes. Eu só preciso que você tenha a consciência de qual seu limite, certo?

Sakura assentiu compreendendo o que ele queria dizer. O calor do toque de Kizashi não doía mais, mas ainda era incomodo, então sempre eram rápidos, mas a rosada aprendeu a gostar. Kizashi e Mebuki eram pais carinhosos e sofriam por não poder tocá-la e estavam muito satisfeitos com os pequenos momentos.

- Você já tem algumas ideias sobre o abrigo?

 - Pensei em algumas coisas – externou se animando.

- Ótimo. Anote e traga para mim depois, certo?

- Ok – concordou o vendo deixar a cozinha, mas antes que sumisse completamente da entrada, virou-se novamente para ela.

- Chega de perguntar por aí – afirmou, não deixando espaço para dúvidas – Prometa para mim.

Sakura engoliu em seco, mas assentiu dando sua palavra. Talvez Kizashi estivesse certo e devia parar de se preocupar com o que acontecia nas ruas, porém era difícil. Não podia ver os assassinatos sem pensar nas pessoas com quem conviveu e dividiu fogo, nos dias frios, e comida nos momentos mais escassos.

- Eu prometo.

****

- Aqui está Capo Uchiha – um soldado murmurou ao seu lado.

- Obrigado – aceitou o grande copo com café forte e quente.  

- Estamos para entrar numa reunião que pode acabar em sangue e você pede café? – a voz de seu irmão zombou

- Morrer sem café seria uma morte ruim – deu de ombros também zombando.

Mas a verdade era que estava além da exaustão e seu ombro doía um inferno. Esteve em viajem pela Mangekyō por um mês inteiro, visitante e supervisionando fábricas e firmando negócios com parceiros e empresas terceirizadas. E durante suas viagens, num jantar de negócios com parceiros civis, o restaurante onde estavam foi assaltado por algum homens encapuzados.

Não podendo revelar-se qualquer coisas além de um empresário comum, apesar das armas compactas que carregava nessas ocasiões. Os assaltantes eram voláteis e agrediam as vítimas. Sasuke teve que deitar no chão do restaurante junto com os outros clientes, o que apenas selou o fato de que aqueles homens precisavam morrer. Sasuke não ligou quando o homem pisou em seu ombro, não doeu no momento, o que o enfureceu de fato foi ter que deitar-se no chão sujo.

Ao sair do restaurante, sem fechar o acordo, pois seus parceiros tremiam como se estivessem no inverno mais rigoroso. Maricas em sua opinião. Um telefonema, um banho e quatro horas depois, os homens foram mortos. O Uchiha fazendo questão de pagar para uma gangue tão imunda quanto o chão em que foi obrigado a deitar-se para fazer o serviço.

E então ali estava, no cais da cidade frente aos navios de carga, um lugar neutro entre as organizações. Havia chegado a menos de duas horas e apenas o café forte o sustentaria para uma reunião com os russos, mas especificamente com Orochimaru, o novo líder.

O pedido de uma reunião não o surpreendeu. A coragem de chegar ao país novamente, depois ter se exilado na Rússia durantes anos, e pedir para se reunir com Dom Haruno e Dom Fugaku para apresentar-se pessoalmente e eles aceitarem, isso de fato o surpreendeu.

- Acha que ele vai assumir os ataques? – Itachi continuou jogando seu cigarro no mar.

- Não sei – respondeu sentindo o café aquecendo seu corpo – É uma boa estratégia. Mas ele tem coragem de pisar nesse país, devo dar isso a ele.

- Não tenho certeza se Kizashi deve se encontrar com ele.

- Nada vai acontecer – Sasuke garantiu observando tranquilo ao redor – Shikamaru planejou essa reunião para nada dar errado. Kizashi não vai estar em perigo...

- E Orochimaru? – Itachi o encarou – Kizashi nunca suportou nem mesmo pensar nos russos depois daquela matança para achar Sakura. O que ele quer aceitando Orochimaru aqui?

