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História Como tudo começou - para Vegeta - Conversas de meninos


Escrita por: ksnrs

Notas do Autor


DBZ não me pertence e seus personagens também não.
O intuito dessa fanfic é totalmente interativo e sem fins lucrativos.
Por isso, não me processem, por favor. Não tenho como pagar uma fiança e da cadeia não dá pra postar.

Olha isso. Três coisas massas nesse cap:

1º) Short version de Yamcha sobre o término.
2º) Momento brilhante de Goku (adoro ver ele dar os toques inteligentes e raros)
3º) Menção à florzinha do dente de leão

Boa leitura!

Capítulo 106 - Conversas de meninos


Tem três coisas na vida em que Bulma é realmente boa: construir coisas, amar Vegeta e Trunks e festar com os amigos.

“É só um churrasquinho, V. Coisa simples.” Foi o que ela disse logo cedo, quando o sayajin já começou a reclamar que a casa ia estar lotada de gente bem no dia em que ele tinha pra ficar com ela. Ele podia até ter acreditado, se não conhecesse essa mulher como a palma da própria mão. Na hora do almoço, o tal churrasco já rolava animado e, não, não era só uma “coisa simples”. Tinha comida pra todo lado, tinha caixas de som enormes espalhadas pelo jardim, tinham mesas e cadeiras espalhadas, tinham garçons, tinha bebida com guarda-chuvinha e tinha até uma decoração ridícula que era a cara da mãe dela, com vacas e porcos. Até Vegeta achou uma piada de mau gosto aquelas bandeirolas desenhadas com os bichos sorrindo de modo alucinado.

Ele tentou escapar. Tentou fugir de fininho, sair pela tangente e se enfiar na sala de gravidade. Mas teria que passar pelo jardim. E o estômago de sayajin traiu o orgulho, afinal, carne é carne. Parou no meio de todos, de cabeça baixa, em claro sinal de derrota. Ia ter que se render. O cheiro daquele maldito churrasco era extraordinário! Quando levantou os olhos de novo, encontrou os dois azuis, o encarando, vitoriosos. Bulma veio até ele, devagar, saboreando duas coisas: um espetinho e a cena de vê-lo abrir mão de treinar pra ficar ali. Já chegou estendendo a mão com a comida, em sinal de boa fé. Ele tomou da mão dela com um movimento ríspido, o que a fez rir.

- Vai trocar de roupa, amor. Nada a ver você ficar aqui de uniforme. – disse, com uma pontada de sarcasmo, sapateando ainda mais na pouca força de vontade do sayajin.

Ele olhava pra ela com um misto de ódio e admiração. Nunca conseguiu entender como Bulma sabia adivinhar o futuro. E desde cedo, ela disse que ele ia participar daquela joça. Agora, comendo, era mais óbvio ainda que ia.

- Por que eu não posso ficar aqui de uniforme? Se eu quiser, eu fico! – e empinou o nariz orgulhoso de príncipe dos sayajins.

Ela nem respondeu. Só deu risada e pegou ele pela mão. Levou direto pro quarto. Ele não ia se trocar porque, no fundo, sozinho, só sabia colocar bermuda de elástico ou calça de moletom. Roupas que usava ou pra treinar ou pra dormir. Pegou uma bermuda jeans e uma camiseta branca. Mostrou a infinidade de tênis que ele tinha à disposição pra escolher. Vegeta torceu o nariz, mas começou a se trocar.

- Se você quer saber, eu vou aproveitar pra me trocar também. – Bulma disse, tirando as botas e desabotoando a calça. Ele já deu uma esticada de olho mas não fez nada. Só falou quando viu ela substituir a calça jeans, que chegava até o pé, por um short jeans que só chegava até o fim da bunda.

- Onde você pensa que você vai com esse pedaço de pano?! – perguntou desnorteado, vendo ela calçar as mesmas botas de antes.

Ela nem ligou. Nunca tinha dado bola pros acessos de Vegeta e não começaria hoje.

- Lá pra baixo. Você tá pronto? – perguntou, como se não tivesse entendido a ironia na fala dele.

