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História Como Esquecer Alguém - Alguém retornou


Escrita por: GSilva

Capítulo 2 - Alguém retornou


Fanfic / Fanfiction Como Esquecer Alguém - Alguém retornou

Capítulo 1 – Alguém retornou

 

Eu simplesmente não conseguia acreditar, não conseguia falar. Inúmeras imagens passaram por minha mente: Aquele mesmo lugar, há um ano, com a icônica frase de Andrew. A primeira frase que ouvi saindo de seus lábios. Droga.

— O quê? — Perguntei novamente. Larry intensificou o aperto em meu ombro e forçou o olhar caridoso.

— Ele foi embora, Greg. Eu sinto muito. — Lucas respondeu. Eu me afastei apenas alguns passos para trás e desci um dos degraus da arquibancada. — Eu pensei que você já sabia. Suas migas não falaram?

Eu ergui as mãos e passei os dedos por meus cabelos. Andrew. Ele foi embora. A frase ecoava em minha mente e eu simplesmente não podia, nem queria acreditar. Não queria acreditar que minha última visão dele tinha sido na festa de final do ano. Não podia.

Ri de nervoso.

— Não, não, não, não, não. — Respondi apressadamente, balançando a cabeça. — Você só pode estar brincando.

Larry se aproximou novamente.

— Eu não estou Greg. Ele se foi.

— Pare de repetir isso! — Gritei. Minha voz apenas não ecoou pela quadra poliesportiva porque os alunos formavam uma barreira, mas a maioria deles olhou para mim.

Larry não pareceu ofendido, como se meu grito fosse ofensivo demais, ao contrário: Ele se aproximou, com os braços abertos. Eu não pude, e também não queria, me opor; então, antes que eu desde conta, os braços dele estavam sobre os meus ombros. Ele me puxou para perto, rápido o suficiente para que ninguém conseguisse ver as minhas lágrimas, e eu apoiei meu rosto em seus ombros.

— Desculpe... — Disse ele, sussurrando no meu ouvido.

 

Certa vez, escutei uma frase que dizia que o lugar mais precioso do mundo é dentro de um abraço. Da primeira vez que ouvi essa afirmação, pensei que tinha sido um ato romantizado demais, que o escritor apenas tinha encontrado seu lugar no mundo, mas, depois, descobri que ele não poderia estar mais certo. Foi como se o toque físico de Larry me fizesse esquecer as lembranças de Andrew, todos aqueles momentos em que nos vimos e nos relacionamos. Lentamente, afastei meu rosto do ombro de Larry e sorri gentilmente.

— A culpa não é sua. — Respondi. — Só não entendo porque ele não me avisou.

— Eu também não entendo, mas ele deve ter um ótimo motivo para manter isso em segredo. — Larry respondeu.

Eu me afastei alguns centímetros para trás, empurrando seu torso gentilmente com a mão. Lentamente, o calor de seu corpo foi deixando o meu e eu senti o ar gélido que entrava pelas grades da quadra. Poucas pessoas ainda me olhavam, e eu as dispensei com olhares confrontadores. Não precisava de alguém olhando para mim.

Larry olhou gentilmente para mim mais uma vez e estendeu o braço.

— Vamos. — Disse ele. — A primeira aula vai começar.

Eu segurei em sua mão fortemente, me agarrando à presença dele, consciente de que faria de tudo para deixá-lo ainda mais perto. Então, com um pouco de dose de coragem, começamos a andar. Nem sabia o que estava me esperando.

 

***

 

Os alunos não nos davam licença conforme passávamos pelo pátio. Vários derem me deram encontrões e mal pareciam notar a minha presença. Agradeci. Depois de todos aqueles alardes do ano passado, a última coisa de que eu precisava era ser alvo de piadinha e olhares novamente. Não larguei a mão de Larry até passar da escadinha que levava ao auditório. Após aquele ponto, por algum motivo desconhecido – talvez até sobrenatural – deixei que sua mão caísse.

