História Come back, be here - 577 dias, oito horas

Taeyeon suspirou tremulamente quando entrou com seu carro no estacionamento do aeroporto de Incheon. Ela conseguia sentir o próprio cheiro se tornando cada vez mais doce — um claro sintoma de ansiedade.

Ela veria sua namorada, Tiffany Hwang, pela primeira vez em quinhentos dias. Na verdade, quinhentos e setenta e sete dias e oito horas. Isso fazia com que a saudade fosse indescritível, uma dor profunda em seu âmago; um sentimento que apertava seu peito e a sufocava quando ela pensava muito na distância que separava ambas. 

Todavia ela havia conseguido sobreviver a tudo aquilo que passou. Doeu muito quando Tiffany foi obrigada a se alistar, mas doeu ainda mais quando descobriu que a alfa, astuta e com postura de líder, havia sido enviada para as forças especiais. 

As forças especiais eram o terror de qualquer ômega que tinha seu alfa no exército. Ninguém era capaz de se comunicar com soldados na força especial, exceto através de cartas, e o processo era totalmente ao contrário do resto das forças do exército, já que muitos alfas de tornavam funcionários públicos ou policiais. Mas Taeyeon tinha aquela sorte. 

Mas agora finalmente seria capaz de ver a alfa novamente. Após 19 meses. 

— Mama. — A voz agoniada de seu filho chamou sua atenção. A ômega estacionou rapidamente, virando-se para encarar o pequeno Jinyeol, de apenas vinte meses. 

Ele havia nascido um mês antes de Tiffany se alistar, e a alfa até mesmo correu risco de ser presa. Ela pensava muito em se recusar a servir, mas após longas noites de profunda conversa, ela entendeu seu dever. 

E agora, Taeyeon estava prestes a rever o amor de sua vida. E embora a ansiedade tomasse conta de seu corpo, ela tentou ao máximo se acalmar para que seus feromônios não fossem invasivos a qualquer pessoa no aeroporto e foi bem sucedida nisso. 

Ela saiu do carro, tirando Jinyeol do mesmo e travando, antes de iniciar sua caminhada para o aeroporto. Ela podia ver que algum avião pousava e rezou baixinho para que fosse Tiffany logo, pois sua saudade já doía fisicamente. E tanto ela quanto Yeol-ie odiavam lugares lotados. 

Foi uma benção quando ela entrou no aeroporto e caminhou para um dos primeiros portões e foi capaz de avistar alguns homens e mulheres fardados saindo do mesmo. O uniforme padrão deixou Taeyeon ansiosa enquanto ela abraçava Jin-nie mais perto do peito. 

Então, ela viu um flash de cabelo curto caminhar na sua direção. E então o cheiro forte de menta e um outro que era simplesmente… Tiffany. Ela soube que estava olhando sua alfa em um segundo, todavia, teve a confirmação quando a mulher a olhou. 

Então, ela sorriu. 

E aquele sorriso, o eye smile e o cabelo curto eram simplesmente tudo para Taeyeon, que se segurou para não correr na direção da mulher e pular em seu colo. Entretanto, ela também não precisou, pois Tiffany foi quem correu em sua direção. 

Em menos de dois segundos, ela estava entre os braços da mulher que amava. E o sentimento de plenitude, de amor, de carinho, era quase sufocante de tão forte que era. Mas Taeyeon estava esperando tanto por aquele momento que ela apenas permitiu que Hwang a abraçasse por todo o tempo do mundo. 

— Mama! — A voz fina de Jinyeol foi ouvida e o casal se afastou para que Tiffany pudesse olhar para seu filho. As lágrimas surgiram em seu rosto imediatamente, assim como no de Taeyeon, que mordeu os lábios para não soltar um soluço. 

Hwang tocou suavemente no rosto do menino e sorriu para o mesmo, que fez biquinho, não a reconhecendo. Mas Tiffany não ligou, se inclinando para dar um beijo salgado de lágrimas no rosto do pequeno, que se afastou. 

— Dê oi para sua omma, Yeol-ie. — Taeyeon insistiu e o menino inclinou a cabeça para o lado, tentando entender a quem a Kim se referia. 

— Oi… — Jinyeol murmurou tímido e Tiffany sorriu para ele, beijando sua cabeça. 

— Aigoo, eu senti tanta falta de vocês dois. — Hwang disse, as lágrimas voltando a escorrer por seu rosto. Ela o limpou furiosamente, embora não conseguisse. 

Taeyeon se sentiu completa novamente, então ela puxou a alfa suavemente para perto pelo braço, inclinando-se para beijar a alfa, que fez com que o mesmo fosse depositado em sua bochecha. 

— Não posso te beijar aqui, saran-ah. É uma regra. — Tiffany murmurou contra seu rosto, beijando suavemente sua bochecha. Taeyeon sentiu seu coração afundar, mas Tiffany apertou ainda mais a sua cintura, puxando seu corpo para perto. — Eu te amo tanto, yaegiya. 

Fazia tanto tempo desde que Taeyeon ouviu aquelas palavras que ela sorriu timidamente, seu rosto encontrando o ombro da alfa para um beijo. Então, ela reparou, finalmente, na aparência da mesma. 

Tiffany possuía um olho amarelo, como se recentemente tivesse entrado em uma briga. Seu cabelo estava extremamente curto, muito diferente de como Taeyeon a tinha visto em toda sua vida; e a alfa parecia ter perdido mais que 10kg, o que preocupava a ômega mais que tudo. 

— Eu te amo também, meu amor. Vamos, vamos para casa. Vou te servir um banquete para que você fique saudável novamente — Kim respondeu, tocando suavemente o ombro de sua alfa que sorriu para si. 

— Bulgogi! — Jinyeol exclamou, chamando atenção de ambas suas mães. As duas sorriram para o pequeno. 

— Você gosta de bulgogi, Jin-nie? — Tiffany questionou e o menino encontrou seus olhos, assentindo timidamente. 

Ele sempre agia tímido na presença de outras pessoas e como a alfa não o via desde que ele tinha um mês de vida, não era como se ele tivesse quaisquer memória da mesma. 

— Vamos, babe — Taeyeon chamou, puxando suavemente o braço da alfa, que enrolou o mesmo na cintura da ômega. 

As duas saíram do aeroporto com um sentimento de plenitude e calma em si. Os dezenove meses que passaram separadas agora seriam totalmente compensados e, elas esperavam, ambas jamais seriam separadas daquela maneira para sempre. 

Porque Taeyeon não sabia, mas Tiffany tinha passado noites acordada tentando moldar uma aliança que ela pretendia, em breve, usar para pedir a mão da ômega em casamento. Mas eram planos futuros e, no momento, ambas só pensavam no presente. A prioridade era chegar em casa e iniciar o seu felizes para sempre de verdade.