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História Como cães e gatos - Você é mais idiota do que parece, não é?


Escrita por: jofanfiqueira

Capítulo 14 - Você é mais idiota do que parece, não é?


“You, look as good as the day I met you, I forget just why I left you, I was insane (...)”, Closer de The Chainsmokers está tocando e eu me pergunto quão sádico o universo pode ser. Sério mesmo, isso só pode ser algum tipo de pegadinha. Olho para Fábio, ele está lindo em uma camisa social azul escura, gosto do modo como ele meche no colarinho quando nossos olhos se encontram. A coisa toda me pega de um jeito que preciso fazer um esforço enorme para retornar ao mundo, mas quando consigo, prometo a mim mesma que vou ficar o mais longe possível.

-Venham. – Luiza fala caminhando.

-Não vamos ficar junto deles, vamos? – Isabela questiona falando baixo – Porque eu não te coloquei nesse vestido pra sentarmos perto de dois casais e impedirmos os carinhas de chegarem na gente. Vamos só dizer “oi” e procurar um lugar perto de pessoas solteiras e bonitas.

-Ok. – Concordo sorrindo. – Aquilo era exatamente o que eu queria. Me divertir sem me preocupar com mais nada, nem com meu pai, nem com as minhas irmãs, nem com Fábio, principalmente. 

Nos aproximamos do grupo, Fábio está com as mãos no bolso, claramente desconfortável. Bruna passa a mão pelo seu braço, observo o toque e me sinto doente, fisicamente doente, com aquela proximidade. Cumprimento Lucas que está mais na frente, ele parece um pouco deslocado. Apenas aceno para de Bruna e Fábio, mas a garota o larga e me abraça.

-Manuela, que visual maravilhoso é esse? – Bruna pergunta.

-Os créditos vão pra Isa. – Respondo sem graça. – Ela praticamente me forçou.

-Eu adorei. – Luiza diz.

Conversamos um pouco sobre como a festa está bonita e coisas do tipo, um tempo.depois, eu e Isabela nos afastamos com a desculpa de encontrar a aniversariante.

-Você acredita naqueles dois juntos? – Isabela diz. Não respondo nada. Não quero pensar neles.

-Você conhece alguém aqui?

-Tem um pessoal com quem eu costumava estudar no Leal e que foi remanejado para outra escola, eles disseram que viriam, vamos encontrá-los. – Ela fala me arrastando.  

Achamos o pessoal e rapidamente nos enturmamos. A maioria são garotos, Isabela conta que costumava ficar com um deles e que pretende fazer isso novamente hoje, mas que não quer me abandonar. Eu a libero, mas ela insiste em ficar do meu lado.

-Bela, sua amiga não dança. – Um garoto loiro pergunta. Gosto do visual, um topete interessante, uma jaqueta.

-Acho que vou deixar a Manuela te responder. – Isabela diz me olhando.

-Eu sou ruim nisso. – Digo.

-Não é nada. Ela dançou um dia desses na escola e foi maravilhosa.

-Achei que você fosse me deixar responder. – Pontuo encarando Isabela, a garota sorri.

-Talvez só precise de algum encorajamento. – Ele diz me oferecendo um copo, acredito ser refrigerante e tomo um grande gole, a bebida desce queimando a minha garganta, me esforço pra não cuspir fora.

-O que é isso? – Questiono.

-Vodka. – Ele responde sorrindo. Devolvo o copo.  -Então, Manuela, que tal aquela dança agora?

-Eu nem sei seu nome. 

-Jonas. – Ele diz beijando a minha mão. Olho para a pista de dança e vejo Fábio com Bruna, eles estão se beijando. Mais uma vez questiono a ironia, deve ter umas duzentas pessoas nessa festa e eles estão dançando exatamente no meu campo de visão. Observo quando se beijam e tomo uma decisão.

-Vou precisar de mais disso. – Digo pegando o copo da mão do garoto, bebo o restante todo de uma só vez. Isabela me pede para ter calma, mas a ignoro. – Agora sim podemos dançar.

Jonas pega pela minha mão e me leva para a pista, dançamos algumas músicas, estou um pouco tonta e toda a dança não ajuda, então, quando menos percebo, estamos nos beijando.

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Vejo Manuela dançando a alguns metros de distância, ela está acompanhada de um garoto loiro, compartilhando um copo, acho que ela não parece bem, mas imagino que, talvez, seja só coisa da minha cabeça. Tento ignorar. Me encosto por um tempo, mas não consigo tirar meus olhos deles até que os dois se beijam e todo meu corpo fica tenso. Observo quando o cara passa as mãos pelo corpo dela, levantando um pouco do vestido.

