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História Como (Não) Viver Com Park Jimin - (Não) Se Controle Perto Dele


Escrita por: vanelope-stars

Notas do Autor


OLÁ GENTE. TUDO BOM? ESPERO QUE SIM. AMO VOCÊS, SABIAM? AMO.
Gente, se eu falar que a Internet caiu, que tá uma chuva desgraçada, e que esse capítulo sair é um milagre, vocês acreditam? Digam que sim, pois é exatamente isso.
Desculpem erros escrotos ;-;
Leiam, amem (amem por favor aaa), até mais ♡♡♡♡
Coloquem colete, aí vem tiro.

Capítulo 8 - (Não) Se Controle Perto Dele


Manter o controle perto de um Jimin é muito importante, porque, se tratando dele, você vai precisar. Você vai, em algum momento, sentir vontade de matá-lo ㅡ obviamente ㅡ, mas também vai ㅡ estranhamente ㅡ sentir a vontade de o defender, de rir histericamente e compreendê-lo. Isso é inevitável durante o convívio com ele.

Mas já aviso: se você se sentir tentado a algo além de matá-lo, é um dos sinais de que sua vida será dominada por Jimin.


ㅡ Eu trabalho aqui, Jungkook. E você? 

Ah, pronto, eu trabalharia com Park Jimin? 

Isso é alguma pegadinha, Deus? Eu estava pagando pecados de outras vidas? Na minha vida passada havia transado com uma cruz ou algo assim? Porque não era possível. 

ㅡ Você tá brincando, não tá? ㅡ perguntei depois de segundos em silêncio, amaldiçoando o eu da vida passada que estava me fazendo sofrer. 

ㅡ Não, eu trabalho aqui. ㅡ Ele cruzou os braços. ㅡ E você? 

ㅡ Jimin, você me perseguiu até aqui para brincar comigo? Pois se for isso, pare agora. 

ㅡ Do que você tá falando? O que você faz aqui, afinal de contas? 

ㅡ Eu vou trabalhar aqui. 

Jimin arregalou os olhos. Olha só, pelo jeito não era o único que não estava contente com aquilo. 

ㅡ O quê? Não, não. Não é possível. ㅡ Passou a mão pelos cabelos. ㅡ Você não parece saber muito de fotografia ou qualquer coisa. 

Mas será possível que até naquela situação ele queria me chamar de idiota? Sério mesmo? 

ㅡ Eu não sou idiota, não, tá? ㅡ Bufei.

Um dos lados bons do emprego seria ficar longe dele. Ter que trabalhar com ele? Ah, Deus, faz cair o meu cabelo ou os meus dentes, mas não faz isso. Melhor ser careca e banguela do que isso

ㅡ O único jeito de você trabalhar aqui seria com recomendação de alguém importante, talvez alguém da família... 

Nos olhamos e ambos entendemos o que estava acontecendo. 

ㅡ Taehyung! ㅡ falamos juntos. 

ㅡ Aquele desgraçado! 

Saí da sala atrás do meu querido irmão, aquele desgraçado desnecessário na humanidade. Eu jurava que podia estar saindo fumaça dos meus ouvidos ou meu cabelo estar pegando fogo de tanta raiva. Taehyung passou dos limites, não tinha como ser acidente. Impossível. Ele sabia, fez de propósito. Após dobrar alguns corredores, o encontrei conversando com um homem. Não pensei duas vezes antes de sair correndo, gritando o nome dele. Ele me olhou e deu um sorrisinho. 

Aquele arrombado do caralho, intestino sem cu, pombo morto! Ainda tem a audácia de debochar de mim?! 

ㅡ Taehyung, que merda é essa? 

Quando cheguei na sua frente, ele já tinha se despedido do homem com quem conversava e estava com as mãos pra trás, ajeitou alguns fios de cabelo em seu rosto e suspirou, me olhando daquele jeitinho debochado que só ele tinha. 

ㅡ Vejo que já encontrou com Park. ㅡ Ele falava com uma calma e felicidade que só me enfurecia mais. 

ㅡ Por que fez isso? Hein? Por quê? 

