História Como nós éramos antes de você - Abelha-madrasta

Ponto de vista: Lou Clark

Passei a mão do meu lado esperando sentir o corpo forte e quente de Will mas logo percebi que ele não estava lá, me fazendo acordar. O relógio marcava 7:44 e havia uma carta na mesinha do seu lado da cama.

Clark, tive um problema no trabalho e tive que sair mais cedo. Amo vocês, e me ligue quando acordar.

Desde que Will e eu tínhamos nos mudado para a City de Londres, nossas vidas tinham se tornado dependentes do trabalho de Will, sendo perfeitamente normal ele sair no meio do jantar para resolver um problema no escritório, afinal "em cinco minutos chego".

Fui até meu closet e peguei minha meia-calça de abelha que Will tinha me dado no meu 26º aniversário e uma saia verde que meu pai falava que era igual a uma árvore e me troquei. Eu e os gêmeos iríamos visitar Treena, Nathan e Thomas de tarde e não podia perder tempo. 

Fui para a cozinha preparar um café quando levei um susto com a porta sendo aberta. Era Will com uma menina que não devia ter nem 20 anos e usava uma roupa de festa.

- Will, achei que estivesse trabalhando - disse surpresa, analisando a garota que nunca tinha visto antes. 

- Precisamos conversar, Lou - sussurrou, apontando para o corredor, para que não acordássemos Olivia e Danny. Ele estava me deixando por aquela pirralha que podia ser filha dele?

Mas como eu era uma mulher madura de trinta e sete anos, fiz que sim com a cabeça e fomos para a sala. Me sentei na poltrona para poder encará-los.

- Lou, você sabe que eu amo você e nunca esconderia nada de você. Eu namorei com essa mulher na faculdade antes do acidente e ela teve uma filha e nunca me contou. Ela apareceu hoje para falar comigo. Lily, essa é Louisa Clark, Louisa Clark, essa é Lily, minha filha - apresentou e eu me levantei, me sentindo zonza. Filha? Will tinha uma filha?

Encarei a menina. O tom azul-claro dos olhos era o mesmo e eles tinham o mesmo rosto anguloso e magro.

Minha boca abriu e por mais que eu quisesse dizer algo, as palavras não saíam. A culpa não era de Lily nem de Will. Nós nem nos conhecíamos quando a filha tinha nascido, mas eu não conseguia esconder o choque, afinal, nunca conseguiu disfarçar meus sentimentos.

- Bem-vinda a família, Lily. Quer ficar para o café? - perguntei e ela levantou as sobrancelhas, como se não tivesse certa do que ouviu. Ficar chateada não faria Lily desaparecer, e a garota tinha vivido vinte anos sem o pai, não podia simplesmente expulsá-la da nossa casa.

Will deu um leve sorriso ao ouvir a pergunta e o rosto de Lily se iluminou completamente. Ela parecia uma criança que tinha acabado de ganhar uma Barbie nova. 

- Muito obrigada pelo convite, eu adoraria, sra. Traynor - me respondeu.