May Singer
Os tremores leves do avião e a voz do piloto que ecoava pelo lugar apertado indicava que estávamos pousando. A pior parte.....
Assim que o piloto indicou que estávamos no chão. Ou seja , estávamos a salvo e vivos. Me permiti abrir os olhos.
O garoto que estava ao meu lado me encarava sorrindo , ao mesmo tempo estava confuso.
- Que foi? - pergunto incomodada.
- Quero passar - diz rindo.
Não sabia seu nome , só perguntei aonde podia colocar minha bolsa quando entrei no avião. Ele me encarava com um sorriso cínico quando cheguei .
- Não estou te impedindo - digo meio rude. O sorriso dele me dava nos nervos , parecia se divertir com a situação.
- Está sim! - afirma rindo e olhando para a poltrona.
Eram duas poltronas , ele estava do lado da janela. Minhas bolsas e meus pés atrapalharam sua saída.
Tirei as bolsas e escolhi os pés.
- Desculpe - pedi e ele assentiu saindo , pegando sua bolsa e indo em direção a saída do avião.
Escondi o rosto com as mãos e respirei fundo. Eu estava longe. Agora seria para sempre. Agora eu seria uma Francesa. Sendo que nunca cheguei a ser inglesa. A cena se repetia na minha cabeça milhares de vezes.
Como eu o odiava...
Odiava...
Odiava muito.
Odeio muito...
Foram 4 anos.
4 anos que ele jogou fora por causa da ordinária da Nicoletta. O primeiro amor.
Todos tinham razão.
O primeiro amor não dura.
Primeiro amor não é para sempre.
Primeiro amor é um teste.
Apenas um teste para o amor de verdade.
Pensei que comigo era diferente.
Acho que nunca estive tao errada na vida.
Assim que olho a poltrona ao lado vejo um livro. Deve pertencer ao idiota do sorrisinho cínico.
Como eu era antes de você
Esse era o titulo do livro.
O mesmo que eu deixei em Londres.
O mesmo livro que ganhei de Henry.
O mesmo que é meu livro favorito.
O mesmo que eu atirei nos desgraçados.
O mesmo que nunca esquecerei o titulo.
O mesmo que eu não sabia que meninos liam.
Assim que vejo que sou praticamente a ultima no avião , pego minhas coisas , e saio pela porta.
Ando pelo aeroporto e vejo que Ames mantem uma postura profissional ao lado de Maxon. Quero ver até onde isso vai. Ames nunca foi fraca. Mas quando se tratava de Maxon ela era a primeira a se render em meio a guerra. Chegava até ser engraçado.
Abro o livro e vejo o que esta escrito talvez o numero de telefone , nome... sei la.
De : Dona Lucy .
Para : Antony Turner
Querido...sei que não gosta de romances , mas este ajudará você bastante em sua estadia na Itália. Titia te ama , venha logo para casa!
Antony Turner , esse era o nome dele.
Avisto um meio garoto alto de cabelos meios loiros em frente ao táxi. Aperto meu passo para chegar até ele. Toco em seu ombro e ele se vira meio sobressaltado.
Ele sorri cinicamente mas continua me encarando. Sem dizer uma palavra lhe entrego o livro.
- Esqueceu no avião - digo e ele assente.
- Obrigado - agradece sorrindo de verdade dessa vez.
Confirmo com a cabeça e me viro de costas indo em direção a América.
- Antony Turner - digo e Maxon arqueia as sobrancelhas - Conhece? - pergunto a Maxon.
- Bom , conheço Lucy Turner , uma sócia que vai estar na conferência amanhã. Ela tem um sobrinho , ela mesma cuida dele... já que a Mãe do garoto , uma mulher chamada Anne Turner foi assassinada - explica. Eu confirmo com a cabeça e penso.
Talvez eu volte a vez o sorrisinho cínico.
Alguns minutos se passaram , enquanto eu estava no aeroporto aproveitei para me atualizar. A primeira coisa que fiz foi procurar por Antony no Instagram . Eu não segui ele , afinal ele ficaria achando que fiquei interessada ou achei ele bonito , e eu não achei ele bonito muito menos interessante.
Ah pelo amor... para quem eu negaria.
Ele é gato para cacete!
Os olhos azuis brilhantes
O cabelo meio loiro.
May Singer pode parar já com isso!
Chega de relacionamentos
Falei com Louise e com Henry então todos bem de acordo com eles.
Conheci eles em um blog de moda.
Quero muito fazer Moda é um sonho que tenho desde que era criança.
