História Common Opposites - Dúvidas

No dia seguinte, Sunggyu e Woohyun continuaram a conversar um pouco enquanto voltavam para matilha.

– Pergunto-me como estão os meninos. – Woohyun deixou escapar e Sunggyu deu uma risadinha.

– Já está com saudades dos meninos hein Woohyun?

O alfa sorriu pra si mesmo, envergonhado por ser pego.

– Acho que sim. Eles me conquistaram rapidamente, aqueles moleques.

– Sim, eles fazem isso. Se acostume.

Com sorte, os dois chegaram. Já era bem de tardezinha.

Sunggyu entrou na casa e anunciou sua chegada, Woohyun vindo logo atrás com as mochilas.

– Hyungs! – Sungjong apareceu da cozinha contente. Ele correu e abraçou o ômega, que sorrindo, retribuiu o abraço.

– Jongie. Como está?

– Cadê todo mundo? – Woohyun perguntou e Sungjong também o cumprimentou.

– Sungyeol-hyung está no quarto e Myungsoo-hyung tomando banho.

Ele estava sorrindo, mas de repente seu rosto desmanchou. Sunggyu percebeu isso e Woohyun também.

– O que foi? – Sunggyu perguntou alerta.

Sungjong desviou o olhar. Tinha certa apreensão ali.

Woohyun olhou em volta e percebeu algo.

– Sungjong, me diz o que houve! Onde está Hoya e Dongwoo? – Exigiu com seu charme de voz sem perceber e o maknae falou sem querer.

– Eles não estão aqui. Estão na casa reserva.

– Porque estariam lá?

– Foi ontem. Hoya-hyung começou a passar pelo seu Rut e então ele fugiu. Dongwoo-hyung estava perto demais e o seguiu. E eles não voltaram depois.

– Oh Meu Deus! – Woohyun disse pra si mesmo.

Os três ficaram em silêncio por um minuto.

– Você acha que eles se uniram? – Sunggyu perguntou Woohyun.

– Com certeza. Eles tinha um Imprinting, lembra? Não conseguiriam resistir um ao outro nunca.

Sunggyu não respondeu. Agora estava com a cabeça abaixada.

– Nós também achamos isso, por isso não fomos até eles ainda. Sungyeol-hyung disse que não era seguro, nem educado. – O maknae ficou um pouco corado com o que disse.

– Vocês fizeram bem. – Woohyun limpou a garganta, com uma tosse curta. – Um casal recém-acasalado não se separa por dias. E o alfa pode até matar quem chega perto do seu ômega nessa ocasião, de tão possessivo.  

– Hoya não os machucaria. – Sunggyu retrucou, ofendido.

– Não porque ele quer, mas o instinto fala mais alto em nós. Não tem como ser evitado.

Sunggyu virou a cabeça pro lado, não tendo gostado da resposta.

– De qualquer forma, é melhor deixá-los quietos e quando estiverem prontos, eles voltarão. – Woohyun concluiu.

– Mas e a comida e as coisas para eles? E se Dongwoo não estiver-

– Sunggyu, Hoya é o companheiro dele. Ele que vai cuidar do Dongwoo-hyung a partir de agora. Você não precisa fazer mais nada por ele.

O alfa disse tão sério que Sunggyu engoliu a seco com aquele olhar. Não gostava da resposta que recebeu, nem do que tinha acontecido, mas sabia que era a verdade cruel.

Aquilo ia acontecer mais cedo ou mais tarde. Porque fiquei tão inquieto?

– Vocês devem estar cansados. Acho melhor descansarem. – Sungjong quebrou a concentração deles que sustentavam seus olhares. Sunggyu assentiu e foi para seu quarto.

Woohyun observou o ômega dar as costas pra ele e entrar em seu quarto. Sentiu-se um pouco culpado por ter sido tão direto e realista.

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Hoya acordou inquieto.

Seus olhos abriram e ele se sentou na pequena cama imediatamente. Dongwoo não estava em lugar nenhum.

Se levantou e saiu atrás dele. Andou em volta da casa, mas nada.

Instintivamente, seus pés lhe levaram a um cheiro não muito longe dali. Dongwoo cantarolava enquanto trazia algo em seus braços.

– Onde você estava? – Perguntou desesperado e o abraçou sem hesitação. O mais velho se assustou por um instante, mas logo relaxou.

– Só fui buscar algo pra gente comer, Hobaby.

– Não vá mais tão longe de mim assim. Fiquei preocupado. – O alfa disse, distribuindo beijos no pescoço do menor.

– Yah. Vamos comer. Estou faminto. – Ele insistiu e empurrou Hoya um pouco, até conseguir andar de volta para o casebre.

Caminhou ainda sorrindo, quando não sentiu aquela presença lhe seguindo, se virou.

– O que está fazendo? Vem! – Chamou e o alfa foi.