ㅡ Ora, meu querido dongsaeng, pote da minha tampa, estou apenas concretizando meu ato de vingança. ㅡ Sorriu. 

ㅡ O quê?! Você fez isso só por causa do que eu disse para o Hoseok? Taehyung, pelo amor de Deus! 

ㅡ Eu disse que ia me vingar, e pelo jeito está funcionando. 

ㅡ Eu te odeio. 

ㅡ Eu sei. 

ㅡ Muito mesmo. 

ㅡ Eu sei, eu sei. 

ㅡ Ah, Tae! Você sabe que eu não suporto ele! 

ㅡ Oh, é mesmo? ㅡ fingiu surpresa, com a mão no peito. ㅡ Devo ter esquecido, Junguk. 

ㅡ Cínico! Mentiroso! Falso! 

ㅡ Ah, continue elogiando, eu adoro. ㅡ Suspirou calmo. 

Se ao morrer eu fosse para o inferno, não iria sofrer, afinal era irmão do capeta. Devia ter uma suíte de luxo com vista para o sofrimento eterno. Com sacada e tudo. 

ㅡ Você vai mesmo me fazer trabalhar com ele? 

Minha vontade era sair gritando e jogando as pessoas no chão, rasgar alguns papéis e chorar na mesa da recepcionista enquanto comia as balas de caramelo que ela tinha. 

ㅡ Ah, não, não. ㅡ Sorriu maldoso. ㅡ Você não vai trabalhar com ele, vai trabalhar pra ele. 

Ah, pronto. 

Pronto. 

Deu. 

Acabou. 

Minha vida devia ter acabado em outra temporada já. 

Deu, Deus. 

Pode me levar. Já comi muita gente e bebi o suficiente, pode me levar. 

Eu não iria trabalhar para Park Jimin. 

ㅡ Tae, diz que você tá brincando… ㅡ pedi com o último fio de esperança no corpo. 

ㅡ Não, estou falando muito sério, na verdade. 

ㅡ Ai... ㅡ Coloquei a mão no coração para ter certeza que não havia parado. ㅡ Tae, me leva pra casa. Eu vou desmaiar. 

ㅡ Não seja dramático, Jungkook. Eu tenho trabalho pra fazer, espere Jimin e vá com ele para casa. 

ㅡ Mas nem morto! Eu vou a pé! 

ㅡ Vá, o tempo está ótimo mesmo ㅡ ditou risonho, olhando para as portas de vidro. 

Virei o rosto e vi a tempestade que caía lá fora. Se duvidava que Tae era o demônio, agora tinha certeza. 

ㅡ Você vai pagar por isso, Tae! ㅡ falei entredentes e dei as costas a ele. 

ㅡ Agora vê se aprende: não entre em um jogo que não pode ganhar. 

ㅡ Vai pro inferno! ㅡ gritei. 

ㅡ Acabei de vir de lá, irmãozinho. ㅡ Acenou pra mim antes de se virar e ir até alguma sala. 

ㅡ Eu te odeio! 

Se eu falar que ele beijou o dedo do meio e o mostrou, vocês acreditam? Porque eu não acreditei. 

Bufei e andei até a sala onde estava antes com Jimin. Ter que suportar Park Jimin em casa não era o bastante? Teria que obedecer ele no trabalho? Park Jimin me dando ordens todo o tempo? Não podia ser real. Abri a porta com força e me joguei em um sofazinho; soltei um gemido alto de frustração. 

ㅡ Ah, você voltou. ㅡ Jimin parou o que fazia e me olhou; suspirou. Ele estava sentado na mesa mexendo no computador. 

ㅡ Eu vou trabalhar aqui, já disse ㅡ falei, meio triste. 

ㅡ Então é sério? ㅡ Concordei com a cabeça e bufei. ㅡ Você deve ser o novo assistente que mandaram pra mim. ㅡ Riu sem humor. ㅡ Vai começar hoje? 

ㅡ Não. Estou esperando você para irmos pra casa. 

Ele me olhou confuso, mas concordou. Aqueles foram os trinta minutos mais longos da minha vida. Parecia que o tempo não passava. O tic-tac do relógio se tornou um som infernal. Eu não aguentava mais o tédio. 