Eu frequentava alguns blogs e acabei conhecendo Louise em um deles. Consequentemente conheci Henry seu irmão gêmeo , por mais que eles não sejam nada parecidos.
América continuava olhando aquelas planilhas custas e Maxon a observava.
Esses dois.
São mais lerdos que eu.
Tenho que fazer alguma coisa.
Continuo observando o aeroporto .
Assim que o carro chega , colocamos as malas no porta malas e fomos direto ao hotel.
Que saudade da França.
Terra Natal.
O cheirinho de Croissant de chocolate saindo do forno , e cappuccino clássico.
Passo em frente a mansão dos Singer.
Sim , uma mansão.
Meu pai era um grande pintor, um dos mais famosos da França. Muito requintado por isso seus quadros custavam uma fortuna.
Mas ele sabia que mesmo se eu e Ames vivêssemos na maior casa do mundo , A França nunca seria nosso lugar. Éramos loucas. Aventureiras. Nascemos na França mas não pertenciamos e nem queríamos pertencer a ela.
Meu celular vibra .
Me preparo para uma mensagem de Henry ou de Louise , até de Nicoletta que vem me provocando nos últimos dias.
Assim que desço a barras de notificação , meu sorriso fica do tamanho do céu , ficou do tamanho do céu também minha confusão. Arquiei uma das sobrancelhas.
Antony Turner te seguiu no instagram
Olho para janela com um sorriso cínico.
O sorrisinho odiavel me seguiu no ista.
Interessante..
Chegamos no hotel e guardamos nossas coisas.
Ames me avisou que não tínhamos nada a fazer hoje , por isso iriamos visitar o antigo lar.
Assim que chegamos a porta do casarão eu respiro fundo. Nao sabia se mamãe me receberia com um abraço ou xingamentos e um tapa na cara.
Mamãe me odiava.
Me odiava muito.
A mim e a Gerad , ela não nos suportava.
Ela tinha 3 doenças principais.
Haviam varias outras mas não eram tão afetantes como essas.
Esquizofrenia
Bipolaridade
Alzheimer
A razão por nos tratar como lixos foram resultados das 3 doenças ao mesmo tempo.
Ela esquecia quem éramos e só lembrava dos outros. Para ela éramos intrusos , não pertenciamos a família.
Ela começou a ouvir vozes que diziam que nós dois éramos péssimos , que odiavamos ela . A bipolaridade eram quando ela decidia como nos tratava. Nao importava forma , sempre nos machucava e nos destruía. Se não fosse por fora , era por dentro.
Assim que a porta se abre damos de cara com uma pequena ruiva de olhos azuis.
Astra...
- Anjo! - exclama Ames se abaixando e a apertando.
Astra era minha sobrinha. Filha de Kenna e James.
Assim que Kenna aparece na porta corro até ela e a abraço. Ela me ajudou muito quando mamãe estava nos piores dias.
Depois foi minha vez de abraçar Astra.
Logo chegou James e o abraçamos.
Eles nos chamaram para entrar , disseram que todos estavam na sala.
Assim que chegamos a porta da sala x Gerad me vê.
- May! Ames! - exclama correndo até nós e abraçando as duas juntos.
Kota não estava presente.
Ele tava no México estudando arte.
Mas ele voltaria para casa.
Papai nos encarava abobado.
Ele se aproximou e me abraçou .
Depois olhou Ames. Ela era a paixão dele. Desde pequenos sempre foi assim.
Papai era um grude na Ames.
Mamãe se levantou e abraçou Ames , chegando em mim ela parou e me encarou dos pés a cabeça.
- Quem é você? - pergunta com voz rude.
- May Singer , senhora - responde formalmente.
Aprendi durante aos anos a nunca a desafiar. A não manter contato visual. A sempre abaixar a cabeça. Nunca elevar a voz. Ela era a única pessoa do qual eu realmente sentia medo.
Astra chegou atrás de mim e ela gritou.
- Tirem a pirralha daqui! - Kenna se levantou decidida. Ela já tinha perdido o paciência. Claro , era tudo por causa da doença. Mas minha mãe recusava o tratamento . Gostava de viver assim.
Kenna pevou seu braço e a levou para trás a mandando sentar em uma cadeira. Minha mãe negou , mas Kenna lhe repreendeu com o olhar.
Era assim.
Todos tinham medo da mamãe.
Mas a mamãe tinha medo da Kenna. Apenas ela.
Respirei fundo e encarei a família menos normal do mundo.
Era complicado viver assim.
Mas era o único jeito.
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