História Collision - Dramione - 04 - Nightmare

Eram 2:30 da manhã e Hermione estava pensando o quanto a vida é louca.

Em um momento, era só uma grifana  comum, com cabelos bagunçados, dentes tortos e uma inteligência inegável; em outro, era casada com o pior dos sonserinos e tinha três filhos com ele.

O céu estava estrelado e ela estava na janela, admirando. Draco havia saído após pedir "perdão" pelo uso da palavra proibida e não havia voltado até agora, talvez passe a noite no salão comunal da sonserina, pensou a menina, torcendo para ter razão.

Precisava de um momento sozinha.

Repassava cada acontecimento do dia, tentando os absorver. Hermione recordava-se de como se deu conta do McGonagall falava, do estado de negação que entrara, de quando pôs os olhos naqueles pequenos seres pela primeira vez e de como se sentiu frustrada ao constatar que eles pareciam mais com Malfoy do que deveriam parecer, não deixou de gostar deles mesmo assim, por mais maluco que fosse. Lembrou -se da discussão, do falso pedido de desculpas e de que tinha uma cicatriz no pulso.

Estava tão curiosa para saber mais sobre. Não achava justo, no entanto, arrancar informações daquelas crianças não estava nos planos de Hermione Granger. Ela ja sabia o suficiente, não queria se decepcionar ainda mais.

Olhou para as crianças, dormindo serenamente, a situação era um furacão, que destruira as expectativas da grifana, não era o que ela queria, mas vendo a cena, uma paz se instaurou na castanha, e foi impossível não sorrir.

A calmaria momentânea foi literal: momentânea mesmo. Se rompeu assim que cabelos platinados foram flagrados pela visão periférica da garota.

Draco, no entanto, não notara sua presença, entrava na ponta do pé, cautelosamente. Quando seu olhar alcançou a Granger com uma camisola branca, iluminada pela luz da lua, foi inevitável não se assustar (e derrubar um livro também).

Isaac se remexe com o barulho, e Hermione se irritou. Além de idiota, Malfoy era um desastrado.

- Você me assustou. O que faz acordada à essa hora? Estava esperando por mim? - O tom de voz irritado e ao mesmo tempo confuso do sonserino quebrou o silêncio.

Hermione riu baixinho, achando graça da presunção do garoto em sua frente. - Acha que o mundo gira em torno de você, não é, Malfoy? Bem, te recomendo, deveria procurar um médico, talvez seja labirintite. O que fazia esse tempo todo?

- O que é larinbi... Ah, deixa pra lá! E eu perguntei primeiro, Granger.

Hermione suspirou, olhando para o céu imponente lá fora.

- Só estava pensando no quanto às coisas estão desordenadas agora. Olhar para o céu me acalma, me ajuda a raciocinar, espairecer... Não que seja da sua conta, é claro. E você, criatura obtusa, o que fazia?

Uma identificação aconteceu quando Hermione o respondeu. Draco lembrou de todas as vezes que ia na torre de astronomia olhar as estrelas, quando tinha problemas, planejava vinganças ou, assim como a grifana, precisava pensar. Ficou surpreso, por mais bobo que fosse, costumava pensar que a Granger era um livro ambulante, que automaticamente tinha uma resposta para qualquer situação, por mais embaraçosa que fosse.

O loiro se recompôs, sorrindo irônico. - Tem razão em um ponto Granger: não era realmente da minha conta, assim como o que eu fazia não é da sua, dito isso, não darei satisfações a você, apenas irei me deitar, e dormir. Tenha uma péssima noite, sangue ruim.

Hermione revirou os olhos. Draco Malfoy era o ser mais detestável de todos.

• • •

Os raios de sol invadiam o dormitório ocupado pelo casal que se odiava e os filhos deles.

Isabelle, sempre radiante, foi a primeira a acordar. Sorriu com seu velho plano, mas assim que levantou-se, seu sorriso murchou.

Costumava pular sobre seus pais, pela manhã, para os acordar, sua ideia foi frustrada, no entanto, ao notar que dormiam em camas separadas. Sua mente engenhosa formulou uma nova ideia, acordou Isaac assim que a teve.

Lhe contou o plano: o menino pularia sobre a mãe, e ela, sobre o pai. O irmão sorriu. E assim fizeram.

