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História Com Você - O maior amor do mundo


Escrita por: MannuRodrigues

Notas do Autor


03/04 ❤️❤️Capítulo cheio de emoções.

Capítulo 16 - O maior amor do mundo


Fanfic / Fanfiction Com Você - O maior amor do mundo

Capítulo 16 - O maior amor do mundo.

Will Traynor 

— Porque não estamos fazendo amor? 

Ela perguntou pra mim. A voz arrastada, preguiçosa, doce. Dei um beijo demorado em seu pescoço e senti o corpo dela se arrepiar ainda mais.

Estávamos em casa, mais precisamente na piscina com a água quente relaxando os músculos. Eu estava com minhas costas apoiadas na porcelana da piscina e Lou de frente para mim, com os braços em volta do meu pescoço. O cabelo preso em um coque que eu mesmo fiz.

Sim, tinha ficado péssimo!

Meu celular estava sobre a porcelana numa parte mais alta, uma música baixa tocava ali, Ed Sheeran cantando Photograph, o que deixava o ambiente do jeito que eu queria, calmo, tranquilo, sossegado e romântico (não que eu fosse uma pessoa romântica), mas tudo estava propício para isso. 

— Porque você está cansada, com dor nas costas e temos todo o tempo do mundo para isso. — me ajeitei dentro da piscina. 

— Mas se a gente fizer devagarinho? — sorri e beijei sua bochecha. — Hum? — se remexeu um pouco. — Você está animado? — mordeu o lábio inferior 

— Estou. Você me deixa animado o tempo todo. — ela sorriu. — E não reclame disso, daqui uns anos você vai sentir falta dele quando eu estiver velho. — ela riu. 

— Faz tempo que não vejo você ouvindo música, a única coisa que eu escuto do seu celular são vídeo aulas de como aprender italiano. 

— É bom aprender outras línguas, eu gosto. Tomo isso como um passatempo. Quero ir a Itália daqui um tempo. 

— É mesmo? — assenti. — E quando pretende fazer isso? 

— Não sei. — dei de ombros. — Talvez quando a Mel tiver idade para viajar ou algo assim... — ela assentiu. 

— Amor.... — ouvir ela me chamar assim me causava uma sensação indescritível. — Tem certeza que é só por isso? 

— Como assim? — ergui uma sobrancelha e ela ficou de costas espalmei minhas mãos em volta da sua barriga alisando. — Não entendi. 

— Você não quer fazer amor comigo... é só pelo meu cansaço? — assenti e ela me olhou de perfil, cabisbaixa. — Ok. 

— Hey, meu anjo, o que foi? — ela negou com o rosto, eu detestava isso. — Fala comigo, Louisa? 

— Você ainda se sente atraído por mim? — acabei sorrindo quando entendi onde ela queria chegar. — Não que eu não goste da gravidez ou pense que meu corpo está deformado, não é nada disso, eu amo estar grávida e minha filha é tudo para mim! — assenti. — Mas, o meu corpo, minhas curvas... não estão mais como antes, do jeito que você gostava,  se sentia atraído... 

— Louisa, você nunca esteve tão linda como está agora. — ela sorriu com os olhos marejados. — Eu amo cada parte sua... seu sorriso, seus olhos, seu cabelo, o perfume da sua pele e as suas curvas, mas essa curva aqui... — desci minhas mãos por sua barriga. — É a curva mais perfeita que você já teve e eu desconfio que nenhuma outra vai superar isso.

Passei os lábios em seu pescoço e sorri quando vi ela apertar as pernas uma contra  a outra.

— Não é só atração amor, eu tenho um tesão fodido em você. — ela gemeu quando prendi o lóbulo de sua orelha entre meus dentes, deixando minha respiração quente bater contra sua pele, eu sabia do quanto ela gostava e sabia exatamente como fazer ela se render a mim, era só mais um passo. 

Eu estava perdendo o controle e não podia deixar isso acontecer. A voz dela, o corpo dela colado no meu. Eu a tinha no alcance das mãos, a ciência disso fazer a pulsação do meu corpo aumentar, mas eu me contive, eu não sabia como fazer isso, pra falar a verdade nunca fiz, eu não sabia como fazer sem todas as acrobacias que fazíamos antes. Ela virou o rosto para mim e me beijou. Um beijo carregado de desejo que foi correspondido da mesma forma, encerrei o beijo com dois selinhos, a respiração de Lou estava ofegante. 

