História Comatose - Comatose, final.

A última coisa que vi antes de apagar completamente, foi o rosto dele. 

O rosto de Kim Taehyung. 

                               Comatose, final.


Senti meu corpo pesar, eu não consegui me mexer, meus braços estavam presos, minhas pernas não se moviam, eu estava exausta. 

Abri meus olhos com dificuldade, tanto para os abrir quanto para me acostumar com a luz do local, a luz branca, do quarto branco. 

Ouvi o barulho dos aparelhos ao meu lado esquerdo, soando normalmente, e do lado direito, vi que um soro estava sendo injetado na veia dos meus dois braços. 
Senti um tubo em meu nariz, e outro em minha boca, isso estava me incomodando. 

Como se fosse uma morfina, aos poucos o efeito foi passando, e eu consegui me mexer mais, me sentei lentamente, com dificuldade e medo, retirei as agulhas dos meus braços, retirei os adesivos que estavam presos ao meu tronco, e com cuidado retirei os tubos finos. 
Me sentei na cama e me senti tonta, o quê havia acontecido? 

Kim Taehyung havia me empurrado rio abaixo. 

Eu o mataria quando o visse. 
- Yoongi! - Eu exclamei, nervosa, me levantando da cama, e me apoiando na parede, pois minhas pernas estavam trêmulas. 

Será que Yoongi voltou para casa? A salvo? 

Suspirei e contei até três, dando passos lentos em direção a porta, que, antes que eu chegasse, foi aberta por um médico. 

Ele arregalou os olhos e logo sorriu, olhando para a cama, e para mim, e mais uma vez para a cama, e para mim. 

- Funcionou. Você acordou - Ele segurou meus ombros, fazendo eu sentir uma dor. - Me desculpe, como você esta se sentindo? - Ele me olhou. 

- Estou bem. - Eu disse confusa e o olhei - Onde está o Namjoon? - Perguntei. 

- Quem? - Ele soltou meus ombros e juntou as sobrancelhas. 

- Kim Namjoon, meu irmão. - Eu expliquei - Ele deve estar aqui, né? - Perguntei óbvia. 

- Eu não... - Ele disse pensativo, e colocou o rosto para fora da porta - Mrs. Kahn, por favor - Ele chamou, e logo uma mulher de vestimentas azuis entrou no quarto. 

Ela teve a mesma reação que o homem, mas não perguntou nada, apenas se aproximou e começou a me analisar. 

- Ai - Eu reclamei quando ela encostou em meu braço, que doía. 

- Chame o Dr. Theo, ele vai adorar saber disso. - Ela disse e o homem assentiu - Rápido! - Ela disse feliz, e o homem saiu correndo. - Como você está se sentindo? - Ela perguntou, prendendo meus cabelos para o lado. 

- Onde está Namjoon? - Eu perguntei. 

- Quem? 

- Namjoon, meu irmão. Ele deve estar aqui para me ver. - Eu expliquei. 

- Irmão? - Ela ficou de frente para mim, e juntou as sobrancelhas - Você não tem irmão. 
Eu ri, nervosa. 

- Não, você não entendeu, meu irmão é Kim Namjoon, ele é de uma banda, Bangtan, ele e os outros são meus amigos e- 

- Eu sou encarregada do seu caso desde 2014, já verifiquei toda sua ficha centenas de vezes, você não tem irmão. - Ela explicou, com calma. 

- Como 2014? - Eu ri, nervosa - Estamos em 2012. 

- Não, nós estamos em 2020. - Ela me corrigiu. 

- Isso é algum tipo de piada? - Eu disse, ofendida - Eu exijo falar com o dono desse hospital agora! Eu quero ver o meu irmão. 

- Srt. Shin, se acalma - Ela segurou meu braço. 

- ME SOLTA - Eu gritei, dando um passo para trás. 

- O que está acontecendo? - Um médico entrou na sala, ofegante. 

