1. Spirit Fanfics >
  2. Com amor, Santiago >
  3. Segredos

História Com amor, Santiago - Segredos


Escrita por: HayaVedder

Capítulo 3 - Segredos


Já fazia uma semana que Vitor tinha abordado Michael na entrada da escola e aparentemente ele tinha entendido o recado, pois não voltou a procurá-lo. Sentindo-se mais tranquilo, Santiago se aproximou do namorado durante o intervalo, o chamando para irem a um local mais calmo.

Michael o levou para um dos pontos cegos do colégio, onde podiam conversar e namorar em paz.

— Eu já tava com saudade — disse Santiago sorrindo, puxando Michael para seus braços e o beijando com vontade.

Michael retribuiu o beijo, passando a mão pelo peito do loiro enquanto ele o segurava pela cintura.

— Esse negócio de saudade — disse Michael quando seus lábios se separaram. — A gente podia resolver isso se você me deixasse ir na sua casa de vez em quando, Santi.

Santiago o observou enquanto ele brincava com a gola de sua camiseta. Por mais que Beth fosse uma sogra compreensível, a verdade é que o apartamento de Michael era pequeno demais para que eles tivessem alguma privacidade, e por mais que Santiago adoraria levá-lo até sua casa, ele não podia. Ainda não.

— A gente já conversou sobre isso, Michael. Meu pai tá sempre fazendo reunião de trabalho lá em casa, a gente não ia ficar a vontade.

Michael afastou-se um pouco para encarar o namorado. Já fazia algum tempo que ele tinha uma desconfiança em relação a restrição à casa de Santiago, mas ele não sabia como tocar no assunto sem que isso causasse uma discussão entre eles.

— Tá, mas sempre? Todos os dias ele tá em reunião? Não é possível que você nunca tenha um tempo livre em casa.

Santiago suspirou, pensando no assunto. Ele sabia que não poderia manter aquela situação para sempre, mas ainda não estava pronto para que Michael se encontrasse com seu pai.

— Eu vou dar um jeito nisso, tá bom? — falou ele, beijando o pescoço do moreno. — Só preciso de um pouco de tempo para arranjar tudo.

Michael ficou balançado com aquele beijo. Era difícil raciocinar com os lábios de Santiago passeando pelo seu corpo, mas ele esforçou-se para resistir, o afastando com as mãos. O namorado o olhou em protesto.

— Tudo o que, Santiago? — questionou Michael. — O que exatamente você precisa arranjar para que eu possa ir até a sua casa?

O rosto de Santiago tornou-se uma máscara impenetrável. Ele tinha medo da reação de Michael caso ele descobrisse o real motivo. Por mais seguro que ele estivesse com a sua orientação sexual, a verdade é que ele não conseguia falar sobre isso abertamente com a sua família. Ele até mesmo duvidava de que algum dia fosse capaz, e conhecendo Michael como conhecia, sabia que ele ficaria irritado com isso. Talvez até terminasse com ele, e isso ele não poderia suportar. Era só olhar para aqueles olhos castanhos cheios de vida para ter certeza de que Santiago o amava verdadeiramente.

— É que eu… queria ter uma noite tranquila com você, só a gente, sem ninguém para atrapalhar. Mas para isso eu teria que ver um dia que meu pai não vai estar em casa.

Michael não sabia se acreditava realmente nele, mas não estava a fim de brigar com o namorado. Não quando poderiam fazer coisas mais interessantes juntos.

— Hum… isso quer dizer que você está com segundas intenções comigo — provocou ele, com o dedo no peito do jogador.

Os lábios de Santiago curvaram-se em um sorriso malicioso.

— E se estiver?

Michael sorriu de volta, escondendo o rosto em seu ombro.

— Não vou mentir amor, eu queria muito ter você só pra mim.

Santiago puxou o rosto do namorado para si, o beijando de forma intensa. A sensação dos lábios do moreno contra os seus era tão boa que ele não queria que se separassem nunca.

Porém, uma risada alta vinda do pátio o lembrou de que eles ainda estavam na escola e podiam ser pegos a qualquer momento. Além disso, o intervalo já estava no fim e eles tinham que ir.

— Eu prometo que vou dar um jeito nisso — suspirou Santiago quando eles se afastaram, se preparando para voltar para sala.

