O pensamento de Vegeta era bom: enxergar o copo meio cheio. Mas não rolou. Pra ele, ter Kakaroto por perto, era a garantia de passar raiva e, usando da mesma metáfora do copo, ver ele se esvaziar gota a gota. Assim como sua paciência.
- O que você está fazendo aí, hein Bulma? – até a voz alta e estridente dele o irritava. Não era óbvio? Era só olhar na mão dela, asno!
- Estou terminando o Radar que Bills pediu, o Super Radar do Dragão. – Bulma disse sem dar atenção ao amigo.
Vegeta já ficou esperto. “Terminando?” Bom saber...
- Excelente! – Goku exclamou sem nem ligar pro que isso significava. Ainda falou uma coisa ou outra, pegou na mão, ficou agitado. Mas o que importava, sempre, eram as lutas. – Ei, Vegeta! Vamos treinar? – era a empolgação em pessoa. Ainda mais agora que tinha descoberto sobre Monaka, o tal lutador mais forte que ele.
Aí fodeu. Treinar era sempre bom. Querendo ou não, Kakaroto era um excelente parceiro de treinos. Mas a missão dele, era ficar ali, de guarda, esperando Bulma acabar aquilo, pra poder acabar... “aquilo”. Já tava com o não na ponta da língua, mas foi a própria Bulma quem o cortou:
- Vocês realmente não ouviram o que Bills disse, não é? – perguntou, já se irritando com os dois. Tinham ouvido o gato mas, pelo jeito, ela tinha ouvido algo a mais. – Ele foi específico ao dizer que, caso pudesse desejar alguma coisa, desejaria a destruição de tudo! – explicou, agitada. Nem um, nem outro viram problema nisso. Conviviam com Bills. Ouviam ameaças como essas pelo menos três vezes por dia.
- Ele já falou isso uma vez e, mesmo assim, não destruiu a Terra. – Goku disse rindo, despreocupado.
A tranquilidade dele a deixou ainda mais irritada. Catou o idiota pela gola do uniforme. Vegeta achou lindo, mas, acima de tudo, ficou de guarda. Qualquer passo em falso do Kakaroto, matava ele. Ai dele se encostasse um dedo em sua princesa!
- Bills disse que os universos são gêmeos e que, se tem Super Dragon Balls no 6, provavelmente tem no 7 também. – explicou com os olhos faiscando. Goku não acompanhou o raciocínio. Vegeta sim, e já se apavorou. – Vamos reunir as esferas desse universo. Porque aí, mesmo se Bills desejar destruir tudo, nós podemos reverter! – propôs animada, faiscando de loucura.
Ok, Bulma. O plano é bom. Excelente, até. Mas Bills arrebentou Majin Boo por ter considerado o demônio gordo alguém que não sabia o seu lugar. Agora, você, toda bonitinha e inteligente, quer fazer a mesma coisa. Os dois aceitaram? Não. Ela se contentou? Não. Se não ajudariam, ela se viraria sozinha. Pediu o apoio de quem? Jaco.
Jaco se cagava de medo da Bulma. Achava que ela só trazia problemas. Então, quando ela ligou e disse que precisava que ele fosse até ela, pensou em recusar. Bulma precisou recorrer à uma palavra. Na verdade, um nome. Três sílabas, seis letras: VEGETA. Simples! Rapidinho, Jaco aceitou. Tinha medo de Bulma. Mas do marido príncipe dos sayajins... Enfim, loguinho ele estava lá e o plano de Bulma consistia em ir até o centro do universo, ativar o radar e reunir as sete esferas antes de Bills. Molezinha. Claro que Jaco reclamou e claro que Bulma usou da cara feia de Vegeta pra convencê-lo. A questão é que realmente não dava: o universo era grande demais e nem as naves da Patrulha Intergaláctica chegariam até o centro dele. Bulma tentou convencê-lo com conversa, tentou jogar charme, por fim sentou-lhe um socão. Aí, ele topou. Na verdade, pensou em uma alternativa: um tal Zuno, que habitava um planeta distante, que sabia tudo sobre tudo. Ok, é um bom plano. Vamos até lá! Certo, aí entra a parte de um sayajin cabreiríssmo. Vegeta viu que Bulma tava empolgada demais e, quando ficava assim, aquela mulher perdia um pouco do eixo. Então, resolveu deixar bem claro pra Jaco os termos, caso quisesse continuar vivo.