Os olhos de Vegeta faiscaram.

- Bulma, eu tô falando sério! Esse... isso aí, é muito curto. – explicou, como se ela não tivesse entendido que ele estava incomodado.

Ela rolou os olhos, impaciente.

- Amor, isso é um short! É pra ser curto! Se fosse comprido, chamava calça! – rebateu, com ironia. – Vegeta, tá calor e não tem nada demais. Não tem ninguém aqui que nunca tenha me visto com as pernas de fora... – foi falando e saindo, balançando a cabeça, sem saco pra cenas de ciúme.

Deu um estalo tão alto na cabeça do sayajin que se Bulma tivesse ouvido, teria pensado que algo lá dentro se quebrou. Ele só pensou em uma pessoa quando ela falou em já tê-la visto com as pernas de fora: o verme. Acabou de enfiar o tênis e foi saindo, meio calçando, meio andando, pra pegá-la ainda na escada. Puxou ela pelo braço e prendeu contra o corrimão.

- Então se comporta com essas pernas de fora, você tá me entendendo? – perguntou com voz grave e olhos maliciosos encerrando com um beijo duro no pescoço dela, que se estremeceu pelo contato repentino. Não entendeu como as coisas podiam ter mudado tanto de um segundo pra outro, mas esse Vegeta de olhos estreitos é bem mais legal do que aquele que enche o saco por causa de roupa. Já saiu andando aos pulinhos atrás dele e ainda deu um apertão discreto no bumbum durinho de sayajin que treina sem parar. Ele olhou de cara feia. Ela riu, com cara de safada. Ele riu de volta.

Dali, da porta que dava pro jardim, se separaram, cada um com um plano: Bulma, se divertir com os amigos. Vegeta, estragar ao máximo a festa de um certo alguém que se atrevesse à olhar pra sua Bulma. Mas, por enquanto, se resignava a comer.

- Vegeta! – uma voz animada chamou o sayajin faminto e carrancudo. Ele rolou os olhos, sem um pingo de paciência.

- Quem eu mais queria ver na minha casa... – resmungou baixinho, chegando perto da mesa de comida, onde o outro também estava. – Kakaroto! – acenou com a cabeça, mais comedido que o primeiro.

Goku era sempre assim. Feliz, animado, sorridente.

- Olha, Kuririn! Olha como o Vegeta tá bonitão! Ele usa umas roupas bem legais, né? – comentou com o amigo, que estava ao seu lado.

É o tipo de assunto que deixa Vegeta em dúvida. Por um lado, está sendo elogiado, o que adora. Por outro é Goku, uma pessoa que detesta. Fez o que sempre faz.

- Você acha que eu sou como você, seu verme inferior? Que fica andando pra cima e pra baixo com esse keikogi ridículo? Eu sou um príncipe, Kakaroto! – respondeu ríspido e arrogante, se virando pra comer. E comendo, bom, comendo não era exatamente um príncipe.

Goku nem ligava mais pras ofensas dele. Só deu risada de Vegeta, que rosnou de volta.

- Eu não entendo como vocês conseguem ficar treinando juntos sem se matar! – Kuririn comentou, rindo dos dois.

Era algo inusitado mesmo.

- Eu não quero matar o Vegeta! Ele é meu amigo! – Goku respondeu, dando um tapão nas costas do outro que cerrou os dentes raivoso.

- Eu quero matar o Kakaroto! – respondeu com um leve tom de ameaça, o que levou os outros dois a engolirem uma saliva à seco. Vendo a reação assustada, Vegeta deu uma risada diabólica. Goku e Kuririn também riram, mas de nervoso. Mesmo com a proximidade, ameaças do Vegeta não davam pra ser ignoradas.

- Sobre o que estão conversando? – a voz grave de Piccolo interrompeu o clima tenso. – Goku. Kuririn. Vegeta. – cumprimentou todos do modo habital.

- Verdão. – Vegeta respondeu, voltando a comer.

Goku e Kuririn respiraram aliviados com a chegada de Piccolo.

