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História Come to the past - Um passo para frente, dois para trás


Escrita por: LunaSelene

Notas do Autor


Fiquei pensando se esperava mais um tempo, mas o capítulo já tava pronto, então n vi motivo para esperar.
A questão é que eu tenho que submeter meu TCC no Comitê de Ética, então nessas próximas semanas meu foco vai estar nisso. Não é algo certo, mas talvez eu só volte no próximo mês.

Espero que gostem o/

Capítulo 12 - Um passo para frente, dois para trás


“E quanto mais você se importa, mais você tem a perder.”

- Harry Potter

 

Harry era um bruxo.

Claro que era, Tom sabia disso, ele tinha uma varinha e já tinha a usado, na verdade, ele já o havia machucado com ela. Antes de dormir, às vezes, eles conversavam sobre algo que tinham lido durante o dia, Tom até poderia dizer que Harry tinha alguma inteligência e conhecimento, mas quando Dumbledore apareceu no Orfanato – mais uma vez – e disse que queria falar com Harry de repente só o que Tom conseguia pensar é que Harry era um bruxo e portanto iria para Hogwarts.

Ele sabia disso, é claro que sim, mas era algo que ele ignorou até aquele momento e um terror que ele nunca havia sentido o invadiu. Não era medo, Tom não sentia medo de nada – a não ser de morrer – era como uma urgência. Hogwarts era a sua fuga daquele mundo que Tom havia aprendido a odiar, lá ninguém o conhecia como o pobre garoto órfão, ele era Tom Riddle, melhor aluno, monitor, que havia ganhado um prêmio de serviços prestados a escola e agora monitor-chefe. As pessoas deveriam respeitá-lo e não sentir pena de seu destino.

Só que agora Harry o conhecia e em 1º de setembro estaria no Expresso de Hogwarts a caminho do único lar que Tom realmente conheceu em sua vida e a perspectiva de poder perder aquele lugar era aterrorizante, quase paralisante ou seria se ele não fosse Tom Riddle.

Ele estava mais perto de Harry agora do que já esteve de qualquer pessoa, seja trouxa ou bruxa. Aquela palavrinha que o médico usou passava por sua mente uma vez ou outra e sempre o fazia lembrar-se de Harry. Os pensamentos que o invadiam antes era de um garoto magricela se colocando entre ele e um bruxo raivoso, olhos chorosos pedindo por favor que Tom não machucasse o trouxa, uma risada e lágrimas dolorosas. Agora, quando Tom pensava em Harry, ele lembrava-se de outras coisas, se lembrava de torta de chocolate que Harry havia feito escondido na cozinha e eles passaram a noite comendo, de Harry cuspindo um suco de maça que era muito ácido e tinha gosto de fruta estragada e pedindo que ele enchesse seu copo de água, mesmo que instantes antes tivesse brigado por Tom ter feito magia na presença de trouxas. Ele se lembrava de estrelas, olhos de esmeralda e um sorriso bonito demais que nunca deveria ser contido.

E esses pensamentos o invadiam em momentos inoportunos, mas para Tom pensar em outra pessoa sempre seria assim. Ele se achava tolo nos melhores dias e ficava mal-humorado nos piores, onde ele era grosseiro e hostil até mesmo com Harry e até isso o irritava, porque Harry o olhava como se o entendesse e ficava silencioso e distante até Tom falar alguma coisa para quebrar o silêncio e fazer Harry perceber que ele não estava mais chateado.

Harry o conhecia e ele estaria indo para Hogwarts, onde as pessoas só conheciam o lado que Tom queria que elas conhecessem e naquele momento Harry estava com Dumbledore falando sabe-se lá do que e Tom queria acreditar que o garoto estaria falando sobre o que aconteceu em Little Hangleton e o pensamento veio, mas não permaneceu e essa confiança que ele tinha de que Harry guardaria seu mais perigoso segredo o irritou também, porque ele não deveria confiar tanto assim em alguém que ele não conhecia direito.

