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História Como tudo começou - para Vegeta - O jantar da véspera - Parte I


Escrita por: ksnrs

Notas do Autor


DBZ não me pertence e seus personagens também não.
O intuito dessa fanfic é totalmente interativo e sem fins lucrativos.
Por isso, não me processem, por favor. Não tenho como pagar uma fiança e da cadeia não dá pra postar.


kkkkkkkkkkkkkkkkk empolguei e ficou grande. Vou dividir em dois!

Boa leitura!

Capítulo 76 - O jantar da véspera - Parte I


O tempo correu como o vento e logo já estavam na véspera do casamento. O dia era agitado. Tinham recebido, dias antes, o convite para um jantar com os amigos mais próximos. Coisa simples. Uma última oportunidade de se reunirem antes do grande dia. Cortesia de Mr. Satan, que estava empolgadíssimo, casando a filhinha amada.

Cedo, Bulma já fez questão de relembrar. Ainda na cama, vendo Vegeta se trocar e colocar a roupa de treino, ela lançou a informação no ar:

- Amor, você tá lembrando do jantar na casa do Satan, né? – falou, prestando uma atenção fixa nas entradas que a barriga dele fazia em direção à virilha. Olhava diretamente pra lá. Em determinado momento, se perdeu, abrindo um pouquinho a boca pra puxar o ar, ao lembrar pra onde aquele caminho levava.

- Aqui, Bulma! – e voltou os olhos ao rosto de Vegeta, que fazia um movimento com os dedos pra que ela o olhasse nos olhos. Ele riu com o cantinho da boca quando ela riu, pega no flagra.

- Não fala assim... – pediu manhosa. – Põe logo uma roupa, homem! – ordenou, mas era mais uma súplica.

Ele acabou de vestir a malha. Virou pra ela.

- Pronto. Agora fala. – aí ele mesmo lembrou. – Jantar no Satan... mas é só antes do casamento. – pensou um pouco. Olhou pra Bulma, apavorado. – É hoje? O casamento é amanhã?

Bulma confirmou com a cabeça. Ele já ficou mal-humorado na mesma hora.

- Que foi? Por que essa cara? – ela perguntou, levantando pra se trocar.

- Eu não quero ir. – bufou, sentando na beirada da cama.

- Ai Vegeta, não começa não. Você tem que ir. A gente é padrinho desse casamento. – respondeu sem nem olhar pra ele, colocando um vestido.

- Não quero ir no casamento também. – isso chamou a atenção de Bulma. Ela se virou pra ele e viu que ele falava sério. Não era charme, não era manha.

- Por quê? – perguntou, com os olhos arregalados.

- Porque não tem nem lógica eu ir num negócio desses, mulher! – ele bradou, se levantando e indo pro outro lado do quarto. – Vê se tem sentido isso! Eu! Eu nem gosto daquele menino! Eu abomino o pai dele! Eu tenho pavor da mãe cafona dele! Sem contar que não é o tipo de “evento” que eu costumo frequentar, né? Se é um torneio ou uma batalha, vá lá me convidar. Agora, pra ser padrinho de casamento?! Eu nem sei o que é isso, pra começar! – falou, de uma vez só, alto, em tom de desespero.

Os alertas de Bulma ligaram. Grandes chances desse sayajin dar defeito na véspera do casório. Ai, ai, ai... Respirou fundo.

- Eu também não entendi, até agora, porque ele te convidou. – falou, tranquila, como se corroborasse com o que ele tinha dito.

Desesperado demais pra perceber a armadilha, Vegeta, de braços cruzados, respondeu, como se não fosse nada demais:

- No dia da festa que você fez aqui em casa, a do aniversário do mundo lá... – e olhou pra ela, que confirmou que lembrava. – Então, nesse dia ele veio me perguntar o que devia fazer em relação à menina. – bufou, resignado. – Eu falei pra ele que se gostava dela, devia ficar com ela e pronto. – terminou, como se tivesse explicando o óbvio.

Aí Bulma entendeu tudo. As palavras de Gohan, naquele dia, eram as palavras de Vegeta. Como ela não tinha percebido? Foi ele. O tempo todo. Ele incentivou o garoto a se declarar. Por isso Gohan tinha o escolhido como padrinho. Encantada ao ouvir aquilo, escolheu, muito bem, as palavras que ia dizer:

- Bom, querido, você acabou de me dizer o motivo dele ter te escolhido. – e esperou ele vir voando pra cima dela. Foi o que ele fez.