— É melhor a gente entrar, antes que eu perca de vez meu controle. — ela assentiu e eu sai da água pegando uma toalha e enrolando na cintura. 

✾✾✾✾

— Eu tive uma ideia genial. — sorri largo com meus próprios pensamentos. — Depois que a Mel nascer nós vamos fazer uma tatuagem. 

— Como assim "nós vamos"? Eu não sei de nada disso. — peguei sua mão e entrelacei na minha, fiz ela deitar no meu colo. Estávamos no sofá assistindo um musical. — E porque uma tatuagem? 

— Eu vou fazer âncora e você também. — ignorei sua pergunta. 

— Will, você sabe que tatuagens não saem com água e sabão, não é? — assenti. — Isso é sério, e você e eu já temos uma tatuagem. Você a data do seu acidente e eu a abelha, e isso não vai sair nunca mais.... 

— Se você encher o saco vou tatuar a porra do seu nome na minha testa, Louisa! — ela arregalou os olhos e beliscou minha coxa. — Aí! - tentei me esquivar, mas ela puxou os cabelos da minha perna. — Não, está bom, já entendi. Desculpa.... — ela sorriu vitoriosa. 

— Você é idiota. — cruzei os braços. — E eu não vou fazer tatuagem nenhuma! 

— Oh! Que lindo! Ficou brava? - espalmei a mão sobre a sua barriga. — Mel já percebeu quem vai ser o legal aqui, não é? Sua mãe que é a chata. — olhei para ela que estava com a cara amarrada. — Atrasada, mandona! — acusei 

— Legal até ela completar quinze anos e começar a namorar. — fechei a cara. 

— Ninguém aqui vai namorar com quinze anos, ninguém aqui vai namorar antes de entrar na faculdade. — ela deu risada. — Eu to falando sério ninguém vai namorar... — um chute fez eu me calar. — Pode parar de graça! - ela chutou novamente. — Mel Callin Traynor, eu tô falando sério! 

✾✾✾✾

Alguns Dias Depois.

— Encerramos por hoje pessoal. — Rupert disse e todo mundo olhou para mim, apreensivos, olhei em meu relógio no pulso e sorri. 

— Ok, pessoal, estão todos dispensados. 

Houveram alguns murmúrios baixos, as folhas de papel sendo recolocadas nas pastas e as canetas no bolso do paletó de quase todos os executivos da empresa. Jake foi o primeiro a sair, apressado como sempre.

Aquela era o tipo de reunião que não agradava ninguém, principalmente pelo corte dos funcionários que teríamos que fazer naquele mês. Eu relaxei minhas costas e me pus de pé, pegando o cheque de setenta mil dólares e o guardando no bolso do paletó para depositar mais tarde. 

Caminhei por entre os corredores e senti meu celular vibrar no bolso. Tinham quatro novas mensagens. 

Mãe: Como está a Louisa? 

Mãe: Não a deixe sozinha por muito tempo, agora que completou sete meses.  

Rolei os olhos e me lembrei que se ela me pegasse fazendo aquilo com certeza brigaria comigo. 

Louisa: Sua filha está lutando UFC dentro da minha barriga. 

Nathan: Fui ver a Lou, nossa cara, a bebê estava dançando dentro da barriga dela. Treena disse que se for Beyonce está tudo bem, sério é bizarro. 

Nathan: E só pra constar não gosto de Mel! E obrigada pelo convite, eu sei que sou dez e ajuizado e sim, vou ser um ótimo padrinho para minha bolinha. 

— E esse sorriso bobo se chama: ser pai. — Jaime disse e olhei para ele apagando a tela do celular. 

— Pois é! Com a Mel chegando tudo está tão mudado. 

— Rupert não gostou nada de você ter dado a última palavra na reunião, ele queria demitir a lourinha da recepção. 

— Mas ele esquece que o CEO da empresa sou eu. 

— Ele queria demitir ela por causa de Alicia, parece que ela não está contente com o casamento. 

— Cada um tem o que merece. 

— Olha Traynor. — Henry se aproximou de nós. — Meu filho é bonito, nasceu a pouco tempo, sua filha vai ser bonita e não demora a nascer, a gente já podia deixar tudo acertado para juntar as famílias. — ele apertou meu ombro e sorriu, Ethan negou com o rosto e Scarlet se aproximou de nós ficando do meu lado esquerdo. — Ficaria tudo entre amigos. 

