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História Common Denominator - Save Me


Escrita por: SahKatrina

Notas do Autor


Olaaaaaaar! VOCÊS NÃO SABEM O QUÃO FELIZ EU ESTOU DE ESTAR POSTANDO AQUI DE NOVO SCRR
Não vou encher as notas iniciais com pedidos de desculpas nem nada do tipo (até porque fiz um jornalzinho só para isso rs), okay? Então, boa leitura a todos e desculpe se vocês irão precisar reler os capítulos anteriores para lembrar da história.

Revisei o capitulo, mas pode ter passado errinhos despercebidos!

Capítulo 40 - Save Me


Fanfic / Fanfiction Common Denominator - Save Me

O dia estava muito bonito lá fora. Apesar de a primavera começar a despontar em algumas das árvores que enfeitavam ao longo das ruas do bairro, ainda se podia ver os resquícios do inverno, que deixara pequenos focos de neve pelas ruas, indicando que um dia as calçadas por inteiro haviam sido cobertas por eles. Era bonito de ver as flores começarem a tomar conta de tudo e tornar tudo mais colorido e cheio de vida. Aquilo me trazia esperanças de algo, apesar de eu não saber exatamente o que esperava.

Eu esperava por um futuro calmo, onde criar meus filhos fosse algo totalmente possível e normal, da qual eu não precisasse ter medo. No entanto, aquilo não seria possível. Não a partir do momento que minha mãe precisasse saber da gravidez. Não a partir do momento em que Justin soubesse da gravidez.

O mais velho sempre fora uma grande incógnita para mim, o que sempre fizera com que eu tivesse a certeza de que aqueles filhos não seriam bem vindos, principalmente agora que havíamos aceitado aquele pequeno detalhe. Partilhávamos do mesmo sangue. Porém, o Justin que vinha se apresentando diante de mim desde a noite em que me procurou de coração aberto... Aquele Justin parecia ser capaz de qualquer coisa por um filho. Sendo ele fruto de um pecado ou não.

Eu tinha medo do que aconteceria a partir do momento em que roupas não pudessem ser suficientes para esconder a protuberância perceptível em minha barriga. Quando “eu comi demais” já não servisse mais com o desculpas para uma barriga enorme. Em algum momento, tudo aquilo viria a tona, e eu não tinha a mínima ideia de como lidar com tudo o que estava por vir.

Eu já havia cogitado ir embora, mas isso não daria muito certo, visto que Justin me procuraria e acharia até mesmo no inferno. Essa havia sido a única opção que eu considerara. Sim, eu não sou muito criativa! Acontece.

  — Senhorita, eu acho que já está na hora de voltar. — A voz de um dos inúmeros brutamontes do Bieber que me vigiavam dia e noite, afastou todos os meus devaneios, causando uma pequena aceleração em meu coração. Fechei os olhos por um segundo, recuperando minha calmaria, então, os abri novamente e sorri cordial.

  — Tudo bem. Vamos voltar.

 

Dei meia volta e segui pela mesma rua que havia seguido para chegar até ali: uma rua qualquer num raio de duzentos metros da minha casa. Sim, eu não tinha muita liberdade. Não desde que Justin assumiu que Tom voltaria a qualquer instante para atacar a mim e a nossa família. Sua preocupação ainda se estendia um pouco mais a mim, já que eu havia atuado contra Tom alguns meses atrás. Vez ou outra, eu via Chaz ou Ryan fazendo vigília de frente a minha casa durante a madrugada. Eles passavam a noite ali para garantir nossa segurança e eu nunca me senti tão culpada. Eu sabia que eles estava trabalhando incessantemente durante o dia para contra-atacar Tom de alguma forma, e ainda precisavam passar a noite deles ali, acordados em um carro.

Justin também acabava por dormir diversos dias em casa. Ele chegava perto das oito horas da noite, jantava e ficava para assistir a um filme ou algum programa de variedade, então, quando se aproximava da meia noite, ele fingia estar dormindo. Quando mamãe via aquilo, ela se derretida toda — vamos combinar que Justin Drew Bieber dormindo é algo que consegue desarmar qualquer uma — e o mandava ficar. Geralmente ele dormia no sofá da sala e, durante a madrugada, quando eu descia para tomar água, podia ver que seu sono era leve e que uma arma repousava sob seu travesseiro. Pode acreditar, eu descobri isso da pior forma possível! Nunca, nunca mesmo, em hipótese alguma, faça algum barulho brusco perto de Justin dormindo. Ele é como uma máquina, ou um agente super treinado, que reage de modo assustador quando pensa estar em perigo.

 

  — Ally! — Pisquei repetidas vezes, saindo de meu próprio mundinho para ver Matthew sentado num dos bancos de meu jardim. Franzi o cenho. — O que? Não gostou de me ver?

