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História Comatose - Proteção.


Escrita por: btscream

Notas do Autor


capítulo reescrito!!

Capítulo 6 - Proteção.



"304". 

Minhas pernas fraquejaram e minha garganta se fechou. De repente, me senti sem chão. Olhei através dos números escritos no espelho e vizualizei o meu reflexo, meu rosto e pescoço estavam sujos de sangue. Meu estômago embrulhou e eu corri em direção à pia para lavar-me, e quando a abri, o que descia não era água. Era sangue. Levei minhas mãos à boca, tentando segurar a vontade de gritar; meus olhos já deixavam algumas lágrimas desesperadas escorrerem e eu senti que meu coração estava vacilando. Voltei para o quarto e todo o chão estava coberto de sangue.

— AHHHHHHHHHH! — soltei um grito esganiçado. Desesperado. Eu estava perturbada, assustada. Meus gritos se misturaram com o meu choro, e eu mal pude ouvir a porta do quarto sendo aberta por ele. Taehyung me fitava com suas orbes, agora, preocupadas e confusas. Seus cabelos estavam desarrumados e jogados sob sua testa. — T-Tae... —sussurei. Não tive forças para completar o seu nome. 

— O que aconteceu? — indagou. Percebi que Taehyung tentava manter sua voz serena, talvez para não me assustar.

— Eu... — sussurrei. — M-Minhas mãos... — Me ajoelhei.

— Kim Shin Hye. — Taehyung chamou-me pelo nome pela primeira vez, se ajoelhando à minha frente. Agindo totalmente o contrário do que eu achei que agiria, Taehyung segurou meus ombros com uma calma incrível, como se estivesse acostumado com isso. — Isso não é real. Acorde.

E então, foi como mágica. Por um momento, eu acreditei nas palavras de Kim Taehyung. Seus olhos me encaravam com um misto de preocupação e incertezas, um vasto e infinito ônix o qual eu já havia me perdido centenas de vezes. Taehyung desceu suas mãos de meus ombros, acarinhando o meu braço e os repousando sob minhas mãos. Olhei para as mesmas e vi que estavam limpas, igualmente junto ao chão. Me levantei bruscamente, assustando Taehyung e correndo para o banheiro. Não havia sangue, não havia cheiro, não havia nada.

— HYE, O QUE HOUVE? — Namjoon gritou, entrando no quarto junto à Jeongguk e Yoongi.

— Eu... — suspirei, voltando ao quarto. Os três me encaravam com preocupação, enquanto Taehyung ainda estava ajoelhado, parecendo processar o que havia acabado de acontecer.

— Você está bem? — Jeongguk correu ao meu encontro e me envolveu com seus braços em um abraço. Me senti protegida. Balancei a cabeça positivamente, indicando que eu estava bem.

— Ela viu um rato. — Taehyung disse, se levantando normalmente, mas sem olhar para mim ou Jeongguk. — Essa peste gritou por causa de um rato. — deu ênfase em "rato" 

— Que alívio. — Namjoon disse, colocando a mão no peito. — Fiquei preocupado. 

— Pois é... — proferi, coçando a cabeça.

— É... Vamos tomar café? — Yoongi disse. Parecia sem graça. Não olhava para mim ou Jeongguk.

— Eu tô morrendo de fome! — Namjoon disse, colocando as mãos na barriga. Yoongi abriu a boca para perguntar algo.

— Mas você está bem mesmo, Hye? — Jeongguk me perguntou novamente, sem perceber que havia falado na frente de Yoongi.

— Estou sim. — Eu disse. Taehyung balançou a cabeça negativamente, saindo do quarto junto à Namjoon e Yoongi, que parecia desapontado com algo.

— Vai tomar café. Vou trocar de roupa primeiro. — sorri. Jeongguk assentiu e saiu, fechando a porta.