ㅡ O que está fazendo? ㅡ perguntei, parando ao lado de Jimin, que deu um pulinho na cadeira e colocou a mão no peito. 

ㅡ Não chega assim de surpresa, quase me mata de susto! 

ㅡ Desculpa, mas tô muito entediado. ㅡ Me sentei no chão ao lado dele. ㅡ O que está fazendo? 

ㅡ Estou terminando uma edição. Não sente no chão, é sujo. 

ㅡ Que hora vamos embora? Já fazem séculos que estamos aqui. ㅡ Bufei. Ele me olhou e abaixou os óculos. 

ㅡ Faz meia hora, Jungkook. Você parece uma criança. ㅡ Riu, voltando a trabalhar.

ㅡ Dá pra ir mais rápido? 

Minha voz saiu muito mais manhosa do que queria. Eu me odiava. Ele suspirou.

ㅡ Quer tanto assim ir pra casa? ㅡ Concordei com a cabeça. ㅡ Certo, eu posso acabar isso depois ㅡ disse; mexeu mais um pouco no computador. Se levantou e pegou sua bolsa, colocou seu tablet nela. ㅡ Vamos? ㅡ Me estendeu a mão. 

ㅡ Não vai me chamar de sujo ou me estender uma vassoura? 

ㅡ Tenho lenços para limpar as mãos depois de te tocar. ㅡ Aceitei sua ajuda para levantar. ㅡ Vira de costas. 

Fiquei confuso, porém obedeci. Jimin começou a passar um spray em mim. Eu não soube nem o que fazer. 

ㅡ Mas que porra você tá fazendo? ㅡ O olhei por cima do ombro. 

ㅡ Disse que o chão estava sujo, estou limpando você. ㅡ Espirrou mais do spray. ㅡ Agora vamos. 

Depois de me deixar suficientemente limpo, finalmente saímos. E aí me toquei: ele não tinha carro. Jimin iria me levar até em casa naquela bicicleta? 

Não, aquela humilhação, não passava de novo. 

ㅡ Me diz que vamos pagar um táxi e que não vamos ir na sua gaycleta. 

ㅡ Gaycleta? 

ㅡ A sua bicicleta gay. 

ㅡ Você não é gay? 

ㅡ Sou bi. 

ㅡ Ah. 

ㅡ Você é gay? 

ㅡ Não preciso responder. 

ㅡ Ah, mas não é justo! O que custa dizer? ㅡ Jinin me olhou rapidamente e virou a cara. ㅡ Você tem cara de passivo, não me engana não. 

Menti. Não tinha não. 

ㅡ Acha? ㅡ Riu, virando no corredor.

Ele riu de mim? Já disse que odiava Park Jimin? Eu odiava. 

Quando passamos pela porta da empresa, ele abriu sua bolsa e tirou de lá uma capa de chuva, mas não se enganem, não era uma capa normal de chuva. Aquilo era um macacão enorme de plástico, parecia aquelas embalagens onde o lençol vem quando compramos. Ele colocou máscara e luvas. Mas não era possível. 

ㅡ Que merda é essa? 

ㅡ Está chovendo. 

Jimin falou como se fosse óbvio. Como assim? Ele saía de casa com aquilo na bolsa?

ㅡ Aqui. ㅡ Me deu um guarda-chuva. Mas para que a capa então? 

Ele pegou uma capa de chuva para a bolsa dele. Pensei que fosse tirar uma escada daquela bolsa; igual aquela babá mágica. Era só o que faltava. 

ㅡ Se você tem um guarda-chuva para que serve esse macacão? ㅡ Abri o guarda-chuva e o segui para fora da empresa. 

ㅡ Usar só o guarda-chuva traz risco de molhar as pernas ou levar água quando os carros passam na rua. Geralmente, uso o guarda-chuva junto com a capa, para ter certeza que vai ficar tudo ok. 

Jimin explicou como se fosse a coisa mais normal do mundo. Eu só consegui imaginar ele com um guarda-chuva e o macacão junto. Não, ele não usava aquilo. Não. 

ㅡ Então, cadê sua bicicleta? ㅡ perguntei quando chegamos na rua. 

