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História Como Surgiram as Estações - A história das Armas Amaldiçoadas


Escrita por: nuwahours

Notas do Autor


oh, hello
fdskfjsdkfjsf
é, galera, eu peço desculpas pela demora em atualizar
nas notas finais vou dar um recadinho sobre essa fanfic, ok?
(não é nada grave, é só para que vocês não me matem nem nada por ser essa autora ausente no RG de vocês)

é isso, boa leitura! ~~

Capítulo 11 - A história das Armas Amaldiçoadas


 

― Você tem certeza de que o viu vir para cá? ― Felix interroga a Changbin quando eles desmontam o cavalo para investigarem os arredores. 

― Eu tenho certeza, mas o problema não é esse ― o cavaleiro suspira ao examinar a paisagem recheada por árvores gêmeas. ― Alguma coisa muito estranha acontece quando me aproximo daquela rocha ― apontou para frente. ― Essa floresta deve ser encantada ou algo do tipo. Ela impede que a gente consiga encontrar o caminho até o outro lado.

― E o que podemos fazer então? Não sabemos nada sobre magia para contornar essa situação.

― Vamos tentar esse método ― ele tira várias fitas vermelhas do bolso. ― Vamos marcar o percurso que fizermos.

Felix seguiu Changbin até a rocha e ambos olharam para trás para se certificar da localização dos cavalos. Eles amarraram a primeira fita no galho de um arbusto e prosseguiram na busca por pistas, conversando sobre a noite em que Chan desapareceu.

― Se ele estava ferido, ele não teria ido muito longe sozinho ― Felix comenta. ― Será que ele recebeu ajuda de alguma criatura? Ou será que ele está sendo feito de refém? Já ouvi muitas histórias sobre crianças capturadas por trolls e outros bichos.

― Isso são apenas contos, Felix. Para afastar os pequenos de se perderem. Não há nenhuma ameaça na Floresta. 

― E como você pode ter certeza? Se não for isso, como é que ainda não encontramos Chan? Ou por que ele ainda não voltou?

― Chan era melhor que muitos de nós em entender a Floresta. Ele dizia que não tínhamos que temer o que habitasse nela e que algum dia poderíamos voltar a viver em harmonia com os seres mágicos. Ele sempre foi defensor dessa causa. Eu cresci como você, ouvindo histórias malucas e assustadoras, e também fui relutante a princípio em aceitar que poderíamos romper a barreira que separa os dois mundos. Mas se Chan acredita que a Floresta não oferece perigo, vou confiar nele. Ele não diria isso da boca para fora.

Changbin não admitiria a Felix, mas estava tão incerto quanto ele a respeito de toda aquela situação. Por mais que a Floresta fosse um lugar em que ele não pisaria por motivos óbvios, ele não deixava de se sentir apreensivo em relação a ela. A Floresta sempre foi um território proibido. Ninguém se atrevia a desbravá-la e mesmo aqueles que tentavam, voltavam desnorteados e confusos. Era o mesmo efeito que o cavaleiro experimentava cada vez que se arriscava a procurar por um portal que não parecia existir para qualquer tolo. 

Existia magia naquele lugar misterioso, isto era inegável. Mas aparentemente ela não tinha propósito algum em ferir os humanos ou os relatos assombrados teriam mais relevância e as pessoas desapareceriam entre as árvores, capturadas pelas criaturas misteriosas que habitavam a Floresta.

― Foi por isso que ele entrou em desavenças com o pai, não foi? ― Felix continua, abaixando-se para amarrar mais uma fita numa raiz exposta. ― O rei não acredita na harmonia entre seres mágicos e não mágicos.

― O rei defende que estamos melhor divididos ― Changbin explica enquanto avalia todo o entorno. ― Ele não tem pretensão de contrariar muitas pessoas que não confiam no que desconhecem. O conflito aconteceu há muito tempo, mas as histórias continuam assombrando a mente do povo. E mesmo que o rei quisesse, não se trata de uma simples reconciliação. Chan estava determinado a convencer o pai de que eles deviam tentar contato com a Floresta porque desde sempre tem esse fascínio pela magia. Ele quer unir os mundos porque visualiza um futuro harmonioso, mas sua proposta é idealista demais. Não conhecemos as criaturas que vivem aqui. Não sabemos se elas compartilham desse interesse que o príncipe tem.