- Dr. Theo, me desculpe, ela está dizendo que... que tem um irmão e- A mulher começou a se explicar. 

- Eu sou Kim Shin Hye, eu sou irmã de Kim Namjoon, líder do Bangtan. E ele provavelmente está lá em baixo, esperando por mim, com o Jin, Yoongi, Jimin, Jungkook, Hoseok e Taehyung! - Exclamei, agora ofegante por falar tanto. 

- Taehyung? Kim Taehyung? - A mulher me olhou - Ele- 

- Não. - Theo disse, e suspirou - Eu vou te explicar tudo - Ele me olhou. Vamos na minha sala. 

- Eu preciso ver o meu irmão. - Eu disse, sem me mover. 

- Você o verá, depois de irmos na minha sala. - Ele explicou. 

Ainda indignada e confusa, segui atrás do Dr. Theo para a sala dele, querendo saber o que estava acontecendo, querer saber sobre meu irmão, meus amigos, e se Yoongi já estava bem. 

Entramos na sala, e me sentei na poltrona negra de couro. Eu estava desconfortável pelas minhas roupas de paciente, mas, eu estava tão irritada que não a troquei. 

- Shin- O médico começou. 

- Hye. Meu nome é Hye. - Eu o corrigi. 

- Não. O seu nome é Ji Shin. - Ele me corrigiu. 

Eu ri. 
- Você acha que eu não sei meu próprio nome? - Eu disse debochada. 

Theo suspirou. 
- Você sofreu um acidente a um tempo atrás, e ficou de coma. 

- Eu sei. Fiquei em coma por dois anos, eu acordei, e fui morar na Coréia com meu irmão. 

- Você ficou em coma por nove anos. - Ele explicou. 

- O que!? - Perguntei, incrédula - Onde está a profissionalidade de vocês? Eu quero ver o meu irmão, agora. - Eu me levantei. 

- Você não tem irmão! - Ele exclamou, se levantando - Ninguém, nesses nove anos, te visitou além de Kim Taehyung. 

- O que você disse? - Perguntei. 

- Ele foi o único. - Ele disse, e pegou um papel em seu bolso - Ele disse que, quando você acordasse, ir para esse endereço. - Ele disse, e me entregou. 

Olhei rapidamente para o endereço, vendo que, era o endereço da minha casa com Namjoon. 

Isso é uma pegadinha. 

Eu tenho certeza, absoluta. 

- Ok, obrigada. - Eu disse e me virei de costas, indo para o quarto onde eu havia saído. 

Eu sorri de lado, o desaparecimento de Yoongi, os médicos, era tudo uma grande e boba piada. 

Entrei no quarto e me arrumei com uma roupa simples que estava dobrada próximo a cama, e fui ao banheiro me olhar no espelho. 

- Não pode ser. 

Eu estava, aparentemente, mais velha. 
Eu aparentava ter 25 anos. 

Lavei meu rosto, na esperança do Bangtan ter feito uma maquiadora profissional fazer isso comigo, mas não lavou. 

- Ok, vocês estão se superando. - Eu disse a mim mesma, vendo que a maquiagem era a prova de água. 

Tudo bem. 

Em casa, eu os veria rindo de mim, mas, era o que eu mais queria no momento. 

Sem pensar muito, sequei o rosto e desci pelo elevador, sozinha e em silêncio, até chegar ao térreo. 

Vários médicos, pacientes e enfermeiros me olhavam de canto de olho, e cochichavam algo uns com os outros. 
Era normal, pois, eu era irmã de Kim Namjoon, todos estavam falando de mim. 

- Você está bem? - Uma garota me parou, ao lado da outra. 

- Sim? 

- Mariah, ela não sabe. - A outra a cutucou. 

- Não sei, o quê? - Perguntei confusa. 

- Nada, nada. - Elas disseram e disfarçaram, saindo de lado. 