  — Não é isso... Eu só... Faz muito tempo. Como soube aonde estou morando? — Indaguei, colocando um sorriso no rosto. Era bom ver um rosto conhecido, que compartilhasse comigo uma das partes mais importantes de minha vida.

  — Também sou um Bieber, esqueceu-se? — Sorriu abertamente, abraçando-me apertado. Percebi a agitação por parte dos seguranças que nos rodeavam e ele pareceu perceber também, pois se afastou rindo e com as mãos suspensas no ar, em sinal de rendição. — Opa! Estou em missão de paz, dude!

  — Está tudo bem, ele é primo de Justin — Expliquei, esperando que os três homens se afastassem um pouco mais.

  — Desculpe, mas o Sr. Bieber não falou nada sobre um primo, senhorita. — Um deles respondeu, mantendo-se em posição de defesa.

  — Eu posso garantir que ele não me fará mal, agora, por favor, me deem um pouco de privacidade! — Pedi, mantendo meu tom de voz neutro.

Ele suspirou pesadamente, mas acatou meu pedido, afastando-se minimamente. Sua carranca era de dar medo, confesso. Eles não gostavam de ser contrariados por mim, e eu também evitava contraria-los, já que eu não achava de todo ruim aquela proteção. Não estava em posição de recusar proteção naquele momento.

  — Justin exagera, às vezes, não? — Matt indagou quando nos sentamos no banco onde ele me aguardava pouco antes.

  — Para ser sincera, eu não penso assim. — Admiti. — Tom é perigoso e pode atacar por qualquer lado.

  — Bom, você está certa... Proteção nunca é demais. — Assenti. — E então? Como estão as coisas? Passamos um longo tempo sem nos ver.

Aproveitei minha tarde com Matthew para lhe confidenciar tudo o que estava guardando por todas as semanas em que estava de volta a minha casa. Contei sobre tudo o que se passava em minha mente, sempre omitindo minha gravidez, pois não achava que deveria lhe contar sobre isso.

Eu me sentia mais leve após despejar tudo o que se passava dentro de mim. Matt era o melhor quando o assunto era ouvir alguém que necessitava. Ele era compreensivo e dava poucos pitacos, falando quando era necessário, te confortando quando preciso. Ele era um ótimo amigo.

  — Eu preciso ir agora, mas eu quero te ver de novo. Podemos nos encontrar amanhã, o que acha?

  — Por mim está tudo certo. Eu só... Esses seguranças. É realmente desconfortável andar em público com eles em meu encalço.

  — Você pode dispensá-los. Você vai estar comigo, não tem perigo. Você sabe.

  — Eu sei. Só não sei como despistá-los.

  — Bom, você vai pensar em algo. Encontre-me naquela praça de alimentação no Centro da cidade. Se conseguir ir até lá sem eles, eu cuido do resto. — Piscou e eu assenti, rindo dele.

 

 

  — Mamãe, o que acha de fazermos comprar amanhã? Jazmyn, você e eu. Estou precisando de algumas roupas e acho que precisamos espairecer. O clima anda pesado ultimamente.

  — Eu não sei, querida. Só tenho a parte da manhã livre, você sabe.

  — Nós estamos de férias da escola, então, acho que não será um problema. — Jazmyn deu de ombros, pescando um pedaço de carne de seu prato.

  — Por mim, tudo bem. — Mamãe concordou, sorrindo abertamente.

Era engraçado como que, para ela, as coisas continuavam normais. Eu sabia dos seguranças, mas para ela, eles não existiam. Somente eu e Jazmyn sabíamos de tudo o que estava acontecendo ao nosso redor. Suspirei, continuando a comer enquanto sentia olhares nem um pouco amistosos da parte de Justin. Franzi o cenho, levantando meus olhos para si, questionando-o pelo olhar. Ele movimentou-os incessantemente, fazendo-me entender que ele queria conversar. Assenti minimamente, tentando indicar que conversaríamos depois, mas ele parecia querer conversar naquele instante.

  — Okay! Okay! — Exclamei irritada, fazendo minha mãe me olhar assustada. Jazmyn, no entanto, não pareceu ter alguma reação. — Desculpa eu... Eu vou no banheiro. Estou me segurando já faz um tempo.

Esperei mamãe assentir para me levantar e correr escada acima. Tentei indicar a Justin com os olhos que estaria em meu quarto, e esperei que ele entendesse. Suspirei pesadamente, fechando a porta atrás de mim e levou infindáveis minutos para que eu me assustasse com Justin esgueirando-se pela minha sacada.

  — Deus! Como você subiu por ai?