Me sentei à cama logo após todos saírem. O que diabos tinha acabado de acontecer? Eu não sabia se eu estava tendo alucinações ou se eu estava ficando louca. De qualquer maneira, nenhuma das duas opções é uma boa coisa. O número 304 martelava na minha mente Meus pensamentos logo me levaram a Kim Taehyung, e a maneira calma qual ele me ajudou e me encobriu; me pergunto o porquê ele, entre todas as pessoas, fez isso. 
                                                                                    xx

— Quer dizer que você gritou por causa de um rato? — indagou Hoseok. — Sério? Um rato? 

—  Primeiramente, bom dia, Hoseok. — disse cínica, me aproximando e pegando a torrada da mão dele antes que ele pudesse morder.

— Ei! — Hoseok resmungou.

— Em minha defesa, o rato era enorme. — menti.

— Taehyung disse que era pequeno... — Jin comentou, pegando um prato e colocando algumas torradas em cima.

— Ela é exagerada. — Taehyung disse simples. — Quase chorou quando viu o rato saindo do banheiro. — deu de ombros. Fiquei boquiaberta por alguns segundos. Kim Taehyung era um ótimo mentiroso.

— Toma, flor. — Jin me entregou o prato que ele enchia à segundos atrás. Jin, como sempre, possuía um sorriso doce nos lábios. Desde quando eu cheguei ele tem sido extremamente gentil, o que me assusta ele estar no mesmo grupo que esses animais que brigam alto por video-game, gritam para fazer macarrão instantâneo e salvam pessoas de alucinações. Taehyung bufou, como se ouvisse meus pensamentos. Continuei comendo em silêncio, observando que eles conversavam sobre a coreografia da nova música título.

— Eu vou ficar um pouco no meu quarto. — Jeongguk disse, se espreguiçando.

— Precisa de dama de companhia para achar a porta, Jeon? — Hoseok gargalhou.

— Não. — Jeongguk desviou o olhar. Suas bochechas estavam rosadas.

— Yoongi? — Namjoon chamou o de cabelos verdes. Yoongi parecia distante. — YOONGI! — Yoongi deu um pulo no lugar, olhando para Namjoon com os olhos assustados. — Você está dormindo de olhos abertos?

— Passei a noite compondo. — Yoongi explicou, comendo outra torrada. Jeongguk estava subindo as escadas e eu o segui com os olhos e com um aperto no coração. Eu estava com medo. Medo dele chorar novamente. Jimin desceu a escada no momento em que Jeongguk subia.

— Um idiota em troca de outro. — Namjoon zoou, se referindo a Jimin descer no momento que Jeongguk subia.

— Você está engraçadinho hoje. — Jin riu. Preparando um prato para Jimin.

— Bom dia, monstros. — Jimin disse com nojo. — Bom dia, Hye. — sorriu. — Hoseok! Vamos começar nosso torneio? Estou muito animado para te derrotar. — Jimin disse estalando os dedos. 

— Não vai comer, Jimin? — Jin perguntou preocupado, esticando o prato com algumas torradas. 

— Eu não estou com fome, vamos Hoseok, vamos! — disse animado puxando Hoseok pelo braço e indo para o sofá, ligando o video-game em seguida.

— Eu vou no meu quarto um pouco. Daqui a pouco eu volto. — menti, com o intuito de ver como Jeongguk estava. 

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— Entra. — Jeongguk disse assim que ouviu minhas batidas à porta. Suspirei aliviada ao perceber que sua voz soava normal. Abri a porta e percebi que seu quarto estava mais iluminado, logo percebi que eram por causa das cortinas abertas. Jeongguk estava sentado em cima da cama. — Oi! Hye! — Pareceu animado. Se sentou e eu sentei próxima à ele.

— Você está melhor? — indaguei, me referindo à noite anterior.

— Estou sim. — sorriu de lado, como se doesse se lembrar da cena. E doía.

— Você parece desanimado...

— Estou sem nada pra fazer. Só isso. — murmurou. — Nossa rotina do Bangtan geralmente é muito cheia.
 
— Ensaios, entrevistas, trabalho... — Eu disse.

— Sim. — concordou. — É cansativo. Mas, ficar sem fazer nada é bem entediante.

