História Como deve ser! - Motivo

Quando chegou ao inicio da noite eu já estava vestida esperando para que o V chegasse. Ainda estava sentada perto da janela olhando lá pra fora. Desde que eu cheguei aqui ainda não tive oportunidade, quer dizer, ele, o senhor Chul não se aproximou de mim. Tipo, não tivemos um momento a sós.

Não é que eu tenha esquecido o que ele fez a mim, mas eu gostaria de poder voltar a ter aquele abraço aconchegante que recebi quando era criança. Sei agora que aquele abraço não foi tão real como eu pensava, pois ele me deixou naquele lugar. Mas ainda sim eu queria sentir... Eu queria meu pai de volta.

De repente bateram na porta do quarto e eu saí dos meus pensamentos indo atendê-la.

- Oi.

- Senhorita Boyoung, você tem visita. (Era a outra moça que trabalha aqui.)

- OMO! Obrigada. Eu vou descer num minuto.

Dei outra olhada no espelho e corri descendo entusiasmada por poder ver o V. Acabei passando na frente da menina que descia as escadas e assim que cheguei lá embaixo em meio a sorrisos eu me deparo com Rap Monster parado no meio da sala.

Meu coração gelou na hora.

- Oi Flor! (Ele disse com um sorriso, mas antes que eu pudesse responder o cumprimento dele a Ellin apareceu descendo as escadas e pulou em cima do Rap Monster e o beijou de forma provocadora.)

- Namjoon! Meu amor que bom que você veio me ver. (Ela disse, eu ainda estava parada olhando pros dois.) – Algum problema Flor? (Ela me olhou agora.)

- Não. Nada não.

- Acho bom. Venha Namjoon, vamos pro meu quarto, quero fazer uma coisinha contigo. (Ellin disse sorrindo ainda mais debochada do que antes. Rap Monster me olhou sem jeito e os dois foram subindo as escadas.)

- Eu pensei que a visita fosse pra mim. (Eu disse olhando pra moça.)

- Mas, é pra você sim. Ele está lá fora, não quis entrar. Eu ia avisar a senhorita, mas é que saiu correndo e...

- Obrigada! Obrigada.

Eu corri de novo e dessa vez eu iria encontrar meu amigo e não o Rap Monster com aquele olhar que eu tanto amo. Assim que cheguei lá fora V estava parado olhando pro nada eu dei um pulo assim que cheguei perto dele.

- Aigoo! Você me assustou. (Ele disse com a mão no peito.)

- Desculpe V, não era bem minha intenção. Eu senti sua falta. (O abracei.)

- Eu também senti a sua. Mas e aí me conta. Quanta novidade foi essa em tão pouco tempo que passei fora? Mudou de casa, conseguiu um emprego, terminou com o Jin...

- Eu não terminei com o Jin.

- Não?

- Não. Eu apenas disse que queria um tempo... Bem, venha vamos entrar pra conversar direito.

- Não, acho melhor não. Não quero ver a sua irmã.

- Ela foi pro quarto com o Rap Monster. (Eu disse fazendo aquela carinha e com voz de deboche.)

- Mesmo assim, acho melhor não.

- Então vamos sentar ali no terraço, ficamos mais confortáveis.

- Tudo bem. (Eu peguei a mão dele e fomos até as cadeiras.)

- Desculpe ter trago o Rap Monster comigo.

- Foi você que o chamou?

- Foi sim, ele disse que não iria vir hoje aqui. Mas, como eu não sabia onde ficava essa casa eu pedi que ele me acompanhasse.

- Eu achei que você iria pedir ao J-Hope.

- Ele ainda não tinha chegado do trabalho.

- Entendo. Quer dizer que ele não queria vir?

- Não! Disse que se sentiria constrangido com você aqui, e que você iria achar que ele estava vindo só pra te provocar. Você pensou isso Flor?

- Não, acho que não... (Eu fiquei pensativa um instante.) - Então você ficou de me contar uma coisinha bem importante.

- Que eu saiba estávamos falando de você e não de mim.

- Ah, pára com isso V. Me conta logo. Somos amigos, não confia em mim?

- Confio sim Flor.

- Então me fala. Qual o motivo de suas viagens? (V ficou um minuto calado, olhou pro chão como se quisesse medir as palavras que estava prestes a dizer pra mim.)