ㅡ Eu não saio com ela, vamos ir de ônibus. 

ㅡ Ônibus? 

ㅡ Sim, ônibus. 

ㅡ Eu nunca andei de ônibus. 

Eu esperei Jimin, pois achei que íamos de carro. Nem me lembrei que ele não tinha carro e que as opções, tirando sua gaycleta, eram limitadas. Eu era um besta. 

ㅡ Não me surpreende. Mas enfim, o ônibus passa logo ali, já vamos chegar. 

Andamos mais uma rua até a parada. Nem bem chegamos e o ônibus parou; entramos e fomos até o terceiro banco. Jimin sentou na janela. Fiquei olhando. Devia sentar ao lado dele ou na frente? Existia alguma regra de lugar em ônibus? 

ㅡ Não vai sentar? 

ㅡ Ah, do seu lado? ㅡ Sentei e pigarreei. ㅡ Não sabia onde sentar. 

ㅡ Às vezes você não parece um adulto. ㅡ Riu. Colocou seus fones de ouvido e olhou pela janela. 

Eu não sabia como funcionava aquela "coisa" de ônibus e quando percebi tinha caído no chão. Foi assim que compreendi que devia tomar cuidado nas curvas. Até que estava aprendendo rápido. O ônibus parou mais uma vez e entraram algumas pessoas; dois garotos, um loiro e um moreno, sentaram atrás de mim e Jimin. 

Eu não tinha fones de ouvido, então meu passatempo era olhar meu colega de apartamento cantando baixinho a música que ouvia. Ele estava de olhos fechados, fofinho.

Principalmente quando julguei começar um rap na música, já que ele tentava acompanhar e não conseguia. Isso o fazia falar um "Aigo" e esperar o rap passar para continuar cantarolando. Ri disso. Jimin era fofo às vezes, se não fosse tão chato não teríamos problemas. Estava tudo certo até os garotos atrás de nós começaram a me irritar. 

ㅡ Parece que ele trabalha com doenças ㅡ um deles disse. 

ㅡ Ou quer chamar atenção usando uma merda dessas. ㅡ Riram. 

Estavam falando de Jimin. Comecei a balançar as pernas, tentando dissipar a raiva. 

ㅡ Mas tem que chamar atenção mesmo. Ele é baixinho, vai que alguém pisa em cima? 

Estava difícil me controlar. Quem eles pensavam que eram para falar de Jimin daquela forma? Para fazer piadas? Não iria mentir que a roupa dele era normal, porque não era mesmo. Porém eu não tinha intenção nenhuma de ofendê-lo. Eu tinha noção de que era só a minha opinião e ela representava, bom, nada. Detestava quando as pessoas faziam o contrário, impondo aquilo que pensavam sobre os outros. 

Enquanto ouvia aqueles rapazes falando, me lembrei de quando pintei meu cabelo de loiro. Ficou horrível. Parecia uma casca de ovo na minha cabeça, eu sabia. Passava longe do espelho de tão ridículo. Realmente estava estranho, assim como a roupa de Jimin. Mas assim como o meu cabelo, a roupa de Jimin não interessava a ninguém além dele. Ninguém tinha o direito de dar palpite. 

ㅡ Mas ele até que é gostosinho. Tem umas coxas ㅡ um deles continuou. 

ㅡ Deve ser bonitinho de quatro. 

Jimin não escutava por conta dos fones, no entanto eu ouvia. Meu rosto devia estar vermelho de raiva. Achava Jimin gostoso e já tinha dito. Mas eles falaram de um jeito tão... nojento. Por que as pessoas eram assim? O que tinha de errado com elas? 

ㅡ Vamos ver se ele reage ㅡ falou um deles, rindo.

Ele bateu na cabeça de Jimin. 

Não, não, não. 

Não. 

Jimin falou um "ai" e olhou pra trás, viu os garotos com sorrisinhos bestas na cara, e o que ele fez depois me assustou. Ele se virou para a frente outra vez, encostou a cabeça na janela e ficou quieto. Podia ver em seus olhos como ficou chateado, mas não fez nada. 