— Então vamos conversar. — pedi. — Como é ser famoso?

— Ah. — sorriu. Seus olhos brilharam. — É incrível. Não é pela fama, ou pelo dinheiro. Somos apaixonados pelo o que fazemos, adoramos nossa música, e ficamos felizes ao compartilhar nossos sentimentos e letras com o mundo. As armys, nossas fãs, são tudo pra nós. Podemos estar no pior dia, é só lembrar delas que ficamos bem. — disse orgulhoso. 

— Deve ser realmente incrível isso. — sorri. 

Jeongguk sorriu junto à mim, abaixando o seu olhar até minha boca. Senti minhas bochechas esquentarem com aquilo. Ele mordeu — inconsiente — os lábios, o que eu achei sexy. Sorri sozinha novamente, vendo que Jeongguk fazia isso sem segundas intenções, apenas me observando. O que fez eu me sentir culpada por ter achado sexy. Afinal, Jeongguk, para mim, me parecia uma pessoa inocente. Olhou nos meus olhos por alguns segundos.

— Você é bonita. — disse. Suspirei. Até mesmo o seu tom de voz era inocente, e isso me tirava do sério.

— Obrigada. Você também é. 

— Sério!? — perguntou, desacreditado. Balancei a cabeça positivamente, fazendo ele sorrir.

— Vamos descer um pouco.

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— Já voltou? — Namjoon perguntou.

— Não Namjoon, estou lá ainda. — disse, fazendo Yoongi e Jin segurarem a risada.

— Você é péssima. — Namjoon disse desapontado. Mostrei a lingua à ele.

— Oi para você também, Yoongi. — sorri quando me aproximei dele. Baguncei seus cabelos esverdeados que estavam desbotando, quase virando um loiro. Estava incrível nele.

— Oi. — Yoongi sorriu doce.

— O que foi? — perguntei, vendo que Yoongi não parava de sorrir. — Tem algo no meu rosto?

— Não. — Yoongi disse. Baguncei seus cabelos novamente.

— Seu cabelo... — Eu disse simples. 

— Tem... algo errado nele? — juntou as sobrancelhas, parecendo confuso. 

— Não. Claro que não. — respondi. — Eu gosto. Não muda. — Yoongi assentiu e bocejou logo em seguida. — Vai dormir um pouco.

— Quê?

— Você compôs a noite toda. Deve estar exausto. 

— Mas o almoço-

— Eu te chamo quando ficar pronto. — disse, observando que ele começava a subir a escada. — Depois vou conferir se foi dormir mesmo. — o zoei. Ouvi sua risada nasalada e sorri satisfeita. Me sentei no sofá junto à Jeongguk. O celular do mesmo tocou em poucos segundos.

— Alô. — Jeongguk atendeu. — Sim. Vou passar para ele. — Jeongguk respondeu, tenso. Logo se levantou e foi para a cozinha. Voltou em poucos segundos e se sentou ao meu lado esquerdo. — Era o manager.

— O que ele queria? — Hoseok indagou.

— Falar com Namjoon. 

— Isso. Me abandonem! — Hoseok reclamou, vendo que Jimin acabava de sentar ao meu lado direito. — Hye, devolva meus amigos. 

— Que sorriso é esse, Jungkook? — Jimin perguntou.

— Não sei.

— Parece que a dama de companhia te faz bem. — Hoseok disse com segundas intenções. 

— Ela faz! — exclamou Jeongguk, fazendo Jimin engasgar.

— O que exatamente ela fa-

— Não coloque sua mente pervertida nisso, Park Jimin. — o repreendi. 

— Hye. — Namjoon me chamou, saindo da cozinha. — Daqui a dois dias teremos uma entrevista. E quando eu digo "temos", me refiro ao Bangtan e a você.

— Oi?

— O manager pediu. Diz ele que vai te mandar um script de perguntas e respostas. — suspirou. — Desculpe por isso.

— Eu vou me matar. 