— Eu não vou nem te responder. — ignorei ele e Scarlet riu. 

— Qual é, Will. — continuou. — É uma ideia brilhante. Incrivel pra ser sincero. Meu filho só é alguns meses mais velhos que sua filha, menino bonito, descente, de boa família. 

— Minha filha não vai namorar antes dos trinta e se isso acontecer ela já vai estar formada em... em medicina e com um consultório próprio e rica além de ter um metro e oitenta de altura. 

— Isso é o sonho de todo o pai, pena que elas não pensam assim cara! 

— Mel tem um pai ciumento, um avô ciumento, um padrinho ciumento e uma mãe louca e possessiva. Se você quer que seu filho loirinho chegue perto dela é melhor ensinar ele a ser a prova de balas porque vou começar um curso para aprender atirar em breve. — todos riram e voltamos para as nossas salas. 

Meu celular apitou outra vez e arregalei os olhos. 

Alicia: Estou com tanta saudade Will, volta a dar sentido para minha vida? Preciso de você. Eu te amo! 

Apaguei a mensagem, e voltei a trabalhar. Eu não contaria a Louisa e tentaria resolver isso da minha maneira. 

✾✾✾✾

Se passou um mês desde a mensagem de Alicia. Eu não contei a Louisa, nem a Nathan, nem a ninguém, isso não tinha porque ser dito, eu não teria nada mais com ela e isso para mim era o suficiente saber e além do mais dar explicações é algo que não gosto muito de fazer. Sai tarde da empresa, queria muito chegar em casa e dormir por dois dias seguidos, fazer a barba que já estava começando a coçar e ver Louisa. 

Ela provavelmente estaria com Katrina decidindo que cor de cabelo ficaria melhor nela já que tinha invocado de pintar depois que Mel nascesse. Nathan e Treena vieram viajar com a desculpa de que queriam nos ver, eles meio que estavam em um rolo provisório e queriam se conhecer melhor sem ninguém para vigiar.  

Eu não aguentava mais a falação na minha cabeça, ela ganhou peso e Mel não parava de crescer o que era ótimo. 

Mas Louisa se estava se transformando em uma espécie de bomba relógio. 

Tudo a irritava, tudo a fazia chorar, nada estava bom e minha paciência estava para lá da puta que pariu há um bom tempo. Mas minha mãe me aconselhou a respirar fundo contar até dez e dizer que estava tudo bem.

As mudanças de humor daquela mulher eram tão drásticas que eu ficava perdido, sem saber o que falar, ela me deixava sem ação e se eu elevasse o tom de voz alguma vez ela chorava como uma criança que derruba o doce no chão sabendo que não tem mais dinheiro para comprar outro. 

Era como agora. 

Procurei por duas horas e meia o maldito bolinho de bacalhau e o vidro de pimenta, ela me encheu o saco a noite inteira, comeu mal por causa da vontade e quando eu cheguei em casa, depois de ter enfrentando o tempo frio e ficado parecido com um pinguim, subi as escadas e entrei no quarto, chamei e ela simplesmente abriu um olho e murmurou: 

— Não quero mais 

— Ok, amor. Está tudo bem. 

Mas não estava. 

Desci as escadas, joguei a sacola em cima da mesa da cozinha e sai marchando para fora de casa, estava frio, mas o meu corpo queimava de raiva, eu tinha que levantar as cinco da manhã e perdi horas de sono em busca dessa droga para ela não comer. 

Eu não via a hora de tudo isso acabar 

Às vezes eu queria sentar e chorar, de verdade. 

✾✾✾✾

Um mês depois.

Completos nove meses.

Estavamos em reta final na gravidez de Louisa e tudo tinha que estar perfeitamente organizado.

As roupas de Mel já estavam lavadas e guardadas, bolsa maternidade pronta e o único detalhe que faltava era a bendito mini-berço que ficaria ao lado de nossa cama, no nosso quarto para Mel passar as primeiras noites tranquila, bem ali. Ao nosso lado.

— Eu quero que fique ali. 

Respirei fundo. 

Contei até dez. 

Repeti para mim mesmo seja paciente. 

Na verdade, acho que nunca disse isso tantas vezes para mim mesmo. Nada estava bom para ela e quando estava ela chorava por horas por ter ficado bom. Eu tinha receio de até chegar e abraçar ela com medo de que ela explodisse e matasse nós três.