Quando levantei o olhar, vi o garoto, Lucas Matheus, se aproximando. Meu coração deu um salto. Ele estava vindo de fato na minha direção, com os olhos fixos nos meus. Suas írises tinham um lindo tom de verde, misturado com pigmentos de dourado. Larry suspirou ao meu lado, ciente de quem aquele garoto era. Lucas M. estava andando rapidamente, um passo na frente do outro, com uma determinação estranha. E eu prendi a respiração.

De repente, ouvi uma voz masculina atrás de mim, irreconhecível, e então Lucas Matheus sorriu.

Ele não estava vindo na minha direção. O garoto passou apressadamente ao meu lado, deixando apenas seu rastro de perfume, e cumprimentou o garoto que estava atrás de mim. Larry tocou meu antebraço e me olhou com uma expressão que dizia “meu Deus”. Ignorei. Olhei uma última vez para trás, mas o garoto já havia desaparecido no meio da multidão, então eu e Larry voltamos a andar.

Com passos mais do que rápidos, chegamos no final da passarela e viramos para a direção do nosso pavilhão. Ele estava sorrindo deliberadamente, aparentemente sem nenhuma razão, porém, eu estava mais apreensivo do que nunca.

— O que foi? — Perguntei, olhando seu sorrisinho.

— Nada. — Ele respondeu.

            Um silêncio se formou entre nós e eu realmente não queria que ele escondesse algo de mim naquele momento.

            — Sério, Larry, por que está rindo? — Perguntei outra vez, também me permitindo um sorriso.

            — Nada, cara. — Ele respondeu, tentando esconder o fato de que algo ali, ou alguma menção, havia lhe deixado mais animado.

Eu dei de ombros. Nós éramos amigos, é claro (como ele disse, eu era seu melhor amigo), então sempre contávamos coisas pessoais um para o outro; mas isso não significava que precisávamos contar realmente tudo um ao outro. Dei privacidade para ele, espaço, não perguntei mais sobre o motivo de seu sorriso. Contudo, não dispensei o fato de que o motivo era alguém.

 

Contrastando o que eu achava que sabia sobre os primeiros dias daquele colégio, o corredor estava repleto de alunos. Uns deles me olharam institivamente, mas eu ignorei. Eu e Larry entramos na primeira porta à direita, ele na frente e eu atrás. Meus pensamentos se resumiram à visão de Andrew parado na porta: tinha sido assim ao longo de um ano inteiro. Foi uma mudança radical, traumatizante. Então, quase tive uma recaída quando não o vi, ou quando não o encontrei sentado em uma das cadeiras.

— Greg! — Foi a voz de Aqua que me assustou.

Eu levantei o olhar e, por uma fração de segundo, tentei esconder tudo o que havia acontecido. Sorri. Treinei durante as férias, e tinha certeza que havia ficado craque em fingir sorrisos ou mágoas. Ela pareceu convencida.

— Aqua! — Respondi, me aproximando rapidamente. Larry, por sua vez, foi para os fundos da sala onde seus “amigos” sempre ficavam. Meus olhos foram rápidos o suficiente para captá-lo dando um abraço em Anne.

Aqua saiu de sua mesa, onde ela estava, literalmente, sentada em cima, e se aproximou de mim com os braços abertos. Foi um abraço receptivo, como quando você fica tempo fora demais de casa e volta para seus pais. Aquele era minha casa, sempre seria.

— Que bom que você veio! — Ela respondeu entusiasticamente.

— É, eu acho. — Respondi, rindo e encerrando o abraço.

Dei uma rápida olhadela para nosso local da sala e percebi que as quatro cadeiras estavam vazias.

— Onde estão as outras? — Perguntei, me referindo à Alison e Alicia. Aqua estalou a língua e balançou a cabeça.

— Elas não vêm hoje. — Respondeu. — Mas, você, e eu, vamos ter uma conversa bem esclarecedora.

Ela segurou em meu antebraço e começou a me puxar na direção de nossos lugares. Se fosse há um ano, a ideia de ter uma conversa esclarecedora com ela seria aterrorizante, mas, a partir de tudo que havíamos passado, eu não temia mais contar sobre minhas intimidades para ela. Rapidamente, chegamos em nossos lugares e nos sentamos.

Foi estranho não sentir o olhar de Andrew sobre mim.

— E então? — Ela perguntou, aparentemente toda animada com algo.