— Alguém chama a dupla dinâmica do sono, tem bolo de chocolate. — Namjoon pediu, se referindo a Yoongi e Taehyung. Estava com uma vasilha cheia de pedaços de bolo dentro.
— Yoongi está descansando, acordo ele no almoço. — expliquei, pegando um pedaço de bolo e colocando no prato que estava em cima da mesa. — Vou levar esse para o Taehyung.

— Você? E Taehyung? — Namjoon pareceu confuso. — No mesmo lugar? Devo chamar a polícia ou algo assim?

— Engraçadinho.

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— Entra. — A voz de Taehyung soou, como sempre, indiferente. Entrei no quarto, vendo que Taehyung estava deitado na cama com as mãos atrás da cabeça, olhando para o teto como se fosse a coisa mais interessante do mundo. — O que você quer? — indagou, sem ao menos me olhar. Não sei como ele sabia que era eu.

— Te trouxe um bolo. — disse, colocando o prato em cima da cômoda mais próxima. — E te agradecer... Pelo o que fez hoje.

— Por nada.

— Só isso? — indaguei. — Você não vai explicar o que aconteceu?

— Você não pode apenas agradecer e ir embora? — revirou os olhos.

— Taehyung-

— Você deve ter tido uma alucinação ou algo do tipo. Conte para quem quiser, ninguém vai acreditar em você.

— Eu não quero contar à ninguém. — suspirei. — Eu só-

— Tchau. — Taehyung revirou os olhos novamente. Mordi meu lábio inferior com raiva. Ele definitivamente me tirava do sério. Desci a escada e voltei para o sofá. 

— Ele é ridículo. Estúpido. Chato. — murmurei.

— O que aconteceu? — Namjoon perguntou com a boca cheia. 

— Kim Taehyung é um idiota. 

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— Vou chamar o Yoongi. — Me levantei, assim que percebi que Jin já colocava os pratos à mesa. Jeongguk e Jimin se levantaram para ajudar o mais velho, e eu subi as escadas. Passei rapidamente pelo quieto quarto de Taehyung e adentrei sem fazer barulho no quarto de Yoongi. Yoongi dormia relaxado em cima da cama, suas olheiras já estavam visíveis. Tinha incontáveis papéis pelo quarto, e eu percebi o quanto ele se esforçava para isso. Suspirei, dando meia volta e desistindo de acorda-lo. Ele precisava descansar mais. — Decidi deixar ele dormir, ele está muito cansado. — proferi, voltando à mesa.

— Ou você não conseguiu acordar ele? — Jimin riu. Estava sentado no sofá, novamente. — Aquele lá dorme mais do que preguiça.

— Eu não tentei. — ri.

Todos deram de ombros e começaram a comer, e eu me juntei à eles. Mesmo do sofá, Jimin implicava, fazendo comentários nojentos para os garotos ficarem com nojo de comer. A cada minuto, Hoseok tentava roupar a carne do prato de Namjoon, que o dava um tapa toda vez que ele tentava. Eu ria junto à Jin, vendo que Jeongguk havia tentado roubar o bife de Namjoon também, recebendo um tapa do mesmo. De repente, todos estávamos gargalhando e eu comecei a entender o motivo de Jin gostar de viver com a idiotice deles. Era uma coisa gostosa e contagiante, que fazia você se sentir bem. Eu poderia me acostumar e familiarizar rapidamente com aquela rotina. Com a comida deliciosa de Jin, com os cuidados do meu irmão, com a inocência de Jeongguk, as piadas de Hoseok, com os comentários idiotas de Jimin. Eu poderia até mesmo me acostumar com o jeito irritante e ignorante de Taehyung. 

— Que tal irmos em um clube hoje a noite? — Jimin perguntou, se virando para a mesa. —  Amanhã é o nosso último dia antes do manager nos buscar.

