História Collide - 2 Temporada - Capítulo 10

Os braços de Emma queimavam, mas ela não a largaria nem se sua vida dependesse disso. Elas continuaram a caminhar pela Selva e a cada passo que davam, mais escuro e perigoso o lugar ficava. Ali não era lugar para humanos. O terreno era escorregadio, carregado de lodo e buracos que, se alguém caísse, poderia facilmente quebrar o pescoço.

Nada ali as lembra da história de desenho da Disney, era tudo muito tenebroso e assustador. Ruby segurava firme na mão da ruiva, seu sexto sentido apitando feito louco e ela mesma estava quase ficando louca. Nat estava andando logo atrás da sogra, preparada para qualquer coisa.

– No Mogli isso era mais bonitinho – Natalie murmurou quebrando um pouco da tensão e Zelena riu baixo. Era bom ter uma distração e a menina tinha um humor que agradava à todas, principalmente a ruiva.

Ruby parou de repente, colocando o braço na frente das mulheres em posição de alerta. Emma suou, não estava aguentando mais o peso da esposa e também estava extremamente preocupada com a saúde dela. Zelena e Nat ficaram sem entender o motivo de precisarem parar, mas logo ouviram o barulho pela mata. Algo estava se aproximando. E muito rápido.

– Não se movam – Ruby sussurrou apertando a mão da esposa com força.

Os barulhos foram ficando cada vez mais alto e mais perto e não demorou muito para que ouvissem os uivos dos lobos. Mesmo sabendo que aqueles lobos faziam parte da matilha de Akira, isso não as deixava mais tranquila.

Mas o primeiro animal que viram, não foi um lobo e sim uma enorme pantera de olhos amarelos. Emma sabia quem era, mas ele parecia extremamente ameaçador. Isso fez com que ela desse um passo para trás, pensando apenas na segurança da esposa. O que não adiantou muito, pois quando olharam em volta, viram vários olhos amarelos observando-as.

– Bagheera! – uma voz potente, grossa e muito intimidadora ecoou pelas matas e a enorme pantera recuou. De repente, um homem alto, negro e praticamente nu apareceu no topo de uma pedra. – Me perdoe pelos modos do Bagheera. Ele não gosta muito de estranhos.

– Gatinho grande que você tem aí – Zelena disse rindo de nervosa, mas o homem não riu. Ele não esboçou sentimento algum.

– Sou Mogli – ele disse e isso fez com que Nat arregalasse os olhos – Venham. Akira está esperando-as.

Mogli desceu da pedra e foi diretamente na direção de Emma. Ele não pediu licença, simplesmente pegou Regina dos braços da loira e seguiu seu caminho pela Selva. Swan não reclamou, sabia que ele não faria mal à ela, mas ainda sim o seguiu de perto.

O homem não demonstrou se incomodar com o peso da rainha, na verdade, era como se ele estivesse carregando uma pena. Eles caminharam sendo observados pela matilha durante uns quinze minutos e isso já estava deixando Ruby extremamente nervosa. Há anos não passava tanto tempo assim na companhia de lobos.

– Não se assustem – Mogli falou quebrando o silêncio e assustando as mulheres – Akira é igual a esta mulher. Ele tem a habilidade de alterar sua forma.

– Você quer dizer que ele pode se transformar em lobo? – Ruby questionou curiosa.

– Não, ele tem a habilidade de se transformar em humano – respondeu ele e tanto a morena quanto Emma fizeram cara de confusa.

– E não é a mesma coisa? – Emma perguntou sussurrando para a melhor amiga, que deu de ombros.

– Não, senhorita. – a loira se assustou quando Mogli respondeu – Akira nasceu lobo, mas com a habilidade de se transformar em humano. É bem simples na verdade.

– Acho que ele te chamou de burra – Zelena implicou com a cunhada e ganhou um empurrão.

Eles andaram mais um pouco e logo chegaram em uma clareira. A luz da lua deixava todo extremamente iluminado, diferente da densa mata onde eles estavam antes e, reparando bem, o local era belíssimo. A grama era um pouco alta e isso fazia com que os pés das mulheres sumissem no chão, mas isso não era problema para nenhuma delas. Emma apressou o passo e alcançou Mogli para segurar na mão da esposa.

Os lobos, que antes estavam apenas seguindo-as, tomaram à frente. No final da clareira, havia uma caverna de pedra e lá de dentro saiu um homem moreno, a pele parecia ser queimada pelo sol, pois ele não chegava a ser negro feito Mogli, mas seus cabelos eram extremamente brancos e ele aparentemente tinha uns cinquenta anos. Ou mais. Seus olhos eram iguais ao de Ruby, amarelos brilhantes e muito desafiadores.