― Você acha que o rei pode planejar um ataque à Floresta? ― Felix cochichou. ― Quando ele ficar sabendo que Chan desapareceu por aqui?

― Não acho que ele seja capaz. 

― Por que você não disse aos outros que o Chan veio nessa direção?

― Porque eu tenho a impressão de que Chan estava planejando isso há muito tempo.

― O que quer dizer?

 ― Ele estava agindo de uma maneira suspeita antes do atentado. Guardava algum segredo que não queria me contar de jeito nenhum. Disse que eu precisava confiar nele e que na hora certa eu saberia de seus planos.

― Você acha então que ele fugiu para cá de propósito?

― Talvez ― deu de ombros. ― Ele já vinha procurando a entrada para a Floresta. Eu tenho a impressão que dessa vez ele a encontrou. Ou teríamos achado seu corpo. Não há motivo algum para que esse lugar esconda-o. 

― Então você acredita que ele está vivo.

― É claro que sim. Você não?

― Bom… é que… já faz algum tempo que ele está desaparecido. Se ele estivesse mesmo vivo, ele teria dado um jeito de voltar.

― Talvez ele não queira voltar ― uma terceira voz disse, assustando a Changbin e Felix que empunharam suas espadas, procurando pela origem da presença.

Eles deram de cara com uma figura de um jovem de cabelo cinza e olhos esticados, de expressão tão esperta e doce como a de um filhote de raposa. Ele estava sentado com as pernas cruzadas sobre o tronco de uma árvore caída, a postura relaxada enquanto examinava os visitantes com visível interesse.

― Quem é você? ― Changbin perguntou apontando a lâmina na direção do desconhecido..

― Ah, sempre a mesma pergunta ― ele riu apoiando a cabeça no punho. ― Já estou cansado de te ver por aqui.

― O que você está querendo dizer? ― o cavaleiro recuou, avaliando o inimigo sem entender a casualidade com que ele falava.

― Você já veio aqui tantas vezes. Mas que bom que desta vez você trouxe companhia para variar ― sorriu para Felix. ― Quem é você?

― Eu perguntei primeiro ― Changbin se antecipou.

― Eu sou Jeongin ― respondeu com um ar de tédio. ― Aprendiz de oráculo. E você é Changbin, o cavaleiro do palácio de Esnovía. Amigo de Chan. E você, jovenzinho? Deve ser Felix. Acertei?

― Oh, como você sabe? ― Felix ficou boquiaberto.

― Dã. Eu sou um oráculo. 

― O que… o que você quis dizer quando falou sobre Chan não querer voltar? Ele está vivo? Ele está bem? ― o auxiliar perguntou ansioso.

― Ele está vivo, sim. E está muito bem. Está vivendo um momento único na vida dele. Talvez seja por essa razão que ele esteja relutante em retornar ao mundo dele.

― Onde ele está? Diga agora! ― Changbin exigiu.

― Mesmo que eu lhe diga, não vai fazer diferença alguma. Ele não se lembra de você.

― Não se lembra de mim? O que quer dizer? Vocês o enfeitiçaram? ― exclamou indignado.

― Não. Não fazemos magia desse tipo. Não posso dizer o mesmo de vocês que vivem manipulando os seus semelhantes.

― Não mexemos com magia ― Felix defendeu-os.

― Não, é claro que não. Mas a veneram de um jeito bastante errado. 

― Nós podemos falar com Chan? ― o auxiliar se aproximou um passo antes de ser impedido pela mão de Changbin.

― Acredito que essa não seja uma boa decisão. Não é o momento do retorno ainda. 

― E qual seria esse momento? ― o cavaleiro ficou impaciente.