Aquilo era confuso e perturbador e Tom queria expulsar todos aqueles sentimentos invasores que não poderiam estar habitando o seu peito e lhe deixando tão ansioso. Ele queria de volta a sua paz, sua tranquilidade. Ele queria seus dias solitários e uma cama vazia, não queria tortas de chocolate e companheirismo.

Ele queria não ter Harry ali.

 

— Dumbledore é uma figura, não é?

Harry estava sentado na ponta da cama e olhava para Tom, ele parecia nervoso e Tom queria perguntar o que tinha acontecido, mas diante da certeza de que ele não teria falado nada para o professor Tom não se importava com o motivo dele estar daquele jeito.

— Estou tentando ler. — Tom disse sem sequer olhar para Harry.

— Oh, claro. Desculpa, eu vou... Vou deixar você.

Tom olhou as costas de Harry, dava para ver a tensão em seus ombros e por um instante, um milésimo de segundo ele pensou em chama-lo de volta e perguntar o que tinha acontecido, o que Dumbledore falou e se o professor era o motivo do nervosismo de Harry, mas o momento passou e Harry bateu a porta o deixando sozinho e assim Tom ficou por muito tempo.

Todos os dias ele percebia como Harry tentava um pouco mais , lhe dava bom dia e inicialmente até arriscava um sorriso, mas estes já haviam indo embora. Agora ele levantava, o olhava esperando alguma coisa, uma palavra, um gesto e quando nada vinha ele saia do quarto e só voltava horas depois.

Foi mais difícil do que Tom imaginava, a todo o momento ele se pegava pensando em coisas que ele gostaria de dizer a Harry. Como na vez em que estava lendo o livro de História da Magia e queria comentar sobre a Traição de Salem, mas olhou para o lado e Harry não estava lá, porque Tom já tinha sido tão grosseiro que Harry não ficava mais do que o necessário em sua companhia.

Ele também ficava com raiva, com o ego um pouco ferido, porque para ele Harry tinha desistido rápido demais. Realisticamente falando ele sabia que a gota d’água foi quando ele ofendeu deliberadamente os trouxas, fazendo alusão a mãe de Harry, naquele dia Tom pensou que a única coisa que o impediu de sacar a varinha e o amaldiçoar foi o lugar estar cheio de trouxas.

A relação recém-construída, o companheirismo – e amizade – tinha sido estraçalhada, porque Tom não conseguia lidar com algo como sentimento.

— Riddle. — Harry chamou, quando Tom ergueu os olhos do livro que lia ele percebeu que Harry estava com raiva. — Nós precisamos ir ao Beco Diagonal.

Tom estava evitando aquele momento, mas até mesmo ele sabia que a demora já estava sendo ridícula e se retardassem a ida um pouco mais seria pior, o Beco estaria cheio de pessoas que sempre deixavam para comprar suas coisas em cima da hora. E talvez aquele fosse de fato o objetivo de Tom, se o lugar estivesse lotado ele e Harry mal conseguiriam se ouvir e estariam em filas diferentes para poupar tempo e então muito cansados para cogitar ficar por lá, logo retornando para o Orfanato, onde eles poderiam voltar a se ignorar.

— Amanhã logo depois do café. — Foi a única coisa que ele respondeu.

 

Tom lembrava da primeira vez que tinha ido até o Beco Diagonal, pensando em como aquele mundo era estranho e maravilhoso, era só um garoto de 11 anos perdido no meio de tantas pessoas que falavam sobre coisas que ele não entendia, agora tantos anos depois ele via o brilho de encanto em Harry, era quase como se ele visse o lugar pela primeira vez.

— Você nunca veio aqui? — Aquilo seria estranho, o Beco era o melhor lugar para se conseguir qualquer coisa que desejasse e o pai de Harry era bruxo, ele lhe dissera.

— Sim, mas está tão diferente.

E Harry olhava para todos os lugares, com uma expressão de maravilhada surpresa e encanto. Tom tinha que sair de lá, tinha que se afastar de Harry.