- Pára de ser ridícula, Bulma! Eu só falei pra ele que se gostava da garota, que ficasse com ela. E ele, pelo visto, fez isso! – e fechou a cara de novo.

- Exato, Vegeta! Só que o que você não tá enxergando é que foi VOCÊ que incentivou ele a ficar com a Videl. – a cara de metida de Bulma chegava a ser irritante. Só ela pra ter coragem de manter essa postura na frente de um Vegeta tão bravo.

- Eu?! – ele perguntou incrédulo. – Você que dançou com a menina pra ele! O moleque tava até babando do meu lado... – foi interrompido.

- Mas não ficou com ela até falar com você! – encerrou, incisiva. Se conforma, Vegeta. Nessa, ela tem razão.

O sayajin andava pra lá e pra cá. Pensava nas palavras de Bulma e relembrava cada uma das que tinha dito naquele dia. Aos poucos, chegava à dura conclusão de que ela estava certa. Tinha sido ele que, realmente, tinha incentivado o menino.

- Mas isso não significa nada! Isso não quer dizer que eu, eu – e se mostrava com os braços. – tenha que ir nesse casamento! – buscava qualquer argumento.

- E porque você, você – e o apontava com o dedo indicador. – não pode ir no casamento? – ela perguntou, ironizando a atitude de Vegeta.

Ele riu, nervosamente. Nem sabia. Só não queria ir. Hábitos difíceis de largar. Uma postura antiga, difícil de corrigir.

- Porque eu não quero me misturar com aqueles insetos. – falou de modo tão pouco convincente que Bulma deu uma risadinha. Ele a olhou, mas nem falou nada. Só virou o rosto.

- Você tá preocupado que as pessoas vão pensar que você ficou bonzinho, Vegeta? – ela perguntou, correndo um risco enorme de azedar tudo. Mas riu depois.

Ele a olhou tão chocado, que chegou a abrir a boca. Como ela sabia disso? Essa maldita agora lia pensamento, por acaso? Queria tanto ter uma resposta pra isso mas, a verdade, é que era isso mesmo! Bufou e cruzou os braços. Era a resposta que Bulma precisava. Ela se levantou de onde estava e foi até ele, se abraçando às suas costas.

- Por que você ainda se preocupa com isso, amor? – falou, com o rosto encostado nele. – São nossos amigos. Eles te conhecem há tanto tempo... Sabem que você mudou. – ele também sabia disso. Percebia que, aos poucos, todos estavam menos arredios com ele. Não sabia como lidar com isso. E nem se gostava disso. – Mas isso não quer dizer que eles não te respeitem. – Bulma falou, indo pra frente dele e encontrando seus olhos. – Te respeitam tanto, que o Gohan, um garoto que você conheceu quando ainda era uma criança, veio te pedir conselho sobre a vida, sobre o futuro. – terminou, com olhos e voz doce.

Vegeta virou o rosto. Não tava convencido.

- Não pedi por isso. – falou, ríspido.

Bulma jogou os braços em seu pescoço e deu um sorriso, fazendo ele a olhar.

- Eu sou a maior testemunha disso. Mas, ninguém consegue resistir ao seu charme, sayajin. – e deu um beijinho na boca contraída dele.

- Eu tô falando sério, Bulma. – Vegeta falou, baixo, mas com a voz firme. – Eu não tô a vontade com isso, não.

Ela roçou o nariz no rosto dele. Fez de novo, até arrancar um esboço de sorriso.

- Eu sei. E eu tenho certeza de que o Gohan também sabe. – falou firme, mas gentil. – O que você não tá enxergando, Vegeta, é que se o garoto te chamou pra essa posição é porque ele te admira a esse ponto. Pensa bem. Ele tinha várias outras possibilidades, mas convidou você, correndo o risco de, no mínimo, levar uma baita patada. – Vegeta começou a elaborar em pensamento o argumento de Bulma. Gostou de onde isso tava se encaminhando. – Poderia ter convidado os outros rapazes, que são amigos dele, desde sempre. Só que preferiu chamar a única pessoa que foi capaz de dar um conselho decente em relação à garota que ele, claramente, gostava. Nem eu fui capaz disso. E olha que eu sou brilhante, hein? – e revirou os olhos fazendo fita. – Eu me preocupei em ajudar a Videl a seduzi-lo. Você, ajudou ele a tomar a decisão que faltava. No mínimo, ele te admira como a única pessoa em quem pode confiar com isso. – e o olhou, esperando que tivesse entendido.