― Estou esperando por ele. Acredite em mim, até eu não tenho respostas sempre.

Os três ficaram se olhando por um instante, cada um com uma curiosidade diferente dançando na mente.

― Você disse que eu já estive aqui antes? ― Changbin por fim quebrou o silêncio, a curiosidade vencendo seus outros instintos.

― Já. Com essa aqui, eu contei cinco visitas.

― E como eu não me lembro disso?

― Ah… queria tanto que vocês fossem tão interessados quando o príncipe Chan parecia ser antes de ter a memória amarrada… ― murmurou inconformado para depois rir de seu próprio comentário. Ele via tanta graça naquela cena que estava ficando difícil esconder. E como se esse pensamento verbalizado fosse uma luz acesa numa caverna muito escura, o oráculo se agitou alegre, satisfeito com a própria sagacidade. ― Finalmente entendo! Como não percebi isso antes?!

Changbin e Felix se entreolharam antes de voltarem para Jeongin que estava animado com alguma coisa invisível. 

― O príncipe de vocês realmente é um humano muito especial ― Jeongin diz após se recompor. ― Não me admira que a Floresta o tenha acolhido tão depressa. Mas respondendo a sua pergunta pela quinta vez, cavaleiro, se você tivesse mais interesse em saber mais sobre nós e não ficasse evitando conhecer algo que não faria qualquer mal a você nem a qualquer um de vocês, saberia que há uma barreira que nos separa bem ali ― esticou o dedo na direção de onde eles vieram. ― Ela impede que vocês venham para cá para descobrir nossos segredos. Normalmente meu mestre estaria aqui para impedir a entrada de curiosos e mal intencionados… mas como eu sabia que seriam os dois, eu resolvi vir pessoalmente para espantá-los. 

― O que vai fazer conosco? ― Felix arregalou os olhos.

― Ah, nada. Não preciso fazer coisa alguma, acredite em mim. 

― Isso não responde a minha pergunta ― Changbin não se conforma. ― O que há demais nessa barreira?

Jeongin suspira.

― E será que vai fazer qualquer diferença se você souber? Vou me divertir um pouco confundindo-os antes de dispensá-los. Aliás, boa estratégia ― indicou as fitas vermelhas. ― Mas daqui a pouco estarei prestes a rir de vocês porque esse plano não tem como funcionar. 

― Pare de falar misteriosamente. Diga onde Chan está. Precisamos falar com ele! ― exclamou aborrecido. 

― Infelizmente não posso permitir.

― Você pode ao menos transmitir uma mensagem a ele? ― Felix pede calmamente.

― Ah, você é mesmo o mais gentil, como eu senti que seria ― o aprendiz sorri. ― E qual seria a mensagem? Posso tentar repassá-la assim que se decidir pelas palavras.

O auxiliar ponderou, as engrenagens em sua cabeça funcionando enquanto se decidia. Ele parecia ter tantas coisas a dizer enquanto Jeongin o observava paciente, intrigado com o jeito de Felix que tomava cuidado até demais com as menores coisas. 

― Pode dizer a ele que estamos sentindo a falta dele?

― Ah… ― Jeongin se encolheu e sorriu ainda mais, apreciando a mensagem como se ela fosse um carinho muito gostoso. ― Ele também sente muito a falta de vocês! 

― Você já passou a mensagem a ele? ― Felix piscou, espantado.

― Ainda não. Mas já sei qual seria a resposta. Obrigado, Felix. E Changbin, será que você se lembrou de me trazer uma rosa do palácio?

― O que? Eu não! Por que traria? ― exclamou confuso.

― Pode me trazer na próxima vez que vier?

― A-Acho que sim. 

― O ajude nessa tarefa, Felix. Ele não vai se lembrar ― Jeongin riu.

― Tudo bem ― o auxiliar uniu as sobrancelhas e por fim sorriu junto do aprendiz.