- Nada demais, Piccolo! Nada demais! – Kuririn desconversou, rindo constrangido. – Ei, Piccolo, me responde uma coisa? É verdade que você é babá da Pan? – perguntou de forma irônica.

O namekuseijin se não fosse verde, teria mostrado toda a vermelhidão. Engraçado como o ser humano tem memória curta. Há pouquíssimo tempo, tinham tanto medo do Piccolo, quanto de Vegeta.

- Ora, Kuririn... – tentava formular uma frase correta. – Não sou babá de ninguém. Eu simplesmente ajudo Gohan e Videl com a menina, em troca de morar lá. – tentou justificar a pergunta indiscreta do absurdamente indiscreto Kuririn.

- Ou seja, é a babá. – Vegeta respondeu de costas. – Francamente, verdão... – balançou a cabeça em negação.

Piccolo ficou ainda mais constrangido. Por fim, mandou às favas. Cuidava mesmo!

- Aprendi a cuidar de crianças quando tive que assumir a responsabilidade pelos filhos de vocês, que morriam sem se preocupar em quem tomaria conta deles! – respondeu duro, meio descontrolado, tentando uma justificativa forçada que, no fim, era a correta.

E era mesmo. Tanto Goku, quanto Vegeta se sentiram ouvindo um sermão. Mesmo com o semblante duro, baixaram os olhos. Tinha acabado a brincadeira.

- Tem razão, Piccolo. Você tem sido de grande ajuda pra Gohan. – Goku respondeu, já sem o tom de brincadeira. O namekuseijin ficou mais satisfeito de ouvir aquelas palavras de reconhecimento. Estava até se sentindo vitorioso, com um ar de arrogância pairando no ar.

- Então Piccolo, se estiver livre na sexta, poderia tomar conta da Marron pra eu poder sair com a 18? – Kuririn recomeçou a brincadeira, levando os outros dois a rir alto, ainda mais com a cara de tacho que o namekuseijin fez.

- Vocês podem todos ir pro inferno! – retrucou, saindo de lá, com a capa esvoaçando.

- Podemos ir tranquilos! Você toma conta dos nossos filhos! – Vegeta rebateu alto, enquanto Piccolo se afastava, rindo ainda mais.

- A conversa aqui tá animada... – Yamcha chegou já rindo, querendo saber o motivo da alegria dos três. Vegeta já parou de rir na hora.

- Chegou quem faltava... – resmungou, virando de costas.

O coitado percebeu a fraca recepção. Mas tentou contornar.

- Ah, que isso Vegeta! Então, por que vocês tavam rindo desse jeito? – perguntou empolgado.

Kuririn ia começar a explicar, quando Bulma chegou do outro lado, chamando Vegeta. Antes de ouvir o que ela tinha pra dizer, ele já entrou na frente de qualquer campo de visão que Yamcha pudesse ter dela. Não deixou que ela falasse, só foi saindo rápido, fazendo com que ela o acompanhasse. E correndo, se quisesse alcança-lo. Os três que ficaram, viram a cena, sem acreditar.

- Cara, o Vegeta tem muito ciúme da Bulma... – Goku comentou sem perceber. Ele mesmo já tinha sido alvo de vários olhares mortais por causa do ciúme exacerbado do outro sayajin.

- Isso foi ciúme? – Kuririn perguntou confuso. Aí olhou pro lado. Ficou ainda mais chocado. – Do Yamcha?!

- Ele tem ciúme de qualquer um que se aproxime dela. – Goku explicou. – Até de mim, às vezes. – Recebeu olhares incrédulos.

- Ah, Goku! Do Yamcha eu até entendo. Eles namoraram e tudo mais. Agora, de você? – Kuririn perguntou, sem acreditar no que o outro tinha dito.

Ele confirmou com a cabeça.

- As vezes eu nem percebo que fiz um comentário mais íntimo até ver ele me olhando daquele jeito... – imitou o olhar mortal de Vegeta. – Ele gosta demais dela. Mesmo que não admita isso pra ninguém. – encerrou firme.

- Ele admite. – a voz triste de Yamcha corroborou o comentário de Goku, levando os dois a olharem pra ele. – Do jeito dele, mas ele admite que gosta muito dela, sim.