Como assim? Onde estava aquele cara que me mandava para o quarto? Que falava tão alto que assustava? Minha paciência sumiu quando vi Jimin apertar os olhos e seu rosto ficar vermelho. Não sei se foi por vergonha ou porque ele ia chorar, contudo não quis esperar para saber. 

ㅡ Qual o problema de vocês? ㅡ Virei para os garotos atrás de nós. ㅡ Vocês têm merda na cabeça? Deixa ele em paz. 

ㅡ Tá defendendo seu namoradinho? ㅡ o garoto loiro zombou. ㅡ Manda ele ser normal, aí ninguém incomoda ele. 

ㅡ Ele não é anormal, seu merda! As pessoas usam a porra das roupas que elas querem! Se não sabe lidar, fica em casa e poupa a sociedade da sua presença desnecessária e asquerosa! 

Tá, eu gritei. Tá, eu não estava bem. 

ㅡ Tá falando de mim ou do seu namorado gostosinho? 

ㅡ Não fala dele desse jeito! 

Vamos dizer que continuei sentado e não levantei prestes a bater no filho da puta que sentava atrás de mim. Vamos dizer.

ㅡ Ficou bravo, é? 

ㅡ Seu desgraçado, você não... 

ㅡ Jungkook, o que você tá fazendo? ㅡ Jimin me olhou assustado, tinha tirado os fones. ㅡ Senta. 

ㅡ Não! Eles... 

ㅡ Senta, Jungkook ㅡ falou sério. Quando precisava, ele não falava assim!

ㅡ Anda cara, obedece ele! ㅡ o moreno falou. 

ㅡ Aish! ㅡ Peguei a bolsa de Jimin do chão. ㅡ Vem, Jimin! ㅡ O puxei pelo braço e levei até os bancos da frente, deixei o assento na janela para ele e sentei ao seu lado. ㅡ Pelo menos agora eles não incomodam. E você... ㅡ apontei o dedo ㅡ não me impeça da próxima vez. Eles não deviam falar daquele jeito e se eu quiser bater neles, eu bato. 

Jimin me encarou por alguns segundos antes de encostar a cabeça na janela de novo. Já estava com seus fones novamente, porém estava calado. 

ㅡ Canta ㅡ pedi. 

ㅡ Como? 

ㅡ Canta, como cantava antes. Eu quero. 

Ele ficou confuso, contudo depois de alguns segundos sorriu, olhando a janela, e começou a cantar baixo de novo. Não sei bem o que o deixou feliz, mas estar longe daqueles desgraçados e ver que Jimin não estava incomodado me bastava. 

Após alguns minutos, o ônibus parou, já não estava chovendo e saí sem o guarda-chuva. Andamos um pouco até o prédio, subimos as escadas até o apartamento. Não tínhamos nos molhado. Jimin apenas tirou aquele macacão estranho, a máscara e as luvas, as guardou e foi limpar tudo, como sempre fazia quando chegava em casa. E depois de fazer todo o ritual habitual enquanto eu aproveitava para varrer meu quarto, começamos a fazer o jantar. Achei um pacote de Cheetos em baixo da minha cama. Quis comer, mas estava vazio. Não tinha sorte!

Jimin cortava vários legumes e verduras. Eu cortava pimentões para colocar no meu omelete. Cozinhar não era o meu forte. Jimin cortava os tomates rápido, parecia profissional. Me senti um inútil que mal sabia cortar um pimentão. 

ㅡ Você aprendeu rápido ㅡ falou ele enquanto me observava. 

ㅡ Não como você. Fico com pena dos tomates esquartejados... ㅡ Jimin riu e voltou a cortar sua salada.

Uma coisa não me saía da cabeça... Por que Jimin não reagiu com aqueles caras? Ele vivia me dando ordens e gritando comigo, mas ficou quietinho diante de alguns idiotas? Não fazia sentido. 

ㅡ Jimin, por que não fez nada? ㅡ Larguei a faca na pia e me virei para ele

ㅡ Não fiz o quê? 

ㅡ Aqueles caras, Jimin, por que não fez nada? 

Ele parou de cortar os tomates, suspirou, deixou a faca de lado e ajeitou os óculos.

ㅡ Depois de um tempo, você só se acostuma. 

