História Como contar pra mamãe que você é lésbica - Alguém para chamar de amiga

Músicas são meu mundo, perdi as contas de quantas vezes elas me impediram de fazer besteira, mesmo quando ainda era uma ''pessoa normal''. Hoje as escuto mais do que nunca, acho que nessa escola não tem uma alma viva que tenha me visto sem fone...

Elas me levam a um mundo totalmente distante, a um lugar mágico onde posso ser o que quiser e escolho meu passado, presente e futuro, onde não me dói o peito toda vez que penso nela... Eu fico praticamente catatônica as ouvindo, se alguém falar comigo eu não respondo, nem ouço o que foi dito, eu só me entrego aos ritmos contagiantes que me fazem flutuar de uma galáxia a outra, onde sou a dona de meu universo. Aula após aula é assim, eu nem me movo.

Ela fica tão linda, assim, tão serena. Seus cabelos loiros se agitam levemente, ao menor e mais suave toque do sopro cálido de vento, que adentra a sala de aula. Seus olhos cinza são congelados em um ponto fixo, e vez ou outra, os cílios grossos e fartos os cobrem vagamente, os dedos batucam na carteira ao ritmo da música que escuta.

Ela parece vazia, como se não estivesse ali de fato, mas prefiro isso á expressão de desespero que carrega em seus olhos todos os dias, eu ainda vou abraçá-la e dizer que tudo está bem, que tudo ficará bem. Mas enquanto esse dia não chega, oro á Deus que ela não cometa nenhuma insanidade.

Sim, nem sei como aconteceu ou em que momento da minha vida aconteceu, mas eu me apaixonei por Jhennifer Rose Collins. O sinal tocou, hora de falar sobre essa história de vigilância.