Mas eu não a culpava. Lou, não dormia direito, não achava posição na cama que fosse confortável, as vezes preferia dormir no sofá da sala ou então na poltrona do quarto da bebê, os pés inchados, Mel mexia muito durante a noite, a azia que sentia a impedia de comer direito e ela se cansava com uma facilidade absurda. 

— Lou já é o terceiro lugar que colocamos esse moisés. — Nat passou as mãos pelo cabelo. — Porque não quer que fique aqui? 

— Porque está muito longe da cama.... eu.... — fungou. — Eu não quero que ela fique longe de mim assim. — começou a chorar. — Desculpa, Nat 

— Certo, nós vamos mudar, não chora, Lou. — a abraçou. — Porque não vai ficar com a Treena lá em baixo? Will e eu vamos arrumar aqui, está bem? —  ela assentiu e saiu do quarto limpando as lágrimas. — Tem que ter paciência, Will. 

— Eu tô tentando! Pra que essa porra desse moisés?! Já tem tanta coisa nesse quarto. Tem um trem desses na sala, não precisa de outro, que saco!  

— Isso já está acabando, ela está perto de ganhar... — pegamos o objeto, eu de um lado e ele do outro. 

— Eu não vejo a hora disso acabar. Agora onde vamos colocar isso? 

✾✾✾✾

Louisa 

Ajeitei minhas costas no sofá. Achar uma posição pra sentar ou deitar sem sentir estar sendo esmagada era um milagre e quando isso acontecia isso não durava mais de vinte minutos.

Will estava sentado com minhas pernas sobre seu colo, eu pensei em xinga-lo por dormir na melhor parte do filme, afinal, foi ele quem me fez vir assistir Frozen pela décima vez, mas ele estava cansado.

Se minhas noites não eram fáceis as dele também não, sem contar meu mau humor que parece uma montanha russa o que me torna detestável até para mim mesma. O olhei cochilar, a cabeça virada de lado, o pescoço quase se retorcendo, se ele continuasse naquela posição iria ter dores insuportáveis no pescoço e eu não ia aguentar a falação dele na minha cabeça sobre isso. Estiquei o braço e o cutuquei. 

— Amor. — ele nem se moveu. — Will? — resmungou. — William! 

— Oi! O que foi, agora? A Mel está bem? — perguntou, exasperado. Eu tinha entrado nos nove meses  e isso o deixava atordoado, principalmente por saber que poderia ser a qualquer momento. 

— Estou bem. — ele suspirou e fechou os olhos. — Não dorme de novo. — assentiu, mas continuou de olhos fechados. — Acorda Will, mas que droga! 

— Louisa. — ele riu. — O que foi? 

— Quero sorvete de coco 

— Nós já jantamos a três horas, você comeu um lanche natural, pipoca e acabou com uma lata de brigadeiro sozinha... 

— Quem está carregando a criança? Quem não consegue dormir à noite? Quem está inchada parecendo o planeta terra? — ele suspirou. — Quero sorvete de coco. 

— É meia noite e meia! Mas você não está nem aí, não se importa com nada, não é? 

— Will.... 

— Não vou te deixar sozinha, está a três dias tendo contrações, ontem elas se intensificaram .. 

— Certo, então a cara da sua filha vai ser parecida com um sorvete, que tal mudarmos o nome dela de Mel para Sorvete de Coco – ele rolou os olhos. — Vai ficar tudo bem. — olhei para minha barriga e acariciei. — Ninguém aqui vai nascer antes de você chegar, não é Mel? — sorri e ele também. 

— Deus do céu, mulher! — passou a mão pelo cabelo. — Você é impossível. 

Ele saiu quinze minutos depois, me deixou ali assistindo animação do canal Discovery Kids, Will ficou vidrado com coisas de crianças que já virou sócio de uma locadora de filmes (novamente) para receber filmes dos mais variados tipos, incluindo os de criança na lista.

Me ajeitei no sofá, esticando os pés e pondo em cima da mesinha de centro. Nos dias anteriores senti contrações dispersas, nada muito assustador, mas no estado psicológico que Will se encontrava tudo o assustava.