— Eu topo. —Hoseok sorriu, animado. Namjoon assentiu, junto à Jin e Jeongguk. Fiz o mesmo. Depois do almoço, Namjoon se deitou no chão e dormiu como uma pedra sem nenhum esforço, Jimin e Hoseok começaram, como sempre, a jogar video-game e a brigar em silêncio depois de Namjoon ameaçar os matar caso eles o acordassem. Jin se retirou para o quarto, e Jungkook ficou jogando no seu celular com fones de ouvido. E eu, como sempre, fiquei sentada no canto do sofá apenas observando. 

— Cara. Você é aterrorizante. — Jimin suspirou, jogando a manete de lado. — Você é viciado demais. Não consigo te ganhar.

— Não sou aterrorizante, eu sou fofo. — Hoseok disse baixo, para não acordar Namjoon.

— Eu sou mais fofo.

— Eu sou fofo sem precisar de esforço. — Hoseok zoou.

— EU sou fofo. — Jimin alterou o tom de voz.

— EU SOU FOFO SEM NEM PENSAR EM SER FOFO. — Hoseok gritou.

— E EU SOU FOFO-

— A CARA DE VOCÊS VAI FICAR FOFA DE TANTO EU SOCAR DAQUI A TRÊS SEGUNDOS SE VOCÊS NÃO CALAREM A BOCA! — Ouvimos a voz esganiçada de Yoongi vindo do segundo andar. — EU QUERO DORMIR, PORRA.  

— Idiotas. — Namjoon disse, vendo que Jimin e Hoseok estavam em um completo silêncio. Se levantou em seguida. — Vou descansar no quarto. Vocês falam demais. — Se retirou.

— Agora que Rap Monster se foi, vou confessar uma coisa. — Hoseok começou. Eu e Jimin prestávamos atenção. — Quando a Hye chegou, achei ela muito bonita e até chamaria ela pra sair, mas depois que descobri que meu amigo está apaixonado por ela, eu desisti. — Hoseok brincou, olhando de rabo de olho para os dois na sala. Ele adorava uma brincadeira. Jeongguk e Jimin engasgaram, alto.

— Vocês estão bem? — perguntei, preocupada. Os dois não paravam de tossir.

Gargalhei junto à Hoseok depois disso, vendo o rosto vermelho de Jeongguk e Jimin. Eu não havia entendido o que aconteceu, mas foi engraçado. Hoseok adorava falar besteiras, mas dessa vez eu não me importei. Eu sabia que era mentira, afinal, ninguém da casa poderia estar apaixonado por mim. Jin? Nunca. Namjoon é o meu irmão. Hoseok? Jamais. Jeongguk era inocente demais para se apaixonar por mim, já Jimin era pervertido demais para se apaixonar por alguém. Yoongi possuía o perfil sério e distante, longe de ser alguém apaixonado. E Taehyung. Esse eu preferia nem comentar.

                                                                                 xx

— ANDA, HYE! — Ouvi o grito de Hoseok vindo do primeiro andar. Já era a segunda vez em que ele me apressava. 

Eu estava acabando de me arrumar para a festa. Me olhei no espelho pela a última vez antes de me dirigir à porta. Eu estava bonita. Meus cabelos escovados caíam sob os meus ombros, tampando a manga detalhada do vestido preto que eu usava. Sua estatura ficava no meio das minhas coxas, seguidar por um scarpin nude. Decidi optar por um vestido não decotado, mas detalhado. Passei o perfume e me virei, indo em direção à escada. Senti minhas bochechas ruborizarem ao descer a mesma e perceber todos os olhares à mim. Namjoon juntou as sobrancelhas enquanto Jin sorria. Hoseok bateu palmas, animado, e murmurou algo como "finalmente", Jeongguk abriu a boca em um perfeito "o", o que fez eu rir por perceber que não tinha sido intencional. Jimin abriu um sorriso extravagante, fazendo eu perder o ar por um segundo. Meus olhos foram sugados pelas orbes ônix que me fitavam com mais intensidade do que com todos aquela sala, somados. Kim Taehyung estava deslumbrante. Me permiti perceber sua blusa branca lisa por baixo de sua jaqueta estilo corredor seguido por seus jeans surrados escuros e seu tênis habitual. Prendi a respiração no mesmo instante em que comecei a encarar seus olhos escuros, tão escuros quanto a mais escura penumbra. Não percebi quanto tempo nós estávamos nos fitando, até que cheguei ao último degrau da escada.