Changbin estalou a língua e passou uma das mãos pela nuca, um gesto automático que exibia toda vez que se sentia numa situação constrangedora. O movimentou captou a atenção do oráculo, que flagrou algo que não tinha reparado nas outras vezes em que o cavaleiro surgiu. Com um aceno capaz de congelar o tempo, Jeongin fez os dois rapazes virarem estátuas vivas.

― O que temos aqui? ―  o aprendiz se aprumou antes de rodear Changbin com escrutínio, espiando o antebraço dele que estava rasgado por uma cicatriz incomum. ― E pensar que Hyunjin viajou para o sul em busca da resposta que ele poderia encontrar bem aqui… ― balançou a cabeça. ― O que você me diz? Devo contar ou não? ― perguntou a Changbin que permanecia imóvel e incapaz de ouvi-lo. ― Se essa cicatriz for a chave, o que ela destranca? Duvido que você saiba de alguma coisa.

Jeongin cruzou os braços e recuou os passos, voltando para o tronco da árvore. Com um sutil puxar de dedos, fez o tempo andar novamente e como se aquela conversa não tivesse acontecido, Felix e Changbin foram surpreendidos pelo sumiço repentino do oráculo. Para eles, foi durante um piscar de olhos. 

Os dois ficaram estarrecidos diante da incompreensão, buscando ao redor como se aquilo fosse apenas uma brincadeira de mau gosto. Teria Jeongin existido? Aquele diálogo realmente aconteceu?

― Temos de voltar ― Changbin tomou a frente. ― Devemos dizer aos outros que sabemos onde Chan está e pedir por reforços.

Felix assentiu e eles voltaram rápidos pelo caminho entre as árvores, acompanhando a trilha de fitas vermelhas que tinham deixado. Em determinado ponto, quando uma suave ondulação do ar os trespassou, ambos reduziram o passo e examinaram o céu com curiosidade.

― Então você acredita que ele está vivo ― Felix comenta.

― É claro que sim. Você não? ― Changbin o encara com incredulidade.

― Bom… é que… já faz algum tempo que ele está desaparecido. Se ele estivesse mesmo vivo, ele teria dado um jeito de voltar ― o auxiliar balança os ombros. ― Ei, olhe. É uma das fitas. Acho que estamos andando em círculos.

O cavaleiro resmunga pela frustração.

― Viu só? Eu te disse que esse lugar nos engana. Vamos por ali.

Eles então giraram e percorreram o mesmo trecho que já tinham feito como se fosse a primeira vez. E ao ultrapassarem a barreira mágica invisível, eles foram surpreendidos por uma risada.

― Quem é você? ― Changbin perguntou apontando a lâmina na direção do desconhecido. 

Em vez de responder, Jeongin riu ainda mais. 

 

 

Hyunjin terminava de ajeitar as xícaras de cristal numa bandeja quando Minho apareceu em sua sala de estar. Já aguardava pela aparição do mago dos mundos a julgar pela ausência de surpresa apresentada de sua parte. 

― É impressão minha ou os dias ficaram mais longos e as noites mais curtas? ― Hyunjin perguntou enquanto caminhava até a mesa de sodalite.

― A ansiedade de passar o maior tempo possível ao lado de alguém é tão grande que ele mal pode desperdiçar o tempo dormindo. E o dia se arrasta comprido, caloroso, chega a ser uma tortura.

Hyunjin sorriu ao servir o amigo com o chá de jasmim. Ocupou a cadeira à frente dele e bebericou da própria xícara enquanto observava Minho tirar de dentro do casaco a garrafa que pegara da casa de Jisung.

― Algum progresso na descoberta da origem do feitiço?

― Veja você mesmo ― ofereceu a mão.

O buscador precisou apenas de um toque para ver tudo o que seu amigo tinha atravessado no calabouço. Recuou arrepiado, assustado com a dimensão do problema.

― Parece familiar a você? ― Minho perguntou.

Os olhos de Hyunjin ficaram azuis. Ele aquietou por um instante, suas mãos acolhendo a xícara enquanto vasculhava sua grandiosa memória. 