- Ei! Não tente nada de estranho com a minha Bulma! – gritou em alto e bom tom, sem se preocupar com quem estivesse por perto. A ideia era deixar bem claro que, se ela voltasse falando qualquer coisa, ele mataria Jaco com requintes de crueldade. O alien roxo, claro, aceitou o aviso. Partiram.
Nunca, nunca, as coisas são fáceis. Chegaram até o tal do planeta mas parece que o Zuno era um vidente famoso, por isso, tinha uma enorme fila de gente pra falar com ele. Começou a ferrar. Por sorte (ou azar, sabe-se lá) um dos que esperavam a consulta, era um fugitivo procurado pela Patrulha Intergalactica e Jaco pôde fazer sua captura. Ganhou pontos com a equipe de Zuno e, por isso, puderam chegar até ele. Aí entram as excentricidades: pra fazer as perguntas, tinha que, primeiro, fazer uma oferenda. Qual era? Um beijinho no rosto do vidente. Esquisito isso aí...
Bom, já viemos até aqui... Jaco foi primeiro. Deu o beijinho e, por ser homem, só tinha direito a uma pergunta: o número do sutiã de Bulma. Me lembrou demais um outro esquisito que pediu uma calcinha, vocês lembram? É, eu também. Depois foi a Bulminha. Se o sayajin visse... Três perguntas. A primeira ela já gastou, indagando com raiva o porquê de só ter duas a mais que Jaco. Na segunda, quis saber tudo sobre as Super Dragon Balls. A última foi quase uma constatação: não eram sete esferas em cada universo. Eram sete esferas nos dois universos, espalhadas entre eles. Resultado: não tinham esferas pra reunir. Era só uma mesmo que faltava encontrar.
Tadinha da Bulminha... voltou pra Terra toda chateada. Quando chegou, o sayajin ciumento já percebeu a carinha. Conhecia ela muito bem pra saber que os planos não tinham dado certo sem Bulma nem precisar falar. Mesmo que ele mesmo não compactuasse dessa ideia maluca de usar as Super Dragon Balls contra Bills, não podia deixar de ficar chateado ao ver que a sua princesa não tinha conseguido o que queria.
- Não deu certo... – disse, com um sorrisinho amarelo, entrando em casa. Ele foi atrás.
- Por quê? Não acharam o tal vidente? – perguntou sincero, já pensando em algo que pudesse fazer pra animá-la.
- Achamos. Mas eu não consegui perguntar sobre a esfera. – respondeu de modo cansado, jogando a mochila que tinha levado em cima da cama.
Vegeta não entendeu nada. Se saíram daqui pra perguntar sobre a esfera e tinham achado o vidente, por que ela não tinha perguntado?
- Como, não conseguiu perguntar? – perguntou, com os olhos arregalados.
Bulma deu de ombros. Tava cansada e frustrada. Foi descendo de volta, já que tinha visto que sua mãe tinha preparado um chá pra chegada dela e de Jaco.
- Era um sistema confuso de perguntas, Vegeta. Eu pude fazer três, mas acabei me confundindo com as palavras e gastei duas perguntas a toa. – respondeu de modo automático. Quanto mais pensava nisso, mais irritada ficava.
- Quando eu falo que você fala demais, você acha ruim! Aí a prova! – ele falou alto, parecendo se divertir com isso. Depois se arrependeu, ao ver que ela não o olhou brava, como sempre. Estava triste e, assim, continuou até se sentar pra tomar seu chá.
- Não foi totalmente perdido. – começou a explicar, levemente animada depois do primeiro gole. – Pelo menos eu descobri que não são sete esferas em cada universo. – encerrou, confiante.
Sim, essa era uma boa informação. Chamou a atenção do sayajin, que se sentou ao seu lado.
- Não são universos gêmeos? – ele perguntou, prestando atenção no que Bulma falava.
- São. – ela disse com firmeza. – Mas as Super Dragon Balls são apenas sete e não catorze, como eu tinha imaginado. Ao que parece, as esferas se espalham pelos dois universos.
- Mas isso não muda o fato de não saber onde está a sétima que falta, mulher. – o cheiro do chá era bom. Ele quis também. Começou a tomar da xícara que a mãe dela tinha preparado pra Jaco.
Bulma voltou a se amuar e ele se odiou por ter dito o que disse e ter feito ela ficar triste de novo.
- Bom, pelo menos sabemos que juntando as super esferas de ambos os universos são sete. – encerrou, decidida. Era melhor do que nada.