Isso era, definitivamente, uma pegadinha 

Saí do hospital, levando o olhar de várias pessoas, e atravessei a rua, vendo, incrivelmente, um táxi parado próximo ao poste. 

Coloquei a mão no bolso da minha calça, vendo que, tinha o suficiente para o táxi. 

Eles não sabiam fazer uma pegadinha. 

Fui até o homem, entreguei o papel e pedi para que ele me levasse a esse endereço, e assim foi, não levou muito tempo, cerca de vinte minutos, até que chegássemos. 
Agradeci e desci do carro, olhando para a casa. 

Ela estava pintada em tons de azul escuro, o gramado estava bem cuidado, havia uma árvore na esquerda e arranhados na cerca. 

Suspirei, animada para ser surpreendida, e corri para a porta, vendo que, a mesma estava aberta. 
Entrei na casa. 

- OK, PODEM SAIR, EU SEI QUE ESTÃO AÍ - Eu gritei e ri, desvendando a piada. 

"- Ok, vamos voltar do começo, eu sou o Jin, nós não tínhamos uma amizade muito grande mas eu sempre cozinhei pra você - Ele se apresentou e riu. 

- Oi Jin, eu sou Hye - Sorri. 

- Você está com fome? - Assenti - Vou fazer algo pra você! - Ele sorriu gentilmente e saiu em direção a cozinha. 

- Taehyung, não vai vir falar com a Hye? - Namjoon perguntou, feliz. 

- Não. " 


"- Eu sou... Yoongi. Nunca tivemos a oportunidade de nos conhecer, mas muito prazer - O mais pálido disse, sem me olhar. 
Notei que ele esboçava um pequeno sorriso e seu rosto estava um pouco mais vermelho do que antes. 

- Yoongi é um pouco tímido, aproveita enquanto ele está assim - Namjoon deu a dica." 


"- Prazer em conhecer vocês - Eu disse e sorri - Eu sou Hye. 

- Satisfação, Hye - Jimin me corrigiu - prazer eu te dou em outro lugar - piscou." 

Ri, lembrando da primeira memória que eu tinha nessa casa. 

Mas ninguém disse nada. 

Eu sorri e entrei na casa, vendo que, o chão, paredes, tetos, mesa, e tudo quanto era lugar estava cheio de papéis com coisas escritas. 

- O que é isso? - Perguntei confusa, e continuei andando, chutando algum dos papéis 

Ouvi um barulho do segundo andar. 

- AHÁ - Gritei e corri, subindo a escada rapidamente, pisando nos milhares de papéis que estavam lá. 

A casa foi reformada. 

Não tinha mais vários corredores e quartos, apenas um quarto no fundo. 
Andei até o mesmo e entrei no quarto, vendo que, estava vazio. 

Absolutamente vazio, tirando pela cortina rosa, a cama branca com vários cadernos coloridos em cima da mesma, e a cômoda. 

Andei até a cama, contando rápidamente oito cadernos. 
Virei a capa do primeiro, que estava escrito 2011. 

"Oi. 
Eu não sei como começar isso, mas, os médicos me disseram que você vai ficar em coma. Foi um choque, me perdoe, quebrei nossa promessa e chorei. 
Mas eu não vou desistir, continuarei todos os dias aqui com você, e escreverei todos os dias aqui, para quando você acordar, não se sentir mal por perder algumas coisas. Eu te amo." 

- O quê? - Disse confusa, e passei algumas páginas. 

"Hoje é a décima semana aqui, você ainda não apresentou nenhuma melhora, sequer se mexeu. Mas não vou perder as esperanças, eu continuarei ao seu lado todos os dias. E quando você acordar, vamos viver juntos, como eu prometi. Eu te amo." 

Folheei mais páginas, indo para quase metade. 

"Esse é meu terceiro mês aqui. Daqui a uma semana você vai fazer outros exames, não estou cansado, não se preocupe. Sinto muito a sua falta, espero que você acorde logo. Eu te amo" 

- Mas... - Fechei o primeiro caderno. 
Peguei o segundo, de capa vermelha, escrito 2012. 

