Em resumo, Seonghwa e eu fizemos um acordo de fingir estarmos namorando há mais ou menos uma semana, apesar disso, não tocamos mais no assunto a não ser para Yunho, que as vezes perguntava como estava minha relação com o imprestável.
Porém, Mingi sugeriu mais uma vez que tivéssemos um encontro duplo, então chegou a hora de tomarmos algumas decisões mais sérias.
– Tá, você vai me explicar por que me chamou aqui ou vai ficar aí só me encarando?! Eu sei que não eu sou irresistível, mas esse não é o momento – disse o Park e senti vontade de estapear aquele rostinho perfeito porém insuportável. Será que ele se esqueceu que não éramos os únicos dentro de casa e que alguém podia entrar a qualquer momento? – Isso tudo é por causa do que Mingi falou? Se for, você sabe que eu já aceitei, então não vejo problema em sairmos nós quatro.
Fechei a porta do quarto com cuidado e me aproximei da cama, onde o Park já estava sentado – às vezes me esqueço do quão folgado Seonghwa é quando estamos a sós – me sentei na beirada da cama e fiquei encarando o chão, evitando fazer contato visual com o Park.
– Nós precisamos criar regras pra que isso dê certo. – respondi num tom baixo, com vergonha. Ainda não sabia muito bem nomear o nosso acordo, e namorados de mentirinha não soava muito bem para mim. Ainda evitava contato visual, com medo de ficar mais vermelho do que os meus fios de cabelo, o que provavelmente aconteceria.
– Com "isso" você quer dizer o nosso namoro? – o imprestável perguntou sem sensibilidade alguma e tive que me segurar para não pular em cima dele. Pela primeira vez desde que entramos em meu quarto o encarei e ele sorriu travesso, como se não estivéssemos falando sobre nada importante.
– Fala baixo, minha mãe tá em casa – o repreendi – Mas é sobre isso mesmo. Temos que impor algumas coisas pra que isso dê certo. – complementei, tímido.
Seonghwa me encarou com uma expressão confusa, apoiando o rosto nos braços e formando um biquinho que se eu não estivesse tão nervoso, teria achado extremamente fofo.
– Bom, então quais são as regras? – perguntou, ainda um pouco confuso.
– Em primeiro lugar, ninguém pode saber que isso é de mentira, ok? Mingi e Yunho precisam acreditar que eu não me importo com o relacionamento deles e que consegui superar como se não fosse nada muito importante. – orgulhoso da minha parte, eu sei.
– Bom, por mim tudo bem. – concordou – Mas e se nós nos apaixonamos por outra pessoa?
– Aí paramos com tudo.– respondi com simplicidade.
– E se nós dois nos apaixonarmos um pelo outro? – ele perguntou, com um tom sério.
– Meu Deus Seonghwa… Isso não vai acontecer. – ri de nervoso.
– Mas e se acontecer? – ele insistiu.
– Se acontecer… nós paramos com tudo também, a não ser que seja recíproco. – ele assentiu com a cabeça – Quer acrescentar alguma coisa?
– Tudo bem nos beijarmos em público, mas vai ser estranho se fizermos isso quando estivermos sozinhos, não acha? – concordei com ele, o que raramente acontecia – então vamos acrescentar essa regra também. Mas espera… se vamos fingir estar namorando, temos que ter histórias de casal, ou pelo menos de como nós nos apaixonamos. Uma hora vão nos perguntar sobre isso.
– Ah… precisamos pensar nisso também... O que acha de "Sempre tivemos uma quedinha um pelo outro, eu terminei o meu namoro com Mingi e você quis me consolar. Então acabamos nos apaixonando"?
– Parece meio simplista demais, mas por enquanto vamos com isso mesmo. Depois temos que pensar mais sobre isso. – ele me encarou por alguns segundos e depois sorriu – é estranho pensar que provavelmente vou ter que te beijar de novo, Kim.
– Urgh, não me lembre disso, Park. Também não me orgulho de ter tido meu primeiro beijo com você, imprestável. E tínhamos combinado não tocar nesse assunto nunca mais. – Essa é uma looonga história que vou provavelmente contar mais pra frente.
– Mas essa daria uma bela história de casal para contarmos – ele riu – e não foi tão ruim assim, foi só… constrangedor, porque éramos crianças e amigos, mas eu estou numa boa com isso.
– Eu também estou, só não gosto de ficar me lembrando disso.
Novamente um silêncio desconfortável…
– Ei, Kim…– Seonghwa me chamou, parecendo com vergonha de algo.