  — Eu precisei dizer a Pattie que ia buscar algo no carro para que não nos visse subir juntos. Eu não tinha nenhuma desculpa para subir aqui — Explicou, andando graciosamente até mim. — Faça nossa mãe desistir de sair — Pediu diretamente, fazendo-me franzir o cenho. — Eu compro as roupas que quiser e mando entregar aqui, mas a mantenha dentro de casa.

  — Por quê?

  — Veja, já é muito difícil proteger vocês três quando passam o dia dentro de casa, imagine fora. Você sabe o quão difícil é montar o esquema de proteção de Pattie sem que ela perceba que está sendo seguida vinte quatro horas por dia, sete dias por semana?

  — Mas nós não saímos há semanas. Mamãe vive de casa para o trabalho, do trabalho para casa. Ela também precisa sair um pouco. Eu e Jazmyn também. — Argumentei, mas até mesmo para mim aquilo pareceu idiota. — Vamos, Tom não vai nos atacar se sairmos por algumas horinhas. Você não precisa se preocupar.

  — Allyson, você mais do que qualquer uma das duas sabe do que ele é capaz. Eu te prometi que não permitiria que ele tocaria em um único fio de cabelo seu, mas se você não colaborar também, fica complicado. O centro da cidade parece um formigueiro!

  — Justin! — Resmunguei, fazendo birra. Eu queria sair e queria poder ir me encontrar com Matt sem me preocupar com aqueles brutamontes. — Eu vivi presa por meses, e agora parece que nada mudou! — Rebati e aquilo pareceu pegar em seu ponto fraco.

  — Eu juro que não sei o que fazer com você, Allyson! — Exclamou, as mãos nos cabelos, puxando-os brutalmente. — Você sempre fode comigo!

  — Eu sei que é complicado, mas, por favor...! — Pedi, juntando as mãos e fazendo um pequeno biquinho nos lábios. Justin olhou para mim e riu.

  — Você me dá medo, sua anã! — Exclamou, deixando um tapa leve me minha testa. — Tudo bem, vá fazer suas compras. Agora desça, elas vão achar que você desceu pela descarga, pela demora.

  — Você vai descer?

  — Preciso ligar para o Ryan e ver o que posso fazer por vocês amanhã. Vá na frente. — Pediu e eu assenti, dando de ombros.

  — Justin — Chamei, antes de deixar o quarto. — Obrigada. — Sorri, fechando a porta logo em seguida.

 

 

  — Tia, aquela blusa não ficou muito melhor nela? — Jazmyn perguntou a minha mãe, que estava escolhendo algumas calças para si, e a mesma assentiu — Viu? Se você comprar essa coisa florida e cheia de babados, eu juro que vou dar na sua cara!

  — Mas não é tão ruim.

  — Meu cu que não é tão ruim! Essa blusa é um lixo. Meu Deus, você está completamente fora da moda mesmo!

Ainda rindo do ataque de Jazzy sobre a blusinha, segui de volta para o provador, vestindo minhas roupas novamente. Já estávamos rodando pelo shopping há duas horas, e não tardaria para que minha mãe precisasse seguir para o seu trabalho. Havíamos passado por diversas lojas de todos os tipos de artigos. Roupas, sapatos, lingeries. Havíamos comprado o suficiente para um ano e eu já estava exausta. Infelizmente, meu pique já não era o mesmo de quando eu era uma adolescente ativa, que dançava e praticava esportes. Agora eu era uma garota sedentária e portadora de uma criança em meu ventre. Ou seja, meu ritmo diminuíra. E muito!

Aproveitei o espelho amplo a minha frente, e chequei mais uma vez minha barriga. Ela estava bastante evidente. Eu não sei se podia chamar de sorte ou azar o fato de que engordei bastante depois que voltei para casa. Quando digo bastante, não quero dizer dois, três quilinhos. Estou dizendo que engordei quase dez, ou seja, eu estava uma bola se comparado ao meu eu de quase um ano atrás. Isso me deprimia, eu admito, porém, também me era de grande ajuda, já que uma barriga de cinco meses — quase seis — e de gêmeos, era impossível de se esconder. A médica dizia que era comum uma pessoa que era tão magra quanto eu era antigamente, a barriga levar mais tempo para crescer, independentemente de ser gêmeos ou não, todavia, em minha cabeça, eu achava o contrário. Vê-la crescendo era bom para mim. Independente de todos os problemas.

  — Logo todos irão saber de vocês, meus pequenos! — Murmurei, acariciando-os. — A mamãe está muito ansiosa para conhecê-los.

Senti um leve movimento em minha barriga e sabia que eles estavam felizes por ouvir minha voz. Conversar com aqueles pequenos já havia se tornado meu passatempo preferido. Eles eram como meus pequenos companheiros, grudados a mim vinte e quatro horas por dia.