A médica, Renata, disse que se as contrações aumentassem que eu fosse direto para o hospital e ligássemos para ela. Eu estava ansiosa. Will preocupado. Eu insisti em ter um parto normal e ele não relutou nem ao menos me questionou sobre isso, minha irmã me ligou querendo me matar por isso, mas foi o que decidi, a minha filha viria ao mundo da forma mais natural possível, eu queria um parto normal. 

E agora também queria um brigadeiro. 

Me levantei do sofá com dificuldade, sentindo meus pés formigarem.

Eu parecia um balão gigante de tão enorme que estava, andava de um jeito estranho que ao mesmo tempo era engraçado e lento.

Peguei os copos vazios em cima da mesinha junto com o pote de pipoca e fui para a cozinha, joguei o resto do alimento na lixeira e a louça dentro da pia, abri a geladeira e peguei um brigadeiro o colocando na boca e o engolindo de uma só vez, estava voltando para a sala quando senti um liquido quente sair de mim, como se estivesse fazendo xixi, mas eu não queria fazer xixi.

Franzi a testa e parei, minha roupa estava molhada, sob meus pés se formou uma poça com um líquido transparente. A primeira contração veio fraca, uma cólica enjoada, demorada para passar. Suspirei lentamente e coloquei as duas mãos sobre a barriga. 

— Certo, seu pai vai me matar se você inventar de nascer agora, eu pedi pra não nascer agora, vamos lá Mel, colabora com a mamãe. — caminhei até a sala e peguei o telefone, quando estava discando o número uma segunda contração veio e ela chutou. — Aí, calma, filha fica calma, pelo amor de Deus. — tocou três vezes e foi para a caixa de mensagens. — Vamos lá Will, atende. — disquei de novo, a mesma coisa. — Atende, filho da puta! — na terceira tentativa eu realmente comecei a ficar preocupada. 

Resolvi ligar para Treena. 

— Oi, Lou. Já cansou de comer. — a voz dela estava baixa, cansada. Deveria estar dormindo. 

— Treena, a Mel... minha bolsa estourou.... Will não está... não atende o celular... aí! — apertei a almofada do sofá com força quando a terceira contração veio. — Treen, eu não sei o que fazer... 

— Primeiro você precisa se acalmar... — ouvi ela dizer alguma coisa para Nathan. — Nat quer falar com você. 

— Certo. — respirei fundo de olhos fechados. 

— Lou, vamos te ajudar. Quanto tempo de uma contração para outra? — eu não fazia ideia. 

— Não sei, Nat. — ele parecia conversar comigo e com Treena ao mesmo tempo, escutei um vidro quebrando. 

— Lou, as rodovias estão fechadas por causa da neve. — isso me apavorou ainda mais. — Escuta, vai ficar tudo bem, ela ainda vai demorar para vir, faça o que eu disser... 

Fazia trinta minutos que eu estava ali. A água morna me relaxou de um jeito maravilhoso, se não fosse as contrações indo e vindo eu podia jurar que não tinha nada elas vinham de doze em doze minutos. Mel também tinha se acalmado, parou de chutar constantemente só que vez ou outra parecia querer se esticar dentro de mim. 

— Quando seu pai chegar vamos para a clínica. — eu acariciava minha barriga enquanto falava com ela. — Depois que você nascer eu enforco ele, mas por hora vamos tentar manter a calma... olha a mamãe está muito assustada, mas vai ver que tudo isso vai acabar logo. Eu não vejo a hora de te pegar no colo, de sentir seu cheirinho suave e doce, ver o rostinho.... seu pai quer que você tenha os cabelos iguais aos meus, mas eu prefiro igual aos dele, aquele castanho não se compara com nada, só não pareça com ele na chatice se não vou estar fodida. —outra contração me fez apertar os olhos. — Vai passar Mel, se acalma, vai passar, vai passar, vai passar. — me ajeitei na banheira e respirei fundo. 

O telefone estava sobre a madeira que rodeava a banheira e começou a tocar, atendi rápido. 

— Amor sou eu, escuta, achei o sorvete de coco e estou levando calda de chocolate. — ele falava rápido. — Você é maluca de tomar um negócio desses nesse frio ... 

— Will... 

— Eu vi que você ligou, esqueci meu celular no carro, quer mais alguma coisa? Estão vendendo churros aqui perto... aproveita porque se eu chegar em casa não saio para mais nada.   

— Minha bolsa estourou. — ele se calou. Se calou por tempo demais. — Will? 