E tinha. Além de ter entendido, Bulma, que conhecia os pontos certinhos do sayajin, tinha atingido de modo certeiro, os alvos de orgulho. Vegeta a olhava com outra expressão. Gostou dessa história de ser admirado. De que Gohan só confiava nele. É, realmente, ele era a melhor escolha. Quem o garoto ia chamar? O verme? Humpft!

Descruzou os braços e passou em volta da cintura de Bulma. O sorriso de canto se formou. Grudou os lábios com os dela, que sorriu, quando se soltaram.

- Você é fogo, mulher! – falou, rindo pra Bulma. Tinha dobrado ele, de novo.

Ela o abraçou mais apertado, dando vários beijinhos espalhados pelo rosto.

- Vem pra casa mais cedo. A gente tem que sair daqui as 18 h. – e o soltou. Sentiu o braço sendo puxado de volta.

- Não, senhora. Que que eu vou ganhar com isso? – os olhos devassos, instalados.

Ela riu, safada.

- Vai acumulando. Hoje não dá pra pagar porque amanhã eu tenho que estar descansada pro casamento. Mas depois, sayajin... – levou a boca pro ouvido dele. – depois, eu faço valer a pena. – terminou, sussurrado.

Ele mordeu o lábio, tombando a cabeça. Ainda deu um apertão na bunda dela, antes de deixa-la sair. Depois, respirou fundo, e foi.

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Se reencontraram mais tarde. Vegeta entrou no quarto como sempre, sem bater, sem avisar. Mas, dessa vez, quase caiu de costas. Bulma já estava pronta o esperando.

Linda. Um vestido que, ele pensou ser a primeira vez, chegava até o joelho. Justo, perfeitamente colado, delineando as curvas voluptuosas que a mulher ostentava sem problema nenhum. De um vermelho escuro, da cor dos vinhos mais encorpados, beirando à sombra do preto. Alças largas, mas com os ombros desnudos, que desciam se abrindo em um decote generoso, organizando os seios fartos e bonitos que Bulma tinha. A cintura marcada, tão fina que parecia que poderia se quebrar com um abraço mais apertado. E o quadril lindamente ajustado, se remexendo pra lá e pra cá, dentro do tecido grosso do vestido. Nos pés, um sapato do tipo scarpin, preto, salto fino, bico fino. Vegeta se lembrava desse sapato. Engoliu uma saliva e uma memória ao vê-lo. Os cabelos, organizadamente, desalinhados, intencionalmente rebeldes, com os fios meio bagunçados, um tanto selvagem. Não selvagem. Perigosa. Duas pedras pendendo das orelhas, tão negras quanto os olhos de Vegeta. Parecia que Bulma tinha arrancado as duas íris do sayajin e as colocado como enfeite. Os olhos azuis, levemente esfumaçados de preto, dando um ar ainda mais misterioso, ainda mais fatal. A boca, carnuda, pintada com um batom vermelho vivo, como se o sangue do coitado que ela tinha dilacerado ainda estivesse por ali, denunciando o crime. Ou, como se fosse o morango mais maduro, implorando pra ser mordido.

Vegeta olhava a mulher, impecavelmente vestida. Ele nunca deixou, em dez anos, de se admirar da beleza de Bulma. Fosse acordando, amassada, fosse em ocasiões como essa. Mas hoje, ela estava... diferente. Elegante, refinada, altiva. Se imaginou entrando ao seu lado em qualquer lugar que fosse, e sorveu o sabor do orgulho de acompanhar a terráquea mais bonita que existia. Via ela mexer a boca, mas não ouvia o som que saía dela. Tava hipnotizado demais, naquele vermelho intenso pra prestar atenção no que quer que fosse. Só voltou pra realidade, quando ouviu os dedos de Bulma estalando no ar, fazendo-o piscar algumas vezes.