"Hoje faz um ano. Eu venho aqui todos os dias, mas você ainda continua imóvel. Calma, eu não desistirei de você! Eu ainda estou aqui, esperando você acordar e viver a sua longa vida comigo. Eu te amo." 

Passei para o final do caderno. 

"Um ano e sete meses. 
Você finalmente apresentou uma melhora, nunca estive tão feliz em minha vida. Eu te prometi, você vai acordar e ficar bem, espero você aqui. Eu te amo" 

Pulei o caderno verde escrito 2013, e peguei o preto, com escritas em prata em um grande 2014. 

"Feliz aniversário! Eu te amo, espero que você acorde logo. Hoje faz três anos e oito meses que você está aqui, mas logo você acordará, eu prometo." 

Folheei. 

"Shin... Eu não consegui perdoar Chan. É tudo culpa dele. Ele sabia que você tinha medo de fantasmas, e se fingiu de um no orfanato para que você ficasse com medo... Fez você correr... E aquela tempestade... E o rio. 
Me perdoe, mas, se não fosse por ele, você estaria aqui." 


Peguei o próximo. 

"Shin... quatro anos. 
Os médicos não querem mais deixar você aqui, não posso permitir que eles desliguem suas máquinas. Acorde, por favor. Eu te amo." 

Passei os próximos dois cadernos, pegando o penúltimo. 

"Hoje fazem sete anos que eu estou aqui, esperando você acordar. Me pergunto como você está. Minha vida não tem sido a mesma sem você, não consigo seguir em frente. Acorde, estou te esperando." 

Folheei. 

"Eu perdoei Chan. Foi difícil, e ainda está sendo. Mas, você nunca gostou das nossas brigas, e então eu decidi perdoar. Por favor, acorde." 

Peguei o último caderno. 

"Oito anos! 
Finalmente descobriram o seu problema, você poderá acordar! Estou tão feliz. Eu cresci bastante, espero que você me ainda me ame. Você precisa de um transplante, e logo irão arrumar para você. Mal posso te esperar, eu te amo" 

Pulei para a ultima folha, mas não tinha nada escrito, então, fui voltando até a ultima folha escrita. 

"Eu não escreverei mais cartas. Espero que entenda o por quê; eu precisarei viajar por um tempo. Mas eu prometo, nós nos encontraremos um dia. Siga em frente, sorria, viva os oito anos e dois meses que você ficou em coma. Arrume um novo amor, visite Chan, cuide da sua saúde. Eu te amo." 

- Quem... - Eu estava chorando. 

Minhas lágrimas desciam queimando pelo meu rosto. 
Eu não estava entendendo nada, quem havia escrito isso? 
Onde estava Namjoon? O que havia acontecido? 

Olhei para a escrivaninha, vendo um papel dourado com um laço vermelho. 
Corri até a mesma e abri o papel, onde revelava uma carta com um caligrafia inclinada. 

"Bem, essa será a última carta. Eu prometo. 

Desde quando te vi pela primeira vez naquele orfanato, eu me senti na necessidade de cuidar de você, todos os dias. E desde então, dediquei todos os dias da minha vida para ver você sorrindo, porquê era a melhor coisa para mim. 

Mas, eu sou quatro anos mais velho, e eu saí primeiro. 

Por mais que eu te visite a cada dois dias por algumas horas, não é a mesma coisa. Eu sinto muito por não ter sido capaz de te tirar dalí. Eu me arrependo amargamente de ter sido um inútil e ter deixado você por quatro longos anos esperando sua maioridade para ver sua vida comigo. 
Mas, eu me dediquei cada segundo, trabalhei e estudei, conseguindo comprar uma pequena casa para morármos juntos no futuro, e levando sempre roupas novas para você. 

Me perdoa. 