  — Querida, já escolheu o que levar? Eu vou passar no caixa! — Minha mãe chamou do outro lado da cortina cor de vinho.

  — Ah, sim, eu irei levar essas — Indiquei, entregando-lhe as peças e ela assentiu, seguindo até o caixa.

  — Já está muito evidente, Ally — Jazzy murmurou apenas para que eu pudesse ouvir, sua mão acariciando minha barriga levemente. — Vamos precisar contar.

  — Sim... Eu estava pensando em levar minha mãe na próxima consulta, daqui a uma semana. — Contei, esperando ansiosamente por sua reação. Jazmyn sorriu incentivadora.

  — Ótimo! Acho que tia Pattie vai gostar.

Eu discordava de minha amiga. Eu só conseguia imaginar em como contar a minha mãe que a filha mais nova dela havia conseguido duas crianças enquanto estava sequestrada. Se eu já recebia olhares tortos e repressores dos de mais, imagine agora! Mamãe ficaria desolada.

  — Vamos almoçar? — Dona Patrícia sugeriu, assim que se juntou a nós mais uma vez. Assenti, animada com a ideia de receber comida. Eu parecia uma draga atrás de comida vinte e quatro horas por dia e, apesar de ter usufruído um belo e farto café da manhã, eu me sentia faminta.

 

Quando mamãe se despediu de nós duas, levando nossas sacolas consigo, pediu que voltássemos de táxi para casa, já que eu ainda não havia tirado carta, e Jazmyn mais uma vez havia batido seu precioso carro. Tanto eu quanto Jazmyn achávamos que seria bom abusarmos mais um pouquinho da boa vontade de Justin e aproveitarmos dos poucos momentos de folga que estávamos recebendo. Fazia tanto tempo que não íamos ao cinema juntas... Não faria mal. Eu só tinha que me encontrar com Matthew ao entardecer mesmo.

 

Ledo engano meu achar que Justin deixaria nossa escapadinha passar batida. Não demorou nem meia hora para que eu recebesse uma ligação nem um pouco gentil dele, pedindo que voltássemos para casa e parássemos de nos arriscar daquele jeito.

  — Já estamos dentro da sala de cinema, Bieber. Não vamos sair agora. — Argumentei, respirando fundo para manter a paciência e não desligar na cara dele.

  — Allyson, deixe de ser imprudente e volte para casa! O número de seguranças próximo a vocês ai, não é o suficiente para te proteger devidamente — Explicou e eu não pude evitar sorrir ao ouvir isso. Seria ainda mais fácil conseguir escapar para ir ver Matthew em paz, sem brutamontes para me vigiar o tempo todo.

  — O filme está começando, Justin! Tchau, irmãozinho, nós te amamos! — Jazmyn puxou o celular de minha mão, desligando a ligação em seguida.

 

 

Quando deixamos a sala de cinema, ainda rindo como duas idiotas do filme, o relógio já marcava cinco da tarde. Eu havia marcado com Matt às seis. Eu e Jazmyn fomos abordadas por dois dos brutamontes, que não pareciam nem um pouco felizes. Eu já podia imaginar o quanto Justin havia os xingado por não conseguir dar conta de nós duas.

  — Acho que já está na hora de ir, senhoritas. — O maior deles ditou pausadamente, entre dentes. Semicerrei os olhos, incrédula com o modo como ele estava nos tratando. Não gostaria de ver o que aconteceria se Justin visse o modo rude como ele nos tratava.

  — Eu preciso ir ao banheiro antes. — Pedi, já começando a caminhar em direção a algum dos banheiros públicos dali. Em geral, eu sentia nojo de ir naqueles locais, já que raramente eram bem cuidados, mas naquele momento, foi a única opção que achei para poder escapar.

 

E escapar não foi complicado, sinceramente. O local estava cheio e para que eu me misturasse no meio da multidão não demorou nem dois segundos. Eu me esgueirei pela porta do banheiro, meu cabelo agora preso em um coque alto, curvando-me um pouco para parecer menor ainda, e os passos rápidos para não haver chance de ser pega. Em questão de minutos eu estava no local marcado, aguardando por Matthew. Iríamos apenas tomar um suco, comer alguma coisa e jogar conversa fora, Justin não podia implicar com aquilo. Sem contar que Matt também tinha treinamento — talvez nem tanto quanto Justin — o suficiente para me proteger e me entregar em segurança caso necessário.

Sorri assim que vi um carro luxuoso se aproximar, tendo certeza de que era um Bieber. Gostar de ostentar parecia ser de família. O carro parou em um rompante a minha frente e logo a janela foi abaixada, permitindo-me enxergar Matthew ali dentro, sorrindo e acenando daquele modo fofo que só ele conseguia fazer. Retribui, adentrando o automóvel rapidamente, olhando para os lados a procura de algum dos brutamontes.