– Uma mulher-lobo – ele comentou sem emoção alguma, da mesma forma que Mogli. – Traga-me a enferma.

Emma franziu o cenho pela forma como ele se referiu à sua esposa, mas não comentou, apenas observou o rapaz levar Regina até Akira. Mogli colocou a morena no chão com bastante cuidado e as mulheres se aprontaram ao redor para ver o que eles iriam fazer. Akira se ajoelhou ao lado de Regina e passou a mão pelos seus cabelos negros.

– Ela está muito fraca. – ele disse. – É uma surpresa ela ainda estar viva. – Zelena grudou na mão da esposa completamente aflita e Emma se segurou em Nat. – Me tragam o antídoto.

Os lobos em volta bateram as patas no chão e um deles se apressou dentro da caverna, voltando segundos depois com um frasco na boca, o qual ele entregou na mão de Akira. O homem ergueu a cabeça de Regina com bastante facilidade e virou o frasco em sua boca. Ele não deixou que ela cuspisse quando começou a tossir e isso fez com que ela engolisse todo o líquido.

– Ela vai acordar em alguns minutos – explicou ele – Mas tomem muito cuidado com ela. Será uma recuperação muito difícil.

– O efeito é rápido assim? – Nat perguntou curiosa e, pela primeira vez, Akira sorriu.

– Vejo que você tem um talento incomum com plantas, crianças – ele disse colocando a cabeça da prefeita no chão novamente fazendo Emma se apressar e apoiar a esposa – Deveria estudar o Livro dos Elfos.

– Este livro é um mito – Zelena comentou um pouco surpresa por Akira mencioná-lo – Nenhum humano sequer o viu.

– É por que ele não foi feito para humanos – Akira explicou – Ele está sob nossa proteção há séculos. E vai estar sob a sua, criança – disse olhando nos olhos de Natalie – Esta mulher aqui poderá ensiná-la a ler élfico, mas somente você poderá decifrar o que está escrito. Seus olhos são especiais.

– Do que ele está falando? – Ruby perguntou sussurrando para a esposa.

– Como é que eu vou saber?

– Você é uma bruxa, Zelena, deveria saber dessas coisas.

– Calem a boca, Regina está acordando – Emma falou, calando as dias efetivamente. Regina tentou abrir os olhos, mas os fechou de novo – Ei, acorda Bela Adormecida. Estamos aqui.

– Me chame assim... novamente... e eu... mato... você. – ela murmurou com bastante dificuldade e isso fez com que sua família sorrisse. Nat se ajoelhou ao lado da sofra com um sorriso e os olhos marejados.

– Não nos assuste mais. – ela falou acariciando os cabelos da morena – Não sei se estou pronta para mais uma viagem dessa.

– Não... se preocupe.

– Ela precisa de descanso. – Akira disse se levantando – Tragam-na para dentro.

Mogli se apressou e pegou Regina em seus braços. A morena não gostou muito de ser carregada, era nítido em sua cara, mas não protestou pois sabia que não tinha condições de andar ainda, muito menos sozinha. Emma seguiu bem de perto, sem nunca soltar a mão da esposa e, seguindo as ordens de Akira, Mogli colocou Regina em, o que parecia ser, uma cama de palha.

– Gold disse que você poderia nos ajudar com outra coisa – Zelena falou séria, após ver que sua irmã estava em segurança. Akira apenas a olhou, sem emoção.

– Shere Khan? – ele questionou e a ruiva afirmou – Ele não está errado. Khan se envolveu com a feiticeira muito perigosa e se tornou praticamente imune à qualquer tipo de ataque. Sua única vulnerabilidade somos nós, lobos. – as mulheres olharam para Ruby – Nascidos lobos.

– Então, não tenho chances contra ele?

– No máximo conseguirá atrasá-lo, que será necessário para a sobrevivência de vocês até que eu chegue – ele explicou – Tomem cuidado com Izma, ela é perigosa e sem escrúpulos. Não medirá esforços e nem pensará nas consequências de suas ações para conseguir tudo o que quer.

– Ela ficou obcecada com a Regina – Ruby disse em um tom curioso – Não temos ideia do por quê.

– Izma não é uma mulher transparente, dificilmente irão adivinhas o que ela realmente quer – falou – Mas uma coisa que ela sempre quis e que sempre falhou em conseguir foi poder. Um trono, um cargo onde pudesse mandar em outros, dominar o mundo.

– Talvez ela quisesse substituir Regina – Nat sugeriu e as mulheres concordaram – Ela é uma rainha, não é?

– Pode ser isso – Ruby comentou – Mas que motivo superficial.