Ouvi uma agitação na linha, o barulho de alguma coisa caindo no chão e eu pedi aos céus que ele não tivesse desmaiado. 

— Calma. — repeti para mim mesma. — Respira, Louisa. — ouvi a respiração dele no telefone. – Will Traynor, antes que eu mate você, me responde! 

— Oi... — a voz dele estava fina, baixa. — Eu, eu, eu... estou indo, só preciso... Cadê as chaves dessa porra quando eu preciso! — sua respiração estava entrecortada. — Inferno! Onde eu enfiei as chaves? 

— Você está muito longe? 

— Achei! — ouvi a porta do carro se abrir e a batida logo em seguida. — Chego aí em dez minutos, fica calma e não desliga o telefone. 

— Não vou desligar. — respirei profundamente. — Você está trazendo o sorvete? Eu ainda quero! 

— Pelo amor de Deus Louisa, isso não é hora de pensar em comida! — quase berrou no telefone. — Está doendo muito? 

— O que você acha?!! Tem uma criança querendo sair de mim por um lugar nada propício pra isso, no paraíso que não estou, seu idiota! 

— Tudo bem, Lou... olha... — pareceu pensar, ele estava confuso. — Ligou para a médica?  

— Não, eu esqueci. 

— Esqueceu... — disse com desdém. 

— O que você queria?! Eu estou sentindo uma dor desgraçada, não tem ninguém aqui comigo e você acha que eu ia lembrar de ligar pra praga da médica?!! — gritei no telefone, eu estava nervosa, com ele, comigo, com a dor que sentia, com tudo. 

— Tudo bem, desculpe. — escutei o freio do carro. — Estou entrando na garagem, fica calma, vou desligar agora já estou chegando não se mexe. 

Ele desligou e nem me dei o trabalho de fazer o mesmo, só soltei o aparelho no chão e gritei com a contração que veio em seguida, a dor foi tanta que a senti uma pontada grande nas costas. Will entrou no banheiro seus olhos estavam aflitos. 

— Teve mais alguma contração?  

— Acabei de ter uma. Isso dói pra caramba 

— Escuta eu tenho que ligar para a médica,  vou fazer isso enquanto pego a bolsa dela, já volto para te buscar. 

Assenti. Ouvi seus passos caminhando  apressados pelo quarto fechando e abrindo as portas, não se importando com a força que exercia, eem outra ocasião eu até brigaria com ele perguntaria se estava querendo redecorar a casa com móveis destraçalhados mas agora não,  eu não tinha força para nada a não ser chorar, minha testa suava frio, pingada de suor e isso me incomodava. Estava tão frio. 

Ouvi os passos dele perto do banheiro novamente e ele entrou segurando uma roupa minha, me tirou da banheira e com sua ajuda me troquei, apoiei minhas mãos em seus ombros para vestir a calça e Will me ajudou a colocar dois casacos. 

— Ela resolveu nascer no dia mais frio do ano. Tudo para ajudar não é, Mel? 

— Não fala assim! 

— É culpa sua! Quem mandou querer doce uma hora dessas, é tudo culpa sua!! 

— Não brigue comigo por favor. — pedi chorosa. Eu tinha consciência de que era culpa minha.  

— A médica disse que as contrações ainda são grandes... o tempo delas ainda está grande ... ela não vai nascer ainda.  Vamos ainda temos um longo caminho.  A estrada está coberta de neve.  

— Nat e Treena vão?

—  Quando liberarem as rodovias. — assenti.

— Will? Está com raiva de mim? 

— Claro que não Louisa, mas que ideia. Estão nos esperando no hospital, as coisas dela já estão no carro, vai ficar tudo bem. 

Quando chegamos na maternidade a médica me fez trocar de roupas. O quarto era gigante e tinha um bercinho de rodinhas era onde Mel ia ficar. Ela me examinou, outro médico estava junto, um pediatra e enfermeiras que mal olhavam na minha cara, o tempo entre as contrações diminui e as dores aumentaram, uma dor agoniante, latente parecia que eu estava sendo rasgada de dentro para fora. 

— Sete dedos de dilatação. — disse a médica depois de examinar entre minhas pernas de novo, retirou a luva de silicone da mão e se aproximou do aparelho que monitorava os batimentos cardíacos dela e os meus. — Está na hora. 

Apertei a mão de Will e assenti.



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