ㅡ Se acostuma? Isso acontece sempre? 

ㅡ Jungkook, eu sei exatamente o que as pessoas pensam de mim. ㅡ Apoiou as mãos na pia. ㅡ Sei o que pensam e porquê e não posso culpá-las por isso. 

ㅡ Como não? São idiotas! 

ㅡ Jungkook, você pensa o mesmo que eles e não adianta negar. 

ㅡ Não vou mentir, você estava ridículo. Mas isso não dá o direito de eu nem ninguém dar palpite sobre isso. Ninguém tem nada a ver com a forma que você se veste, com o que você faz e pensa. As pessoas não têm direito nenhum de te tratar daquele jeito. Você faz o que você quer e isso não diz respeito a ninguém. 

Nos olhamos por um tempo e voltamos a cozinhar. Jimin parecia estar pensando e isso, de certa forma, me alegrava.

ㅡ Você é mais sábio do que pensei. ㅡ Me olhou de canto. 

ㅡ Eu não sou idiota, não dá pra ver? 

ㅡ Dá.

Não falamos mais depois disso, apenas cozinhamos e, quando ficou pronto, comemos e conversamos sobre a salada. Por quê? Não sei. Nenhum de nós queria o silêncio. Após o jantar, peguei um sorvete de ameixa que tinha comprado outro dia, me sentei na mesa e observei Jimin lavando a pia. 

Não conseguia odiá-lo, ele era insuportável, mas… não era ruim. 

ㅡ Quer sorvete? ㅡ perguntei de boca cheia. 

ㅡ Sorvete? 

ㅡ Sim, de ameixa. Quer? 

ㅡ Não acho boa idéia. Não costumo comer isso, pode me fazer mal. 

ㅡ Qual é, vem comer. Eu não divido comida nem com o outro lado da boca e estou oferecendo. Aprecie minha gentileza. ㅡ Apontei pra ele, que suspirou e pegou uma colher. Sentou na minha frente para comer.

Não éramos amigos, porém eu gostava da paz que tínhamos em alguns momentos. 

Fui tomar banho quando acabamos o sorvete, estava cansado. Não sabia bem por que; não tinha feito nada, praticamente. 

ㅡ Ai, que delícia... ㅡ murmurei ao sentir a água quente caindo em mim. 

Peguei meu sabonete, começando o maravilhoso e importantíssimo processo que era me lavar. Estava sentindo uma calma enorme, estava muito relaxado. 

E Jimin estragou. 

ㅡ Jung-Jungkook... 

Ele bateu na porta três vezes, a voz estava meio tremida. 

ㅡ Que é? 

Ele não queria tomar banho, não é? Aquele era o meu momento. 

ㅡ Eu preciso que você saia do banheiro por uns minutos. 

ㅡ Que? Por quê? 

Bufei. Esse momento é precioso, Park Jimin, e você não tem o direito de estragar. 

ㅡ Eu preciso entrar... 

ㅡ Por quê? Merda! 

ㅡ Eu... Tenho que usar o banheiro... Estou com um problema intestinal. 

Calma, ele queria cagar? É isso? 

ㅡ Você quer cagar, é isso? ㅡ perguntei um tanto alto por conta do barulho d'água. 

ㅡ É, Jungkook, é isso! ㅡ respondeu irritado. ㅡ Eu quero soltar um barro, pôr pra fora o que tá podre, expulsar a merda, soltar merda pelo cu, cocô pelo butico. Satisfeito? 

ㅡ Sim, muito satisfeito... ㅡ Ri. Jimin falando daquele jeito era engraçado e estranho. Mais engraçado do que estranho para uma pessoa como eu que não tinha um pingo de maturidade. 

ㅡ Então será que você pode sair daí, por favor? ㅡ A voz dele mostrava muita urgência mesmo. 

ㅡ Calma, vou abrir a porta! ㅡ Saí do chuveiro, abri a porta e vi um Park Jimin com as mãos na barriga e uma cara nada boa. ㅡ Entra. 

Ele me olhou de cima a baixo e ficou vermelho. Ah, eu estava pelado. 

ㅡ V-você não vai sair? ㅡ perguntou, desviando o olhar do meu corpo. 