– Izma é uma mulher superficial – foi Zelena quem constatou. – Adoraria jantar ela na porrada.

– Zelena, que linguajar é esse? – a loira falou um pouco horrorizada. Nat as observou com diversão. – Deixa pra lá, não quero saber.

Mogli e Akira trocaram olhares, confusos com o que elas estavam falando, mas não disseram absolutamente nada. Natalie se ajeitou no chão e começou a acariciar os cabelos negros da sogra, que estava adormecida mais uma vez.

– Em duas horas vocês atravessarão um portal direto para a casa de vocês, mas eu precisarei de mais tempo para me preparar. – Akira comentou de repente – Atravessarei assim que eu estiver pronto.

Emma ficou preocupada com o tempo que ele precisaria para se preparar, pois eles talvez não conseguissem segurar Khan e Izma por muito tempo assim. Eles precisariam de um plano, e um ótimo plano.

– Não se preocupe, daremos um jeito – Ruby disse abraçando a esposa de lado. Elas estavam aflitas e preocupadas com a segurança de suas famílias, mas fariam de tudo para protegê-los dos dois psicopatas.

[...]

Akira cumpriu com sua palavra. Duas horas depois elas estavam em frente à um portal, que de acordo com ele, daria direto em Storybrooke. Regina estava se sentindo melhor do que nunca e até a cor havia sido devolvida à sua pele. Não sentia mais dor alguma e até sentia que estava mais forte do que antes, como se sua energia vital estivesse completamente restaurada.

Emma não confiava muito no bem estar de Regina, pois ela podia dizer que se sentia bem, mas estar se sentindo extremamente mal. Isso era bem típico da morena. Por isso não arredou o pé do lado dela, ficou o tempo todo ali, com a mão na cintura da mulher caso ela não se sentisse bem.

– Atravessem o portal uma de cada vez – Mogli as instruiu e Emma, após dar um beijo na testa da esposa, se colocou na frente para ir primeiro. – Nós iremos depois.

– Estaremos lhe esperando – Zelena disse antes de atravessar por último.

Elas não estavam esperando encontrar a cidade daquela maneira. Emma havia falado com o filho durante o tempo em que Regina estava adormecida e de acordo com ele, continuavam escondidos, mas todos estavam bem. Até mesmo Khan não havia aparecido mais.

Zelena foi a última a atravessar e não escondeu o horror que sentiu ao ver aquilo. A ruiva não era muito de assistir séries, mas a cidade estava parecendo um episódio de The Walking Dead. Os cidadãos estavam atacando uns aos outros de maneira bem violenta.

– Isso é um feitiço – Regina constatou.

– E como adivinhou, Sherlock? – Zelena debochou fazendo a irmã revirar os olhos.

– Algumas estão... zonzas? – Nat falou quase como um questionamento e as mulheres perceberam que sim. Por sorte ninguém havia notado elas ainda.

Emma viu Archie correndo na direção delas, mas ele parecia assustado ao invés de... psicótico? O terapeuta se aproximou ofegante, todo vermelho e muito suado.

– As pessoas enlouqueceram! – ele disse exasperado fazendo a ruiva bufar irritada.

– E como ele adivinhou? – murmurou ela.

– Onde eles estão? – Emma perguntou pensando imediatamente em seus pais e seus filhos.

– David está sendo controlado na delegacia, mas não há sinal da Mary e das crianças – ele respondeu. – Rumple e Belle também desapareceram. Não sabemos o que fazer. Só sabemos que o feitiço não funciona direito em algumas pessoas e isso deixa elas muito zonzas.

– Meu cofre. – Regina disse de repente fazendo-as olharem para a prefeita – Eles podem estar escondidos lá.

Emma concordou com a cabeça e elas se viraram para correr, pois as pessoas já estavam começando a se virar para elas. Foi ali que o caos se instalou. A magia das três não funcionava de maneira alguma, nem sequer uma faísca e por isso elas precisaram correr entre aquela multidão de gente maluca.

Elas foram empurradas, chutadas, arranhadas e tudo mais que puderem imaginar. Mas conseguiram sair e se afastar de tudo aquilo. Ruby e Zelena se abraçaram aliviadas e Emma se virou para abraçar a esposa, mas Regina não estava lá.

– Regina? – ela chamou olhando ao redor. Elas haviam parado atrás do restaurante, afastadas das pessoas. E Archie estava com elas. – Cadê a Regina? – perguntou desesperada.

– Regina!? – Zelena gritou pela irmã – Ela estava atrás de nós!

– Mas ela não está aqui agora! – rebateu a loira já com os olhos cheios de lágrimas – REGINA?!!