História Com você - Prólogo

Ela corria na intenção de chegar o mais rápido possível. Seu pequeno corpo já reclamava de cansaço, contudo, Luna Valente não podia permitir que ele o dominasse, então continuou  correndo e tentando se concentrar em qualquer outra coisa que não fosse a dor em seus pés.

No auge dos seus quatorze anos, Luna se considerava uma aluna normal. Nada de popularidade em excesso, bem, passava bem longe disso, porém também não era a típica garota inteligente demais, que se vestia extremamente mal e era obrigada a aguentar as zoações dos mais "populares", certamente a história de Luna não tinha nada a ver com isso.

Ela era comum, pertencia aquele grupo que não fazia tanta diferença na escola e queria continuar assim.
Porém, ás vezes não temos o poder de escolha e tudo o que Luna desejava era que em sua nova escola pudesse continuar sendo "invisivel", certamente seus pais não pensaram nela quando resolveram a mudar mesmo sem a necessidade extrema. Luna tinha uma boa educação na antiga escola.

Blake South College

Luna respirou fundo ao se deparar com a entrada do belíssimo colégio. Era um edificio grande e intimidador, pelo pouco que sabia sobre as atividades rigorosas e regras exigentes do colégio, tinha certeza que teria que ter o dobro de esforço para progredir.

Valente caminhou mais calma em direção a entrada do local, sentia os olhares se direcionarem a ela e fechou os olhos na intenção de esquecer que possivelmente todos estariam a encarando para cumprir os três estágios:

Matar a curiosidade, avaliar e por fim, fazer um bela critica sobre a postura, beleza e personalidade, embora essa última seja quase impossível de saber apenas com um olhar, jovens tem esse talento, ou pensam o ter. 

Mesmo sabendo que achariam estranho sua atitude em fechar os olhos, começou a caminhar tomando coragem para os abrir, porém, antes que o fizesse, era tarde demais. Sentiu o impacto do seu corpo contra um outro e caiu no chão com os olhos arregalados. Logo ouvindo um grito histérico.

A loira caida em sua frente, a xingava de forma que Luna desconhecia. Suas duas amigas tentavam a ajudar por mais que ela se debatesse loucamente. Valente pensou em abrir a boca para pedir desculpas, porém, se concentrou em levantar primeiro.

- Menina, não enxerga por onde anda? - Não foi a loira que perguntou, já que esta estava mais ocupada em arrumar seus cabelos, foi uma morena ao lado da ruiva que tinha um olhar de paisagem que divertia Luna. 
Parecia um show de perucas.

Âmbar, Delfina e Jazmín... Luna já tinha percebido que as três não seriam nem pouco simpáticas com a novata. Mas não poderia prever o que o futuro reservava para elas.

- Desculpe, é que... - Ela tentou falar algo, porém, sentiu os dedos de Âmbar apertarem os seus lábios a calando.

- Calada... é só uma criança, meninas... - A loira abriu um sorriso sarcástico. - Mas tem que aprender onde é o seu lugar, certamente não será derrubando a rainha. Sua sorte é que estou com muito bom humor e não vou tomar medidas drásticas, mas dá próxima vez não terá a mesma sorte. Passe bem longe de mim, pirralha.

Luna abriu a boca na intenção de responder, afinal, não era nenhuma criança. Porém, decidiu se calar quando viu Âmbar fuzilar uma menina com o olhar. Com atenção olhou para ela que sorriu de forma gentil. Seus cabelos negros estavam arrumados em um pentiado diferente a primeira vista.

- Olá meninas. - Fernanda cumprimentou antes de piscar para Âmbar e continuar seu caminho sem se preocupar com os olhos faiscando raiva da loira sob si, Luna logo percebeu que ali tinha uma rivalidade extrema. Fernanda tinha um estilo mais despojado, sorria mais, parecia ser simpática. As outras três eram tipícas patricinhas nojentas e mal humoras. Se permitiu anotar mentalmente, sem.perceber que as aparências enganam.

"Tente fazer amizades" Disse Monica quando viu sua filha sair para o novo colégio. Luna se lembrou disso a cada segundo até chegar. No entanto, logo percebeu que seria mais difícil do que havia imaginado, claro que nunca foi boa em deixar a timidez de lado e procurar se enturmar em algum grupo, ou fazer amigos com facilidade. Mas realmente pensou que talvez pudesse ser mais fácil quando chegasse ali,

Olhando as três meninas, soube que nada ali seria fácil. Começou mal o suficiente para temer o que ainda estava por vim.