  — E ai? Conseguiu se livrar dos seguranças? — Perguntou ansioso, fazendo-me arquear uma sobrancelha.

  — Sim.

  — De todos eles? Cada um? — Seu tom de voz parecia um pouco nervoso e eu estranhei aquilo. Era bem diferente de seu tom calmo e doce habitual.

  — Sim, Matthew. Cada um deles. Nós saímos para dar uma volta hoje e a segurança de Justin parece não trabalhar muito bem no meio de um aglomerado. — Brinquei, recebendo um sorriso torto e muito estranho do moreno.

  — Ótimo. Você ajudou muito, garota! — Agradeceu e logo as travas da porta acionaram, ao passo que o carro avançou pelas ruas de Atlanta. Eu senti um pequeno arrepio cortar minha espinha quando seu tom de voz alcançou meus ouvidos. Era um tom frio, cortante.

  — Para onde vamos, Matthew? — Indaguei desconfiada, após alguns minutos tentando assimilar seu comportamento.

Ele não me respondeu. Olhei pelos vidros escuros, tentando ver algum ponto de referência, mas em poucos minutos, a cidade parecia mudar. Entrávamos em uma área de prédios mais baixos, pinturas desbotadas, antigas. O tom alaranjado que o céu ganhava, tornavam as cores mais medonhas, e o ambiente parecia piorar. Era um bairro de ruas pequenas, estreitas e sujas, com pessoas nem um pouco confiáveis caminhando. Ouviam-se barulhos irritantes, gritarias e choro de criança desesperados como se estivessem sendo espancados. Aquilo fez com que meus hormônios a flor da pele queimassem e minhas mãos foram instintivamente até minha barriga proeminente, acariciando meus filhos.

  — Matthew — Chamei mais uma vez, vendo que cada vez parecia pior. Eu precisava de uma resposta. Eu me sentia a pessoa mais estúpida do mundo naquele momento, pois tudo parecia começar a se encaixar. — Por favor... Aonde estamos indo?

  — Quantos meses você está? — Sua pergunta me pegou desprevenida, e eu só consegui ofegar em resposta. — Quatro? Cinco?

  — Como...? Matt, não conte para o Justin agora, por favor! — Eu sabia que me preocupar com Justin naquele momento era a menor de minhas prioridades, mas foi a primeira coisa que se passou em minha mente.

  — Não se preocupe. Ele não ficara sabendo. — Seu tom de voz cortante fez meu coração dar um solavanco leve. Eu senti medo de Matthew pela primeira vez.  

E com aquilo, ele não me disse mais nada. O silencio sepulcral que caiu sobre o carro pelos próximos minutos, foi medonho. Eu sentia em cada fibra de meu ser que algo daria errado. Meu lábio inferior estava preso entre meus dentes com intensidade, pois eu não iria derramar meus medos ali, a sua frente. Eu não sabia para onde estávamos indo ou o porquê de ele estar fazendo aquele tipo de coisa, eu só queria que aquilo não passasse de um pesadelo longo e muito realístico. Eu sentia o pavor crescendo em meu estômago, ao passo que adentrávamos mais as vielas daquele bairro. Eu não tinha noção de onde estávamos ou para onde estávamos indo. Aquilo era apavorante.

 

Assim que senti o solavanco repentino do carro ao parar, meus olhos procuraram por qualquer mínimo detalhe que eu pudesse reconhecer, buscando algo familiar ou que me remetesse a algum lugar ou estabelecimento. Nada me vinha a mente, que já estava em um completo branco. Em um piscar de olhos, meu corpo foi puxado bruscamente para fora do carro, sem que eu percebesse que Matthew já havia deixado o mesmo.

  — Matthew, por favor! O que você está fazendo? Eu não consigo entender o que você quer de mim. — Eu estava começando a me desesperar com aquele clima, com aquele lugar, com aquele silêncio.

Estávamos em um beco qualquer, completamente deserto. A noite já havia assumido os céus da cidade e os sons que aquele bairro emitia não eram nem um pouco amigáveis. Eu me sentia em um filme, rezando para acordar daquele pesadelo o mais rápido possível. Abruptamente, meu corpo foi jogado contra o chão sujo e úmido, causando um impacto doloroso, que me fez gemer baixo. Meu quadril parecia ter se deslocado devido à dor.