ㅡ Quê? Não. Eu vou continuar meu banho. ㅡ Dei meia volta até o box. Jimin ficou parado na porta. ㅡ Não era uma emergência? 

ㅡ Não vou fazer nada com você aí dentro. 

ㅡ Jimin, pode cagar, eu não ligo. 

ㅡ Aish! Para de falar assim! ㅡ Bufou. ㅡ Você tem a responsabilidade de sair daí! Isso é sua culpa! 

ㅡ Minha culpa? 

ㅡ Sim! Eu disse que não era uma boa ideia aquele sorvete! ㅡ Gemeu de dor. 

ㅡ Olha, você tem duas escolhas: ou você senta nessa privada, ou faz tudo aí de pé mesmo. Daqui não saio até acabar o meu banho. 

ㅡ Aish! Tá bom, mas não olhe, ouviu? ㅡ Fechou a porta do banheiro. 

ㅡ Eu não quero te ver cagar, não. Não se preocupa. 

Não prestei mais atenção nele, até porque não era uma coisa que eu queria ver. 

ㅡ Não olhe ㅡ pediu outra vez.

ㅡ Já disse que não vou olhar! ㅡ O espiei de canto. 

ㅡ Tá olhando! ㅡ gritou, o rosto estava vermelho. 

ㅡ Porra! Eu olhei porque você fica reclamando, seu chato. Não precisa fazer barulho pra colocar tudo pra fora! 

Me deu uma vontade de rir quando lembrei dele. Sentado, as calças e cueca nos pés, o rosto pegando fogo. Jungkook, não ri disso. Não piora a situação. Mas ele tinha pernas bonitas, precisava ressaltar. Estava tudo bem, tirando a vontade de rir, até escutar um barulho. Foi tipo uma pequena explosão, um "pluuul".

Eu só pensava: Tá, não ri, Jungkook. Isso é normal, você sabe o que ele está fazendo, se acalma

ㅡ Eu... vou me higienizar... Não olhe... 

ㅡ Mas que coisa, Jimin! Eu não quero te ver limpar o cu, merda! 

Tá, conseguiu falar sem rir. Muito bem, Jungkook. Muito bem. Apenas ouvi o barulho da descarga e, até então, não tinha cheiro de nada. Até então. 

ㅡ Ah, não... 

A minha maturidade inexistente sumiu ainda mais quando senti aquele cheiro. 

Acabou a minha vida ali. Eu comecei a rir. 

ㅡ Para de rir! 

Jimin estava muito vermelho. E eu? Estava no chão, sentado, rindo pra caralho, com água caindo na cara, correndo o risco de me afogar. 

ㅡ Aish! Não tem graça! 

Ele saiu batendo a porta e eu continuei ali no chão. Perdi totalmente o controle. Pensei até em pedir socorro, pois achei que riria até morrer. 

Uns minutos depois, parei e acabei meu banho. Sejamos sinceros, aquela era uma situação que podia acontecer com qualquer um, mas ainda assim foi cômica. Saí do box e vesti minhas roupas, olhei no espelho e dei uma bagunçada nos cabelos. Preguiça de pentear. 

Cheguei à sala; Jimin estava sentado com as pernas deitadas no sofá. Tinha uma manta sobre ele e assistia televisão. Me olhou por um instante e desviou, suas bochechas ficaram vermelhas. Mordi o lábio para não lembrar da cena anterior e rir e me deitei no outro sofá. 

Estava passando O Incrível Mundo de Gumball. Olha só, gostamos das mesmas coisas. Era um episódio muito bom e chegou numa cena muito engraçada. Uma em que Gumball começa a cantar de repente, e fodeu comigo. Para uma pessoa que já estava tentando não rir, ver uma cena engraçada foi o fim. E pensar "não posso rir" me fez pensar em coisas que me faziam rir. 

Por quê? Por que era assim? Por que lembrava dessas coisas? Comecei a rir de novo, muito mesmo. Jimin me olhou com um sorrisinho no rosto e depois de dois segundos começou a gargalhar também. 