Mais tarde, quando já estavam bem alimentados, os dois se deitaram na cama novamente. Dongwoo passou os braços na cintura do seu alfa e deitou no torso dele.

– O que foi? – Hoya perguntou do nada, depois de longos minutos num silêncio confortável que reinava entre eles.

– Você consegue sentir? A ligação. – Dongwoo riu para si mesmo.

– Claro que sim. Somos companheiro agora. – Ele se aproximou e cheirou o pescoço alheio, onde tinha a notável marca da ligação deles. O ômega virou a cabeça, expondo mais seu pescoço.

– Não é incrível?

– É. Incrível. Maravilhoso. Perfeito. – Hoya foi deixando beijos no local a cada palavra e Dongwoo deu risadinhas, sentindo cosquinha.

– Eu estava pensando o que Gyu pensará quando souber disso.

Howon franziu as sobrancelhas, descontente.

– Porque você pensando em outra pessoa enquanto estamos juntos?

– Ah… é só o Gyu! É que eu acho que ele vai surtar.

– Ele já sabia que tínhamos Imprinting. Woohyun também. Não é motivo para surpresa.

– Sim, mas mesmo assim. Foi tão repentino até pra mim.

Ouviu um suspiro ao seu lado.

– Desculpa. Eu também não queria que fosse assim.

– Mas eu não me arrependo. – Dongwoo se virou para seu companheiro. – Nós esperamos até demais. Eu passei muitos anos te amando e finalmente posso demonstrar para você.

Ele sorriu e Hoya o beijou, trazendo ele pra mais perto pela cintura.

– Eu te amo.

– Eu sei~

– Eu te quero fazer a pessoa mais feliz do mundo. – Hoya disse novamente.

– Eu também te farei muito feliz, Howon-ah. – Dongwoo se aproximou e gemeu quando sentiu outra onda do Rut chegar. Ele mesmo ficou por cima e beijou seu amor com toda a paixão que tinha dentro de si.

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Dias se passaram com as folhas da primavera. Dongwoo e Hoya já tinham voltado e tudo se resolveu.

As coisas na matilha tinha se estabilizado depois do clima estranho que o casal tinha deixado. Como era recente sua união, eles não se separavam ou poupavam demonstrações de afeto.

Um dia, porque faziam muito barulho de noite, Woohyun acordou e não conseguiu dormir mais. Foi ainda mais embaraçoso quando foi beber água e encontrou Sunggyu na cozinha. O barulho ainda ecoava pela casa e aparentemente, o líder estava de pé pelo mesmo motivo. Foi uma situação bem estranha.

Depois disso, os dois passaram a se evitar um pouco mais. O que era uma pena porque desde a viagem, tinham feito progresso nesse ‘relacionamento mais amigável’.

Não soube se era porque estavam com vergonha daquela noite ou por outra razão, mas Sunggyu também fazia o mesmo. Não foi tão difícil de acontecer.

Quanto a situação com o mais novo casal, depois de algum tempo, Woohyun não soube se tinham parado ou se ele já havia acostumado.

Mas para ele, algo ainda o incomodava por dentro.

A confusão depois de saber da morte do seu pai, se iria voltar para o sul e ficar na guerra. Não sabia por qual caminho seguir.

Ver Hoya e Dongwoo juntos também lhe despertou certa aflição. Vê-los tão apaixonados… fez ele se sentir solitário, apesar de ter pessoas à sua volta.

Pela primeira vez, ficou com inveja de um casal e quis ter seu próprio companheiro(a).

E junto com seus hábitos de pensar demais, parece que criou outro nesses dias.

Ele saía de madrugada para caçar ou simplesmente andar pela mata para sentir o vento bater em seu rosto.

Era perigoso e ninguém sabia disso, é claro. Ele saia silenciosamente de noite e como dormia no sofá, era mais fácil sair pela porta da frente sem acordar alguém.

Às vezes ia até o rio da cachoeira. Ficava parado vendo a lua, sentindo falta de casa.

Constantemente, não pensava em nada, também. Se perguntando porque vivia e se tinha uma missão na vida. Algo pra se sentir realizado.

Nada lhe vinha à cabeça e aquilo o assustava. Mas também, voltava a ser realista no momento seguinte.

Se a Mãe-Lua o colocou naquele mundo, ele era necessário.

As palavras de meu pai se tornaram meu conforto. Quem diria...

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Sunggyu já estava arrumado e pronto.

Esperou três minutos e então seguiu Woohyun, saindo de fininho da casa e o acompanhando sem que ele percebesse.

Tinha descobrido as caminhadas noturnas dele há alguns dias quando foi beber água de noite e sua curiosidade se aguçou.

Passou dias se perguntando se iria ou não atrás dele – afinal, ele podia ficar incomodado, querendo ficar sozinho e eles não estavam se falando muito também. Mas no final, decidiu que iria.