— Tá, mas enquanto isso não acontece a gente pode ir pro Le Kebek hoje à noite? — disse Michael, entrelaçando os dedos com os dele. — A banda vai tocar.

Santiago não precisou pensar duas vezes. O Le Kebek era um local neutro, de amigos, um lugar onde eles podiam ficar um pouco mais a vontade do que no colégio.

— Claro! — disse animado, erguendo as mãos entrelaçadas e beijando a de Michael.


***


Depois do treino, ele chegou em casa morrendo de fome, indo direto para a cozinha, onde atacou a geladeira. Fez um lanche grande, colocando tudo o que podia nele e sentou-se para comer por ali mesmo.

— Santiago? — chamou uma voz grave vinda da sala. — Já chegou, filho?

— Já — gritou ele de volta, dando uma mordida no lanche.

Santiago morava com o pai desde que sua mãe os havia abandonado, quando ele tinha apenas oito anos de idade. Era um homem sério, generoso, que apesar de poucas palavras, sempre se esforçara para dar o melhor para o filho. Santiago nunca o ouvira reclamar da mãe ou da vida solitária que levava, e era muito grato por isso.

— Eu consegui dois ingressos para o teatro hoje — disse o homem ao entrar na cozinha, sentando-se em frente ao filho e observando-o enquanto ele comia. — Para aquela peça que você queria assistir.

O garoto deixou o pão no meio do caminho entre o prato e a boca, paralisado de surpresa.

— Ah… pai, que legal, mas eu não vou poder ir — falou ele devagar. — Eu já combinei de sair com a galera.

— Você não pode desmarcar? Não foi fácil conseguir esses ingressos.

Santiago voltou com o pão para o prato. De repente tinha perdido o apetite.

— Pai, é que… eu não posso… eu já tinha me comprometido a ir, é a banda da minha amiga Talíssia que vai tocar, ela vai ficar muito chateada se eu não for.

Seu estômago se revirou em desconforto. Ele detestava mentir para o pai, mas não tinha outra opção.

— Tem certeza? — insistiu ele, analisando o filho com olhos clínicos.

— Tenho… você não pode levar aquele seu sócio Marcos no meu lugar?

O homem não respondeu de imediato, deixando Santiago ainda mais nervoso. Ele não queria decepcionar o pai, mas também não podia decepcionar Michael. Era uma situação delicada.

— Tudo bem, eu resolvo isso depois — disse ele por fim, fazendo Santiago respirar aliviado. — Você sabe, hoje por acaso eu encontrei a Marina.

Novamente, ele sentiu seu estômago se revirar. Marina era a sua ex-namorada.

— Ah é?

— Sim — tornou ele, analisando cada expressão do filho. — e ela me disse que tem certeza que você tem uma nova namorada nesse novo colégio.

Santiago ficou irritado com aquilo. Por que ela tinha que se intrometer em sua vida até depois deles terem terminado?

— Não tem namorada nenhuma. Ela disse isso porque nunca aceitou o fato de eu ter terminado com ela. Você também não tem nada que ficar dando conversa pra ela, pai.

— Eu nunca entendi porque vocês terminaram, faziam um casal tão bonito.

— Então eu devia ficar com alguém de quem eu não gosto de verdade só porque você acha que a gente fica bem juntos?

O homem soltou uma risada nervosa, aparentemente incomodado com o rumo da conversa.

— Calma, Santiago, não foi isso que eu disse. Só quis dizer que gostava da ideia de Marina como sua namorada, mas é claro que você tem todo o direito de ficar com alguém de quem goste realmente.

“Desde que seja alguém do sexo feminino”, pensou ele com amargura. Por mais que pensasse, não conseguia idealizar uma situação em que o pai aceitasse Michael como seu namorado e isso doía em seu peito.

— Não tem a menor chance da gente voltar — disse ele meio irritado, para que o pai não insistisse mais naquele assunto.

Eles ficaram um tempo em silêncio e Santiago voltou sua atenção para o lanche em seu prato. Sentado do outro lado, o pai parecia meio constrangido por tê-lo pressionado. Depois que Santiago terminou de comer, ele sentiu necessidade de dizer algo para quebrar o gelo.

— Você chegou a pensar sobre São Paulo? É uma oportunidade de ouro.

