História Como sorvete de chocolate ou baunilha - Como sorvete de baunilha

CAPÍTULO 41

Como sorvete de baunilha

…não importa o que custar...

— Na verdade não tá tudo bem. Eu não posso te perder! — falo.

— Eu também não.

Continuamos chorando juntos, um tentando consolar o outro, por mais que fosse impossível nessa situação... 

— E eu não vou permitir. — ele finalmente fala depois de um tempo, limpando seu rosto.

— Como assim? — limpo o meu rosto também.

— Ainda não sei exatamente... a única coisa que sei é que não vou com eles! Eu me recuso! Eu não posso ficar longe de você! — ele fala enquanto acaricia meu rosto. — Eu não aguentaria.

— Fica lá em casa! — falo, finalmente sentindo esperança em meio a essa confusão.

— Ou talvez eu posso arrumar um trabalho de meio período para me sustentar. — ele pensa alto.

— Han... quando você descobriu tudo isso?

— Hoje. Pouco antes do caminhão chegar. — fala cabisbaixo.

Seguro seu rosto com minha mão, fazendo com que ele levante o olhar. 

— Eu não vou deixar nada de ruim acontecer com você. — digo determinada. — Eu vou te proteger!

Ele ri de leve, segurando a minha mão. 

 — Eu que vou te proteger. — agora parecia que tudo ficaria bem. — Se for para se livrar de mim, não será hoje! E muito menos nessas circunstâncias! 

— Seu bobo! Nunca que eu iria querer me livrar de você! Ainda temos muito pela frente... — olho para o céu, pensando. — Veja, ainda temos que sair da escola, nos formarmos, depois entrar em universidades, conseguir trabalhos, casar, comprar uma casa, ter um hamster... ou talvez um cachorro?! E também gostaria de ter fil… — volto a encará-lo e noto o seu rosto vermelho, quase explodindo. — Han?!

— V-você acabou de me pedir em casamento?! — ele fala.

Minha senhora! 

Verdade! 

O que ele deve estar pensando de mim agora?!

Eu havia prometido guardar esse segredo muito bem, bem no fundo da alma... e nunca contar para ninguém… porque olha... 

Quando eu gostava do Jeongin, nunca conseguia me imaginar casada com ele ou algo assim. Parecia algo muito estranho... No final, acho que só tinha uma admiração e uma queda leve por ele.

Já o Han... as coisas mudam... eu não preciso fazer esforços para imaginar tudo isso. E eu sinto vontade de ficar por ele por bastante tempo! De compartilhar e viver ao seu lado para sempre!

Agora meu rosto já não estava diferente do dele.

— Hum... é que... bom, desculpa. É só que eu... eu quero ficar com você por bastante tempo... até quando formos adultos. — digo rápido por conta do nervosismo, fazendo essa explicação para tentar não deixá-lo constrangido.

Achei que ele estava constrangido pelo menos, só que na verdade... estava feliz. Muito feliz. O sorriso que ele abriu com a minha fala ficará marcado para sempre em minha memória.

— Não precisa se desculpar... Na verdade, eu penso a mesma coisa que você. — me olha no fundo dos olhos. — E sim, eu aceito casar com você, Misuk. 

Nem preciso dizer que meu rosto esquentou ainda mais, né?

— Sério?! — fico surpresa e desacreditada. — Quer dizer, isso só quando nós formos maiores de idade e tals... né?

— Sim, né. — ele bagunça os meus cabelos, rindo de leve. — Só que eu vou ter que refazer o pedido! Precisa ser... 

— Inesquecível. — o interrompi, dizendo exatamente o que ele havia me dito quando falou sobre o pedido de namoro, que sinceramente, foi exatamente essa palavra.

— Exato! — ele abre um grande sorriso.

Ficamos por um tempo em silêncio.

Mas aí, me lembro dos eventos anteriores.

— Han... 

— Oi.

— Então... Tem certeza que esse plano de não ir com seus pais vai dar certo? — pergunto ainda preocupada.

— Olha... Na verdade, não tenho 100% de certeza. Mas saiba que eu não vou! Isso com 100% de certeza! Eu não posso perder você. Não vou e me recuso. Eu serei capaz de criar todos os planos possíveis só para poder ficar com você! Eu vou arrumar algum jeito, não importa qual seja ou quão difícil seja. — meu coração acelera ainda mais. — Eu prometo não te abandonar, nunca! — Ele fala de uma forma que eu nunca tinha visto antes… era literalmente uma promessa de vida. Ele estava completamente sério, e dizia da forma mais sincera e honesta possível.

E essa última frase dele com certeza será algo que ficarei pensando por várias e várias noites antes de dormir. 

Sorrio grande.

— Bom, eu também! Eu prometo nunca te abandonar! Nunca mesmo! — falo no mesmo tom que o seu.

— Não importa o que custar! — ele estende o minguinho.

— Não importa o que custar! — falo e fazemos a promessa com nossos dedos.

Ficamos por um tempo só nos olhando, admirando o outro. O Jisung na luz do sol avermelhado fica parecendo um Deus, muito... irresistível…

Depois de um tempo ele ri de leve.