  — Justin nunca foi um primo muito bacana, Allyson. Você deve imaginar, certo? — Matthew começou, seus passos calmos e pequenos, de um lado para o outro a minha frente. — Ele era sempre o melhor. O sobrinho preferido, o exemplo a ser seguido. Ele já sabia comandar tudo com treze anos, e com dezesseis ele assumiu tudo. Ele ganhou respeito e era temido aonde quer que fosse. Até mesmo em Stratford... Todos admiravam os feitos daquele moleque. Eu nunca liguei para isso, para ser sincero. Ele poderia assumir os negócios de toda a família, eu não me importava. Eu só queria ser alguém melhor do que eles. Alguém que merecesse minha querida Mary e seu filho. Eu só queria viver dignamente ao lado daquela morena maravilhosa. — Confidenciou, parecendo saudoso. Mordi o lábio, apreensiva sobre o ruma daquela conversa.

  — E o que eu tenho a ver com ele?

  — A questão é que Mary não está mais aqui, para me fazer querer ser melhor, você entende?

  — Eu sinto muito... — Murmurei, sinceramente sentindo muito por ele.

  — Não sinta. Sinta muito por seu namoradinho. Ele me tirou o que eu tinha de mais precioso, que era a minha mulher e meu enteado. Agora, eu irei tirar dele quem ele tem de mais precioso. Irei tirar seus filhos e a mulher que ele ama. Justin vai sofrer como me fez sofrer por todos esses anos. — Meus olhos se arregalaram em descrença. O que eu estava ouvindo era um absurdo e dos piores. Eu sabia que Justin não tinha um passado muito digno, mas eu não tinha participação alguma naquela merda toda. Meus filhos não tinham de sofrer. — Não era para acontecer exatamente assim. Eu iria te conquistar e te levar comigo. Iria fazer Justin se preocupar e sofrer quando descobrisse que a garota dele estava apaixonada por mim. Infelizmente, você não permitiu que acontecesse assim.

  — Você está se ouvindo? — Indaguei, sentindo minha garganta fechar com o forte choro que estava por vir. — Eu não tenho nada com o seu passado ou o de Justin, Matthew. Eu sinto muito pela sua perda, sério, mas meus filhos não têm que sofrer por isso. — Terminei, recebendo sua risada sarcástica e, admito, um tanto maléfica em resposta.

  — Não é assim que as coisas funcionam, nesse meio, minha querida. Vida se paga com vida, e a sua será meu presente para Justin. — Um frio passou por meu estômago e minha espinha se arrepiou, fazendo-me encolher no chão sujo e tentar me afastar.  

Aquele Matthew era completamente novo para mim. Eu nunca havia presenciado um momento de raiva do outro, mínimo que fosse. Ele nunca havia se alterado por algum motivo, ou mostrado que poderia ser tão assustador quanto Justin era nos primeiros dias em que cheguei a sua casa. Seus olhos estavam vidrados, brilhando sempre que mencionava minha morte e o sofrimento de Justin. O sorriso que se mantinha em seus lábios, fazia-me questionar se ele seria realmente capaz de cometer tal ato impiedoso. Ele mataria a mim e a meus filhos a sangue frio?

Minhas respostas pareciam se responder sozinhas, assim que suas mãos agarraram uma arma que repousava em sua cintura e sua expressão tornou-se algo sério e frio. Sim, ele nos mataria a sangue frio. Matthew tinha uma ferida interna, um passado em que passara anos oprimido pela grandiosidade de Justin... Ele tinha fúria guardada dentro de si. Uma chama de fúria que não se apagaria facilmente, a não ser com sangue.

  — Matthew, Justin irá atrás de você... Você sabe disso. Você sabe que ele irá te matar caso faça alguma coisa contra nós — Ameacei na esperança de que ele ao menos cambaleasse em sua convicção. Isso não aconteceu. Pelo contrario, ele apenas riu alto com minhas palavras.

  — Acredite, até que eles cheguem aqui, eu já estarei longe e Tom já terá a encontrado.

  — Tom? Você está com ele? Você e Tom estão juntos nessa palhaçada? — Indaguei incrédula. — Você foi tão baixo assim?

  — Eu não fui o único! — Acusou, fazendo-me franzir o cenho até que conseguisse assimilar suas palavras.

  — Você quer dizer que... Ellen também?

  — Chega de conversa, garota... Eu terei o prazer de te matar, e Tom completará o trabalho, expondo sua cabeça ao seu querido irmãozinho. — Ele riu. — Vocês são doentes, sabia? Você são dois doentes fodidos!

  — Você tem certeza de que eu sou doente? Olhe para você agora mesmo! Olhe como está descontrolado — Murmurei entre dentes. Antes que eu pudesse dizer qualquer outra coisa, fui surpreendida com o barulho ensurdecedor da arma sendo disparada contra o chão, bem ao lado da minha cabeça. Fechei os olhos, sentindo meu ouvido tapar no mesmo instante, devido ao barulho ensurdecedor, e todo o meu corpo se encolher em uma tentativa de proteger meus pequenos indefesos dentro de mim. Todo o meu corpo tremia apavorado, e meu coração parecia poder ser ouvido a quilômetros de distância. — Matthew! — Exclamei chorosa, clamando baixinho por sua clemência. — Eu não tenho nada com seus problemas. Por favor... Por favor. Não machuque meus filhos, não os machuque!