— É, eu sei… mas não posso me afastar do colégio por duas semanas, eu tenho provas, poderia até perder o semestre.

— Isso é um problema.

Santiago assentiu. Ele sabia que aquela viagem poderia mudar o seu futuro para sempre, mas estava bem com a desculpa das provas porque não queria ter que se afastar de Michael por tanto tempo.


***


Quando finalmente chegou, a música já estava tocando. O lugar estava cheio e, ao entrar, ele esbarrou em vários conhecidos, até encontrar com quem estava procurando.

Michael conversava distraído com Pérola e Jade, os cachos balançando em um movimento suave. Santiago chegou passando os braços pelos ombros do moreno, o puxando para si.

— Amor! — vibrou Michael de surpresa, o abraçando. — Eu pensei que você não vinha mais.

Michael fez um biquinho tão adorável que Santiago inclinou-se, beijando-o ali mesmo. Pérola e Jade soltaram alguns risinhos de satisfação, mas logo se afastaram, deixando os namorados sozinhos.

— Se eu disse que vinha, é porque eu vinha.

Michael sorriu, apoiando a cabeça no peito do namorado e virando-se para apreciar a música que Talíssia cantava. Eles ficaram assim, abraçados e acompanhando a banda por um tempo, até que a visão periférica de Santiago captou algo que começou a incomodá-lo.

Alguns jogadores de seu time estavam ali também, em uma rodinha próxima, e entre eles estava Vitor, que frequentemente lançava olhares para Michael, nem se incomodando em disfarçar.

— O que esse cara tá fazendo aqui? — bufou ele, remexendo-se no lugar.

Michael virou-se para focalizar a origem da irritação repentina do namorado, suspirando ao ver Vitor.

— Santi, deixa isso pra lá — tentou acalmá-lo. — Ele não tá fazendo nada.

— Não tá fazendo nada? Ele não para de te encarar, eu não tenho sangue de barata não.

Santiago começou a se afastar em direção ao grupo, mas Michael o puxou de volta pelo braço.

— O que você vai fazer?

— Vou perguntar pra ele se ele perdeu alguma coisa aqui.

— Pelo amor da deusa! — exclamou ele, agitado e o segurando no lugar. — Você não vai fazer isso, Santiago. Arranjar briga aqui no Le Kebek!

— Eu não vou aceitar ele ficar te paquerando na minha cara.

— Não, vamos para outro lugar, vem! — decidiu ele, o arrastando para longe dali.

Antes de deixarem o local, Santiago ainda notou uma risada de deboche vinda de Vitor. Se ele estava fazendo aquilo só para provocá-lo, estava fazendo um serviço muito bom.

Michael o levou para a área externa, onde estava bem mais vazio, com apenas alguns casais namorando, mas ainda podiam ouvir a música.

Santiago sentou-se em uma mureta, apoiando as costas na parede, e Michael sentou-se em seu colo, as mãos entrelaçando os cabelos do namorado.

— Aqui ninguém vai atrapalhar a gente — sorriu ele, beijando o loiro.

— Vendo assim, até que foi bom sair de lá — disse Santiago, sorrindo e voltando a beijá-lo.

À medida que sua língua avançava dentro da boca de Michael, as mãos de Santiago foram subindo pelas costas do moreno, por baixo de sua camiseta, logo o deixando sem fôlego. Santiago quebrou o beijo, mas longe de soltá-lo, avançou com a boca em direção ao seu pescoço. Levou uma das mãos até os cachos do namorado, afastando-os de lado para beijá-lo logo abaixo da nuca.

Michael não conseguiu resistir à carícia, soltando um gemido alto. Eles ouviram uma risada vinda de outro casal que também estava ali e se separaram para olhá-los.

— Amigo, parece que a temperatura tá subindo aí — era a voz de Verena, que estava abraçada à Álvaro, os dois se divertindo com a situação.

Michael trocou um olhar com Santiago, os dois rindo meio constrangidos.

— Um pouquinho só — disse ele, escondendo o rosto no ombro do loiro.

— Se você quiser eu trago um balde de gelo — brincou Álvaro, recebendo uma cotovelada da namorada.

— Valeu, mas a gente tá bem aqui — falou Santiago, sorrindo enquanto acariciava os cabelos de Michael.