— Isso não está muito curto pra sua idade? — Namjoon se preocupou. Respirei fundo, percebendo que eu havia prendido a respiração até agora. — Não quer trocar? A gente espera.

— Não esperamos não. — Hoseok o empurrou de lado. — Está ótimo, vamos embora.

— Você está linda. — Jimin sorriu galanteador.

— Você está linda. — Jeongguk disse, sincero.

Ambos haviam falado em uníssono, soltando uma risada em seguida. Me permiti rir, percendo o quão divergente e opostos eles eram. Tão diferentes que chegava a doer. Jeongguk era frágil, inocente, gentil, doce;  ele elogiava sem querer resposta, fazia favor sem pedir algo em troca. Já Jimin, era atrevido, provocante, malicioso; ele fazia coisas querendo outras, sempre pensando com terceiras intenções. Devia ser o oposto que fazia eles serem tão próximos.

— Obrigada a vocês dois. — sorri, sincera. — Cadê o Yoongi?

— Ele não gosta muito de festas. — Namjoon explicou. Assenti, me virando para a porta. Senti meus olhos sendo atraídos novamente.

— Oi. — Taehyung disse. Não sei se eu estava enxergando direito, mas parecia que um sorriso de lado se formava em seus lábios, e, nesse momento eu me perguntei qual era o seu problema. Primeiro ele sequer me olhava, logo após ele foi extremamente ignorante, fingiu que eu não existia e no dia seguinte me ajudou. Depois foi ignorante mais uma vez. E agora estava na minha frente com um quase sorriso e dizendo oi. Ele era a única pessoa que eu era incapaz de entender.

— Oi. — respondi. Ele fez uma careta com a minha falta de palavras, como se esperasse algo a mais.


                                                                                        xx

— Vira, vira, vira! — Os homens e mulheres do bar gritavam. Namjoon e Jin viravam a décima terceira dose de tequila. Ambos estavam em uma competição de quem bebia mais, o que me fazia enjoada e preocupada. O líder responsável do Bangtan e o homem ao lado tão responsável quanto, bebendo até cair. Eu estava proxima à eles, segurando forte o braço de Hoseok. Suas palavras foram "Precisamos de alguém para dirigir, me segure forte antes que eu vá e tome todas.". Jimin e Jeongguk gargalhavam ao meu lado esquerdo, vaiando e torcendo junto aos outros homens. Taehyung havia sumido em algum canto. Provavelmente estava com alguma garota ou sendo ignorante com a parede. Preferi acreditar na segunda opção. A primeira pareceu me perturbar.

— Hoseok, eu vou no banheiro. Não bebe! —  pedi. — NÃO BEBE. — gritei, com o intuito dele ouvir perfeitamente bem, já que o som estava alto. 

— Não precisa gritar. — Hoseok reclamou, fazendo eu rir.

Dei as costas à Hoseok e vi centenas de pessoas. Não conseguia nem mesmo ver o rosto delas direito, já que todo o clube estava escuro e iluminado por várias luzes de neon. O cheiro de bebida e cigarro já estava me deixando tonta, afinal, eu não bebia e muito menos estava acostumada com um local como esse. Fui esbarrando em algumas pessoas e pedindo — inutilmente — desculpas a elas. Vizualizei de longe um corredor com placas de banheiros e agradeci mentalmente por ter visto. Acabei esbarrando em alguém enquanto olhava para as placas.

— Me desculpe. — pedi, olhando para a pessoa que eu havia esbarrado. Revirei os olhos. Reconheceria aqueles olhos em qualquer lugar. — Retiro as desculpas. 

— Você é um carma na minha vida. — Taehyung murmurou, jogando os cabelos para trás, o que eu não deveria achar sexy. Mas aconteceu. — O que faz sozinha aqui? Cadê os outros?