- Vegeta! Você tá ouvindo o que eu tô falando?! – ela gritava, brava, olhando de cara feia. – Olha a hora que é! Eu falei que a gente tinha que sair daqui as 18 h! Faltam 15 minutos pras seis! Os funcionários cansaram de bater na porta da sala de gravidade! A festa não é aqui! – e chacoalhava os braços no ar, irritadíssima. – É na Cidade Satan! Quase uma hora de viagem! Poxa, amor... – foi interrompida.

- Pára de reclamar! – Vegeta falou alto, em tom forte, rígido. Isso fez Bulma se estremecer. Ela se assustou com o grito. E ele não gostou da reação. Não gostava quando Bulma tinha medo dele. Baixou os olhos, o tom da voz e se virou pro banheiro. – Eu já tô indo tomar banho. – encerrou firme, mas manso.

Bulma ainda ficou um tempo congelada pelo susto. Quando ouviu o som do chuveiro ligar, se acalmou. Soltou um suspiro, passou a mão pelo vestido e foi pro armário, pegar a roupa de Vegeta. Deixou tudo bonitinho, estendido sobre a cama. Foi até o banheiro e enfiou a cabeça lá dentro.

- Vou ver se o Trunks já está pronto. – avisou, com a voz macia de sempre. – Sua roupa já está arrumada, em cima da cama. – e saiu. Nem esperou resposta. Nem ele deu.

Chegou no quarto do filho pra encontra-lo prontinho. “Pelo menos, um!” – ela pensou. E tava a coisa mais linda do mundo! Calça jeans, uma camisa social e um tênis casual. Trunks ainda reclamou um pouco de ter que usar a camisa. Depois de rolar os olhos, Bulma, com muita paciência, explicou que era uma festa importante. Por isso ele devia estar mais arrumado. A contragosto, o garoto concordou. Mas Bulma pensou. Levantou da beirada da cama, onde tinha se sentado pra falar com o filho, foi até a gaveta de camisetas dele e pegou uma regata branca. Pediu que ele tirasse a camisa e colocasse por baixo. Ele não entendeu e, claro, não obedeceu de primeira. Então, ela explicou. Conhecia Trunks bem o bastante pra saber que, em algum momento, ia se enrolar com Goten. Por isso, quando acontecesse, era pra ele tirar a camisa pra não sujar ou estragar. O garoto concordou. Tinha muita chance disso acontecer, mesmo. Colocou sem ratear. Bulma ainda deu uma última olhada pra ele. Um príncipe! Pediu que esperasse à ela e o pai na sala. Quando ia saindo, ouviu a vozinha que amava:

- Você está linda, mamãe!

Voltou os olhos sorrindo pra ele. Agradeceu o elogio. Também fez um. Saiu do quarto em direção ao próprio.

Aí, foi a vez dela quase cair das pernas. Chegou a se encostar no batente da porta. Vegeta já tinha terminado o banho e tava quase acabando de se arrumar. Bulma chegou a abrir a boca pra respirar, pois só pelo nariz o ar foi pouco. Ela escolhia as roupas pra ele, mas nunca imaginava que ficaria tão bom. Foi seguindo com os olhos de baixo pra cima. Que visão!

Os sapatos, pretos, polidos de forma tão impecável, chegavam a reluzir. A calça social, também preta, que não era pra ser tão justa, perfeitamente ajustada às pernas do sayajin. Quem manda ter as coxas grossas? A camisa, adivinhem, preta, elegantemente colocada por dentro da calça e afivelada com um cinto. Fazia o contorno perfeito do peitoral musculoso. A escolha única de cor, a cor predominante do universo que era o homem Vegeta. A cor da roupa combinando perfeitamente com os olhos, os cabelos. Bulma via os movimentos tranquilos dele, terminando de fechar um botão. Com os anos, ele já tinha adquirido certa intimidade com esse tipo de roupa. Não gostava de usar, mas a roupa adorava ser usada por ele. Fechou os botões dos punhos, sendo seguido pelos olhos atentos de Bulma. Puxou o blazer preto de trás do encosto da cadeira e, em um movimento ágil, o jogou pra trás enfiando os braços dentro das mangas. Bulma reconheceu o tremor no fundo da barriga ao vê-lo fazer isso. Era só o que faltava! Tinha orgasmo com o homem tirando a roupa, agora teria quando ele vestia também. Deu um sorrisinho de canto, pensando nisso e vendo ele todo enrolado com a lapela, que ficou dobrada na parte de trás do pescoço. Tinha melhorado, consideravelmente, as habilidades de se vestir conforme os anos passaram. Mas ainda tinha algumas dificuldades juvenis, como a que ela via agora. Ele, se desarrumando todo e xingando, tentando desvirar a parte que tinha ficado ao contrário. Era a vez dela entrar em ação.

