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História Como Conheci Sua Mãe - Anavitória - Capítulo 6 - Ana Clara Caetano


Escrita por: passarinhando

Capítulo 7 - Capítulo 6 - Ana Clara Caetano


Algum dia de 2031.

Terminei de me arrumar e fui no quarto da Sol checar as minhas meninas. Vitória já estava terminando de vestir nossa filha com uma calça pega-marreco preta e uma blusa branca com babados.

Em pé em cima da cama, minha filha ergueu os bracinhos pra mostrar o look do dia, toda sorridente.

"Tô igual as mamães!" Ela falou, fazendo graça.

"Tá linda, meu amor!" Peguei-a no colo e dei um beijo estalado em sua bochecha.

"Só falta eu, Ninha." Vitória falou de um jeito engraçado e eu ri. Soltei Clarinha no chão e fui ajudar a Vi - que ainda estava com os cabelos molhados e uma toalha em volta do corpo - a se arrumar. Nossa filha sentou na beirada da cama e ficou nos observando, conversando com a gente.

Explicamos que iríamos a um programa de entrevista, que a tia Mari nos convidou e lá ela iria conhecer a Luiza - a Possi -, que também é amiga do tio Tiago. Eu e a Vitória tentamos explicar que era importante e que ela devia agir como uma mocinha comportada, mas achamos divertido ela achar que aquilo era tipo uma reunião familiar. Era a realidade dela afinal de contas, completamente diferente da nossa no começo de carreira.

Lá pra 2015...

Entrevista com certeza era a pior parte. A Vitória só tava ali inteiramente pela música, e com toda razão, era o que ela se jogava completamente de cabeça e não queria ficar se explicando o tempo todo. E eu tinha a coisa toda com a timidez, a preocupação de responder perguntas, sejam elas simples ou não, sem parecer automatizada ou coisa do tipo.

Com o tempo a gente foi ganhando desenvoltura, afinal de contas eram basicamente as mesmas perguntas sempre, e no final ganhamos liberdade de falar só o que a gente queria. E, como a Vitória disse desde a primeira entrevista:

"Eu vou tá sempre aqui." Ela sussurrou no meu ouvido e pegou na minha mão. "Pertinho de tu, do teu lado." Apesar de ser a parte mais chata do nosso trabalho, foi ali que a gente soube que não faríamos aquilo sem a outra. Em nenhum aspecto, seja profissional ou romântico. Até quando decidimos não fazer mais.

De volta para 2031.

"A música se renova." Vitória começou a explicar, quando concordamos com a Luiza que falaríamos do fim do duo pela primeira vez na mídia. "Tem artista que consegue se reinventar e acompanhar, mas nem sempre." O que ela queria dizer é que o fim do duo, a princípio, nada tinha a ver com a nossa vida pessoal. "Com Sandy e Junior foi assim, lembra?" Ela citou a dupla que marcou o cenário pop do Brasil nos anos 90 e, assim como nós, eram vistos como um só, mas que no começo dos anos 2000 decidiram se separar sem nenhuma briga ou desentendimento entre os dois.

"A gente achou que seria uma atitude em respeito aos fãs, inclusive." Eu completei. "Sabe, uma história mal acabada às vezes anula a história inteira, e era isso que a gente não queria."

"E eu continuo sendo a Vitória, ela continua sendo a Ana." Vitória falou daquele jeito simples e fofo que me arrancava um sorriso de orelha a orelha. "Isso que importa."

"Histórias lindas merecem um ponto final à altura, né?" Soltei, sem saber se ainda estava falando só pelo lado profissional do duo. Discretamente Vitória pressionou a mão na minha cintura, por trás do meu corpo.

"Mamães!" Solzinha chamou da platéia. Felizmente não atrapalhou a entrevista porque o som era só dos nossos microfones.

A câmera fechou na Luiza, que se esforçou pra seguir a entrevista normalmente enquanto nossa filha nos mandava beijos e a gente acenava e mandava beijos de volta, rindo da cara da Mari desesperada por não conseguir conter a criança. Quem diria, a mesma produtora que conteve todas as nossas fãs adolescentes, driblada por uma criança!

"Ponto final?" A Luiza emendou, mantendo o profissionalismo. "Sem planos para o futuro, então?"

Ainda em 2015.

De todas as perguntas de praxe que nos faziam, aquela era o que a gente nunca saberia responder. A gente nunca teve pretensão nenhuma de ser nada. O nosso primeiro passo em direção a formação do duo foi com "Um Dia Após o Outro" e combinamos que sempre pensaríamos assim.

Falar assim parece que tudo aconteceu de graça e do nada, que tudo deu certo por sorte e cada coisa boa caiu de presente no nosso colo. Não foi assim. Sabíamos o quanto éramos privilegiadas pela oportunidade que tivemos, mas a partir dali, só colhemos o fruto do nosso trabalho.

"A gente caminha e luta pra crescer" Vitória respondeu. "Mas o que vier, veio"

O que mais me encantava na Vi era a simplicidade com que ela lidava com as coisas. Entrevistas como aquela me apavoravam: qualquer coisinha que a gente falasse podia ser mal interpretado e virar uma coisa enorme. Até a edição poderia fazer isso. Era muito imediato, e alcançava proporções imensas.

E eu nunca poderia perder a noção disso, porque desde as perguntas mais básicas, tipo "como vocês se conheceram" ou "a primeira vez que conversaram", e qualquer outra coisa que não fosse exclusivamente sobre nossa vida profissional, tudo nos lembrava o nosso relacionamento e eu não podia simplesmente sair falando. E eu sabia que ela estava pensando também exatamente a mesma coisa. 

"Então..." Daquela vez, foi a Vi quem respondeu. "A gente se conhece toda vida, mas..." a resposta era programada, mas mesmo dentro do script a troca de olhares entre nós duas não nos impedia de automaticamente lembrar daquela festa, do quase beijo que virou promessa a ser concretizada em um outro dia. Foi só aquele olhar encontrar o meu que me teletransportou pra uns 2 anos antes. 

Aquele dia de 2013.

"Espera." Mesmo com o corpo inteiro formigando pela proximidade dela a mim, consegui me afastar antes que fosse tarde demais. "Aqui não dá. Tem muita gente conhecida." Expliquei, falando numa distância ainda perigosa, mas que era justificada pelo som alto. 

Ela não falou nada, só arqueou a sobrancelha. "Eu vou te recompensar." Sussurrei no ouvido dela. "Prometo!" E beijei os meus dois dedos indicadores cruzando-os em sinal de promessa.

"Eu vou cobrar, hein" Ela soou impaciente, mas depois esboçou um meio sorriso demonstrando que tudo bem. Sorri de volta e, na ponta dos pés, dei um beijo demorado no cantinho da boca dela, e saí sem esperar por uma reação. 



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