— Ótimo, então imagino que você saiba onde encontrar tudo que precisa. — Nem mesmo ele acreditava que conseguia ser tão frio e distante, mas sua voz saiu impessoal e tediosa. Ele não esperou que Harry falasse nada, nem ficou para ver o olhar de incredulidade, apenas deu as costas e o deixou lá.

Era a primeira vez que ele iria para o Grigotes pegar seu próprio dinheiro, no seu cofre. Dumbledore tinha lhe dado um saco com moedas do fundo de assistência estudantil e Tom não recusou, diante de tantos motivos para não fazê-lo o principal é que teria que explicar o porquê de não mais precisar das esmolas da escola e isso traria sua viagem até seu pai e o desastroso encontro. Agora ele poderia comprar seu próprio material, não precisaria cavar atrás de bons produtos de segunda mão, nem vestir roupas usadas.

Havia uma pilha de galeões, sicles e nuques. Ele nunca tinha visto tantas moedas em um mesmo lugar e mesmo quando ele foi até o banco para poder transformar o dinheiro trouxa em bruxo e soube do enorme montante que aquilo daria ainda assim não estava preparado para de fato ver seu cofre recheado de dinheiro. E ele foi preenchido por algo quente que se instalou em seu estômago e ficou pensando em seu pai e em Harry e nunca seria capaz de agradecê-lo por ter evitado que o homem morresse, mas naquele momento ele estava realmente grato.

 

Ele encontrou Harry no Caldeirão Furado, o menino estava sentado numa mesa num canto mal iluminado com vários pacotes em seus pés e um copo cheio de bebida na mesa, havia outros três copos vazios e Harry encarava a bebida como se esperasse que ela lhe falasse algo.

— Não é um pouco cedo para beber?

Eles estavam na hora do almoço, se fossem rápidos ainda conseguiriam pegar o refeitório aberto.

— É estranho, não é?

— O que? — Tom sentou na frente dele, Harry não o olhava.

— Eu, você, tudo isso. Eu sei... Eu poderia entender... Eu entendo, sabe? É diferente e desconhecido, é estranho para mim também.

— Eu não sei do que você está falando.

Harry o olhou então e havia um tipo de fogo nos olhos dele, não era raiva ou aquele sentimento doloroso que ele via às vezes, vinha da bebida, ele achava. Mas Harry estava errado, Tom não sabia do que ele estava falando, embora fizesse uma ideia, mesmo assim era mais fácil ignorar.

— O brilhante Tom Riddle, o último herdeiro de Salazar Sonserina... — Harry falou isso mais alto e Tom olhou para os lados vendo se alguém estava prestando atenção neles. — Tem medo que eles descubram quem você é? O que você fez? O que você vai fazer?

— Harry... — Tom falou em tom de aviso, ele segurava a varinha por debaixo da mesa.

— Faça. — Harry deu um gole da bebida. — Que tipo de maldição você está pensando? Loremcaesa? Você parece gostar dessa. Não, muita sujeira e sangue para um lugar como esse. O brilhante Tom Riddle não cometeria esse erro. Algo mais sútil. Você quer que eu cale a boca, talvez Imperius? Você não teria problema em lançar uma imperdoável, não é?

— Você não me conhece. — Tom apertava a varinha com mais força.

— Você tem razão. — Harry terminou a bebida. — Eu não faço ideia de quem você é.

E ele simplesmente pegou os pacotes do chão e saiu do bar.

 

Se Tom achava que a relação entre os dois estava ruim ele não sabia o quanto poderia piorar. Harry não o dignava mais sequer um olhar e sempre que o via tinha aquela expressão de constante desagrado, como se estar no mesmo ambiente que Tom fosse algo excruciante. Tom quase não o via mais e se não fosse a mala jogada no canto poderia pensar que Harry tinha mudado de quarto.

Parecia que Harry só voltava quando Tom já estava dormindo e saia antes dele acordar, nem mesmo nas refeições ele o via mais e não sabia onde ele poderia estar se escondendo, mas o fato dele fazer isso trazia um sentimento de falso triunfo. Era isso que Tom queria, não? Harry distante, tão longe que garoto iria esquecer que o conhecia quando chegassem a Hogwarts. Tão distante que era como se Tom não o conhecesse também.