Com passos firmes e compassados, se desencostou do batente e foi até ele. Passou a mão pelo pescoço de Vegeta, suavemente, fazendo-o se estremecer, principalmente pelo fato de que o encarava profundamente. Com a ponta dos dedos, desvirou a lapela torcida. Desceu as mãos pelo peito do sayajin, alinhando o blazer com a roupa. Chegou mais perto dele, a ponto de encostar na barriga definida.

- Você tá um espetáculo! – falou, com a voz rouca.

Nossa, como ele gostava de ser elogiado. O sorriso se abriu. A única coisa branca na produção toda. Os dentes lindos, alinhados, perfeitamente curvados em uma boca louquinha pra beijar. Passou a mão em volta da cintura fina de sua Bulma. Segurando, com as mãos, os dedos quase se encontravam.

- Você também tá linda! – Ela deu um sorriso de volta. Mas quando viu os olhos negros se fechando, a boca vindo em sua direção e a cabeça tombando pro seu lado, já foi fugindo rapidinho. – Não me beija, porque eu tô de batom! – e saiu em direção à porta. Vegeta não gostou. Ficou lá, parado onde estava. Exigia explicações. Bulma revirou os olhos. – Vegeta, se a gente começar a se beijar agora, eu vou chegar lá parecendo uma palhaça, com batom até no olho. – e fez um movimento com a mão, explicando por onde o batom se espalharia.

Ele analisou a explicação. Fazia sentido. Balançou a cabeça, concordando. Deu uma última olhada em Bulma. Já tinha chegado no nível no orgulho. Ciúme, desejo, orgulho. Colocou o que faltava pra ele vestir: o sorriso de canto. Bulma colocou o dela. Vegeta se encaminhou até a mulher. Estendeu o braço. Nesse ponto, não era o guerreiro. Era o príncipe.

- Princesa? – falou, dando o braço pra ela apoiar. Bulma adorava essas firulas. Ficou toda empolgadinha.

- Alteza. – fez uma reverência pequena, porque o vestido era justo demais pra abaixar. Pegou o braço forte do marido e saíram. Encontraram Trunks, impaciente, na sala. O garoto ficou admirado com os dois, tão diferentes do comum. Falou uma coisa ou outra, mas Vegeta logo cortou. Sra. Briefs, então, queria tirar foto, gritava, ria escandalosamente. Bulma falava que tava com pressa. Vegeta só rosnava. Finalmente, foram, de aerocarro mesmo. Era longe, mas nem tanto.

Quando pararam, no estacionamento da casa de Satan, era possível ver a imponência do lugar. O maluco era importante mesmo. Enfim... No carro, Bulma já rezou o sermão.

- Trunks, pelo amor de Kami, se comporta! – e olhava firme pro menino. – Se comporta pra comer, se comporta pra brincar, se comporta com o Goten. Tá ouvindo? – ele chacoalhava a cabecinha, dizendo que sim. Vegeta olhava com o canto do olho, dando uma risadinha. Aí ela virou pra ele. – Você também, Vegeta! Se comporta, hein? Se comporta pra comer, se comporta com os convidados e, por favor, por favor – falava com as mãos postas. – se comporta com o Goku. Ele é o pai do noivo! – encerrou, firme.

Ah, ele ficou nervoso.

- Tá louca, mulher?! Primeiro, que eu não sou o moleque, pra você falar desse jeito comigo. E segundo, que não me interessa de quem o Kakaroto é o pai! Ele é um ridículo! Se fizer alguma imbecilidade perto de mim, eu vou falar sim! – e terminou, com cara de arrogante, nariz em pé. Tava achando que ser padrinho era mais importante que ser pai do noivo. Culpa dela, que o fez acreditar nisso.