A briga do casamento começou a ser revivida na mente do terráqueo. Cada palavra, cada ameaça, o pedido enlouquecido dele de que Vegeta o matasse pra lhe dar mais uma chance com Bulma.

- O que você tá dizendo, Yamcha? Ele admitiu isso pra você?! Justamente pra você?! – Kuririn perguntou espantado.

Ele ponderou.

- Não, exatamente. Mas a gente andou tendo umas conversas mais “duras”, se é que vocês me entendem... – encerrou, com um risinho amarelo.

- E você tá vivo pra contar? – Kuririn, discreto como sempre. – Foi mal, cara. Mas, peraí! Vocês brigaram por causa da Bulma? – Os olhos baixos de Yamcha foram a comprovação necessária. – Eu não tô entendendo nada... Mas faz mais de dez anos que vocês terminaram Yamcha! E é mais ou menos isso que ela tá com o Vegeta, não é? – ele perguntou mas sozinho começou a deduzir a resposta. – A Bulma te traiu com ele! É isso! Matei a charada! – terminou apontando um dedo no ar e rindo.

A expressão de Yamcha mostrava o contrário e aos poucos o sorriso de Kuririn diminuiu.

- Não foi bem isso que aconteceu... – começou baixo.

- Foi o contrário, não é Yamcha? – o tom de Goku chegava a ser acusador. Conhecia o amigo há muito tempo. O bastante pra saber que se houve uma traição, ela não tinha partido de Bulma.

Yamcha deu um riso seco. Balançou a cabeça confirmando.

- Ah, cara... Então foi isso... – Kuririn lamentou.

- Eu tava saindo com uma menina enquanto namorava com a Bulma. Nem lembro o nome dela. Enfim... Foi na época que o Vegeta chegou, querendo destruir tudo e eu morri. Passei aquele tempo treinando com o Senhor Kaioh e tudo aconteceu aqui e em Namekusei. Bulma trouxe esse pilantra pra casa e os dois começaram a se aproximar. Nunca aconteceu nada entre eles. Ela me disse, ele me disse e eu acredito. – afirmou, de forma até cruel. – Quando eu voltei, é claro que eu queria ficar com ela. Mas a sorte de um desgraçado é pequena. – encerrou, dando um riso sarcástico.

- O que aconteceu? – Kuririn perguntou curioso.

- Quando eu voltei, procurei ela. Era a minha namorada, minha Bulminha. Eu levei ela pra jantar. De todos os restaurantes que a gente gostava, eu fui burro o bastante pra leva-la no único que eu já tinha ido com a menina que eu tava saindo antes de morrer. Mas eu ia sonhar que ela ia estar lá naquela noite?! – balançava as mãos no ar, querendo um apoio que não teve.

- A Bulma matou ela?! – Kuririn perguntou exaltado. Era o tipo de coisa que ela poderia ter feito. Goku concordou. Era uma pergunta válida.

Outro riso seco.

- Não. – respondeu sorrindo um riso triste. – E sabe por quê? Porque ela estava aliviada de poder terminar o namoro. – encerrou com o mesmo sorriso.

- Vegeta. – afirmou, concluindo, Kuririn.

- Vegeta. – concordou, balançando a cabeça, Yamcha. – De alguma maneira, aquele filho da puta já tinha roubado ela de mim sem nem ter dado um beijo nela. – falou descontrolado, apontando pro caminho em que eles tinham saído. – Se vocês tivessem visto a roupa que ela tava usando aquele dia... Um macacão azul escuro, com um negócio branco por cima, bota branca... – falava com certo nojo. – Ela tava vestida igual à ele! E nem percebeu isso! – encerrou, nervoso.

- Ela não estava errada, Yamcha. No fim, ela nunca te traiu. – Goku interferiu no descontrole.

- Não fisicamente, Goku. Porque ela já tava apaixonada por aquele cretino quando eu cheguei. – respondeu ríspido.

Ele balançou a cabeça.