— O que foi? — pergunto por conta desse seu último ato.

— Agora não tem mais volta... não pode mais se livrar de mim por causa da promessa!

Dou um leve tapa nas suas bochechas macias.

— Ya! Besta! Já falei para parar de falar essas coisas! Eu não quero e nunca vou querer me livrar de você. — dou uma pausa. — Eu te amo. — preciso admitir que todas as vezes em que digo essas três palavras, parece que meu coração vai sair pela boca. Sim, eu ainda fico nervosa.

— Eu te amo mais. — ele fala e não demora para selar os nossos lábios.

Você já se apaixonou por alguém?

Algum tempo atrás eu diria que a pergunta deveria ser: quem nunca se apaixonou por alguém?

Só que na verdade, o que eu perguntaria agora seria: você já se apaixonou verdadeiramente por alguém? Porque bom, talvez todos nós já pensássemos que já nos apaixonamos verdadeiramente por alguém sendo que, na verdade, não foi bem assim. Eu mesma achava que já tinha me apaixonado faz tempo e sabia de tudo sobre o amor... eu não poderia estar mais errada!

A verdade é que eu acabei descobrindo "o que é amar" quando menos esperava. Amar é muito mais do que uma admiração. Amar é... sempre querer estar com essa pessoa especial! É querer compartilhar os melhores momentos da vida além de querer estar presente nos piores, para poder ajudá-la de todas as formas possíveis. É ser capaz de ir até o infinito, comer papel ou até abrir um grande machucado por essa pessoa. 

O amor é tão grande que... chega a ser confuso muitas vezes. Eu mesma talvez ainda não tenha descoberto tudo sobre o amor, só que pelo que eu já sei, posso garantir que é, sem dúvidas, a melhor sensação do mundo!

Por mais que possa doer em alguns momentos, essa dor é necessária para que possamos descobrir o que sentimos verdadeiramente. Isso porque muitas vezes tentamos esconder a todo custo esse sentimento. Sou uma prova concreta disso!

E sei bem que há um medo quando se trata desse sentimento, isso porque ele é muito forte, não? Só que não se preocupe! Tudo tem o seu tempo! E eu só entendi a expressão “dê tempo ao tempo” depois. Eu estava tão preocupada em resolver tudo quanto antes possível sendo que ainda não era a hora certa. E, depois, quando eu menos percebi, tudo estava se resolvendo, no próprio ritmo.

Ainda tenho muito para vivenciar e por mais que seja impossível evitar maus momentos e problemas na vida, devemos sempre aproveitar o lado bom, certo? Nesse caso, estarei sempre buscando a minha felicidade e aproveitando esse sentimento chamado de “amor”.

Parando para pensar... o amor parece sorvete! Isso porque sempre que vemos essa pessoa especial, uma sensação engraçada prevalece no corpo... quase como o frio e arrepio que sentimos quando o sorvete está muito gelado! Os famosos tsunamis... ou frios na barriga. E também porque o amor é mais doce do que sorvete… e qualquer sabor está valendo! 

Na verdade, eu ainda preciso desenvolver melhor essa comparação...

Só que o que eu já tenho certeza agora é que quando me apaixonei, meus sentimentos estavam derretendo como um sorvete exposto no sol. Mas não qualquer sorvete! Agora eu sei... meus sentimentos estavam, e ainda estão, derretendo como sorvete de baunilha!

CENA EXTRA!

Anos depois…

Dou passos rápidos, após sair do carro, e logo chego na frente da porta de casa. Percebo que está destrancada então somente entro.

Tiro os meus sapatos e não demoro para ver um vulto se aproximando de mim.

— Ai, você mesmo depois de todos esses anos não se cansa de me assustar, né? — falo, rindo de leve.

— Hum... não. — Han fala e logo me envolve em seus braços. 

Não demoro para sentir seus lábios macios.

— E aí, o que tem nessas sacolas? — ele pergunta depois de nos afastarmos.

Ele também pega algumas de minhas mãos para me ajudar... ele é tão fofo e cuidadoso! Me casar com ele foi, sem dúvidas, a melhor decisão da minha vida!

— Janta. — falo e rimos de leve.

Vamos até a cozinha e começamos a tirar tudo das sacolas, arrumando no devido lugar.

— Ai, não acredito! — ele fala assim que retira da sacola o sorvete que comprei de surpresa.

Em seguida, abre um sorriso fofo e começa a dar pulinhos no lugar. Meu coração se esquenta e acabo sorrindo junto. Ele não muda mesmo... Quer dizer, é claro que muda! Mas suas principais características, não. E o que ele muda... é só para melhor!

— Você fica mais feliz do que a Yuna quando eu compro sorvete. — comento, rindo ainda.

— Como eu não ficaria? — fala e abre o freezer, guardando o pote. — E falando nela, cadê a Yu?

— Nossa filha tem aula extra de artes depois das aulas, esqueceu? — o olho e já começo a abrir as embalagens, para fazer a refeição.