Bulma revirou os olhos. “Kami nos proteja” – pensou, indo em direção ao salão onde seria o tal jantar.

É óbvio que eles estavam atrasados. E ela avisou mil vezes antes de sair de casa e durante o trajeto que seriam os últimos a chegar. Dito e feito. Quando pararam, na porta do salão, tava cheio. Todos já estavam lá. E, meus amigos, o casal chama atenção, né? A presença deles não teve como não ser notada. Assim que pisaram na porta, todos os olhos se voltaram a eles. O barulho de festa, cessou. Houve um silêncio de admiração, com todos os convidados do jantar olhando os dois. Dois, porque o Trunks, assim que chegou, saiu correndo pra encontrar Goten. Mas os dois ficaram, parados, recebendo os olhares e os sussurros das pessoas. Foi uma contemplação tão grande, que até Bulma, geralmente tão acostumada a ser admirada, ficou constrangida. Congelou ali na entrada e não sabia se ia ou se voltava. Via aquelas pessoas os olhando e só conseguia dar um ou outro sorrisinho sem graça. Não conseguia nem ver um lugar pra sentar. Então, sentiu um calor ao lado do corpo que não imaginou, nunca, que sentiria em uma ocasião como aquelas. Vegeta se aproximou de seu corpo e encostou uma das mãos em suas costas. Automaticamente, Bulma olhou pra ele. Tentando disfarçar, ele disse, entre dentes:

- Vai ficar parada aqui a noite inteira? Anda, mulher. – e foi conduzindo Bulma, com a mão em suas costas até o lugar onde Gohan acenava.

Ela estava chocada. O constrangimento sumiu na hora em que ele chegou perto e se encostou nela. Nunca Vegeta faria isso. Na frente de outras pessoas? Jamais. Aquilo era uma novidade sem precedentes. Foi caminhando, sentindo a mão quente do sayajin em suas costas, até o lugar onde ele a levou. Só conseguia pensar na novidade. O que raios tinha acabado de acontecer ali? Sentou-se, até pálida, na mesa. Demorou alguns minutos pra poder organizar os pensamentos. Mas, mesmo assim, passou o resto da noite, pensando em como seria se ele fizesse isso mais vezes. Levou algum tempo pra deixar de pensar nisso. Se convenceu de que tinha sido um evento isolado. Sabia que, de Vegeta, não podia cobrar mais do que ele podia dar. Então, relaxou. Comeu, bebeu e riu, como sempre fez. Como a Bulma Briefs de sempre.

Não era um jantar com poucos convidados, como Videl tinha falado quando ligou pra convidá-los. O lugar estava cheio e Mr. Satan circulava entre as mesas, rindo alto e conversando com todos, animado com o casamento. Bulma deduziu serem pessoas próximas do convívio dele, já que a garota não se mostrava nem um pouco empolgada com nenhuma daquelas pessoas. Mas, a mesa em que sentavam, pelo que parecia, era reservada à família dos noivos e aos padrinhos. Logo, estavam nela, Videl, Gohan, Chichi, Goku, Satan, Boo (que era como um familiar do homem), Bulma e Vegeta. As crianças haviam sido colocadas em uma mesa separada, todas juntas, e adoraram isso. Durante o jantar, Vegeta e Goku trocaram as farpas de sempre. Bulma e Chichi ou rolavam os olhos reprovando os comentários, ou defendiam os maridos das bobagens faladas. Gohan e Videl riam, apavorados, preocupados com o que podia acontecer. Satan, então, de olhos arregalados, pensava onde a filhinha estava se metendo. E Boo... bom, Boo comia sem parar.

Mas quando a festa foi se acalmando e os convidados extras se retiraram, sobraram só os amigos de sempre. Juntaram-se todos em uma mesa só. Aí sim, seria a reunião da qual a moça tinha avisado. Todos já alimentados, já mais descontraídos. Além desses que já foram citados, ficaram com eles, Kuririn, 18, Yamcha e Eresa que, pelo visto, seria a acompanhante do rapaz no casamento. Mr. Satan, em um movimento imponente, levantou-se da mesa e buscou algo que guardava em um armário próximo. Voltou usando as palavras mais empostadas que tinha.