- Pior ainda pra você. Ela nunca te traiu. E você, pelo visto, traiu ela por um motivo absolutamente fútil. Nem se lembra do nome da garota com quem se envolveu... – deu de ombros pro chilique do amigo. – Sem contar que essa não tinha sido a primeira, né Yamcha?

Ele respirou fundo. Não mesmo.

- Tá, cara. Mas você não tentou falar com ela? – Kuririn quis cortar o clima de julgamento.

- Claro que eu tentei! – cuspiu, irritado. – Mas o príncipe dos sayajins já tinha assumido a princesa como dele. – falou de modo irônico. – Ele me deu uma surra... – balançou a cabeça, tentando esquecer.

Isso chamou a atenção de Goku.

- Por quê? O Vegeta é ciumento, sim. Mas ele não teria te batido só por você estar conversando com a Bulma. O que você fez? – o tom era inquisidor. Não deu pra fugir muito tempo.

- Eu tentei beijá-la. E ela não queria. – respondeu, baixando os olhos de vergonha.

- Puta que pariu, Yamcha... Você só fez merda também, hein? – Kuririn constatou.

- Não precisa me falar isso, Kuririn! Você acha que eu não sei?! – rebateu, irritado. – Eu esperei ela se arrepender de ficar com aquele troglodita. Dei um tempo, me afastei. Era óbvio que mais cedo ou mais tarde, o próprio Vegeta estragaria tudo. Até aquele dia que o Trunks do futuro veio, que até então ninguém sabia que era o Trunks. – explicou, com um movimento de cabeça.

- Eu soube naquele dia que vocês não ficariam mais juntos. – Goku afirmou.

- É, grande amigo você! Se tivesse me dito alguma coisa, me pouparia o sofrimento de vê-la com aquele menino no colo. – Yamcha retrucou, estreitando os olhos de raiva.

Kuririn boiou.

- Por quê? – perguntou olhando de um pra outro.

- A Bulma sempre disse que quando tivesse um filho o relacionamento dela seria eterno. Quando aquele rapaz me disse que era filho dela com Vegeta, eu sabia que o Yamcha tava fora da jogada pra sempre. – Goku explicou de modo rápido. Kuririn olhou pra Yamcha que confirmou, torcendo o rosto. Isso explicava a atitude dele quando encontrou Bulma na ilha onde os androides apareceram.

- Tá, mas por que você achou que tinha esperanças naquele dia? – Kuririn voltou ao assunto inicial.

- Porque eles estavam brigando. Vegeta ainda tava naquela de matar o Goku e a Bulma não estava aceitando isso. Eu achei que era a oportunidade perfeita pra tentar de novo. – contou, mas o rosto ainda era tenso. – Levei outro fora, com tapa e tudo.

- Peraí, Yamcha! – Kuririn interrompeu, balançando as mãos. – Você tá querendo me dizer que todo o tempo que vocês estão separados, você ainda teve esperanças de voltar com a Bulma? – perguntou de modo incrédulo.

Ele baixou os olhos. Respirou fundo.

- Você precisou perder ela pra saber que não queria nenhuma outra, não é, seu idiota? – Goku perguntou em uma agressividade suave, quase coisa de irmão.

Yamcha deu um riso seco. Um lamento.

- Eu só queria mais uma chance. Se eu estragasse tudo de novo, nunca mais tentaria. Mas eu queria muito ter a Bulma só mais uma vez... – desabafou. Os olhos dos dois se arregalaram.

- E o Vegeta sabe disso, Yamcha? Por isso você disse que ele admitiu que gosta dela? – Kuririn perguntou ainda sem entender como o amigo tava vivo.

- Sabe, ele sabe. Ele quase me deu essa chance, quando eu disse isso pra ele. Ele ia me matar, é óbvio. Mas eu caí na besteira de dizer que a Bulma nunca o perdoaria. – riu um riso louco.

- Ele recuou. – Goku completou. – O Vegeta nunca vai fazer nada que magoe a Bulma. Ele não me matou por isso. – justificou a conversa anterior. – Essa é a diferença entre vocês dois Yamcha: o Vegeta se preocupou em não magoar a pessoa certa. Não importa se pro resto do mundo ele é um maluco. Pra Bulma ele é uma pessoa boa. E você não foi, amigão. Sinto muito.