― Eu já vi algo parecido ― confirmou. ― Mas está distante demais. Deixe-me ver novamente ― solicitou. ― É. Esses símbolos… me são familiares. Uma escrita antiga que não é usada por nós há muito tempo. Onde eu já vi? ― ponderou ao batucar os dedos nos lábios. ― Você se lembra daquela vez em que Jisung apareceu para nós?

Minho aquiesceu. Era fácil resgatar aquela lembrança. Foi um dia resplandecente para a Floresta que estava mergulhada em sombras desde a morte do anterior mago da floresta. Jisung, com sua mera presença, foi capaz de produzir um vendaval que varreu toda a escuridão e alimentou toda a natureza viva com seu calor contagiante. Ele era inexperiente, mas tinha uma força imensurável com ele. Minho se lembra muito bem de como ficou impressionado ao observar a chegada do amigo.

― Ele tinha alguns símbolos na palma da mão ― o buscador estendeu os dedos e traçou com o indicador o desenho de que se recordava.

― O símbolo do fogo divino ― compreendeu. ― A ligação dele com a chama que ele estava trazendo consigo.

― Se eu não me engano, na transcrição do feitiço tem esse símbolo aqui invertido ― mostrou ao riscar num pedaço de papel que voou até a mesa.

Enquanto o buscador riscava uma sequência confusa de símbolos, Minho sentiu um tremor percorrer braços e pernas. Quanto mais aquelas figuras iam tomando forma e se encaixando umas às outras, mais o mago dos mundos ficava apreensivo, sentindo novamente aquela sensação de medo que experimentou no calabouço. Algumas vozes estranhas e espectrais sussurraram palavras intraduzíveis em seu ouvido e foi então que percebeu que tinha de interromper Hyunjin.

― Rasgue isso agora! ― pediu aflito, picotando o papel até que não sobrasse um traço completando os demais. 

O buscador piscou, desnorteado, saindo de um transe que sequer percebeu que o tinha acometido. Ele se levantou agitado, resmungando por causa da temperatura que havia baixado sem qualquer interferência sua. As sombras que tinham se aglomerado pelos cantos sumiram com o estalo de seus dedos e os cristais vibraram ao seu comando, espantando as más energias que ameaçavam.

― Eu já sei de onde conhecemos esses símbolos ― Minho diz com o fôlego alterado. ― É claro. Se esse mal só foi combatido com o fogo de um deus, ele só pode ter vindo de algo igualmente divino. Ele foi escrito usando a Primeira Língua.

― A Primeira? ― Hyunjin ficou perplexo. ― Mas quem usaria essa linguagem para implantar um encantamento numa arma? Nenhum mago de nossa geração é capaz de usar a língua dos deuses, você sabe disso tão bem quanto eu.

― Mas não seria necessário encantar uma arma que já está encantada.

― O que quer dizer?

― O que eu quero dizer é que Chan foi golpeado com uma das Armas Amaldiçoadas. Aquelas que os deuses usaram para julgar os seres nos primórdios da criação.

― Oh ― o buscador voltou a se sentar. ― Mas como? Como alguém teve acesso a elas? Elas são praticamente uma lenda! Eu ouvi dizer que elas foram banidas depois do roubo de Heki.

― E foram. Mas o banimento pode ter expirado e alguém com o conhecimento da existência delas foi capaz de resgatá-las.

― Esses instrumentos são mortais, Minho. Como alguém pode estar usando-as tão indiscriminadamente? 

― Alguém que está planejando algo de muito terrível. Alguém que quer derrubar a família de Chan ― acrescentou.

― O que faremos? Devíamos encontrar quem as está usando, mas como vamos fazer isso se estamos do lado de cá da barreira?

― Eu ainda não sei. Precisamos adquirir uma passagem para o mundo dos humanos. Vou conversar com o mestre de Jeongin para descobrir se ele sabe de algo que pode nos ajudar. Você já foi visitar Jisung?

― Ainda não.

― Você acha que dessa vez conseguirá acessar a memória do príncipe?