— Vamos dar mais privacidade pro casal, vem — piscou Verena, puxando Álvaro para dentro do recinto.

Mas aparentemente o clima já estava desfeito. Santiago plantou um beijo no topo da nuca de Michael, o puxando para o lado.

— Eu vou no banheiro — disse ele. — Volto logo.

— Hum, você quer que eu vá com você? — ofereceu-se Michael, segurando-o pelo colarinho da camiseta.

— Olha só quem está com segundas intenções agora — disse em tom provocativo.

— Hey, eu nunca disse que não tinha segundas intenções, tá bom?

Santiago soltou uma risada pelo nariz, selando os lábios do namorado com um beijo rápido.

— Tá certo, mas eu quero que a nossa primeira vez seja em um lugar especial, com calma.

Michael sorriu de volta, passando a mão pelo peito do loiro.

— Você tava pensando que eu queria te agarrar dentro do banheiro? Se enxerga, garoto.

A risada de Santiago ecoou pelo corredor.

— Você é impossível, Michael!

— Eu sei, e é por isso que você gosta — disse ele com uma piscadinha.

Santiago o beijou novamente antes de se levantar e sair. Mas assim que ele sumiu de vista, outra pessoa se aproximou, sentando-se ao lado de Michael.

— Oi, e aí?

Michael ficou paralisado ao se dar conta de que era Vitor. Era muita cara de pau vir falar com ele depois de tudo.

— Você é doido? — perguntou Michael, olhando para os lados aflito. — O que quer?

Vitor riu em resposta.

— Eu quero você. Achei que isso já tinha ficado bem claro.

— É, mais isso você não pode ter — Michael mexeu nos cabelos, nervoso. — Acho melhor você ir embora.

— Você tá com medo do Santiago pegar a gente conversando? Relaxa, ele vai demorar pra voltar.

— Na verdade é você quem deveria ter medo. Que necessidade é essa de ficar provocando ele toda hora?

— Coisas do futebol. Além disso, essa escola é pequena demais para ter dois jogadores gays.

Michael o olhou, sem acreditar no que estava ouvindo.

— Então você é gay. Como é que eu nunca fiquei sabendo disso?

— Eu sou gay, e daí? Não preciso colocar isso em um alto falante, preciso? Todas as pessoas que são próximas a mim sabem, minha família, meus amigos, isso basta.

Por um instante, ele ficou genuinamente curioso sobre Vitor, esquecendo-se de que deveria mandá-lo embora. Um gay heteronormativo bem resolvido não era um caso fácil de se encontrar.

— E sua família te aceita?

Vitor sorriu, aproveitando-se do interesse repentino de Michael para aproximar-se dele.

— Sim, eles são liberais. Quando eu disse pra minha mãe que era gay, ela me apoiou, até contou uma história de um relacionamento que teve com uma mulher quando era mais jovem. Acho que por eles eu seria uma bicha bailarina, o futebol foi um acidente de percurso.

Sem perceber, Michael começou a rir de seu comentário final.

— Que bom. Esse apoio é muito importante.

— É sim — tornou ele, sorrindo. — Mas diz aí, e a família do Santiago, aceita vocês?

Vitor não estava mais sorrindo. Ele encarava Michael de forma fixa, como que o desafiando a responder sua pergunta. Mas como ele poderia responder algo que nem mesmo ele sabia? Michael não fazia ideia sequer se a família de Santiago sabia sobre sua orientação sexual.

— Isso não é da sua conta — disse ele, irritado, mexendo no aro de seus óculos. — e eu realmente acho que você deveria ir embora.

Vitor voltou a rir, levantando-se finalmente da mureta.

— Eu acho você muito fofo — disse ele, deixando Michael completamente sem fala. — A gente se esbarra por aí.

Michael o observou enquanto se afastava, tentando digerir o que acabava de acontecer ali. Quase na mesma hora, Santiago retornou, voltando a se sentar e puxando-o para seus braços. Michael deixou-se ficar ali, aninhado, mas não conseguiu tirar as palavras de Vitor de sua cabeça. Sobretudo sobre o fato da família do namorado aceitar ou não o relacionamento deles.


Notas Finais


Feliz ano novo pessoas! E que em 2019 tenhamos muito mais Santiel ;)


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...