— Então ela já deve estar voltando, né? — checa o relógio.

— Sim.

— E voltando de skate... orgulho do pai! — ele fala sorrindo e me abraça por trás. — Me lembro como se fosse ontem quando ela nasceu... o tempo passa rápido, não é?

— Com certeza. — respondo.

Memórias logo chegam... E a minha favorita ainda...

Era sábado de tarde. O meu dia favorito, de descanso.

— Baby, vem cá! — escuto Han me chamando da sala. — Rápido!

Dou passos rápidos e não demoro para chegar no cômodo, tendo a visão mais fofa de toda minha vida.

Yuna, ainda em seus 11 meses, estava de pé no meio do tapete. Ela dava alguns passos, bambos, tentando alcançar Han. Este, que por sua vez, estava sentado e com os braços por volta dela, caso ela se desequilibrasse e quase caísse.

1 passo.

2 passos.

4 pequenos passos.

6 passos.

E ao completar o oitavo passo, finalmente chega em Han.

Ele, imediatamente a abraça, de forma delicada, e a levanta no ar, todo feliz. Depois, deposita um beijo naqueles cabelinhos, que pareciam ser feitos de algodão.

— Você viu? Essa foi a primeira vez que ela andou! Eu que ensinei! — ele fala todo animado e feliz. São poucas as ocasiões que o vejo tão feliz assim dessa forma, e era contagiante!

Abro um grande sorriso. Depois me aproximo, sentando perto dos dois.

— O papai te fez andar, Yuna? — falo com a voz mais fina e a seguro. — Você andou, filha! — em seguida, dou um beijo no topo da sua cabecinha também.

— Se a tia Sana souber disso, já vai correndo comprar sapatos e joelheiras. — Han comenta rindo e me dá um beijo na testa, me abraçando.

Volto ao presente e me encontro sorrindo ao lembrar daquele dia…

E em um piscar de olhos, ela já está grande! Atualmente, ela está com a idade em que eu e Han nos conhecemos…

— Baby, vou tomar banho então. — ele fala, dando um selo em meu pescoço.

— Pode ir, fedido. — eu tiro sarro.

— Fedido?! É assim?! — ele fala e noto que ele abria a porta do freezer.

Não dou muita atenção para o seu ato (o que foi um grande erro) e continuo concentrada na comida.

— Sim. — rio de leve.

Ele se aproxima novamente de mim e suas mãos adentram a minha blusa. 

Gelo...

Ele estava com um gelo nas mãos e o colocou em contato direto com a minha pele! 

Dou um pulo no lugar. 

— YA, JISUNG! — me viro imediatamente e ameaço batê-lo. Com esse sinal, ele sai correndo. — PALHAÇO, VOLTA AQUI! — ele logo some da minha vista.

Esse palhaço…

Rio sozinha e não demoro para dar continuidade à janta.

Minutos depois, com quase tudo pronto, escuto a porta da frente se abrir.

— Oi, filha! — digo alto daqui para ela escutar.

— Oi, mãe.

— Como foi o seu dia?

— Foi tudo… bem?!

Esse "bem" dela saiu mais como uma pergunta do que como uma afirmação… Tem algo errado, meu instinto de mãe diz isso.

Olho pela janela e vejo… um garoto andando na rua?! Yuna veio acompanhada de um garoto?! Ai meu senhor, minha filha estaria vivendo o seu romance?!

Largo tudo o que estou fazendo e vou ao encontro direto com ela, com um grande sorriso no rosto. Eu esperei tanto por esse momento!

— Filha, que menino era aquele?! — pergunto animada e logo reparo a sua expressão…

Confirmei minhas suspeitas. Sim, algo de errado aconteceu. Seu rosto marcava uma expressão um tanto que... preocupada e nervosa.

— Tá tudo bem, Yu? — falo preocupada e faço um carinho em seus cabelos.

— Mãe… eu preciso de um conselho. — ela finalmente se pronuncia, engolindo em seco. Estava pensativa também.

— Claro, minha querida. — falo. — Vem cá. — vamos até o sofá e nos sentamos.

Eu obviamente estava curiosa, queria servir de apoio para ela ao máximo! Assim como a tia Sana me apoiou e cuidou de mim durante essa idade e é claro, durante toda minha vida! 

— Mas você promete não rir ou tirar sarro de mim?

— Por que eu faria isso?

— Mãe!

— Ok, eu prometo, filha.

— De verdade?

— Eu te dou a minha palavra!

— E não conta pro pai! 

— Por que, filha?

— Mãe... você conhece muito bem ele... sempre encontra alguma maneira de transformar algo em piada. E com certeza vai me zoar para o resto da vida se souber dessa conversa.

Rimos juntas, talvez não fosse mentira! Mas Han realmente sabe ser sério quando é necessário.

— Então eu prometo, filha. Não vou contar para ninguém e muito menos o seu pai! — termino e fico esperando.

— Mãe… — ela hesita por um momento, mas logo respira fundo e fala: — O que você faria se o melhor amigo do garoto que você gosta, visse você colocando uma carta no armário dele?!