Enquanto Matthew gargalhava de meu desespero como um maldito lunático, vendo-me chorar e clamar por misericórdia a seus pés, um barulho alto de uma moto se aproximava. Aquilo pareceu acordá-lo de seu torpor sádico.

  — Serei bondoso e permitirei que deixe um recadinho para o seu irmãozinho — Informou, puxando seu celular do bolso traseiro de sua calça e o apontando rapidamente para a minha figura deplorável no chão daquele beco imundo. —Ande, fale para ele suas ultimas palavras. Fale! — Berrou. O som estridente daquele motor se aproximando ainda mais.

  — J-Justin — Sussurrei, chorando copiosamente. — Nos proteja, Justin. Por favor! — Pedi baixo, sentindo soluços escaparem por entre meus lábios. — Por favor.

A moto parecia cada vez mais próxima e Matthew parecia atento a isso, pois deixou de me gravar, apontando a arma firmemente para minha barriga. Encolhi-me mais contra o chão, fechando os olhos enquanto rezava baixinho. Eu nunca havia feito nada de errado em toda a minha vida, até conhecer Justin. Nossa relação sempre fora algo doentio, e me levou longos meses para chegar àquela conclusão. Eu sabia que nada que vivemos poderia fazer algum sentido. Éramos irmãos. Dividíamos o mesmo sangue, a mesma mãe. Ele havia me feito sofrer, havia feito com que eu conhecesse o inferno para em seguida me apresentar o paraíso. Havia me mostrado o monstro existente em si, para depois mostrar o ser humano que habitava aquela linda carcaça. Eu havia temido e odiado Justin, para então ama-lo com todas as minhas forças. Havia sido errado desde o começo. Havia sido hediondo desde o primeiro segundo.

No entanto...

Aquelas crianças. Nossas crianças. Elas eram o meu acerto. O nosso acerto. Elas eram o pedacinho de algo bom que aquele relacionamento havia trazido, e eu não podia amá-las mais. Justin também amaria, e eu sabia daquilo. Aquelas crianças podiam ser o inicio de algo bom dentro dele, e eu só queria poder vivenciar aquilo. Podíamos não ser mais um casal, não termos mais aquele ligamento romanticamente sádico que dividíamos... Mas essas crianças era o fio de esperança e amor que se deu a partir disso. Era a flor de lótus que nascia no lamaçal para limpá-lo logo em seguida.

Eu não queria perdê-las. Eu não queria.

E foi enquanto eu chorava e pedia a Deus em meus pensamentos para nos salvar, que o primeiro tiro foi disparado em minha direção. A dor gritante em minha coxa, fez com que minhas mãos descessem inconscientemente até o ferimento, desprotegendo meu ventre. O segundo tiro, fez-me curva no concreto e gritar por meus bebês. Mais um e eu sentia meus músculos tencionarem a cada fisgada. Meus filhos. Nossos filhos. Um quarto tiro foi disparado em meu estômago, e tudo o que eu consegui, após isso, foi escutar algo se chocando ao chão.

Dizem que quando você está a beira da morte, sua vida passa diante de seus olhos. Seus momentos tristes e seus momentos felizes. Todos reunidos como uma bela retrospectiva de final de ano. No entanto, eu só conseguia enxergar Justin enquanto meus olhos permaneciam desfocados do mundo real. Seus belos olhos brilhantes cor de âmbar. Seu sorriso brilhante da qual pude desfrutar em poucos momentos. Do “acho que eu te amo” acanhado e baixinho que ele dissera na piscina, logo após termos saboreado do corpo um do outro. Eu me lembrei de seus toques, de seus beijos. Desde o primeiro dia em que o vi de verdade, como um ser humano e não o monstro do início, até o momento em que pude ouvir os coraçõezinhos de nossos filhos. Eu me lembrei de cada momento bonito e de cada momento inesquecível. Também me lembrei de cada um dos momentos em que me fizeram querer morrer, mas todos tinham Justin ali. Seu rosto veio como um close em frente aos meus olhos e eu senti meus lábios repuxarem em um sorriso fraco e que não deve ter realmente aparecido. A pele clarinha, livre de muitas manchas, com uma pequena pinta ao canto direito do rosto, perto de sua boca rosa e cheinha; os olhos brilhantes e que remetiam a um pote de caramelo derretido, chamativos e cativantes; o nariz afilado e as sobrancelhas grossas e bem delineadas. Mais uma vez, eu vi seu sorriso. Ouvi sua risada no pé de meu ouvido, seguida de um gemido baixo, quase um arfar, que ele sempre liberava ao atingir seu ápice. Cada pequeno detalhe de Justin estava gravado em minha mente, mesmo que inconscientemente. Cada pequena lembrança estava gravada em meu inconsciente.