- Eu gostaria de dar um presente ao senhor, Sr. Vegeta, por ter organizado aquela reunião para nós, os rapazes, na sua casa. Um lugar muito agradável, uma festa muito bonita, uma gentileza de sua parte... – falava sem parar. Os outros, sem reação, olhavam pra ele e pra Vegeta. Vegeta? Gentil? Só o Satan mesmo... – Enfim. Como foi tudo de muita qualidade, gostaria de lhe oferecer esse uísque, que é de minha coleção particular. – e estendeu a garrafa pro sayajin.

Vegeta não sabia lidar com essas coisas. Não entendia, exatamente, o porquê de estar recebendo aquilo, mas pegou. Acenou com a cabeça mas não falou obrigado. Era o modo dele de agradecer. Ficou olhando pra bebida. Bom, era um presente pra ele. Então ele poderia fazer o que quisesse. Abriu. Todo mundo ficou meio chocado, sem imaginar que ele faria aquilo. Pelo que Satan tinha dito, era algo valioso. Mas Vegeta ponderou antes. Era um líquido, logo, algo pra beber. Então, beberia. Se serviu. Olhou pra Bulma, sentada ao seu lado. Ela deu de ombros. Dane-se. Empurrou o copo pra ele. Com meio sorriso, ele a serviu também. Então, Satan ficou satisfeito. Melhor agradecimento não havia.

Vegeta levantou a garrafa, oferecendo a Gohan. O rapaz, meio tímido, aceitou, sendo reprovado pelos olhos atentos de Chichi. Videl, animada, tinha gostado quando bebeu. Quis também. Devolveram a garrafa. Vegeta olhou pro lado. Na ponta da mesa, duas cadeiras longe dele, tinha o verme. Por ele, não ofereceria. Mas tinha uma garota pendurada no pescoço do cretino. Bom... empurrou a garrafa pela mesa até chegar em Yamcha, que pegou e se serviu. Ofereceu a Eresa, que negou balançando a cabeça rapidinho. Olhou pra Goku, que também não quis. Nem Chichi, que estava brava. Começou a fazer um discurso, sobre como aquilo era ridículo e fazia mal. E como eles ficavam em estado deprimente após beber e tudo mais. Foi interrompida pela voz grave de Vegeta.

- Se não quer, é só não tomar. – falou firme, pedindo a garrafa de volta e arrancando risinhos de todos. Inclusive de Goku, que tomou um tapa de Chichi por não tê-la defendido. Quando recebeu a bebida, olhou pro companheiro recém-descoberto. – Kuririn?

Ah, esse queria! Empolgado no último! Acenou com a cabeça rapidamente. Tava ansioso pra chegar a vez dele. Estava sentado de frente com Vegeta, então só se inclinou pra buscar. Serviu à ele e a androide, que deu meio sorriso. Depois, colocou um terceiro copo e ofereceu à Satan. O homem se sentiu o mais emocionado do mundo, de fazer parte daquilo. Quando terminou, Kuririrn levantou o copo dele no ar:

- Um brinde aos noivos! – falou alto, sendo seguido pelos outros, que fizeram o mesmo. Tomaram, felizes, o presente de Vegeta. E continuaram naquele roda, roda de garrafa.

Em pouco tempo, Satan pediu licença pra se retirar. Tinha uma rotina pra cumprir com Boo. Todas as noites, eles assistiam um filme juntos. Vegeta deu uma risadinha e Bulma um beliscão em sua perna. Se despediu e saiu, deixando só os amigos.

Videl pegou o telefone. Pareou com o aparelho de som. Soltou uma música e se aconchegou no ombro de Gohan.

- Toda vez que eu ouço essa música, eu penso no Gohan... – falou, olhando pro rapaz, apaixonada, e recebendo o mesmo olhar de volta.

Todos soltaram suspirinhos apaixonados. Como era lindo o amor!