Kuririn concordou, surpreso. Eram raros os momentos de sabedoria de Goku. Mas quando aconteciam, eram um colírio pros olhos.

- Eu concordo, Yamcha. Essa, você perdeu. – ele encerrou, dando um tapinha camarada no ombro do amigo.

Bem a tempo. Um dos interessados na conversa, voltava no exato momento.

- Vocês ainda estão aqui... – resmungou, constatando o óbvio e começando a comer de novo. – Por que estão me olhando com essas caras de idiotas? – perguntou de modo ríspido.

Estavam pensando em tudo que foi dito. Yamcha saiu de fininho. Não quis ficar ali.

- Nada! Eu tava reparando nessa sua roupa bonita! – Goku desvirtuou.

- Ah, Kakaroto! Me deixa em paz, por favor! – Vegeta rosnou alto, fazendo Kuririn rir. – Cadê o da cicatriz? - perguntou de modo sarcástico, notando a ausência de alguém que lhe incomodava muito.

- Yamcha? – Kuririn perguntou confuso. – Ele estava aqui agora mesmo. Deve ter saído quando você chegou. – todos entendiam o porquê.

- Por que você não gosta dele, Vegeta? – Goku cutucou, com aquela risadinha que deixava o outro louco.

- Ora, porque... Porque ele é um verme fraco, por isso. – explicou meio sem jeito.

- Mentira! Você não gosta dele porque ele já foi namorado da Bulma! – Goku emendou, vendo Vegeta corar.

- Ah, cala essa boca Kakaroto... – foi interrompido por Goku, que deu uma cotovelada em Kuririn pra que ele prestasse atenção.

- É sim! Você não gosta dele, porque ele já beijou a Bulma! Porque ele já abraçou ela! Porque já fez carinho... – foi falando várias coisas sem um pingo de malícia, mas que foram fervendo o sangue de Vegeta. Só de imaginar cada uma daquelas coisas que Kakaroto falava, foi crescendo um ódio dentro do peito que o levou a agarrar o outro pelo uniforme.

- CALA A BOCA! CALA ESSA SUA MALDITA BOCA, SE NÃO QUISER QUE EU TE MANDE DAQUI PRO INFERNO AGORA MESMO! – berrou, com os olhos faiscando de raiva.

Goku começou a rir, se afastando de Vegeta, que reparou que Kuririn rolava de rir.

- Eu não te falei que ele olhava desse jeito? – Goku perguntou, limpando as lágrimas que escorreram de tanto rir.

- É exatamente do jeito que você fez! – o baixinho confirmou, gargalhando da cara confusa de Vegeta, que o olhava com os olhos arregalados, sem entender nada.

Olhou pra um. Olhou pra outro. Ambos riam. E, pelo visto, riam dele.

- Ah, vão se foder! – saiu xingando, pra não acabar com a festa. Ainda escutou os dois rindo mais alto, falando que agora ele tava parecendo com o Piccolo.

Saiu resmungando. Reclamando enquanto destruía mais um dos muitos espetos que já tinha comido. Péssima ideia, essa de chamar esses amigos imbecis! Péssima ideia! E quanto mais tentava interagir com eles, pior ficava. Quando achava que estava começando a se dar bem, eles vinham com essas vulgaridades, de ficar rindo da cara dos outros! Como se ele não fizesse a mesma coisa. É que pimenta no olho dos outros é refresco, né? Pisava tão duro pelo jardim, que a coitada da grama chegava a reclamar. Procurava Bulma. Ia dar uma resmungada na cabeça dela. Não ia deixar sair barato essa história não. Onde já se viu isso? De longe viu ela de costas, enfiada no meio de uma rodinha. Tava lá, dando risada, do lado daquela cafona, mulher do Kakaroto e da menina do Gohan. Nunca tinha problema, essa mulher, nunca! Mas ia acabar com a alegria dela agora!