Se algo acontecesse com Woohyun, se algum caçador o pegasse, seria terrível.

De repente, percebeu em espanto que agora se preocupava com o alfa. Continuou o seguindo, sempre um passo atrás, com medo de ser pego.

Tinha percebido que Woohyun estava mais fechado, mais calado e cabisbaixo recentemente, o que era estranho vindo do alfa.

Viu que ele caminhou sem rumo por alguns minutos, mas depois foi ao caminho da cachoeira onde se sentou na beira. Woohyun olhava pro alto, parecendo pensativo.

Talvez ele ainda esteja de luto?

Também sentiu-se um pouco triste por vê-lo daquela forma.

– Você vai ficar aí pra sempre?

Woohyun disse e Sunggyu deu um pulo no lugar, percebendo que foi pego. Saiu detrás da árvore que estava e se mostrou.

– Você me viu?

– Acha mesmo que não senti seu cheiro enquanto você me seguia? – Ele perguntou, divertido.

Sunggyu corou, abaixando a cabeça. Aish… alfas...

– Desculpa.

– Você continua curioso como sempre, eu vejo. Da última vez que me seguiu, as coisas não deram muito certo, né?

– Aish.. nem me lembra daquilo. – Ele se aproximou e se sentou ao lado do alfa.

Por um instante, só houve o barulho dos grilos, do vento balançando as folhas das árvores e da água caindo na frente deles.

– Porque você veio?

– Eu apenas... vi você saindo. E fiquei curioso como você disse. – Sunggyu riu para si mesmo.

– Não deveríamos estar nos evitando?

O líder se virou para Woohyun.

– É isso que você quer? Eu.. não sei porque fizemos isso. Foi idiotice.

– Eu também acho.

Ou talvez foi necessário para tirarmos um tempo um do outro. E pensarmos sobre essa sensação estranha quando estamos perto um do outro. – Pensou Woohyun, mas não disse isso alto.

– Estamos bem então? – Sunggyu estendeu sua mão. Woohyun olhou distraído para os dedos pálidos.

– Pode ser. – Apertou as mãos dele e sentiu a palma quente. Soltaram-se logo em seguida.

– Você até que é legal para um nortenho. Parece que o sul te fez bem, Sunggyu.

– Yah! Não abuse da sua sorte. – Bateu na cabeça do menor. Woohyun riu. – Você ainda é mais novo que eu. Já passou da hora de me chamar de hyung!

O alfa sorriu sem graça, mas lentamente seu sorriso se desmanchou.

– Sabe… você não precisava vir, Sunggyu hyung. – Falou seriamente e tentou pela primeira vez usar a forma de tratamento. Gostou de como soou.

– O que quer dizer?

– Bem, eu não sou parte da sua alcateia. Você não precisa se preocupar comigo, na verdade.

– E isso te deixa triste?

– Uh? – Woohyun se virou e encarou o mais velho.

– O fato de não pertencer mais à nenhuma alcateia.

Woohyun desviou o olhar pro chão.

– Talvez…

– Você está com ciúmes da gente? – Sunggyu perguntava sinceramente.

– Não é isso. É que eu passei toda uma vida numa alcateia grande. Você sabe como é. Lá tem tantas pessoas, eles não precisam muito de você. Mas numa pequena, cada membro é importante. Cada pessoa é valorizada. Entende?

– Eu sei. – Sorriu um pouco. – Eu também fiquei receoso em começar uma nova alcateia quando fugimos. Fiquei pensando se era o que eu deveria fazer… se iria dar certo em vivermos juntos. Mas assim que achamos aquela casa, decidi que pelo bem de todos, faríamos funcionar. Sabe, há mesmo muitas coisas diferente entre a alcateia grande e a formada por poucos integrantes. É preciso mais união, diálogo, confiança e outras coisas a mais. Porém, a diferença mais importante para mim foi a independência.

– Independência?

– Sim. Lá eu estava sempre embaixo das asas dos meus pais, sob as ordens deles. Aqui não sou inferior, sou igual ao resto dos meninos. E sou eu que tenho que guiá-los.

– Uau, deve ser um bom ser um líder. – Woohyun disse com certo tom de inveja.

– Na verdade, nem tanto. Muitas responsabilidades vem com isso. – Suspirou Sunggyu.

– Bem, eu sei. Já fui líder de uma equipe de seguranças do Sul antigamente. Dar ordens é fácil, mas difícil é levar a culpa quando algo dá errado.

– Uau, você disse algo decente agora. Que raro.

– Haha, muito engraçado – Ironizou Woohyun, o que fez Sunggyu gargalhar. O humor de Woohyun melhorou um pouco ao ouvir a melodiosa risada.

– Quer saber? Porque você não se junta a nossa alcateia Woohyun? – Sunggyu perguntou de repente.

– O quê?