- Então é por isso que Champa veio a esse universo. Para reunir as esferas que estão nele. – Vegeta concluiu, baseado no que Bulma disse. Ela concordou com a cabeça.
Enfim... não tinha as esferas mas tinha uma nova informação e já não precisava de Jaco. Ainda, antes de ele ir embora, o agradeceu dando de presente leite e queijo, que era algo do qual ele gostava.
- Jaco não fez nada estranho, né? – a voz de trovão ecoou em seu ouvido, enquanto assistia a nave partindo no céu. Olhou pra Vegeta. Só de imaginar que algo pudesse ter ocorrido, ele já estava com olhos perigosamente assustadores. Se ela inventasse de contar que o amigo tinha gastado a pergunta pra perguntar sobre o número do sutiã...
- O que quer dizer com “nada estranho”? – tentou dissimular. Mas a carinha não escondeu. Vegeta já torceu o rosto. É muita raiva pra um sayajin só...
- Bulma, ele disse que seus peitos caíram. – Goku comentou naturalmente. Ela tinha até esquecido que ele estava por ali e ele se fez lembrar da pior maneira possível! Não sabia se matava o próprio ou se matava Jaco. Ou, finalmente, se socorria Vegeta, que tava com uma cara de quem estava tendo um ataque do coração. Saiu, quietinha, pra casa, mas não sem antes ameaçar o pequeno alien, olhando pro céu.
Cinco segundos até Vegeta aparecer atrás dela, com a cara mais demoníaca de todas. Fechou a porta com uma batida só e veio pisando firme pro lado dela. Bulma até viu a cara feia, mas achou melhor não falar nada. Tinha tirado as botas e deitado na cama pra descansar um pouco. Ficou ali, em silêncio, encarando o sayajin carrancudo que faiscava de raiva.
- Vai, fala de uma vez. – ele deu a ordem. Não foi gritado. Foi quase um consentimento.
- Fala, o quê? – perguntou confusa. Só sabia que ele estava bravo e imaginava o motivo mas não pensava o que ele quisesse que ela falasse.
- Como Jaco sabe que seus peitos caíram? – Vegeta perguntou com os olhos fechados, tentando manter a calma. Bulma ficou em silêncio tempo o bastante pra fazer ele abrir os olhos pra encará-la.
Antes não tivesse feito isso.
Ela estava, visivelmente, furiosa. Os olhos azuis escuros, faiscando de ódio. Os dentes à mostra, pronta pra atacar. Até rosnava, de tão irritada. Quando viu essa configuração, ele até pensou em recuar. Na verdade, pensou que não devia nem ter entrado no quarto e, definitivamente, concluiu que não devia ter falado nada sobre peitos.
- Os meus peitos caíram, Vegeta? – a calma gela-ossos dele, passou pra ela. Pela primeira vez, ele sentiu um medo real de Bulma. Estava assustadora.
- Eu não falei isso. – tentou se defender. – Eu só perguntei como o Jaco sabe isso. – falava até vacilando. Devia era ter deixado isso pra lá.
Bulma se levantou, ainda o encarando mortalmente. Automaticamente, conforme ela dava um passo em sua direção, Vegeta ia recuando. Até que a parede chegou e ele se viu acuado. Lembrou, naquele instante, de como era bom estar do outro lado, onde ele ameaçava o coitado que estava preso contra o obstáculo. Ela tirou a camiseta.
- Você acha que meus peitos caíram, Vegeta? – o tom de Bulma era assustador. Qualquer palavra errada e o sayajin teria a jugular atacada pelos dentes à mostra da terráquea mais brava de todas. Decidiu não abrir a boca. Só balançou a cabeça devagarzinho, negando. – Talvez você precise ver mais, pra ter uma certeza absoluta. – falou com a mesma maldade, tirando o sutiã.
Certo, ela tava dando medo e tudo mais. Mas quando Vegeta viu Bulma ali, com os peitos à mostra, ele se empolgou. Por mais que estivesse visivelmente acuado por ela e tentando ficar na dele pra não deixa-la ainda mais nervosa, uma parte do corpo dele, uma determinada parte que reagia à Bulma como nenhuma outra, fez menção a se levantar pra participar da conversa. Engoliu em seco, tentando manter o controle mas era impossível não olhar pra outra coisa que não fosse os seios dela.