Maybe I know, somewhere

Talvez eu saiba, em algum lugar

Deep in my soul

No fundo da minha alma

That love never lasts

Que o amor nunca dura

And we've got to find other ways

E temos que arranjar outros meios

To make it alone

De seguir em frente sozinhos

Or keep a straight face

Ou ficar com uma cara boa

 

And I've always lived like this

E eu sempre vivi assim

Keeping a comfortable, distance

Mantendo uma distância confortável

And up until now

Até agora

I had sworn to myself that I'm contente

Eu tinha jurado a mim mesma que eu estava contente

With loneliness

Com a solidão


 

Because none of it was ever worth the risk, but

Porque nada disso algum dia valeu o risco, mas

You are the only exception

Você é a única exceção

You are the only exception

Você é a única exceção

You are the only exception

Você é a única exceção

You are the only exception

Você é a única exceção*

 

Todo mundo achou bonitinho. Videl sempre tinha sido uma garota forte, até impertinente. Perdeu a mãe muito cedo e lidou com a superexposição do pai, se tornando uma espécie de super heroína da cidade. Só que sempre muito fria, malvada com as pessoas. Até conhecer Gohan. Era notável a mudança que o amor tinha causado na garota. E a canção, como sempre, ilustrou melhor do que as palavras que ela mesma não teria pra explicar.

Eresa se desgrudou um segundo de Yamcha pra gritar, da outra ponta da mesa:

- E você, Gohan? Pensa na Videl ouvindo qual música?

O pessoal saiu do transe de amor pra ficar curioso. É Gohan, e você? O rapaz, constrangido, digitou alguma coisa no telefone e colocou outra canção pra rolar. Abraçou a noivinha e voltaram a se olhar. O mesmo olhar de antes. Apaixonados como nunca.

De novo a ovação. Gritinhos apaixonados e risadas dos rapazes. Boa escolha!

I give her all my love

Eu dou a ela todo o meu amor

That's all I do

É tudo o que eu faço

And if you saw my love

E se você visse meu amor

You'd love her too

Você a amaria também

I love her

Eu a amo*

 

Baixinho, enquanto a música tocava, Vegeta falou pra Bulma:

- Acho que eu vou vomitar.

Ela se assustou com as palavras. Ainda tava com a memória fresca da última ressaca. E ele não era tão acostumado assim com bebida, ainda mais um uísque tão forte. Olhou pra ele apavorada.

- Você tá passando mal, Vegeta? Quer que eu busque água pra você? – e viu que ele não parecia estar se sentindo mal. Tinha era uma cara de debochado do caramba, isso sim. Não entendeu o desespero dela.

- Essa melação toda. Isso me dá nos nervos. – falou, rindo, mole, depois da terceira dose.

Bulma ficou séria. A noite toda ele se comportou de modo diferente. A conduziu na entrada, conversou tranquilamente com ela durante o jantar, pegou em sua mão sob a mesa. Mesmo agora, enquanto descansava o braço no encosto da cadeira dela, estava com a mão em seu ombro. Ele nunca tinha feito isso. Ainda mais na frente dos amigos. Por um momento, ela achou que Vegeta pudesse estar sendo levado pela atmosfera de romantismo que o casamento de Gohan e Videl estava gerando. Mas a última frase demonstrou, claramente, que não estava. Provavelmente, como tinha concluído antes, o dia de hoje estava sendo um evento isolado no meio de tantos outros. Se recompôs em pensamento e voltou a olhar pro casal, suspirando apaixonado. Duvidou que eles fariam um sexo com metade do prazer que ela e Vegeta faziam. Mas teve inveja do maldito olhar que trocavam. Sem se virar pro sayajin, falou, com a voz firme:

- Eu achei bonitinho.

E Vegeta percebeu alguma coisa. Era pra ser brincadeira. Era pra Bulma ter rido, concordado, ou sei lá, ralhado com ele. Não ter ficado parada, de cara fechada, olhando pra ele com aqueles olhos de análise. Ouviu o que ela disse e não conseguiu entender o que significava. Não profundamente. Empurrou o copo. Aquela merda só deixava ele nublado. Era bom, mas o levava a falar coisas que, pelo visto, não eram as certas. E tinha tentado, pelo menos tentado, agir de um modo mais cortês com Bulma. Ela pedia isso, essa noite. Não com a boca, mas com a postura. Não merecia aquele sayajin bruto. Merecia algo mais gentil. Tentou tocá-la discretamente, se aproximar, mesmo que os outros reparassem e comentassem. Não se importou. Queria que ela sentisse. Mas, no fim, estragou tudo com a grosseria de sempre.


CONTINUA...


Notas Finais


Músicas do capítulo:
* The only exception - Paramore
* And I love her - The Beatles

Continua...


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