História Como o Fogo - A chegada

            Eram cerca de sete da manhã quando o sol rompeu pelas persianas mal fechadas do quarto. Castiel torceu o nariz ao sentir o cheiro do apê, nem com uma mulher ali aquele lugar melhorava. Bem, isso era normal quando a mulher era Debrah, ele podia jurar que tudo o que ela sabia fazer era seduzir e o convencer a ir para a cama. Não tinham feito mais nada nesse final de semana, mesmo com as aulas começando hoje.
 
            — Acorda, vamos chegar atrasados desse jeito. — Disse ele com a voz rouca de sono.
            — Oh… — Debrah abriu lentamente os olhos. Os seus cabelos estavam uma confusão, ontem à noite Castiel estava tão excitado que os puxara sem querer, e ela gostou. Fazia algum tempo que ele parecia distante, mas essa noite mudou tudo. — Bom dia gatinho.   
            — Já pedi para não me chamar isso. — Grunhiu, enquanto pousava um dos pés no chão para se levantar. No entanto não conseguiu, pois Debrah envolveu a cintura dele em seus braços e o puxou para trás, fazendo com que Castiel caísse na cama a seu lado.
 
            — Para quê a pressa? — Perguntou ela começando a beijar o peito dele. — Todo mundo sabe que você é um homem mau, que não cumpre ordens. — A sua boca foi descendo até encontrar um alto. — Ao que parece, o seu amigo concorda comigo…
            — Agora não Debrah. Se acha que compra os meus sentimen—
 
            Castiel parou de falar e soltou um pequeno gemido. Debrah tinha colocado todo o seu pênis de uma vez na boca, chupando com vontade. Castiel conseguia sentir a língua dela fazendo movimentos que o deixavam louco. Sem pensar, pousou as mãos na cabeça dela e ajudou com os movimentos, era cada vez mais gostoso e ele não conseguia evitar. Debrah fazia aquilo como se estivesse também a sentir o maior prazer do mundo, gemendo também. Como provavelmente teve um sonho erótico durante a noite e ela estava tão erótica, não demorou muito a ejacular.
 
            — Não precisava fazer isso. — Resmungou ele, apesar de tudo, enquanto Debrah sorria e engolia o líquido branco.
            — Precisava sim, você tem que relaxar. — Disse ela, e ambos se levantaram e prepararam para o dia que tinham de enfrentar.
 
          
 
Eram cerca de nove horas e a aula estaria prestes a começar, mas eles ainda estavam no pátio. Aparentemente havia uma comoção na rua, alguém importante ou algo do tipo. Algumas garotas sussurravam entre si, e Castiel ouviu a frase “estudante transferido”.
 
            — Boa, mais um babaca para fazer concorrência ao Nathaniel. — Disse.
            Debrah não falou nada por um momento, fingindo que não tinha escutado ou que não tinha entendido. Assim que notou Castiel desistir do assunto, comentou:
            — Desde que não seja uma garota gostosa que queira o meu homem, por mim tudo bem. — Sorriu.
            — Deixa disso. Além do mais, não sou o “seu homem”.
 
            Ela fez uma careta. Não tinham mais uma relação oficial, isso era verdade, mas de qualquer forma conseguia sempre trazer Castiel para os seus lençóis e já estava contente por isso. Só tinha de o manter entretido, na palma da sua mão. Era tudo o que importava, e estava conseguindo.
 
            Quando a multidão finalmente dissipou, conseguiram passar pelos corredores. Debrah depositou um beijo rápido nos lábios do ruivo, algo que ele não gostou.
 
            — Já sabe que não quero que ninguém veja isso. — Resmungou enquanto parecia zangado.
            — Desculpa, não resisti. — Ela sorriu provocadoramente e piscou o olho. — Até mais gatinho, tenta não se perder. Vou andando para a minha sala, tenha um bom dia de aulas.
            — Terei, se você não se intrometer. — Disparou ele, mas ela já se afastara, caminhando sensualmente. Castiel não conseguia deixar de admitir que ela tinha um corpo fenomenal, e talvez por isso não conseguisse afastá-la de si. Isso o irritava.
 
            Entrou para a sala onde todo o mundo já estava sentado. Era a primeira aula do ano, então tinha a possibilidade de escolher uma mesa qualquer. Eram de dois lugares, mas ele planejara deixar as suas coisas bem espalhadas para que ninguém tivesse a ideia de se sentar a seu lado. Escolheu a mesa do fundo, próxima à janela.
 
            Não demorou muito para que a professora entrasse. Era relativamente jovem, vinha vestida de uma forma simples que fazia lembrar uma bibliotecária, com óculos e uma saia que passava do joelho. No entanto, não foi ela que roubou a atenção das pessoas que se encontravam ali; uma cabeleira vermelha como o fogo, uma cor muito semelhante à de Castiel, irrompeu pela sala. Era uma garota que parecia ter uma atitude de quem não queria estar ali, mas era forçada. “Já somos dois”, pensou ele. Riu de uma forma sarcástica devido às parecenças obvias consigo mesmo.
 
            — Olá alunos, estamos reunidos mais um ano. — Fez um gesto para a aluna nova, para que esta se aproximasse. — Antes de mais, gostaria de apresentar a Nina, ela veio da Alemanha, apesar de ter crescido aqui. Nina, por favor se apresente.
 
            Para espanto de todos, a garota simplesmente ignorou a mulher mais velha, encolheu os ombros e disse:
 
            — Sou a Nina. Não há mais para acrescentar, já é muito. — Virou costas e se dirigiu a uma das mesas do fundo, ao lado de Castiel. Surpreso com a sua atitude, este franziu o sobrolho.
 
            — Que é isso? Tenho uma fã nova? Mesma atitude, o mesmo cabelo… diria que está copiando o mestre, mas acho que não nos conhecemos antes. — Disse ele para tentar zoar a garota.
 
            — Fica na sua que eu fico na minha. Não me importo com o que tem para me falar cabeça de fósforo, então é melhor não começar. — Nina abriu o caderno e procedeu a ignorá-lo.
 
            Castiel limitou-se a abrir ligeiramente a boca de espanto enquanto a professora tentava repreender Nina, mas logo a fechou e se virou para a frente. Era a primeira vez que uma garota reagia desse jeito a qualquer frase que ele tenha dito. “Esse ano vai ser interessante”, pensou.