- Lembra quando eu disse que estudei um tempo com sua irmã em um curso?

- Sim.

- Eu gostava dela. Só que ela tinha prazer de me espezinhar só porque eu não tinha grana e era bolsista. O fato dela sempre me colocar pra baixo e me tratar como se eu fosse um ninguém me fez prometer uma coisa a mim mesmo.

- O quê? (Eu estava atenta a cada palavra.)

- Eu iria mudar, de algum jeito ou de outro.

- E o que você fez V? Não vai me dizer que você está metido com tráfico ou com contrabando, porque se for isso eu não sei mais se vou continuar com bons olhos em relação a você e...

- Quer me deixar falar?

- Desculpe.

- Não é nada disso que você está pensando, é que tipo, nesse mesmo curso havia uns garotos que não chegavam a ser meus amigos, mas de vez em quando a gente trocava uma ideia e eles sempre presenciavam as humilhações da Ellin.

- Isso foi há quanto tempo?

- Há uns três ou quatro anos. Enfim, eles acabaram me falando de uns lances que eles faziam e que rendia uma boa grana, pra quem soubesse administrar é claro.

- Aigoo garoto das bolhas. Deixa de suspense, fala logo o que você faz.

- Eu sou pago pra sair com mulheres.

- Hãn? Você é garoto de programa? (Eu estava de boca aberta.)

- Não! Não Flor, não é isso, também o que eu queria falando desse jeito... É tipo assim, eu sou pago pra sair com elas, mas apenas para fazer companhia. Não tem sexo envolvido, existem muitas mulheres solitárias pelo mundo a fora que precisa de amigos pra uma boa conversa ou que querem impressionar as amigas fingindo ter encontrado um príncipe em uma viagem, coisas desse tipo.

- As mulheres pagam pra você fingir? E onde você as conhece?

- Eu fiz um perfil em um determinado site e lá coloquei algumas informações. Daí elas me procuram...

- E você sai com qualquer tipo? Que loucura jovem.

- Sim. Quer dizer, eu não costumo sair com mulheres aqui da cidade. Pois não quero os conhecidos comentando sobre isso ou até mesmo minha família. Eu saí de casa e fui morar lá no galpão justamente por isso.

- Sai apenas com mulheres de outras cidades?

- É sim.

- Mas, tipo, o que a Ellin tem a ver com isso?

- Em um determinado momento ela acessou o site e me contratou pra fingir algo.

- Hãn? Repete. (Minha boca estava ainda mais aberta.)

- Ela queria me contratar pra fingir que eu era namorado dela.

- Espera, ela te contratou? E se ela te conhecia como que teve coragem de fazer isso?

- Ela não sabia que era eu. Assim como eu não sabia que era ela. Depois de alguns dias conversando no chat é que eu fui percebendo.

- E mesmo assim você quis sair?

- Sim. Como eu disse, gostava dela.

- Me explica isso direito.

- Ela acessou o site porque queria uma companhia pra uma viagem que ela ia fazer com umas amigas antigas e como provavelmente ela fingia pras amigas que estava namorando ela quis levar um “namorado” pra essa viagem e acabou encontrando meu perfil.

- E como ela não te reconheceu na foto do perfil? Sim, porque provavelmente deve ter uma foto sua no perfil.

- Eu uso apenas a foto de minha boca, não é a foto do meu rosto. Como disse não quero que as pessoas me reconheçam. Ela disse que gostou do meu perfil por causa do meu jeito descrito nele, ela disse que combinava com o dela. Gostamos das mesmas coisas.

- Ta, mais e aí vocês chegaram a se encontrar?

- Sim. Combinamos de nos encontrar em outra cidade que fica aqui perto, e no momento que ela percebeu que era eu sua cara só faltou cair de vergonha.

- Aigoo, eu imagino. Mas, e o que ela fez?

- Ela prosseguiu com o contrato, afinal de contas o dinheiro já estava na minha conta. E ela não podia mais voltar atrás com a sua viagem “perfeita”.

- Nossa, eu to chocada.

- Depois dali nos fomos até um café e combinamos tudo, iríamos encontrar as amigas delas e seus namorados no aeroporto dentro de três horas e esse foi o tempo em que combinamos tudo que iríamos falar.