- Não sei – suspirou resignado – Tentei abordar, mas ele não abriu a boca. Mas não acho que vá matar alguém hoje.

- Não sei – Itachi repetiu suas palavras – O velho é rápido no gatilho.

- Sim. Mas se houver mortes, as coisas nas ruas vão apenas piorar e logo estaremos em guerra e vulneráveis. Ele acabou de ter Sakura de volta, não vai arriscar suas mulheres agora.

- Acha que Orochimaru teria coragem?

- Orochimaru é mais jovem que os líderes atuais. Ele sabe jogar na tradição, costumes das organizações, como está fazendo agora, sendo respeitoso ao pedir uma reunião. Mas ouvi rumores de que é focado, muito focado e quando quer algo não recua.

- Como você então – afirmou Itachi austero.

Sasuke assentiu voltando seu olhar para o mar calmo da noite cálida. Orochimaru era um adversários ardiloso, sentia isso até os ossos e seus instintos pouco falhava. Sasuke engoliu em seco por momento, sem saber o que esperar do futuro daquela reunião.

Ficaram mais alguns minutos observando a movimentação dos soldados em torno do cais. A proteção dos Dom’s era a prioridade, por isso tudo seria feito a céu aberto, afinal não havia alianças e muito menos confiança entre as organizações, então entrar num armazém era ridículo. Por entre cada sombra naquele cais estavam soldados preparados para qualquer ataque surpresa.

- Está tudo pronto. Vamos lá – Sasuke alongou o pescoço tentando afastar a dor por mais tempo.

Sasuke juntou-se ao seu tio e pai próximo de um dos carros blindados, que serviriam como escudo e fuga se precisasse. Dom Haruno tinha a face severa e tensa, enquanto trava do cigarro entre seus dedos. Fugaku ao contrário conversava com Kakashi poucos passos de distância sobre as boates. 

Sasuke se postou ao lado de Kizashi, mas não conversou. Não sentia que era o momento certo, então aproveitou do restante de seu café. Mais minutos se passaram e quando finalmente os carros de Orochimaru foram anunciado a quatro ruas do cais, que a tensão pesou sobre os ombros de todos.

Os veículos escuros deslizaram suavemente até que pararam a alguns metros de distância e homens armados os deixara já montando um círculo em volta dos carros, e só então, quando a formação estava pronta, a porta de um dos carros voltou a abrir. Oficialmente, no mundo dos negócios limpos e sob as luzes das leis, Orochimaru era um grande comerciante de diamantes e joias de valores excepcionais.

O líder russo era alto e tinha longos cabelos castanhos, mas o que de fato chamava a atenção eram seus olhos claros, onde a cor puxada para o âmbar era intensa e intimidadora. Seu andar suave e o corpo esguio, lembravam a Sasuke de uma cobra.

- Boa noite senhores – Orochimaru sorriu parecendo agradável – Fico grato por terem considerado encontrarem-se comigo.

Sasuke se manteve impassível em se lugar, apenas seus olhos movendo-se entre todos os russos, já calculando riscos e como sair das situações. Foi Dom Fugaku quem respondeu ao recém chagado.

- Você tem coragem, garoto.

- É preciso para chegar onde estamos, Dom Uchiha – Orochimaru inclinou a cabeça agradecendo o elogio.  

- Matar o pai e tomar seu lugar ajuda também.

- Ora, vamos lá! – Orochimaru riu malicioso – Sente saudade dele?

- Corte a merda – Dom Haruno falou pela primeira vez, seu tom cortante – O que você quer na minha cidade?

Sasuke sentiu a tensão aumentar depois das palavras do Haruno, pois o russo de olhos âmbar não mais sorria, a frieza cobrindo seu rosto pálido. Dom Haruno não continha-se em suas palavras, sempre sincero e cirúrgico quando se expressava.

- Sou um visionário, Dom Haruno, e não quero uma guerra. Minha casa estava cheia de ratos e imbecis, incluindo meu pai. Mas eu a limpei com ácido. Não restou nada, nem ossos. E aqui estou para me apresentar aos senhores respeitosamente – Orochimaru dizia enquanto aproximava-se um pouco mais.