-Tá tudo bem? – Bruna pergunta.

-Tá sim. – Minto. Ela se aproxima passando as mãos ao redor do meu corpo. Me movo lentamente tentando acompanhar a música, ela faz o mesmo. Quando olho novamente para Manuela, ela não está mais lá.

-Droga! – Digo irritado.

-O que foi? – Bruna pergunta. Apenas ignoro, é como se eu não pudesse pensar em mais nada, começo a andar em direção ao local onde Manuela e o garoto estavam – Fábio? O que houve? – Bruna questiona segurando meu braço. - Aonde você vai?

-Resolver uma coisa. – Respondo me soltando. Vasculho o local por alguns segundos e então caminho em direção à saída. Assim que saio da casa de festas, vejo Manuela encostada no muro a alguns metros de distância, o cara está parado na frente dela. Observo enquanto ele passa o rosto no de Manuela, suas mãos subindo pelas pernas dela. Não me seguro e vou até eles.

-Manuela?! – Digo sendo mais imponente do que pretendia. Observo o rosto de Manuela perder a cor.

-Quem é esse mané? – O cara pergunta. De perto, percebo que ele é da minha altura. Um pouco mais encorpado, mas aquela seria uma briga que eu perderia com prazer se fosse preciso.

-Mané é você! – Digo me aproximando. -E você vem comigo agora mesmo. – Afirmo encarando Manuela.

-Ela vai se quiser. E eu não acho que ela queria. – Ele diz.

-Manuela, eu não sei o que aconteceu, mas não faz isso...

-Isso o que Fábio? – Ela me desafia.

-Beber, ficar com esse cara. Isso não é você.

-Você não me conhece. – Ela diz.

-Eu quero te conhecer. – O garoto diz encostando novamente em Manuela. Meu sangue ferve, cerro os punhos.

-Se manda cara! – Ele grita me encarando. - Ou você quer assistir?

Não resisto e o soco no rosto. -Fábio! – Manuela grita. Ele cai, mas levanta rapidamente e dessa vez é mais rápido escapando da minha segunda investida, ele acerta meu estômago e eu sou amparado pelo muro.

-Já chega. – Manuela diz se colocando entre nós dois.

-Vamos embora daqui gata, vamos pra um lugar mais reservado. – Ele diz, mas Manuela não se move. Eu estou com as mãos fechadas esperando que ele se aproxime, um só passo na direção de Manuela e eu o ataco novamente.  -Você vem comigo ou não? – Ele questiona insistindo.

-Jonas, some daqui. - Ela diz. – Ou eu vou te acertar do outro lado e eu bato muito melhor que esse idiota.

Observo enquanto o tal do Jonas me encara, ele parece considerar se aquilo vale à pena. Manuela continua parada, imponente, se colocando entre nós dois. Então ele desiste e volta para a festa, assim que ele faz isso, eu me sento no chão com a mão no estomago, instantaneamente, Manuela se agacha colocando as mãos nos meus joelhos.

 – Você está bem?

-Ele ficou pior. – Digo.

-É. Mas ele não levou um soco no estomago. Machucou?

-Não tanto quanto ver você com ele. – Digo colocando a mão livre no rosto de Manuela. – No que você estava pensando, hein? Eu sei que as coisas não estão boas na sua casa, mas você não pode...

-Você é mais idiota do que parece, não é? – Ela pergunta irritada. – Acha mesmo que eu estou assim porque a Joana, a Bárbara e a Ju declararam a terceira guerra mundial?

-Então por que você...

-Eu preciso mesmo desenhar? – Ela questiona ficando ainda mais séria que antes, tenho vontade de colocar minhas mãos em seu rosto, de trazê-la para perto de mim, mas tenho medo de fazer algo que possa acabar com esse momento. - Você! Ou melhor, você e a Bruna. 

-Você disse que não queria nada comigo. – Argumento encarando seus olhos castanhos, aquilo me pegou de surpresa.

-E você disse que era louco por mim, mas parece que seguiu em frente bem rápido.

-Acha que eu segui em frente? – Pergunto não conseguindo conter uma risada.

-Do que você está rindo? – Encosto meu rosto no dela.

-Manuela, porque você acha que eu vim aqui fora? A ideia de você com aquele cara... meu Deus...eu estava morrendo de ciúmes.

-Ciúmes?

-Sim. Achei que o quanto fui patético tivesse deixado isso claro.

-Não deixou. – Ela responde.

