O Corvo e a Rosa
Passava por ali um corvo
Negro, escuro e sem cor
Pelas mesmas árvores florestais tão cinzas e frias
Uma vida sem valor
O sol não costumava iluminar o seu caminho
E a lua, era o que sobrou, fraca, mas foi a única luz que lhe restou.
E era sempre assim que ele pensava
Mas um dia este pensamento mudou.
Ao ver o outro lado da lua, enxerga beleza.
E como a sua luz não lhe machucava,
Seu brilho delicado e cheio de vigor lhe encantava,
Iluminava as fontes e as águas.
Sendo assim, abençoado pela vida
Na sua jornada que parecia melhorar
No meio da floresta da amargura
Encontrou uma luz, repleta de cor
A lua iluminou a floresta em um canto com delicadeza,
A luz começou a desabrochar.
Mas o corvo, com medo de machucar a luz
Passou reto e esperou a luz aumentar.
E nos dias que passavam ganhava cor
Um vermelho lindo e vivo que jamais antes viu
O cinza na floresta foi ela quem apagou
E o mais lindo brilho ali conheceu.
Certo dia, ao passar e admirar
O que tornava a sua vida diferente
Ao ser comparado com a cor, desanimou
E sua escuridão sempre lhe diminua como um alguém
Decidiu o corvo aproximar-se da cor
E ao vê-la, a admirou
Jamais vira tal formosura e delicadeza
Pôs se a chorar ao ver que era uma flor.
E a flor, tão linda e contente,
Fez com que o corvo se sentisse aquecido
Vendo que a flor o queria por perto
Sentiu se amado, e a flor também o amou.
Rosa mais linda que lhe encantava
No meio do nada a sua pureza o atraiu
E depois de dias e amores,
Sem até mesmo a temporada das flores
Ela crescia e o amava,
O sentimento entoava.
A Rosa virou a cor que jamais teve,
Que jamais viu ou sequer amou.
A luz que nunca antes surgiu
Do meio do cinza aflorou.
E tão contente por finalmente ter uma cor
Implorava chorando à rosa para que ficasse perto dele.
A Rosa jamais negava carinho
O corvo sequer via espinhos
E a tratou como o seu sonho, que nunca tivera
Espalhava pela floresta e contava para as árvores
"Encontrei uma cor, vejam, vejam! Agora eu tenho cor"
A floresta da amargura o invejava.
Certo dia, apesar de odiar o teu passado cinza
E a floresta da amargura fazer com que a sua vida seja monótona,
Disse a flor que encontrava-se chateado,
Precisava procurar algo que aumentasse o brilho da flor para que fosse mais feliz
E ela assentiu. O corvo seguiu o seu caminho e passou pelos desertos sufocantes,
A ásia contagiante, as ruas neon, os jardins brilhantes.
Mas apesar de serem brilhantes, não tinham a sua cor.
O corvo começara a morrer de saudade da deslumbrante.
Tentava se lembrar de sua imagem mas aos poucos esquecia
Até começar a se sentir cinza novamente, e perceber que, ao tanto andar
Acabou dando a volta ao mundo da tristeza e felicidade,
E parou novamente na floresta da amargura.
E ali passou dias tentando encontrar a sua flor
E a única cor que a negra criatura tinha
Quase se camuflava naquele cinza, suas penas não tinham mais vermelho cintilante
E chorava, chorava tão amargamente que caiu entre as árvores
E a floresta o abraçou como se só ela o entendesse
Passou seus dias tentando se lembrar da Rosa
E quando se deu conta, percebeu que havia esquecido como era o seu brilho
Jamais sentira tamanha tristeza no seu coração,
Ao ver que a sua vida voltou as cinzas e dor
Mas desta vez, percebeu que perdeu seu único amor
E a única coisa que era capaz de amar
Deitou-se no mato verde-oliva da floresta
Esqueceu como voar
Esqueceu como acreditar e amar
Deixou suas penas caírem, suas asas caíram também. Já não voava.
Era mais um pedaço preto que fundiu-se com a terra
Mas ainda assim, quando chegava a noite,
Ao tanto ficar ali, percebeu que havia apenas uma estrela no céu
Onde não havia nada,
Ali um pedaço de brilho se encontrava,
Porém só se comparava a uma das pétalas da sua antiga Rosa
Sua alma envelheceu em meio a dor
Estava descontente por não lembrar do brilho que conheceu
E quanto a Rosa
Por ficar tempos longe de seu Corvo
Que a amava tão intensamente
Perdeu seu brilho, e a lua se entristecia ao ver sua filha assim
Não tinha mais proteção do corvo, que passava as noites ao seu lado
E a Floresta da amargura, aproveitando da situação,
Transformou ela em negra assim como a Floresta.
O corvo não era capaz de ver o brilho ou vermelho do céu
A rosa renasceria em outro lugar
E em memória da rosa que escureceu
A lua deixou um pingo de sua luz no céu
Para que o corvo passasse seus dias lembrando-se do pouco que restava
E mesmo que sempre fosse aquele que chorava em desespero
Pudesse dar o mínimo sorriso ao olhar para o céu.
"A lua era a única que trouxe bênção a sua vida, e então mesmo que tivesse perdido a esperança, ao ver que a lua tinha um brilho e luz tão delicados que não machucavam, lembrava-se das sensíveis e reluzentes pétalas.".
~O Corvo e a Rosa~
21-06-2018.
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