― Tentarei usar os métodos do buscador sulista. Não sei que tipo de resultado vou obter porque é uma prática incomum para mim.

― Temos que obter mais informações o mais rápido possível. Se um mago rancoroso conjurou as Armas Amaldiçoadas, quer dizer que há um plano de derrubar a monarquia e uma tomada de poder logo em seguida. E se não descobrirmos logo o autor disso, podemos ser as próximas vítimas. 

 

 

― Oh, Hyunjin! Você está de volta! ― Jisung comemorou ao ver o amigo na porta de sua casa, abraçando-o apertado. ― Quando você retornou?

― Ontem à noite. Não quis incomodá-los e decidi descansar primeiro antes de vir até aqui. Como estão as coisas? ― perguntou ao entrar e acenar para Chan que estava sentado à mesa servida com o almoço. 

O buscador não deixou de reparar que o chalé estava repleto de coisas que não estavam ali antes de sua viagem. Balões coloridos de papel flutuavam pelo teto, fitas trançadas cruzavam de um lado a outro da casa, e havia muitos jogos de chá ainda dentro de caixas destampadas. Nas paredes, vários cartazes com desenhos que reconheceu serem de Jisung que sempre adorou desenhar ideias antes de colocá-las em prática. 

― Vejo que estão bem ocupados.

― Estou planejando uma festa! ― Jisung disse empolgado.

― Uma festa? E por quê? Qual a data especial?

― Chan disse que no mundo deles eles realizam bailes. Quero fazer um na floresta também. 

― E está há muito tempo nisso?

― Não… por quê? ― estranhou o tom de voz do amigo.

― Não sei, a floresta me pareceu um pouco… abandonada.

Isso fez o mago encolher, o sorriso antes tão animado desaparecendo num semblante de culpa.

― Você não está deixando de lado as suas obrigações, está? ― o buscador quis saber.

― Ah, isso é culpa minha, na verdade ― Chan se intrometeu, não apreciando nada a forma como Jisung estava sendo repreendido na sua frente. ― Eu distraí Jisung.

― Tenho certeza de que sim. Mas estou aqui para deixá-lo bastante ocupado. Assim, Jisung terá mais tempo para a Floresta. Certo? ― olhou intensamente para o amigo. 

Jisung assentiu e indicou para o que o buscador se reunisse com eles à mesa.

― Não fique chateado, está bem? Só estou preocupado ― Hyunjin acrescentou suavemente ao amigo que tinha ficado cabisbaixo. ― Eu presenciei uma reviravolta no meu retorno. A Floresta está bem diferente. Criaturas novas surgiram e várias outras estão migrando. 

― Criaturas novas? ― piscou surpreso. ― Ah… você tem toda a razão. Eu devia estar fazendo minhas rondas e… ― levantou-se de imediato. ― O que estou fazendo? Eu a deixei totalmente de lado ― repreendeu-se.

― Ei, está tudo bem. Tenho certeza de que você vai conseguir equilibrar sua rotina de agora em diante ― Hyunjin o segurou, puxando-o gentilmente para que ele voltasse a se sentar. ― Vamos comer e conversamos depois sobre isso.

Durante a refeição, eles não falaram muito. Jisung permaneceu pensativo, chateado com o cutucão que recebeu. Chan tentou confortá-lo ao acariciá-lo no joelho, lhe oferecendo um sorriso, mas o príncipe não conseguiu sucesso em levantar o astral do mago. Quando as louças foram recolhidas, Hyunjin decidiu iniciar o assunto pendente e cortar de uma vez aquela tristeza. 

― Eu e Minho conseguimos identificar a origem da arma que o golpeou ― disse na direção de Chan.

― Oh ― Jisung se aprumou, se interessando rapidamente pela novidade.

― Tudo nos leva a crer que foi uma das Armas Amaldiçoadas, um arsenal que foi utilizado pelos deuses para julgar as almas. 

― Eu nunca ouvi falar sobre elas ― o mago da floresta ponderou.