Gemidos de dor e risadas ecoaram pelo dormitório, sendo o suficiente para que o pequeno Marvin acordasse, manhoso.

- Aaah, que horas são? - Draco colocava o travesseiro no ouvido, tentando evitar ouvir Marvin chorar.

Sonolenta, Hermione tateou o criado mudo até encontrar seu relógio de pulso, presente dos pais. - São 5:07, Merlin, as aulas começam só as 8:00! - irritou-se, sendo ignorada pelas crianças, que ainda riam. Marvin ainda chorava. - Pode deixar de ser inútil e fazer ele parar de chorar, Malfoy?

- Não me dê ordens, Granger. Faça você, sua petulante.

- Eu já o coloquei pra dormir ontem, enquanto você estava ocupado demais, provavelmente amedontrando algum lufano ou atrás de alguma sonserina.

- Sua insolente. Deveria aprender a respeitar seus superiores. - Malfoy se levantou, próximo da cama de Hermione.

- Não está falando de você, está? - a castanha também ficou em pé, frente a frente com o garoto.

Marvin chorou ainda mais alto, e Isabelle correu até o irmãozinho para o amparar. Os pais sequer desviavam o olhar, se encarando mortalmente.

- Calem a boca! Não são nem 6 da manhã e já estão discutindo assim. - Gritou Isaac, enquando fazia carinho no rosto do mais novo, tentando o acalmar - E ainda o assustaram!

- Exatamente! Não são nem 6 da manhã e já estamos acordados, sendo que só temos aula às 08:00! - Ralhou o loiro, cruzando os braços.

- Eu não tô nem ai. Estão tão loucos que nem do Marvinzinho sabem cuidam, malucos, birutas!

O garotinho saiu, Isabelle praticamente jogou o caçula nos braços de Malfoy e foi correndo atrás do irmão, ouviram-na gritar um "não seja tão dramático Isaac" antes de se silenciarem. O sonserino olhou para o bebê como se fosse um bicho de sete cabeças, não havia o segurado um minuto sequer. Na verdade, nunca havia segurado uma criança na vida.

- Hm... Malfoy?

- O que foi, sabe-tudo?

- Temos aula daqui há 2 horas e meia.

- Oh, legal. Agora diga-me algo que não sei.

- Idiota! Com quem vamos deixa-los? Não acha que McGonagall ou algum outro professor tomará conta deles, ou acha?

E foi aí que a ficha de Draco caiu. Com o olhar distante, pensou na reação dos amigos ao ficarem sabendo da história, ou pior, a reação de seu pai. Oh céus, as coisas só pioravam.

Estava tão desesperado, que mal conseguiu formular uma resposta decente, então tudo que saiu foi: - Vamos tentar achar alguma solução. Se não acharmos, eu fico com Isabelle, fico até com o pequeno Marvin, mas não com aquele menino, Isaac, ele herdou o seu gênio Granger, é um pesadelo.

Hermione não teve tempo de se ofender, seus olhos rapidamente pousaram na porta, encontrando os olhos marejados do menininho mais velho, com a irmã ao lado, com uma mão sobre seu ombro, o que não foi suficiente para impedi-lo de sair correndo.

- Sabe papai, sempre soube que era sua favorita. - Isabelle sorriu, levantando o queixo com aquele ar de superioridade digno de um Malfoy. Hermione estava incrédula com a reação da menina. - Mas tratar Isaac assim, chama-lo de pesadelo! Merlin, foi muita crueldade, ele é um bobão a maior parte do tempo, mas não merece ser chamado assim.

Os cabelos claros da garotinha esvoaçaram quando ela deu as costas para eles, provavelmente indo atrás do irmão.

Mesmo irritada com as palavras de Draco, e preocupada com Isaac por ter presenciado tudo, a grifana não pode deixar de sorrir aliviada ao ver que a filha não era totalmente uma Malfoy. Quando seus olhos voltaram-se para o loiro, sua cara fechou, mas, mesmo não demonstrando, se surpreendeu ao  se deparar com um olhar de culpa estampado no rosto do sonserino, que rapidamente disfarçou ao sentir o olhar dela sobre ele.

Hermione tomou Marvin em seus braços, se retirando do dormitório. Não sem antes murmurar irritada.

- 50 pontos a menos para sonserina, por Draco Malfoy ser um péssimo pai e um grande idiota.