Eu queria ter sido melhor pra você 

Eu queria ser o seu herói. 

Queria ser o seu melhor amigo que sempre te faz rir, que te zoa, que te ouve e te dá conselhos, que te acompanha sempre, ri das suas bobagens, faz você cair na real, que você diz que odeia e depois abraça agradecendo por existir..." 

Jung Hoseok. 

"... Queria ter sido um irmão, para te proteger de todo o mal, e estar com você todos os dias te levantando quando você cair, te apoiando todos os anos, fazendo lembranças inesquecíveis..." 

Kim Namjoon. 

"... Eu queria ter sido seu confidente, aquele que guarda seus segredos e cuida de você, que cozinhe quando você ficar doente, que te acorda de manhã com um beijo de bom dia e um sorriso caloroso, que manda você dormir cedo e te vê emburradas por querer acabar de ver a sua série favorita..." 

Kim Seokjin. 

"... Ter sido gentil e amoroso, dizer que te amo todos os dias, fazer você rir, sem querer nada em troca. Ser um cavalheiro e te tratar como você deveria ser tratada, com amor e respeito, segurar suas mãos e te abraçar quando menos esperar, e te proteger..." 

Jeon Jeongguk. 

"... Mas ao mesmo tempo, ter sido um amor quente, onde iríamos nos aventurar radicalmente e ter uma vida exótica, diferente de todos..." 

Park Jimin. 

"... Queria ter te amado mais, em silêncio, observar todos os seus detalhes, adorar cada som que sai de sua boca. Queria ter te abraçado mais quando tive a chance, queria ter passado mais tempo ao seu lado..." 

Min Yoongi. 

"Eu queria ter sido tudo pra você, mas eu não fui o suficiente. 
Fui apenas o Kim Taehyung, idiota do quarto ano que tentava te proteger, que fugia das professoras para o terraço para ver o pôr do sol, que tentava te surpreender, tentava ser o melhor; e esse foi o máximo que eu consegui. 
Obrigado, você salvou a minha vida, antes de te conhecer eu não tinha ninguém. E agora, eu tenho tudo. 
Eu lhe dei meu coração, meu corpo, e agora, minha alma. Acorde e viva. 

Quando eu soube que por um transplante você acordaria, e que éramos compatíveis, eu tive sentimentos diferentes. 
Por um lado, eu estava realmente feliz. 

Você iria acordar, e eu sempre te protegi de tudo, e você acordando pronta para viver sua vida, foi uma felicidade que não cabia em mim." 

Jin e Namjoon estavam felizes ontem. 

"Mas, por outro lado, eu estava destruído. Você teria a sua vida. Mas eu não faria parte dela. 

E isso, era, definitivamente, a pior coisa para mim. E, não consegui esconder minha frustração ao descobrir que eu não a veria acordada outra vez." 

Jungkook, Jimin, Yoongi estavam tristes. 

"Digo, eu estava muito feliz com você acordando, não tenha dúvidas. Mas, saber que não ouvirei a sua risada, sua voz, não te zoarei, eu fico triste." 

Hoseok estava desanimado. 

"Mas, no fim, eu estava feliz por saber que você terá sua vida de volta. 

Agora é o final. 

Eu te amo, te amei todos os dias da minha vida, e te amarei até depois que o meu coração parar de bater. 

Com amor; 
Seu Kim Taehyung." 


Agora tudo fazia sentido. 

Tudo que eu havia vivido, foi uma mentira, desde o primeiro momento, quem estava comigo era apenas Taehyung, e como uma consciência, ele sabia que eu estava em coma. E por isso as vezes me dizia para acordar para a realidade. 

Quando ele me disse "Eu não posso ser egoísta com você" e me empurrou, era um choque para eu acordar, ele me empurrando estava me trazendo para a vida e ficando no meu lugar. Ele não estava mais aqui.