- Nós já o conhecemos – Kizashi o encarava insensível ao discurso do outro.

- Não, não conhecem. O que conheceram foram a forma com que meu pai fazia negócios, o que nunca concordei. E depois que limpei minha casa, estou endireitando e renovando nas formas de negócios.

- Quer renovar os negócios por aqui? – Fugaku indagou.

- Não importa o que ele quer. Não vai conseguir por aqui – Kizashi anunciou – Volte para a Rússia.

- Dom Haruno, a guerra foi a muitos anos, muito sangue foi derramado. Sei que meu pai o tirou grandes coisas, mas podemos negociar...

- Você sabe o que seu pai me tirou?

- Não, senhor – Orochimaru respondeu solene e num suspirou continuou – Sei que aquele bastardo o tirou algo importante. Ele se gabava bastante sobre isso. Não sei o que foi, mas posso ajudá-lo a encontrar. Como eu disse não quero uma guerra, Dom. Eu quero cuidar dos meus e a forma com que as coisas andam acontecendo por aqui, eles não estão sendo cuidados.

- Aquele verme imundo me tirou minha filha, Orochimaru. Meu pequeno bebê e desapareceu com ele pelo mundo. Então eu te pergunto. Você pode me devolver o tempo perdido?

Sasuke observou o modo como o russo piscou parecendo surpreso pelas palavras de seu tio. Orochimaru poderia estar mentindo, mas naquele momento parecia pego de surpresa pela forma como engoliu em seco.

- Vá embora e não volte.

O Haruno virou as costas, encerrando assim o encontro.

- Não posso, Dom Haruno – negou Orochimaru – Não posso devolver sua filha e não vou sair da cidade.

- Está me desafiando? – Kizashi proferiu raivoso ainda de costas – Esta é a minha cidade. Não farei negócios com vocês. Vocês só desceram do maldito avião porque permiti! Não se engane por um segundo do contrário.

- Você incendiaram alguns negócios importantes e porquê? Perdi dinheiro e mão de obra.

- Não permito pedófilo em minha cidade, todos que tem negócios comigo sabem. Aqui não existe rota de tráfico humano e vocês estavam criando uma sem autorização.

- São negócios como qualquer outro – Orochimaru rebateu – Damos a parte da Akatsuki como qualquer outro nessa cidade. Vocês recebem sua porcentagem e nos deixam em paz, mas ainda sim colocaram fogo em minha boate, perdi vinte de minhas melhores dançarinas.

- Não permito tráfico humano e nunca permitirei – Fugaku respondeu encarando o russo – Seus homens estavam abrindo uma rota com crianças, sem nossa autorização. Queimar uma boate foi o de menos. Contrate novas dançarinas.

- Não é apenas isso... – Orochimaru tentou falar, mas o Uchiha o cortou novamente.

- Estão infelizes? Saiam da cidade, saíam do país. Não me importo. Não vamos renegociar nada, vocês estavam errados – falava calmo, sem pressa – Seus homens estão chateados? Seja um maldito líder e fale sobre respeitar os mais velhos, e pare com os ataques pela cidade ou tomaremos como uma ofensa pessoal.

- A Akatsuki impera nesse país e não importa quantos anos passem, não negociaremos mais do que já fazemos com vocês – Kizashi encerrou a reunião caminhando até seu carro e entrando.

Sasuke viu o russo arder em raiva do outro lado do cais, suas narinas inflamadas e os olhos ardentes. Parecendo perceber seu olhar sobre ele, Orochimaru o encarou ao longe sério, porém logo abriu um sorriso parecendo divertir-se. E naquele momento, o Uchiha percebeu que talvez o russo fosse um pouco mais do que focado.

Orochimaru parecia uma promessa de problemas. Sasuke só esperava que não houvesse tanto sangue quanto no passado.  


Notas Finais


E então?
O que esperam para essa nova etapa?!


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