― Elas são uma lenda, para falar a verdade. Eu mesmo não consegui acreditar na hipótese, mas os símbolos fazem parte da Primeira Língua e não há mago forte o suficiente para usá-la nos dias de hoje. 

― Mas como Chan foi golpeado por uma delas?

― Antigamente, no começo de Tudo, quando os deuses se dividiram em seres menores e procriaram as almas que povoam os mundos ― Hyunjin começou a contar. ― Eles sentiram a necessidade de estabelecer um formato de julgamento. Eles estavam em busca de criar algo tão perfeito quanto eles, para não desobedecer a harmonia do Todo. Foi assim que criaram armas que foram capazes de realizar punições de uma maneira correta, honesta e boa. 

“Esse foi um jeito que encontraram de domar as almas por conta de sua natureza inferior e falha, e as punições não tinham como propósito o de ferir, como imaginamos que aconteceria por causa da característica do nome. As armas eram essencialmente feitas de justiça e de verdade, e sempre que tocavam a alma a ser julgada, podiam determinar o melhor castigo. Elas podiam, por exemplo, aprisioná-la por eras em uma missão que se repetiria por um número exorbitante de vezes, obrigando uma lição a ser aprendida. 

“O problema que o uso constante dessas armas ocasionou foi o de deixar os deuses pretensiosos demais. Com a existência de uma ferramenta tão poderosa, eles podiam fazer as almas serem julgadas muito além do necessário. E sentimentos como a compaixão e a misericórdia não eram exercitados adequadamente. Qualquer corrupção, por menor que fosse, os deuses queriam atuar para preservar a harmonia. E eles pagaram um preço muito caro por conta disso.

“Ao todo eram seis armas. A espada, o arco e flecha, a lança, a foice, a maça e a adaga. Elas foram divididas entre três deuses muito poderosos, os três filhos gêmeos do Criador: Tessária, Uhma e Saz. Elas ganharam esse título de serem amaldiçoadas após um infeliz acontecimento envolvendo um dos descendentes de Saz, Heki. A história diz que Heki protegeu uma alma jovem do julgamento ao assumir a culpa em seu lugar por um roubo. A lança que o atingiu detectou sua mentira e o condenou com o silêncio. Mas ele não esperava que Tessária, que o golpeou, descobriria sobre a alma não penalizada. Heki não pôde defender a criança por causa de seu silêncio e foi obrigado a assistir o julgamento que puniu severamente a alma que ele tentou proteger.

“Heki se enfureceu e armou um plano para roubar as armas. Ele queria dar um fim naquele jeito insensato dos deuses de julgar as almas incansavelmente. E para isso obteve a ajuda de Ethos, o Soberano das Taipans, uma raça de híbridos que nasceu na adaptação das almas aos mundos. Infelizmente, esse Soberano tinha más intenções quando dispôs sua ajuda, pois seu povo já tinha sofrido demais nas mãos dos trigêmeos e ele queria o poder para reverter aquela opressão. Juntos, os dois conseguiram as armas, mas Ethos as surrupiou e as levou consigo num ato de traição. Como Heki estava mudo, não pôde contar a ninguém sobre o ocorrido.

“Ethos, que por si só contrariava a natureza harmoniosa ao ser um híbrido, foi julgado pelas armas que não podiam ser empunhadas por ninguém além dos deuses. Foi assim que ele teve a ideia de quebrar a linguagem selada, subvertendo a Primeira Língua e transformando o encanto em uma maldição. Ele usou as armas para benefício próprio enquanto tinha posse delas. E isso durou até Heki rasgar a própria face, o desespero maior que sua vaidade quando ele viu a catástrofe de seu próprio erro. Ele contou aos deuses sobre o plano e os gêmeos foram atrás de Ethos. Mas como as Armas já não eram mais as mesmas, Uhma, Tessária e Saz decidiram bani-las para sempre e encerrar de uma vez o uso delas”.