- Vocês poderiam me ajudar com... - Claro que não, não sabia nem o porque de ter pensado em pedir ajuda para alguém que fez questão de querer a humilhar, isso certamente não daria certo. Antes mesmo de terminar a pergunta, elas já tinha se virado e seguido outro caminho, menos a ruiva que após suas amigas saírem, continuou olhando Luna com atenção. 

- Você poderia... - Valente novamente tentou perguntar sob o olhar inquieto da outra. Porém, ela não respondeu. Até que Luna percebeu que ela não olhava para si e sim em direção a um moreno que vinha acompanhado de outro. Eles riam alto. - Quem são? - Jazmín pareceu voltar para a realidade e a olhou abrindo um sorriso de lado. 

- Simón... - Ela suspirou. - E o outro... não sei. - Terminou com aquele mesmo olhar sonhador que assustava a morena.
Sua atenção foi direto para o garoto do meio. Os cabelos cacheados, olhos castanhos, ele era lindo. Curiosa, os acampanhou com o olhar. Ruggero Balsano caminhava lentamente com as mãos nos bolsos do uniforme, seu sorriso contagiava e mesmo sem perceber Luna também sorriu.

O que era aquela sensação que a arrepiava e impedia que conseguisse desviar seus olhos dele. Naquele momento Luna experimentou um sentimento confuso que nunca havia sentido.

- Mas ele é lindo... - Declarou Jazmín antes de jogar um dos seus braços ao redor do pescoço de Luna amigavelmente. A morena não se preocupou em se perguntar o quão estranha a ruiva era.
 

- Ainda não acredito que você deu um fora na Ada... - Simón comentou enquanto revirava os olhos. - Quem em sã conciencia faz isso? Você consegue cada proeza meu caro amigo.

- Não sei se ela pode me oferecer mais do que já deu, Simón, por favor, não é como se eu quisesse a pedir em namoro. Até porque cheguei a poucos dias e o que aconteceu ficou naquela festa, mais nada. - Ruggero comentou enquanto ouviu o amigo bufar. Sabia o que viria a seguir, mais perguntas. Deu de ombros mesmo sabendo que Simón ainda falava e se concentrou no que Nico, um outro amigo de Simón, estava prestes a falar sobre as suas férias em Londres. 
Saber da vida dos outros era muito mais interessante do que comentar sobre a sua própria, lembrava-se ele.

- Onde está a sua irmã? - Simón, novamente interrompeu o relato de Nico digerindo uma pergunta ao melhor amigo. Ruggero o olhou de relance e balançou a cabeça negativamente, certamente tudo o que menos precisava era ter o seu melhor amigo de olho em sua irmã.

- Fique longe dela, já pedi... ela é nova e inocente demais. - Simón revirou os olhos e bufou alto, antes de ver a garota de quem se referia falar animada com alguém no celular, só uma pessoa a deixaria assim. Matteo Balsano, o irmão gêmeo de Ruggero.

- Eu pensei que você iria estudar na Inglaterra com o seu irmão e não vir pra cá. Seu pai estava animado em ter os dois filhos mais próximos. - Simón comentou enquanto ainda observava o sorriso de Nina.

- Matteo estuda lá a dois anos, já eu sempre preferi ficar com a mãe e nossa irmã. Não faria sentido mudar isso apenas porque ela se casou e resolveu se mudar pra cá, até porque, você sabe que meu desejo sempre foi vir. - Ele respondeu brevemente. Antes de continuar seu caminho em direção a entrada do novo colégio. Esqueceu completamente do assunto Matteo.

Seu olhar se deparou com uma menina que parecia perdida no meio de tantas pessoas que passavam por ela, entrando no local. Riu baixo ao vê-la mexer inquieta em seus cabelos visivelmente desconfortável. Ao chegar perto, mesmo sem querer, deixou que seus olhos curiosos a analisarem cuidadosamente.

Linda... foi a primeira coisa que pensou. Mas extremamente nova, não que ele realmente estivesse se importando com isso quando olhou seu corpo descaradamente. Mordeu o lábio inferior e sorriu irônico, já podia ouvir as risadas dos seus amigos o provocando.

Seus olhares se encontraram quando ele passou por ela. Luna sorriu timida enquanto Ruggero apenas balançou a cabeça a cumprimentando, no entanto, sem deixar de olhar-la com atenção. 

Talvez tenha sido naquele momento que sentiu em seu coração a certeza de que Luna não era apenas uma garota parada em frente ao colégio, alguém que não significaria nada em sua vida. Ou talvez não, talvez só tenha percebido isso quando continuou a olha-la de relance. Quando se viu pensando nela naquele mesmo dia.

Era estranho, claro que era. Diferente... seria a descrição perfeita