Namjoon, Jin, Jungkook, Jimin, Hoseok, Yoongi. 
Todos eles eram uma parte de Taehyung. 

Yoongi não me amava em silêncio. 

Taehyung me amava. 

Não era Hoseok que fazia piadinhas comigo, me abraçava e me fazia feliz. 

Era Taehyung. 

Mais lágrimas desciam do meu rosto, eu estava soluçando e chorando como nunca havia chorado antes. 

Tudo acabou, meus amigos e meu irmão não existiam, e meu único amor real, estava morto. 

Por minha causa. 

Kim Taehyung se sacrificou mais uma vez, após oito anos escrevendo cartas, ele se deu por mim.

"- Você é chorona! - O pequeno Taehyung de oito anos reclamou - Vem, eu te protejo." 

"- Shin, Shin, Shin - Taehyung gritava por mim enquanto eu fazia meu teste." 

"- Eu amo você. - Ele roubou beijos." 

"- Sempre estarei com você. - Ele me beijou - Hoje, agora e para todo o sempre. E até depois disso." 

Eu saí correndo do quarto, engolindo meu choro, minhas lágrimas não me deixavam enxergar direito, parei no pé da escada, vendo os milhares de papéis. 

Me ajoelhei, pegando o primeiro. 

"Oi Shin, eu te amo, obrigado por tudo" 

Outro, outro e mais outro papel, todos os milhares estavam escritos mensagens diferentes para mim, eu não aguentava mais chorar, a cada palavra meu coração se apertava mais, doía como nunca havia sentido, era ele. 
Quando eu havia o reconhecido, eu o perdi. 

Eu não entendia, como ele poderia ter me amado tanto, para se sacrificar? Por se dar por inteiro por mim? Era insano, louco. 

Mas eu estava sentindo o mesmo. 

Suspirei e contei até cem, não conseguindo me acalmar, eu estava desesperada, tremendo, eu precisava de Taehyung ao meu lado. 

Precisava o abraçar, o beijar, gritar que eu o amava, agradecer por tudo. 

Mas eu não podia, ele não estava mais aqui. 

Engoli meu choro e me levantei, subindo para o terraço, suspirando para me acalmar. 

Assim que subi, senti o vento frio desenrolar meus cabelos e levantar meu moletom de leve. 

"- O que esta olhando? - Perguntei a Taehyung. 

- O vento está levantando seu cabelo - Ele riu. 

- Idiota - Eu sorri, arrumando. 

- Eu te amo. - Ele disse e me beijou - E eu não canso de dizer isso. Pois eu te amei desde quando você chegou, te amo, e te amarei até depois que meu coração parar de bater." 

Era isso. 

O amor, construía e destruía. 

Talvez era isso que eu estava sentindo, amor, falta, dor, e isso nunca ia passar. 

A falta de Kim Taehyung nunca ia passar, pois, ele é a única pessoa que eu tive em toda minha vida, única pessoa que me amou e se importou, e a única que eu gostaria de ter uma vida ao lado. 

Cheguei próxima a ponta do terraço, e olhei do quinto andar para a estrada principal, onde apressadas pessoas andavam para seus trabalhos e escolas, algumas emburradas, outras balbuciavam algo no celular, mas no fundo, por mais que não demonstrassem, estavam felizes por ter uma vida. 

Claro que estavam felizes, eles não haviam perdido o amor, a vida, nove anos e sua felicidade, não haviam ficado em coma enquanto a única pessoa que tinham sofria todos os dias esperando eles acordarem, não viveram uma mentira, não viveram a minha vida. 

E agora, olhando para baixo e vendo os carros passando em alta velocidade enquanto sinto o vento bater em meu corpo, finalmente o entendi. 

Eu também o amei todos os dias, também o amo, e agora, o amarei até depois do meu coração parar de bater. 

E esse, foi o último pensamento que eu tive, antes de pular do terraço e me preparar para encontrar Kim Taehyung, onde quer que ele esteja.