– O que quer, Park? – tentei disfarçar, mas também estava tímido.
– Podemos… treinar agora, se você quiser. Se deixarmos para fingir só quando estivermos em público, talvez não pareça tão verdadeiro. – ele disse pausadamente, apreensivo.
– E o que você sugere, Park?! – juro que perguntei inocentemente. Não estava entendendo o que Seonghwa queria dizer com tudo isso.
– Podíamos… nos beijar algumas vezes e tentar agir como namorados. – Ok, eu realmente não estou entendendo mais nada.
O encarei, incrédulo. Ele ficou mais vermelho do que já estava e por um segundo pensei que ele fosse me dizer para esquecer essa ideia e sair de fininho pela minha janela sem dizer mais uma palavra sequer.
– Você acabou de dizer que seria estranho se nós nos beijassemos quando ninguém estivesse olhando. Não te entendo, sinceramente. – Eu realmente não entendia.
– Eu sei o que disse… mas parando pra pensar, não vamos conseguir fingir na hora se nunca treinarmos antes. – ele tinha bons argumentos, não podia negar.
– Faz sentido. – respondi por fim, tímido.
...
– E o que me diz?
– B-Bom… podemos tentar.
Pensei que meu coração fosse sair pela boca. Acho que a vizinhança inteira conseguia ouvi-lo palpitar. Na verdade não me importaria se a vizinhança inteira conseguisse ouvi-lo de fato, mas a ideia de Seonghwa perceber o quanto sua presença e suas ideias me deixavam nervoso me fazia querer enfiar a cabeça em um buraco.
Eu não era nenhum santinho, pelo contrário. Em dois anos de namoro com Mingi já tínhamos feito muitas coisas, mas Seonghwa conseguia me fazer parecer uma menininha prestes a ter o seu primeiro beijo. E eu o odiava muito por isso.
Não percebi muito bem em que momento Seonghwa se levantou e se sentou ao meu lado na cama, acariciando meu rosto com uma das mãos. Fechei os olhos e apenas tentei segurar a minha respiração, com medo de ter uma crise de asma naquele momento. Seonghwa me deixava extremamente nervoso, mas não o deixaria sentir esse gostinho.
Soltei minha respiração aos poucos para prende-la novamente quando o mais velho envolveu meu rosto com suas duas mãos e aproximou o próprio rosto do meu, tocando a ponta do meu nariz com o seu. Disfarcei um sorriso ao perceber que ele estava tão nervoso quanto eu – se não mais – e fiquei feliz ao perceber que causava esse efeito no Park.
Aos poucos Seonghwa foi acabando com a pequena distância que ainda existia entre nossos lábios, com um simples selar, mas que fez com que meu corpo sentisse algo que há muito tempo eu não sentia. Minhas mãos, que até então estavam repousadas sobre as pernas do Park, foram parar nos cabelos do maior, exigindo delicadamente que ele continuasse com o que estávamos fazendo.
Ele selou meus lábios mais algumas vezes antes de tentarmos algo mais demorado. Seonghwa tinha um hálito gostoso, acho que era o chiclete de morango que ele estava mascando quando chegou em casa. Não conseguia distinguir muito bem na hora, mas o importante era que o Park tinha um gosto bom, que provavelmente eu iria querer provar outras vezes.
O mais velho sugou meu lábio inferior de uma forma muito gostosa antes de pedir passagem para sua língua. Apertei seus fios com um pouco mais de força como resposta e Seonghwa riu anasalado durante o beijo. Ok, com certeza iríamos repetir isso mais algumas vezes. Várias vezes, se possível.
Nos separamos depois de algum tempo para retomarmos o ar e nos encaramos por uma fração de segundos antes de cairmos no riso.
– Ok, isso foi… bom. – ele disse, ainda corado. – Muito bom mesmo.
– Foi melhor do que da primeira vez – sorri tímido, tentando descontrair. – Acho que se fizermos isso no dia, vamos convencer os dois. Com certeza.
– Definitivamente – ele concordou, rindo – Mas não sei se treinamos o suficiente, vamos ter que tentar mais algumas vezes. Não está cem por cento convincente ainda. – sorriu travesso. Mas ele não estava uma pimenta há… 5 segundos?? Ok, estou perdido.
Antes que eu sequer pensasse numa resposta, ouvimos alguém subindo as escadas e nos afastamos. Seonghwa pegou um caderno meu que estava em cima da cama e abriu em uma matéria aleatória antes que a porta se abrisse.