  — Allyson! Por favor, olhe para mim! — Pisquei, forçando meus olhos a se manterem abertos, tentando enxergar com clareza quem estava a minha frente. Pensei ser uma alucinação quando Ellen se pôs de frente ao meu rosto, uma expressão assustada e apreensiva em seu próprio. — Escute — Pediu alto e de vagar, deixando leves batidas contra meu rosto. — Eu já chamei ajuda, tudo bem? Uma ambulância está vindo. Mantenha-se consciente. — Pediu mais uma vez e eu tentei assentir como pude. Aquela dor cortante tomava conta de cada pequena ligação de meu corpo, e eu ofegava, sentindo o gosto amargo de ferro em minha boca.

  — Meus... B-Bebês! — Choraminguei, sentindo como se meu estômago estivesse dilacerado. Tossi, sentindo minha garganta seca, e ela praguejou.

  — Mantenha-se firme, por eles e por Justin, tudo bem? — Ao fundo, eu podia ouvir o som das sirenes se sobrepondo ao barulho ensurdecedor daquele bairro. — Olhe para mim, para mim! — Pediu, chacoalhando meu rosto.

  — Está doendo muito — Murmurei entre um gemido e outro. — Justin... Avise ele. Matthew... Ele está... Ele tentou... Justin...

Ela assentiu, suas mãos trabalhando agilmente para tentar estancar o sangue que jorrava de meus ferimentos. Eu apaguei assim que a sirene colorida tomou conta de todo o beco. 

Por que este lugar está tão escuro sem você?

É perigoso, estou sendo destruído

Salve-me, eu sequer consigo respirar, não consigo

Ouça os sons do meu coração

Está chamando por você

Nessa escuridão, você brilha tanto

Estenda sua mão e me salve

SAVE ME — Bangtan Sonyeondan (BTS)


Notas Finais


Música do capítulo: https://www.youtube.com/watch?v=GZjt_sA2eso (foi a primeira música que me veio a mente quando pensei no titulo do capítulo, não tem muito a ver, na verdade, mas é boa e vale a pena!)

Wooooow! Capítulo tenso, hm? Eu sei que vocês devem estar confusas com essa atualização repentina, surpresos, no mínimo! Por isso, eu fiz um jornalzinho explicando o sumiço e falando mais sobre as próximas datas de atualização,por favor,leiam ele, okay? Sério mesmo, leiam ele e me deem um retorno, por favor!
( https://spiritfanfics.com/perfil/sarakatrina/jornal/caros-leitores-8670097 )
Sobre o capítulo, eu já havia adiantado que essa gravidez seria para que acontecimentos futuros viessem a acontecer, e ai está... Ainda tem muita água para rolar (ou talvez nem tanta assim?), e já adianto que o final da fanfic (que está planejadinho em minha mentezinha) será polêmico (???)... Em fim, espero que vocês continuem comigo E LEIAM O JORNALZINHO, please.

Ah, e não vou me esquecer de agradecer aqui a @itstomlinson que virou minha leitora mais fiel e bebezinha particular (mesmo que ela nem saiba disso)! Foi ela quem fez a nova capa da fanfic (apreciem e elogiem muuuito,pois ficou um chuchuzinho) e é ela que vem me incentivando desde os primeiros capítulos, não apenas com elogios, mas também com críticas construtivas que sempre me faziam repensar todo o caminho que a fanfic estava tomando. E, claro, agradecer a todos os que comentaram e que continuaram a favoritar, mesmo depois de tanto tempo!
Em fim... Leiam minhas outras fanfics, okay? Se você gosta de kpop ou não, são fanfics muito boas, eu juro!
> O Crush da Cafeteria: https://spiritfanfics.com/historia/o-crush-da-cafeteria-6947401
> Complete: https://spiritfanfics.com/historia/complete-5844307
> Because I Love You: https://spiritfanfics.com/historia/because-i-love-you-5503582
> Instintos: https://spiritfanfics.com/historia/instintos-8213397
> Forbidden Love (HIATOS): https://spiritfanfics.com/historia/forbidden-love-532357
> Um conto de ano novo: https://spiritfanfics.com/historia/um-conto-de-ano-novo-4982374

E se querem saber quando irei postar novamente, leiam o jornalzinho!!

Até o próximos, baes! Obrigada, obrigada, obrigada, eu amo vocês!


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