Tom tinha um objetivo, que começava com ele terminando Hogwarts e terminava com ele sendo o bruxo mais poderoso que já se ouviu falar. Todo o seu caminho até então desde que ele descobriu o que queria foi para conseguir isso, estudou mais do que todos os outros para ter um nível avançado de magia, fez conexões com pessoas influentes e tinha várias outras fazendo suas vontades. Ele sabia de sua própria importância, ele era de fato o último herdeiro de Salazar, a prova viva que sua magia era mais especial que qualquer outra.

Ele queria poder e reconhecimento, que todo o mundo bruxo soubesse o seu nome e de alguma forma o temesse e ele sabia o caminho que teria que percorrer para alcançar isso. Ele queria descobrir novas magias, algo que os bruxos comuns sequer poderiam imaginar, ele queria ser mais do que o garoto órfão abandonado e solitário.

E onde Harry poderia entrar em seus planos?

Tom não acreditava em algo como destino, que uma entidade superior colocava pessoas em seu caminho para testá-lo de alguma forma, mas ele quase acreditava que Harry estava ali para testar sua força e determinação e talvez essa sensação viesse daquele entorpecimento que vinha junto com Harry, a curiosidade sobre alguém que não deveria ser importante, atitudes tolas que ele jamais teve ou deveria ter com qualquer um. Coisas que ele considerava estúpidas e fracas vinham fáceis quando Harry estava por perto.

Mas aquilo não era nada demais, Harry não era importante, ele não era ninguém. E Tom esperava que repetindo isso vezes o suficiente em algum momento ele começaria a acreditar.

 

Era 1º de Setembro finalmente, Tom tinha arrumado sua mala na noite anterior e colocado tudo milimetricamente no lugar, já estava vestido e aguardava Harry na entrada do Orfanato, deu a ele espaço e tempo para que pudesse arrumar suas próprias coisas sem interferência e faltando meia hora para o trem partir Harry veio trazendo seu malão.

— Nós podemos ir.

Tom respirou fundo antes de começar a seguir Harry para King’s Cross, eles dividiram um táxi e estar naquele espaço pequeno com Harry era claustrofóbico, mesmo com o garoto olhando para fora da janela ignorando completamente a existência de Tom. Quando ele estava puxando o ar para falar algo, qualquer coisa, ele nem sequer sabia o que queria falar, o carro parou e Harry pulou para fora tão rápido quanto pode.

Ele foi caminhando na frente e Tom o seguindo de perto, a estação estava cheia como sempre, com os trouxas falando muito alto e andando sem prestar atenção ao seu redor e isso era bom, assim eles não percebiam as pessoas que sumiam entre a plataforma 9 e 10.

— Harry. — Tom chamou antes de Harry avançar mais, eles ainda estavam distantes da entrada, não queria chegar mais perto e acabar esbarrando em alguém conhecido. — Em Hogwarts...

— Não se preocupe, eu sei. — Não havia mais raiva, era só uma constatação pura. Ele tinha dormido mal na noite passada, Tom sabia por que em algum momento ele também acordou, e agora Harry parecia muito cansado. — Para todos os efeitos você é apenas o monitor-chefe, alguém com quem eu não tenho vínculo ou contato, alguém que eu sequer conheço. Nós nunca nos vimos antes.

Tom queria falar alguma coisa, ele sabia que tinha que falar, porque Harry estava olhando para ele, esperando e eles já tinham passado por muitas coisas naqueles poucos meses que se conheciam. Ele tinha que falar, mas tudo que precisava dizer Harry já havia dito e a única coisa que conseguiu fazer foi sustentar o olhar e viu a decepção preenchendo os de Harry.

— Estamos acertados então.

Mais uma vez ele via Harry dar as costas e se afastar e mais uma vez ele não fazia nada para impedir.



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