Nem me surpreendi quando a porta foi aberta e encontramos minha mãe com cookies saídos do forno. Meu pai tem preguiça demais para subir as escadas só para nos chamar para comer e minha mãe é a maior apoiadora do casal Hongjoong e Seonghwa. Acho que quando ela descobrir sobre nós dois vai ficar brava por não ter sido a primeira a saber.
– Pensei que talvez estivessem com fome, depois de estudarem tanto. – senti uma pitada de ironia, que resolvi ignorar – então preparei alguns cookies para vocês, meninos.
Me levantei da cama e peguei a forma com os cookies, colocando em cima da mesinha onde eu geralmente estudo.
– Não sei o que te fez querer ajudar Seonghwa a estudar, mas estou muito feliz em ver vocês dois tão próximos. – minha mãe sorriu e pude sentir as segundas intenções na sua voz. Acho que Seonghwa também percebeu, porque corou levemente. – Bom estudo para vocês, prometo não atrapalhar mais. – e fechou a porta.
Voltei a minha atenção ao mais velho, que comia um cookie como se nada tivesse acontecido. Sorri travesso e tranquei a porta para evitar uma situação constrangedora com os meus pais, apesar de duvidar que eles apareciam lá de novo.
– Você vai mesmo ficar aí comendo? Pensei que tínhamos que treinar algumas coisas. – provoque enquanto me aproximava do mais velho.
– Bom, ainda está cedo. Temos a tarde toda para "estudarmos", se é disso que está falando. – riu anasalado enquanto acariciava os meus cabelos, me empurrando na cama em seguida e distribuindo beijos por todo o meu corpo.
Teríamos uma looonga tarde pela frente. Não que eu estivesse reclamando disso.
No dia seguinte...
Bom, não tenho muito o que contar, eu acho. Já devem imaginar que passamos a tarde toda sem tocar em um caderno ou livro, mas foi por uma boa causa.
Resolvemos não ficar tocando no assunto com tanta frequência. Nos beijariamos – ou até faríamos algo mais – quando tivéssemos vontade e assim os dois sairiam ganhando. Achei justo.
Minha mãe não fez muitas perguntas quando Seonghwa foi embora, no começo da noite. Apenas me olhou como se já soubesse de tudo e me falou para ter cuidado com doenças.
"Não estávamos fazendo nada disso, eca. Estávamos apenas estudando." Tentei disfarçar, acho que fui um bom ator.
"Sei… mas não precisa se sentir pressionado se não quiser me contar nada agora. Só saiba que Seonghwa é um partidão, até melhor do que o Mingi, se me permite dizer." E foi para a sala de estar conversar com o meu pai como se nada tivesse acontecido.
Acordei até que num bom horário. Talvez seja porque dormi muito bem na noite anterior, mas estava muito mais disposto do que nos outros dias.
Comecei a me arrumar enquanto cantarolava uma música qualquer do Zico quando olho para a minha janela e percebo que alguém está atirando pedrinhas. Seonghwa só pode estar brincando.
– O que você quer, imprestável? – perguntei assim que abri a janela, já perdendo o meu bom humor.
– Bom dia para você também, Bela Adormecida, ou seria a Ariel?! – revirei os olhos e ele riu. – Vim te convidar para irmos juntos até a escola, namorado. – ironizou a última palavra.
– Sabe que só precisa agir assim quando estivermos em público, não?
– É claro que sei. E nada melhor do que chegarmos juntos na escola e entrarmos de mãos dadas. – ele sorriu de canto.
– Não sei não… De qualquer forma, vai ter que esperar eu terminar de me arrumar. Minha mãe provavelmente está acordada, então seja um bom vizinho e entre pela porta da frente. Pode tomar café com a gente, se quiser.
– Tudo bem então, namorado. – novamente ironizou a última parte. – Mas o que vamos fazer em relação a sua família? Sua mãe vai descobrir em algum momento.
– Vamos apenas adiar o máximo que pudermos. Minha mãe é esperta, mas se não fizermos nada perto dela, não terá do que desconfiar. E ela te adora, então não teria problema.
Seonghwa concordou com a cabeça enquanto sorria convencido por saber que minha mãe preferia me ver com ele do que com Mingi – que por acaso foi meu namorado nos últimos dois anos – e eu só queria estapea-lo.
Fiquei encarando o Park até que ele sumisse de minha vista e batesse em minha porta, esperando minha mãe deixá-lo entrar e engano fui me arrumar.