— No bar.

— Vou te levar de volta. — Taehyung disse, segurando o meu braço. Me soltei rapidamente dele, que me olhou com as sobrancelhas juntas.

— Eu quero ir no banheiro. Não preciso da sua companhia. — disse simples.

— Precisa sim. Você é uma criança que não sabe andar sozinha. — Taehyung rolou os olhos. Um homem passou correndo atrás de Taehyung, o empurrando, fazendo ele ficar perto de mim. Perto até demais. 

— Não preciso que você me diga o que eu devo ou não fazer. — murmurei, dando um passo para trás na esperança de me afastar um pouco de Taehyung.

— Então vai. Espero que seja agarrada no caminho.

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— Você é uma criança que não sabe andar sozinha. — Afetei a voz, olhando o meu reflexo no espelho. Meus cabelos estavam um pouco desalinhados, mas eu ainda estava bonita. — Você é um estúpido, Taehyung. — murmurei. Sequei as minhas mãos e fui em direção à porta do banheiro, pronta para voltar ao bar. Assim que a abri, um homem pálido e barbudo entrou no banheiro, me empurrando para dentro. Tinha um cigarro na boca.

— Onde você pensa que vai? — indagou, segurando forte o meu braço. Senti o cheiro de bebida misturada com cigarro.

— Embora.

— Ah. Não vai não. — sorriu malicioso. Senti nojo. — Vou fazer você se divertir.

— Eu quero ir embora! — Puxei o meu braço de sua mão, o que não funcionou pois ele era mais forte que eu.

— Então parece que não vai ser tão divertido para você.

— Me solta... Por favor... — implorei. Senti lágrimas quentes molharem o meu rosto e o desespero tomando conta de mim. — Por favor.

— Shh... — O homem pediu silêncio, colocando o dedo indicador sobre os meus lábios. — Se você gritar, eu vou tornar isso muito doloroso pra você. — sorriu. — E eu te mato antes que você consiga pedir ajuda. — Tirou o indicador dos meus lábios e desceu as mãos até a bainha do meu vestido, o levantando até o meio da minha barriga. Espremi os olhos. Meus soluços já estavam altos. — Silêncio querida. Não vou te machucar muito. — pediu, beijando minha bochecha molhada por minhas lágrimas. Desceu o beijo pelo meu pescoço. Sua mão direita subiu pelo interior de minha coxa, chegando até a barra da minha calcinha. Com todas as minhas forças eu o empurrei fortemente pelos ombros, fazendo ele bater as costas na pia. Abaixei o meu vestido rapidamente e corri em direção à porta.

— SUA VADIA ABUSADA. — esganiçou-se. Me puxando pelo braço e me virando de frente para ele.  Senti o meu rosto arder, e logo após veio o barulho. Um tapa no rosto. — Você vai pagar por isso. — Ele disse, fechando o punho. Espremi os olhos na esperança de que tudo sumisse, tudo desaparecesse. Mas eu sabia que isso não era possível. Esperei pela dor, pelo sangue, pelo abuso. Mas isso não aconteceu. Ouvi um barulho da porta se abrindo rapidamente e o estrondo de alguém caindo no chão. — QUEM É VOCÊ!?

Abri os meus olhos, assustada e confusa com o que estaria acontecendo. Minhas lágrimas começaram a descer mais rápido e eu permitir deixar os meus joelhos vacilarem e irem de encontro ao chão. Ele estava aqui. Como um herói, como um princípe, como um salvador. Seus cabelos desgrenhados, seu pescoço soado e sua respiração ofegante entregavam que ele estava correndo; correndo ao meu alcance. Suas orbes ônix estavam irreconhecíveis, opacas; frias. Ele estava aqui. Seus punhos estavam fechados com tamanha força qual eu podia ver suas veias saltando por baixo de sua pele, tão firmes quanto o seu maxilar travado completando o seu semblante irado. 

— Eu vou matar você. — Kim Taehyung rosnou.
 


Notas Finais


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