Hyunjin fez uma pausa para assentar as informações de sua história, admirando o peso daquele conto que há muito não precisava repassar. Sinceramente, esse relato era como uma canção de ninar que seus avós cantavam para ele dormir. Ninguém se sentia ameaçado o bastante pelo retorno das Armas para que houvesse preocupação. E isso já fazia tanto tempo que não parecia sequer verdade.

― Eu não faço ideia de como elas podem estar de volta ― Hyunjin prosseguiu. ― Minho aposta que alguém que tem o conhecimento do banimento esteja por trás disso tudo. Nós não temos como saber ao certo. A nossa única chance é a sua memória, Chan ― apontou para o príncipe que ficou calado desde o começo. ― Já que você foi a vítima, você é o único que poderia nos passar informações valiosas a respeito do que realmente está acontecendo.

― Isso quer dizer que a minha família corre perigo? ― Chan pergunta por fim, apreensivo com a perspectiva.

― Com certeza. Eu não sei de qual tipo, mas certamente você não seria um mero alvo. Não acredito que você tenha estado no lugar errado e no momento errado.

― Eles podem estar fazendo algo agora, não? ― Jisung contrapôs, espantado. ― Nós estamos tranquilos aqui, mas lá fora… eles podem estar usando essas armas. 

― Eu não acho que estejam usando essas armas de um jeito desnecessário ― o buscador disse calmamente. ― Até porque essas armas não podem ser manuseadas com frequência por qualquer pessoa ou mago. Essas armas eram dos deuses, seres de infinita energia. Ninguém é capaz de usar um instrumento mortal e sair impune. Ainda mais um amaldiçoado. O próprio Soberano Ethos não saiu ileso e ele era poderoso na época. O que me leva a concluir que quem planejou isso pretende usar as armas para um objetivo maior. 

― Talvez queiram derrubar minha família do trono ― Chan consente. ― Estão esperando algum momento certo para realizar o feito.

― Exatamente. Como a tentativa de assassiná-lo foi fracassada, eles devem ter recuado. 

― Como vamos ter certeza de que essas armas não estão sendo utilizadas agora mesmo? ― Jisung pergunta.

No mesmo instante, a porta se abre.

― Elas não estão sendo usadas ― Jeongin alega ao surgir no segundo exato para responder ao mago da floresta. ― Eu vi em meus sonhos. 

― O que mais você viu, Jeongin? ― Hyunjin se endireitou.

― Nada muito claro. Mas tenho certeza de que sua hipótese é certeira. Essas armas não serão utilizadas em vão. Elas são símbolo de poder e duvido muito que todas estejam reunidas ― acrescentou ao dar a volta na mesa. ― Minho teria sentido a ruptura de uma dimensão se tanta energia tivesse escapado de uma vez. Como ela aconteceu gradualmente e de uma forma muito oculta, ele teve dificuldade de detectar as vibrações. Mais um motivo pelo qual não devemos subestimar quem as conjurou. 

― Eles devem ser pessoas que sabem ― Hyunjin complementa, seus olhos virando violetas cintilantes. ― Não devem ser magos comuns. Devem ser…

― As Taipans.

 


Notas Finais


então gente, espero que o capítulo tenha sido um abraço bem gostoso para amortecer o que eu tenho a dizer (a dramática chego-ou) ksjdfksjd brincadeiras à parte, é só para explicar que eu talvez (com certeza) demore para atualizar novamente porque quero muito terminar essa fanfic antes de voltar a publicar

é mais por uma questão de não acabar escrevendo uma coisa que vai precisar ser alterada por causa do curso dos eventos. como ela não é concluída e decidi me arriscar publicá-la ainda em andamento (péssima decisão, pois percebi que não estou competente para isso suhfsudhfsuhf) eu sinto receio de que eu faça algo que me desagrade e que depois não faça sentido no final. quero muito respeitar tudo o que imaginei quando a idealizei e para isso vou precisar desse tempo

enfim, agradeço a paciência de todos com essa fanfic, espero recompensar com as outras histórias que venho publicando

e é isso, views no stray kids e muito amor no coração
vocês são demais e é nois no arrebatamento, até mais <3


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