E ia mesmo. Vegeta estava marchando duro até Bulma, pra atormentar ela pelo fato de Goku e Kuririn terem enchido seu saco, se não tivesse sido brecado pela coisa mais linda do mundo. Quando ela se virou pra ele, sem nem olhá-lo, Vegeta viu que ela não estava apenas conversando com as outras duas. Bulma segurava a menininha no colo. Ele congelou. De longe, olhando pra elas, viu a mulher com aquele bebê no colo e aquela ideia, aquele mesmo dente de leão, foi soprado de novo, e tomou lugar em sua mente. Que coisa mais linda, ver aquilo. Bulma segurando a criança, brincando com a menina, que ria em consonância com o sorriso da própria mulher. O sayajin, afastado, deixando a mente construir tudo o que queria. Não impediu o pensamento de tomar forma. E se fosse dele? E se fosse dela? E se fosse dos dois? Ele queria mais um. Mas ela disse que não. Engoliu a dúvida, vendo Bulma balançar aquela menina. Viu quando os olhos dela se cruzaram com os dele. Ela veio em sua direção.

- Que foi, amor? – perguntou docemente, preocupada com a expressão sofrida de Vegeta.

Ele não respondeu. Só conseguia ficar olhando Pan no colo dela.

- Uma ideia. – ele respondeu estático, sem olhá-la. Ainda estava fascinado pelos dois olhinhos pretos da menina que olhavam atentos pra ele.

Bulma entendeu. Tentou controlar o sorriso. Não conseguiu. Mas deu o mais discreto que pôde.

- Uma “boa” ideia? – perguntou animadinha, fazendo ele a olhar. Por um segundo, Vegeta ficou confuso. Achou que ela não queria isso. Mas aqueles olhos brilhantes, diziam que ela estava aberta à proposta.

- Uma boa ideia. – respondeu sorrindo discretamente. O sorriso de Bulma aumentou. Era uma excelente ideia! Uma ideia extraordinária! Estupenda! Magnífica! Uma ideia do caralho! Ouviu o chamado da mãe da criança. Tinha que voltar.

- A gente precisa conversar mais sobre essa ideia. – falou, já se afastando. Ele concordou com a cabeça. É, precisavam mesmo. Até ver Bills. Aí, a ideia voltou a ser só uma ideia mesmo.

Olhou pro maldito e lembrou do porquê não desenvolveu esse projeto logo de cara. Conversaram sobre isso no dia em que Bills apareceu. Ambos, ele e Bulma, tomados pelo desespero emocional: ela, naquela de “não deixe pra amanhã o que pode ser feito hoje”. Ele, assustado com a inferioridade de poder perante o deus da destruição. É, não era, realmente, o melhor momento pra se tomar uma decisão mesmo. Mas agora as coisas estavam diferentes. Bills não era o mais constante dos indivíduos mas não tinha mais demonstrado nenhuma intenção direta em destruir à Terra. Muito disso por causa da própria Bulma, que lotava ele e Whis das mais diferentes comidas só pra deixa-los felizes. Vegeta tinha conseguido alcançar o poder do Super Sayajin Deus e sozinho, sem recorrer a nenhum ritual pra isso, chegando no mais alto nível de força. Ou seja, mais em paz que isso a Terra nunca estaria. Nunca. Esperar que ficasse melhor do que estava era pedir pra se frustrar. Então, por que não pensar em aumentar o ninho? Quem sabe mais um mini-sayajin fofolete Vegetinha, pra lá e pra cá?

Ou, melhor ainda: quem sabe uma florzinha? Um solzinho? Uma menininha? Uma Bulminha?

Não deu pra não sorrir. E quem via de longe Vegeta sorrindo, não podia imaginar o tanto que era linda a ideia que tinha na cabeça dele.


Notas Finais


"Essa é a diferença entre vocês dois Yamcha: o Vegeta se preocupou em não magoar a pessoa certa. Não importa se pro resto do mundo ele é um maluco. Pra Bulma ele é uma pessoa boa."

E vocês aí, achando que o coitado do Goku não sabe das coisas...
kkkkkkkkkkkkkkk


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