- Não acredito que a Ellin teve coragem pra isso. Mesmo te conhecendo, mesmo depois de tudo que ela fez a você ainda sim ela quis prosseguir com esse plano.

- Pois é, eu já tinha aceitado, não podia voltar atrás. Além do mais já tinha gastado metade do dinheiro comprando roupas chiques pra essa tal viagem, iríamos pras Bahamas.

- OMO! Faz quanto tempo isso?

- Foi o ano passado, mais ou menos no inicio do ano. As amigas dela ficaram encantadas comigo, eu realmente agi como um namorado perfeito.

- O que aconteceu depois?

- Depois que tudo estava combinado e que nos encontramos no aeroporto com suas amigas ricas e mimadas iguais a ela e seus respectivos namorados nós embarcamos e fomos. Ellin pagou tudo, claro. Antes quando estávamos combinando ela me deu tanto dinheiro pra que ficasse comigo e assim parecesse as outras pessoas que era eu que pagava tudo.

- Nossa.

- Lá no hotel caríssimo e chique tivemos que ficar no mesmo quarto ou iríamos levantar suspeitas. Nas duas primeiras noites, ela me fez dormir no chão daquele lugar.

- Não acredito que ela fez isso.

- Quando estávamos sozinhos ela fazia questão de jogar na cara que eu só estava ali por causa dela, que nunca na minha vida eu ia ter condições de poder bancar uma estádia em um lugar como aquele.

- Ellin se acha superior a todo mundo.

- Já quando estávamos na frente do pessoal ela se mostrava apaixonada e me abraçava, e eu retribuía as carícias. Claro, eu de certa forma quis me aproveitar da situação.

- Não sei como você teve coragem pra fazer isso V. Quanto tempo vocês ficaram lá?

- Uma semana inteirinha.

- E qual o argumento que ela te deu pra justificar o motivo de te contratar pra fazer algo desse tipo?

- Ela disse que não precisava me explicar os motivos, que eu estava ali apenas para servi-la da forma que ela quisesse. Pois, era ela que tinha a grana.

- Bem típico dela.

- Só que na terceira noite de estádia, nós ficamos com o pessoal no bar do hotel até tarde e nós acabamos bebendo mais do que devíamos e foi nessa noite que a Ellin acabou se entregando pra mim.

- Hãn? WFT? Quê?

- Foi à única vez que rolou sexo entre eu e uma das minhas clientes.

- Vocês transaram?

- Sim. Na manhã seguinte ela disse que foi por causa do álcool, mas no restante das noites que ficamos lá rolou e nós não mais bebemos. Sem falar nas vezes que transamos durante o dia e até mesmo na areia da praia.

- Aigoo! Acho que vou ter um treco.

- Eu nunca contei isso a ninguém, sobre a Ellin e eu. O Jimin sabe apenas desse meu trabalho.

- Não sei como o Jimin não quis também, se bem que com ele acho que rolaria sexo com todas as mulheres que o contratassem.

- Ele não quis não. Mas, sempre me apoiou.

- E por que quis continuar?

- Vou te falar que eu já juntei uma boa grana fazendo isso.

- Nossa.

- Como disse existem muitas mulheres solitárias por aí.

- Mas, me conta mais sobre a viagem. O que aconteceu depois de todas essas transas?

- Teve uma das noites em volta de carícias e beijos calorosos ela acabou deixando escapar que desde o tempo em que estudamos ela sentia uma atração por mim, mas o fato deu ser pobre a impediu de se envolver.

- Nem sei mais o que comentar.

- Depois disso nos encontramos mais algumas vezes, e tudo que rolava era sexo. Até mesmo alguns meses antes dela conhecer o Rap Monster nós nos encontramos, só que ela precisou viajar e parou de me procurar. Daí quando nos vimos de novo foi no evento em que o J-Hope ganhou o prêmio e ela fingiu que não me conhecia e assim se interessou pelo Rap Monster.

- Me admiro ela ter se interessado por ele já que ela o viu com você e que provavelmente ele seria da mesma classe que a sua.

- Ela disse estar apaixonada por ele, mas no fundo eu sinto que ela fez isso por pirraça. Como sempre a Ellin quis se sentir superior a mim.

- Acha que ela gosta de você?

- Pode até ser, mas, o que eu sei é que eu ainda gosto dela.