- E então? Eles não são bonitos? – a maldade já estava virando malícia. Mas aquela malícia perigosa. Aquela, que deu uma chupada nele e o deixou sozinho no quarto. Bulma esperou uma resposta e, novamente, ele a deu só balançando a cabeça e concordando. Ainda não tava seguro pra falar nada. Por mais que a voz já estivesse mais mansa, o olhar ainda estava tão louco quanto antes. – Põe a mão. Vê se não estão do jeito que você gosta. – ela indicou com a cabeça, sorrindo descaradamente.
Ele respirou fundo. Queria muito fazer isso mas tava com medo de tocar e ter o braço arrancado fora. Com a cara que ela tava, era uma armadilha. Uma maldita armadilha com os dois peitos, mais lindos que já tinha visto, de fora! Viu ela acenar com a cabeça mais uma vez, dando permissão. Com o temor de um adolescente, ele estendeu o braço devagar, até trêmulo. Encostou no seio de leve, esperando, com os olhos fechados, o grito que ia vir. Não veio. Colocou a mão toda. Abriu o olho e viu que Bulma sorria, com o mesmo olho maluco. Fez menção de levar a outra mão, mas esperou o consentimento dela. Quando teve, fez a mesma coisa.
- Aperta. – era uma ordem. Ele olhou assustado. – Vai lá, confere se estão caídos. – ela dizia de modo gentil, mas ainda assim não era confiável. Só que não dava pra fugir de uma tentação dessas. Já tava com a mão ali, ela mandando fazer isso... que se foda se brigar depois! Já apertou, brincou com o mamilo, girou pra lá, pra cá, juntou os dois, como fazia quando estava transando. Por fim, Vegeta já tinha até esquecido que ela estava brava. O sorriso dele era aquele de canto, que dava com gosto, encarando aqueles dois peitos lindos que adorava como as suas duas joias favoritas. O problema, é que ele animou. Queria mais. Já foi ficando todo empolgadinho. Veio vindo, todo manhoso pro lado da sua Bulma, que tava devendo uma namorada pra ele. Era exatamente o que ela queria. – Sai! – disse firme, se soltando dos braços de polvo do sayajin.
Era algum tipo de reprise. De novo, não...
- P-Por que... – ele não conseguia nem perguntar o porquê.
Bulma vestiu o sutiã e a camiseta e voltou a se deitar.
- Porque você falou que meus peitos estão caídos. – justificou firme, olhando pro teto.
Vegeta arregalou os olhos. Tortura!
- Eu não falei isso, mulher! – o desespero na voz era visível. Veio do lado dela na cama. – Eu só queria saber como aquele verme sabia coisas sobre os seus peitos! – explicou em pânico.
- Ele perguntou o número do meu sutiã pro Zuno e o vidente respondeu. Disse que o número, antes, era maior. Jaco tirou as conclusões dele. – explicou, sem olhá-lo.
Ia morrer! Ia morrer ou ia matar alguém! Por que isso acontecia com ele?!
- Ele perguntou o quê?! – gritou de uma vez.
- O número do meu sutiã. – Bulma respondeu sem dar importância.
- Eu vou matar aquele cretino! – falou mordendo a boca de raiva e andando de um lado pro outro. – Isso, porque eu avisei antes dele sair que não era pra fazer nada de estranho! – bradou, olhando pra ela como se justificasse a morte iminente do amigo dela.
Não deixava de ser bonitinho ele todo afetado daquele jeito. Mas ela ainda tava brava.
- Isso não muda o fato de você ter concordado com ele. – disse toda metidinha, com o nariz em pé.
Ele deu uma bufada alta. Sentou na cama de novo.
- Eu não concordei. – respondeu contrariado.
- Mas deu a entender. – atormentou mais uma vez.
Vegeta já tinha enchido o saco. Olhou pra ela, irritado.
- Bulma, você é linda. Eu amo você. Qual é o problema se os seus peitos caíram ou não? – perguntou, impaciente.
Ela tava quase se acalmando. Quase. Vegeta viu a pupila dilatar e o olho ficar escuro de novo. Na verdade, viu até uma labareda de fogo passar pela retina da mulher. Quando ela fez menção de se levantar, ele levantou primeiro e já saiu do quarto. Dessa vez, não ficaria ali pra ser acuado de novo de jeito nenhum. Na primeira, tinha sobrevido. Mas essa, definitivamente, não sobraria pedra sobre pedra. Ainda escutou o rugido de Bulma enquanto descia as escadas. Tava absurdamente fodido dessa vez.
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