— E então o quê? — Perguntei, confuso.

— Como foram as suas férias? — Ela refez a pergunta.

— Boas, eu acho. E...

— Não, como foram suas férias... — Aqua perguntou outra vez, com uma entonação diferente ao dizer “férias”. E eu posso jurar que ela piscou para mim.

— Boas, Aqua. Por que tudo isso? — Perguntei, franzindo as sobrancelhas.

Ela deu um tapinha na mesa e olhou singelamente para o lado, para o ponto onde Larry ficava.

            — Ah, você sabe... — Ela respondeu. — Como foi?

            Eu estreitei os olhos e tentei não explodir.

            — Espere. Como você sabe que... Como sabe que conversamos durante as férias? — Perguntei, desafiadoramente. — Ele não contou, contou?

            — Foi a Aimee. Ela viu as conversas e mostrou pra gente. — Aqua respondeu. — Nós vimos, Greg. Tá rolando o maior clima entre vocês.

            Eu sorri nervosamente e fui contra o impulso de gritar e sair correndo. Grande parte de mim queria que ela nunca tivesse descoberto, porque era algo muito pessoal. Claro, ela era minha amiga, mas existem limites para tudo.

            — Aqua... — Eu disse. — Seria bom se houvesse um clima. Mas não há nada. Apenas um vazio e talvez até algum ódio repreendido.

            — Mas ele sempre é tão fofo com você, de um jeito que eu nunca o vi...

            — Aqua, ele é hétero.

            — Bom, isso explica alguma coisa. — Ela continuou. — Mas não explica tudo. Por que ele é tão chegado a você, então?

            — Não sei. — Respondi, fazendo uma pausa. — Talvez seja porque eu sou o único que o vê como uma pessoa com sentimentos, e não como mais um cara para completar o time de futebol.

            Aqua ficou em silêncio pela primeira vez, mordendo o lábio inferior. Quando pensei que o assunto já havia morrido, ela ainda acrescentou:

            — Faz sentido.

 

            A sala foi se enchendo aos poucos. Como o esperado, não vi Andrew ou Alexia entrando pela porta, e, por um momento, agradeci a Deus por isso. Pelo menos não teria que ser obrigado a vê-los juntos durante cinco horas por dia. O professor foi o último a chegar, e, quando viu que a sala já estava toda animada, nem se preocupou em dar as boas-vindas – aliás, era a mesma sala, os mesmos professores.

            Aqua me explicou tudo sobre suas férias, de tudo, desde suas saídas com o namorado até sobre o que fazia quando ficava entediada. Eu ouvi tudo como um bom ouvinte, mas, na verdade, não conseguia retirar algumas coisas da minha cabeça.

            Eu já havia percebido que a minhas mente apenas tinha espaço para um. Eu só conseguia pensar em um deles por vez: ou Andrew, ou Larry, ou Lucas Matheus. E, naquele momento, era o último que ocupava meus sentimentos. Aquele pequeno e insignificante encontro com ele na passarela tinha sido mais confrontador para mim do que eu gostaria que tivesse sido. Ele olhava fixamente para meus olhos, como se soubesse de algo, ou como se quisesse me contar algo. Eu retribuí o olhar, mas ele passou ao meu lado como se eu nem estivesse lá. Larry viu tudo e também percebeu que algo estava estranho.

            Porém, além de tudo isso, tive que abrir espaço para um quarto lugar na minha mente, pois, quando alguém bateu na porta, meu coração disparou.

            A sala inteira ficou em silêncio, esperando pela pessoa na porta. O professor foi até o outro lado da sala, girou a maçaneta, abrindo a porta, e saiu. Devido ao silêncio que se formara entre os alunos, consegui ouvir as frases dele. “Novo?”, “mas ele não estava na lista”, “Greg?”, “ok, pode entrar”.

            Meu coração disparou. Ele não estava na lista. Meus pensamentos imediatamente pularam para Andrew, pois o nome dele não estava lá, mas era outra pessoa.

            Vi aqueles olhos verdes me encarando, um sobretudo preto que cobria todo seu corpo, um sorrisinho nos lábios, cabelos loiros cortados num topete simples.

            Era Thomas.



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