-Eu vou me esforçar pra ser mais claro. – Digo beijando-a. Sinto o gosto da vodka em sua boca e paro. -O quanto você bebeu? – Pergunto separando nossos lábios.

-Apenas alguns goles. – Ela responde.

-Então vamos parar por aqui. – Fico de pé trazendo-a comigo. – Manuela me abraça enterrando seu rosto no meu peito.

-Eu não quero parar. – Ela diz.

-E eu não vou ficar com você bêbada.

-Não estou bêbada Fábio. – Ela afirma apoiando o queixo no meu peito e me olhando de baixo, encaro seus olhos. Como ela é linda, tê-la ali, nos meus braços, era tudo que eu queria.  

-Eu vou te levar para casa e amanhã, quando você estiver bem, nós conversamos.

-Você está sendo injusto. – Ela fala fazendo algo que eu ainda não tinha visto: sendo manhosa.

 -Manuela..

-Manuela? – Isabela pergunta. Manuela se afasta sobressalta pela inesperada presença da amiga, eu não me movo. – O que aconteceu? Eu estava te procurando e o Jonas falou que você estava com um carinha... – ela me olha por alguns segundos. Estávamos mesmo num momento de intimidade do qual a única conclusão possível era aquela.

Manuela explica o que aconteceu, ou o mais próximo que se pode chegar disso cortando totalmente a minha participação no ocorrido. Apareço apenas como um coadjuvante que surge para ajudar a mocinha depois que o vilão foi embora.

-Ele tentou se aproveitar de você? Eu não deveria ter deixado vocês sozinhos, mas achei que você tivesse algum juízo. Venha, vamos retocar esse batom e voltar para festa. Por sinal... – Isabela afirma me encarando. – A sua namorada estava te procurando alguns minutos atrás.

Manuela me olha rapidamente, percebo em seus olhos que ela se sente culpada, quero dizer que é tudo culpa minha não dela, eu não deveria ter me envolvido com Bruna, eu sabia que acabaria machucando a garota.

-Eu não voltar para a festa. – Manuela afirma.

-Manu, eu quase nunca posso sair num sábado à noite, por favor, vamos ficar. Ainda nem são onze horas.

-Você fica, por favor, fique. Eu não vou me perdoar se você for embora por minha causa.

-Tem certeza?

-Tenho. Apenas se desculpe com a Carlinha por mim.

-Você vai ficar bem sozinha? – Isabela insiste.

-Eu vou deixar a Manuela em casa. -Afirmo.

-Tudo bem. – Isabela diz. – Então eu não vi nenhum dos dois. Porque a obviedade disso é excessiva.

-Obrigada. – Digo meio sem jeito.

-Não é por você. – Isabela retruca me encarando.

Quando a garota se afasta e pego Manuela pela mão e atravessamos a rua, paro na lanchonete e compro uma água. 

-Fábio.. – Manuela fala colocando a mão na minha nuca. - O que vamos fazer?

-Agora, você vai tomar um pouco dessa água. – Digo entregando-a a garrafa. - E depois disso, eu vou te deixar em casa.

– Eu não quero ir para casa agora. – Manuela diz.  -Ainda é cedo. Eu não quero ficar sozinha. - Ela fala apoiando a cabeça no meu ombro.

-Não é seguro ficar no meio da rua Manuela.

-E fossemos para minha casa? – Ela propõe. - Meu pai está viajando e minhas irmãs devem estar fora. A Bárbara disse que não mora mais lá e a Juliana, bem, eu não sei muito bem o que está acontecendo com a Juliana.

-Eu não acho que seja uma boa ideia. – Afirmo.

-Eu não estou bêbada Fábio. E eu prometo não te beijar se você não quiser. – Ela diz deixando a garrafa de lado. Manuela aproxima sua boca da minha, por sorte, meu telefone toca impedindo o beijo. Observo o nome da minha irmã na tela e atendo, ela pergunta onde estou e o porquê de ter deixado Bruna sozinha.

-O Thiago precisou de mim e então eu tive que sair correndo. – Minto. – O Lucas vai te deixar em casa, certo? Antes da meia noite.

-Você não é meu pai. – Luiza diz.

-Não sou, mas esse é exatamente o horário que nossa mãe diria. Qualquer coisa me liga, ok? – Digo me despedindo.

-Então você vai pra minha casa? – Manu pergunta com um grande sorriso no rosto.

-Vou. E eu tenho certeza de que vou me arrepender disso. -Afirmo. 


Notas Finais


Dia 26, como prometido. Espero que tenham tido um bom Natal!


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