Eu nunca tinha visto Jimin rir daquela forma. Ele ria alto, a mão cobria a boca, e… tinha uma risada linda

Era um som muito gostoso de ouvir e por alguns momentos o olhei e ri não pelas coisas engraçadas, mas porque sua risada era contagiante. Paramos de gargalhar, nos olhamos e começamos outra vez. Foi inevitável, eu até escorreguei do sofá e caí no chão. Deitado no tapete tive a visão de Jimin rindo e era uma imagem muito bonita. Vi que ele tinha um dente torto, era tão bonitinho. 

ㅡ Você… tem um dente torto… 

E como se alguém apagasse a luz, o sorriso dele sumiu. Subitamente apagou. 

ㅡ Eu sei. Não precisa ficar falando na minha cara. 

Jimin virou o rosto e eu fiquei no chão, estático. Não quis dizer que era um defeito. 

ㅡ O que foi? ㅡ Me sentei no chão. Ele não me respondeu. ㅡ Jimin, o que eu fiz? 

ㅡ Olha, eu sei que eu não sou a pessoa mais bonita do mundo e que não tenho um sorriso legal. Mas não precisa falar na minha cara. ㅡ Olhou nos meus olhos somente até suas íris brilharem e virou o rosto. 

Calma, ele iria chorar? Droga, droga, não! Merda, Jungkook! Arruma isso! 

Me levantei e sentei na frente dele, em cima de seus joelhos, no sofá. 

ㅡ O que foi? Quer apontar mais algum defeito meu? Meu cabelo tá feio? É isso? 

Ele realmente ficou magoado com aquilo e isso doeu. Doeu muito. 

ㅡ Jimin, quem disse que seu sorriso não é bonito? 

ㅡ Você. Agora pouco. ㅡ Era possível sentir na voz dele o quanto ficou chateado. 

ㅡ Não, eu disse que você tinha um dente torto. 

ㅡ Então! O que... 

ㅡ Jimin! ㅡ Segurei o rosto dele. ㅡ Eu não disse que era feio, disse que você tinha um dente torto, não feio. Não é um defeito. Eu achei fofo, entendeu? 

Ele me encarou e pela primeira vez, por baixo daquelas lentes de óculos, pude reparar nos olhos dele. Eram pequenos, eram lindos. 

ㅡ Não precisa mentir... ㅡ disse baixo. 

ㅡ Não estou mentindo. Eu realmente achei fofo. E não foi minha intenção te chatear, desculpe. 

Jimin me olhou intensamente por uns segundos, balançou a cabeça positivamente. Saí de cima dele e me deitei novamente no outro sofá. Jimin voltou a assistir televisão, mesmo que não tivesse o mesmo clima de antes. Não que fosse um clima pesado, apenas não era igual. Nós não conversamos mais, eu não conseguia pensar em algo para dizer e achei que ele não queria papo. 

Minha mente começou a vagar nas coisas que aconteceram naquele dia. Jimin tinha baixa autoestima ou algo assim? O jeito como ficou magoado por um comentário tão simples; parecia que ele não gostava dele mesmo. Que ele se... odiava. 

"Eu também me odeio às vezes". 

Ele disse isso! Ele me disse naquela noite! Quase repetiu no café da manhã, mas falou que não era nada importante... Droga, eu nem lembrei! 

Jimin disse que já se acostumou com situações como aquela no ônibus, deve acontecer bastante, então ele tem muitas pessoas zombando dele. Eu imaginava que as pessoas quisessem distância, porém não imaginava que ele se sentia desse jeito. O observei, rindo baixinho de algo que eu não prestava atenção na televisão. 

E, pela primeira vez, eu pensei: o que se passava dentro de Park Jimin? 

E, pela primeira vez, eu quis conhecer mais dele. 

Pela primeira vez, eu queria entender de verdade Park Jimin.


Notas Finais


[ Capítulo revisado em 20/11/2020 ]
Oi :3
Então, gostaram? Espero que sim :""3
Gente, Jungkook ainda não gosta do Jiminnie, okea? Está apenas gostando da companhia dele e conhecendo ele. Não se iludam kkk
Link do ep que Jikook viu: https://youtu.be/QFwPwW1B5pg
Adoro esse ep sksk
Até semana que vem ♡♡♡


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