As horinhas a mais de sono me fizeram muito bem, estava até mais bonito – não que isso mudasse muita coisa – e minha pele estava mais bonita também.
Coloquei meu uniforme e passei a mão pelos meus fios descoloridos, aquela cor realmente me fazia bem, se bem que provavelmente em duas ou três semanas eu vou enjoar dela e usar outra. Queria tentar um azul ou verde, ainda tenho que decidir com calma.
Desci as escadas calmamente e de longe já é possível ouvir as risadas de minha mãe e a voz irritante do Park. Os dois conversavam como se fossem amigos de anos, e isso me irritava, aquela era a minha mãe e o imprestável do Seonghwa. Imagina se ela resolve me trocar por ele…
– Não demorou para descer hoje, filho. Que milagre! – disse minha mãe, rindo. – Esse é o efeito Park Seonghwa? Se for, está convidado para tomar café aqui todos os dias, querido.
– Estou adorando a amizade de vocês dois, mas se dependesse de mim, Seonghwa seria expulso daqui a ponta pés, maaas. – senti o olhar fuzilante do Park – E não fique acostumando ele mal. Já é folgado por natureza, se ficar mal acostumado nem sei o que será de nós.
– Eu sei que você me ama, Kim. – Seonghwa ironizou.
– Nos seus sonhos, querido. – respondi, assim que minha mãe se levantou para pegar mais açúcar.
– Não foi o que parecia ontem a tarde. – o mais alto sussurrou em meu ouvido e quase me engasguei com o café. – Não parecia me odiar enquanto beijava a minha boca.
– Você ainda me paga, Park. – disse baixinho como resposta. Ele riu anasalado.
Comi mais algumas torradas e tive que arrastar Seonghwa para fora e aguentar minha mãe dizendo para que ele voltasse quando quisesse. Espero que ele não acredite nisso, porque sei que ela não estava só sendo simpática, ela vem insistindo tanto para que eu enxergue o Park como uma opção…
Fomos o caminho todo conversando sobre quem seria o favorito da minha mãe – obviamente sou eu, Seonghwa é apenas uma obsessão passageira – e chegamos a conclusão de que Yunho é o favorito. Ele é o favorito de todas as mães, na verdade.
Era impressionante como só tocávamos no assunto beijos e sexualidade para nos zoarmos e nunca para ter uma conversa séria sobre isso. Ainda não sabia ao certo se Seonghwa já gostara de algum homem ou sequer se já tinha tido sentimentos por qualquer pessoa, mas era legal ficar lembrando o mais velho de Yeosang e vê-lo negar tudo.
Me peguei pensando em qual seria a relação de Yeosang quando "oficializassemos" para a escola toda. Será que ele acreditaria? Ou sequer sentiria ciúmes?!
– Park – chamei o maior, que estava a alguns centímetros de distância. – Acho que nunca conversamos sobre isso, mas… Você se importaria de assumir para a escola toda? Ainda mais depois de todo aquele rolo com o Yeosang e tudo mais.
– Na verdade eu nunca vi problema em me assumir, só que Yeosang não queria que ninguém soubesse. Se você está ok com isso tudo, eu também estou. É até bom, assim quem sabe as meninas param de dar em cima de mim. Pelo menos um pouco – novamente o mesmo sorriso convencido.
Fomos o resto do trajeto em silêncio, sem falar absolutamente mais nada. O que de certa forma foi bom, já que eu realmente não sabia o que falar, era tudo tão estranho.
Não que eu estivesse reclamando. Beijar Seonghwa era bom, e apesar de eu nunca admitir isso a ele, eu gostava da sua companhia. Mas tudo parecia tão… surreal.
Há uma semana eu jamais me imaginaria em uma situação como essa, e tudo fica ainda mais estranho quando me lembro que Seonghwa já foi um pequeno – ou grande, na verdade – crush da minha infância.
Mas como pensar em tudo isso não mudaria muita coisa, apenas me contentei com nossa situação atual e fingi não me importar com nada disso.
Seonghwa segurou minha mão assim que chegamos na escola. Já não era a primeira vez que fazíamos isso, mas cada vez mais pessoas cochichavam sobre nós, e isso era tão desconfortável. Ainda mais quando se é um casal gay, os comentários são sempre piores. Não que faça alguma diferença.
– Vamos para a sala? A aula ainda vai demorar um pouco, mas não é uma boa ficar andando pelos corredores com todos comentando, não acha? – concordei com a cabeça e ele beijou minha bochecha, me acompanhando até a sala. Ainda estávamos de mãos dadas.
Entramos na sala e como ainda faltava mais ou menos meia hora para as aulas começarem, não tinha tantas pessoas assim. Cumprimentamos todos os que estavam ali e depois aproveitamos para revisar uma parte da matéria de química.
Estava ajudando Seonghwa a estudar durante a semana toda – apesar de não termos estudado muito no dia anterior – e percebi que a maior dificuldade do Park era em química.
Não era tão difícil assim ajuda-lo com as matérias. Seonghwa sabia o conteúdo e aprendia razoavelmente rápido, só ficava extremamente nervoso durante as provas. Isso era uma característica que eu realmente não conhecia nele, mas estava feliz por ajuda-lo com isso.
– Então essas são as condições para que haja isomeria geométrica. Alguma pergunta? – ficamos revisando a matéria como se não houvesse ninguém na sala. O que era praticamente verdade.
– Acho que entendi. Obrigado, Joong. – acariciou os meus fios coloridos e eu sorri, tímido.
Fizemos mais alguns exercícios envolvendo química e com o passar do tempo as pessoas foram entrando na sala e notando nossa proximidade. De início, fingi não me importar, porém ainda não tínhamos "nos assumido oficialmente" e odiava ser o alvo das fofocas do dia.
Seonghwa também notou meu desconforto, parando com qualquer demonstração de afeto naquele momento e me perguntando se estava tudo bem. Respondi que sim, e ele – não muito convencido disso – resolveu sentar em seu lugar e evitar contato naquele momento.
Yunho entrou na sala um pouco depois de começarmos a estudar, e ficou nos encarando o tempo tudo. Ele ainda não engolia muito bem o nosso "relacionamento", o que sinceramente não me importava muito. Sentia falta do meu amigo, não entendia o porquê do Jeon estar tão diferente comigo.
Nem sequer me importava muito com o fato dele estar saindo com Mingi, os dois eram livres para fazer o que quisessem. Só queria meu amigo de volta, para podermos conversar como antes.
– Vocês parecem bem...– Yunho comentou e eu assenti – Bom, felicidades ao casal.
– Ainda não somos um casal. Oficialmente.
– E quando pretendem fazer isso? – perguntou.
– Não faço ideia. Não sei qual seria a reação do resto da escola, e Seonghwa é o astro do time de basquete. – não estava mentindo.
– Bom, amanhã é o último jogo para as eliminatórias. Ele vai querer comemorar, se ganhar. E se perder vai precisar de consolo também. Acho que é a oportunidade perfeita.
Yunho tinha um bom ponto.
…
As aulas se passaram até que rapidamente. Apesar de estarmos próximos da semana de provas, todas as matérias estavam meio que revisadas, então fiquei depois da aula assistindo o treino do time de basquete.
Me surpreendi ao perceber que eu era um dos únicos na arquibancada, assistindo ao treino. Sempre pensei que as meninas adorariam ficar depois do horário vendo homens suados correndo atrás de uma bola e tentando acertar uma cesta.
Ok, eu tenho que admitir que a ideia de ficar assistindo uma partida de basquete e ouvir o treinador gritando a cada 10 segundos não me parecia muito tentadora. Mas eu gostava de ver Seonghwa jogar, ele ficava tão fofinho e felizinho ao me ver acenando para ele na torcida que não consegui resistir.
Usei a desculpa de estarmos fingindo um namoro, mas na verdade eu gostava de vê-lo sorrir daquele jeito. Ele parecia verdadeiramente feliz em me ver lá, e isso fazia tudo valer a pena.
E Seonghwa realmente era a estrela do time. Dava para entender o porquê de todo o favoritismo do treinador, já que ninguém estava aos pés do Park. Apesar disso tudo, ele não parecia ficar se exibindo para o resto do time.
– Não tirou os olhos de mim durante todo o treino, Kim. – sorriu de canto, se aproximando assim que o treino acabou – cuidado para não se apaixonar.
– Estava apenas olhando como você fica ainda mais feio quando está todo suado. – brinquei – jogou razoavelmente bem, Park.
– Você sabe que é um péssimo mentiroso, Hongjoong. Desde criança – ele riu – mas sabe, tem algo bem interessante que descobri ficando depois do horário.
– O que você descobriu, Park?
– Que a escola fica praticamente vazia, o que significa que temos um vestiário inteirinho só para nós dois.
– Me parece promissor.
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